As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ: Pedrinhas (Parte 3 - A Foz do Canal das Pedrinhas)

Imagens da foz do Canal das Pedrinhas (registradas em 03/03 e 19/05/2012). Observar este canal nos faz refletir e entender um pouco sobre o impacto do crescimento desorganizado das cidades. Vemos uma situação de falta de infraestrutura e degradação ambiental.

Vídeo editado por R. Castelo
(Disponível na Biblioteca SEMA)
 Imagens do dia 19/05/2012
 Essa é uma realidade bem próxima ao "meio do mundo".
Rapaz! Encontrei uma embarcação de familiares que faz linha para os interiores.
Macapá e suas particularidades.
A FOZ É ASSIM...
Fotos de Rogério Castelo & Gregor Samsa

Veja também os links:

terça-feira, 29 de maio de 2012

Pintura em Azulejos (James Sales)

Esse é um pequeno mostruário da obra de James Sales, artista plástico que desenvolve sua arte em azulejos. São pinturas retratando cenários históricos, turísticos, paisagens amazônicas, lendas ou temas personalizados, utilizando-se de técnicas  com tinta óleo, verniz e uma boa dose de sua criatividade. O rapaz participou da 10ª Semana dos Museus,  mostrando sua arte na Fortaleza de São José de Macapá. 

 

É uma obra interessante, bonita e para singular ornamentação.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Laranjal do Jari (Reportagem exibida no Fantástico sobre a perseverança de uma professora para que um projeto de seus alunos fosse exposto nos EUA)

O Fantástico exibiu em 27/05/2012 uma matéria em Laranjal do Jari sobre o trabalho da professora Elizabete Rodrigues, que batalhou para que um projeto de seus alunos fosse apresentado em feira científica no Rio Grande do Sul e nos Estados Unidos. A reportagem mostra também um pouco do cotidiano e dificuldades deste município.


Reportagem de 27/05/2012

Os pontos abordados no vídeo foram:

Em uma comunidade pobre, no extremo norte do Brasil, uma professora supera as maiores adversidades, vende bolo na rua, para realizar um sonho dos alunos. Um projeto que levou meninos talentosos mais longe do que eles jamais imaginaram.

A primeira distância Elizabete atravessou aos 6 anos. Foi de balsa, do Pará, onde nasceu, para o Amapá, cidade de Laranjal do Jari. Foi atrás de um sonho.

“O pessoal diz assim: ‘por que você não sonhou com outra coisa?’ Eu digo não. É meu sonho desde criança. Eu já nasci e eu já dizia para minha mãe que eu queria ser professora. É só o que sei fazer”, diz a professora Elizabete Rodrigues.

Desde pequena, para ir à escola, ela passava pelo bairro das Malvinas. Não sabia que aquele bairro a levaria mais longe do que imaginava.


Uma parte da cidade nasceu quando uma fábrica abriu e os trabalhadores acharam que o melhor lugar para morar seria na beira do rio. Eles construíram um bairro inteiro sobre palafitas e casas que ou não tem parede de fundo ou têm um janelão que intensifica o contato com a natureza. Só que não demorou muito para que essa natureza reclamasse a ocupação desordenada. Hoje cerca de 20 mil pessoas vivem na região. São gerações e gerações de famílias em constante estado de alerta.


Sem coleta de lixo, ele fica por ali mesmo. E, quando chove, é difícil de a água escoar.Todo ano, final de abril começo de maio, há enchentes. E, quando abre o sol nas Malvinas, o problema é outro: incêndios. As casas são muito coladas, todas de madeira. Quando acontece um acidente elétrico, ou vaza gás, o fogo se alastra rápido.


Enchentes e incêndios. Foi sempre assim. Desde quando Elizabete estava na escola até quando passou no vestibular para matemática, quando finalmente se tornou professora da mesma escola em que estudou quando criança, ela começou a ter ainda mais contato com o povo ribeirinho.


“Sempre que acontecem grandes e pequenas enchentes eles tiram as pessoas lá da parte baixa e a escola acaba sendo abrigo para eles”, conta a professora.


Elizabete resolveu então tocar um projeto. Juntou três alunos e, com questionários, foram saber quais as principais dificuldades que viviam o povo das Malvinas.


“Constatamos que as pessoas não querem sair de lá muitos motivos. Já que eles não querem sair, resolvemos amenizar a situação deles”, relata.


No quintal de casa eles inventaram uma engenhoca que poderia diminuir enchentes e incêndios. É um biodigestor. Um recipiente lacrado, feito com duas caixas d´agua. Encheram de lixo e esgoto.


“Durante cerca de 15 a 25 dias, ele produziria o gás metano, e esse gás seria distribuído através de tubulações pra população”, explica o estudante Adymailson dos Santos.


Eles fizeram o esquema no computador. E testaram um modelo, que realmente funcionou. Filmaram: ficaram tão empolgados com a descoberta que começaram a inscrever o projeto em feiras de ciências pelo Brasil todo.


Conseguiram uma vaga na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia, no Rio Grande do Sul. O problema era chegar até lá. Um amigo, comovido com a história, que resolveu ajudar.


“Eu não poderia ficar de fora. Tinha que dar uma força”, conta Joel Silva Santos.


Em Novo Hamburgo (RS), eles apresentaram o projeto, que foi eleito um dos melhores. Por isso, ganharam uma viagem para os Estados Unidos, para participar de uma das maiores feiras de ciências do mundo.


“Fiquei paralisada, não conseguia sair da cadeira”, diz Elizabete.


Mas logo a euforia acabou. Os Estados Unidos estavam mais longe do que eles imaginavam. Uma empresa disse que ia pagar as passagens, mas do resto eles teriam que cuidar.


“Visto, você vai ter que correr atrás, passaporte, você vai ter que correr atrás. E aí eu perguntava: como é que eu vou fazer isso?”, lembra.


De volta a Laranjal do Jari, fizeram o que puderam: bolo em casa para vender na praça: “Dizia para os meus alunos: prometo para vocês que vocês irão, pode ser até que eu não vá, mas vocês irão”.


E ainda havia a barreira da língua. Elizabete tirou do próprio bolso o dinheiro para pagar aulas de inglês para todos. Mas só podia pagar dois meses do curso. A solução foi encontrada por um professor.


Ele traduziu para o inglês a apresentação do projeto, palavra por palavra. E depois, gravou no celular de cada um para que eles pudessem praticar em qualquer lugar.


Na semana passada, eles estavam com o texto decorado em Pittsburgh, na Pensilvânia. Eles ganharam medalhas, um diploma da marinha americana. E um exemplo pra vida.


“Sempre diziam ‘desistam, isso aqui não é para vocês’. E ela sempre nos incentivando, dizendo ‘não desistam, sigam o sonho de vocês’. Eu não tinha noção da profissão que queria seguir, mas depois de conhecer ela eu disse: quero ser professor”, Adymailson dos Santos. 



Professora e alunos da equipe BioJari, projeto que foi apresentado nos EUA. 
(Click no link, e veja informações adicionais e interessantes
 que não foram exibidas no Fantástico).

sexta-feira, 25 de maio de 2012

"A Noite dos Cristais" (Luís Fulano de Tal)

A Fortaleza de São José de Macapá é um lugar envolto em muitas histórias. 
Essas paredes foram levantadas a custo de muito sofrimento e escravidão
Não dá para caminhar por ali e não pensar nisso. De noite então... 
Essas grades já foram presídio em Macapá em épocas mais recentes, 
e se prestaram também ao papel de porões da ditadura.
... É o entra aí não!! Esse lugar evoca dor, angústia, injustiça, morte... 
Não percebes?
É na noite que o terror cresce no coração dos solitários propensos a isso. Mais de uma vez estes portões se apresentaram a mim, como um convite macabro à minha curiosidade aguçada em perceber mais de perto os horrores que se desenrolaram entre estas masmorras frias, escuras e testemunhas de dores. Tá doido! A sensação de claustrofobia de dia já é grande, alvará de noite. Até essa capela tem um clima pesado... enquanto uns rezavam, outros sofriam. Ah! Prefiro entender as coisas pelas pesquisas e nos livros, como este que foi lançado neste dia. O programa Fantástico vai exibir uma série sensacionalista e essa fortaleza será um dos cenários... Isso será no segundo semestre deste ano.
 Uma névoa de aflição paira no ar... 
Cada canto custou um preço alto e desumano.

Olha meus amigos, deixa eu situar as coisas. Caminhar na Fortaleza só pode nos horários de visitas, acompanhado dos guias. Essas imagens foram feitas mediante autorização. É que na bela noite de 18/05/2012 ocorreu um importante evento cultural na Fortaleza: o lançamento do livro "A NOITE DOS CRISTAIS" de Luís Fulano de Tal. O local foi muito propício à programação (no contexto da 10ª Semana dos Museus). Nas páginas deste livro encontramos relatos da escravidão em uma Bahia do século XIX. Testemunho de uma triste e injusta página da história, tal qual a sensação capaz de nos transmitir cada canto deste forte.

LEITURA SUGERIDA
"Eis o livro. Concebido, gerado e parido... A pesquisa foi feita entre junho e dezembro, no vácuo da greve dos professores de 93. De janeiro a março de 94, em pleno verão, escrevi o libelo. Êxtase. Foram os dias mais exuberantes de minha vida: lia, ria, escrevia e chorava. Parto difícil, a fórceps, de noite, chovendo, sozinho, e no escuro. Nasce o rebento..."

"Dedico estes escritos aos excluídos, despossuídos e outros idos do Brasil"

"Só de raiva escrevo com amor"

(Luís Fulano de Tal)


Eis o autor:
"... A minha infância foi ouvindo histórias. O pessoal do Nordeste mantem uma tradição dos contadores de histórias. Sentava-se para ouvir, através da mãe, dos avós, tios... Esse foi o grande iniciador e estimulador desta coisa toda... Essa oralidade, essa coisa de contar histórias..."    
(O autor, sobre sua origem como escritor)
Luís Fulano de Tal (é isso mesmo!!!) é o pseudônimo adotado pelo literato Luís Carlos de Santana. Pernambucano de origem humilde, nasceu em 1959 e graduou-se em Letras pela USP, onde fez também mestrado em História Social. Hoje, além de autor premiado e consagrado, é também professor da Rede Municipal (lecionando Literatura Brasileira/Portuguesa, Redação/Criação de Texto e Língua Francesa) com experiências no ensino fundamental, superior e cursinhos pré-vestibulares.
"Um autor promissor que toma a sério não só o seu tema nuclear, 
de inegável interesse social, como também o ofício do escritor, 
para quem o trabalho da linguagem é um prazeroso dever." 
(Alfredo Bosi)

O livro
Conta a história do negro Gonçalo Santanna, um brasileiro que nasceu na primeira metade do século XIX. A obra é baseada em suas memórias, a partir do manuscrito encontrado em Caiena (Guiana Francesa) por um estudante também negro, brasileiro. O autor descreve a escravidão, relata costumes da época, o tráfico na África e personagens comuns do cotidiano em Salvador (Bahia). Em janeiro de 1835, estoura uma rebelião de escravos chamada Revolta dos Malês comandada por negros de orientação islâmica, conhecidos como malês. O movimento idealizou a libertação dos prisioneiros e também foi contra a opressão e intolerância religiosa. Na tentativa de alcançar seus ideais objetivaram a invasão  de casas, do forte, engenhos e tomar a cidade. 
"...Os escravos que participavam do conluio riam à socapa. Era ardentemente desejado o momento em que invadiriam as casas senhoriais... quebrariam as louças... sim... sim... o lustre da sala... os penduricalhos... um trabalhão pra limpar... ah... sim... a cristaleira... copos e jarras... delicados desenhos... finos contornos. Ah... certo... as taças!... com vinhos cor de sangue... as festas... as haras... os negócios... apoteose do brilho e esplendor. Sim... sim... e os bibelôs de nhanhã... Aquela seria conhecida na história como a noite dos cristais, não foi."

(Trecho do livro "A Noite dos Cristais" de Luís Fulano de Tal) 
 Ilustração do confronto (Fonte: jornalfolhapopular.blogspot.com.br)
O movimento foi violentamente reprimido e cerca de dois mil negros encontraram seu destino sob a repressão portuguesa: mortos ou enviados às galés (em prisão perpétua ou o mínimo de quinze anos). Houve também punições públicas. O menino Gonçalo, narrador, cita essa repressão e a forma como os negros foram tratados... Sua avó foi uma das vítimas. Para pagar as perdas do Império, Gonçalo é vendido como escravo para um engenho em Pernambuco, sendo escravo por dez anos. Foge para a Guiana, onde inicia o manuscrito de que nos conta o estudante brasileiro. Segundo o autor, esse manuscrito, posteriormente, foi tomado por autoridades guianenses e provavelmente destruído. 
"...Resolvi botar tudo no papel antes que esquecesse."
(Luís Fulano de Tal)

O livro foi escrito e publicado em 1994 e esta edição, agora lançada em Macapá, é de 1999. Vale dar uma conferida, muitos a consideram literatura infanto-juvenil (pelo fato de ser contada na ótica de um menino), porém, a obra transcede isso e se constitui em um relato histórico sobre a escravidão.
Gregor Samsa prestigiando o autor no lançamento da obra em Macapá.
O Historiador Hermano Araújo assim o apresentou no lançamento em Macapá: 
"O livro é de importante contribuição para o processo de construção da identidade social e cultural. Combate o racismo e o preconceito e busca pela valorização do humano, reconhecendo a igualdade dos diferentes seres que constituem o nosso povo, O POVO BRASILEIRO."

Eis algumas imagens do evento:


Edição: R. Castelo 2012

Fontes de Consultas:

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cenas de Macapá: O Muro da Escola Wilson Malcher

Já fazem alguns anos e o muro da Escola Wilson Malcher, no Jardim Equatorial bem na saída (ou entrada) da cidade, continua a mostrar uma bela arte. Se você prestar atenção encontramos vários elementos conhecidos aqui. Resolvi registrá-lo antes que a borracha do tempo cumpra seu papel de vez. Só não consegui identificar o artista para que receba os devidos créditos.
Foto: Rogério Castelo (19/05/2012)
"A arte é a assinatura da civilização." 
(Beberly Sills)


Esta "fita" é toda a parte do muro voltada para a Rodovia JK. 
Vou separar em partes para que você o perceba.

O grafite parece iniciar sem muitas pretensões... O que será que saiu?
Imagino que a cachola já começava a dar forma e querer materializar as idéias...
Pensa numa musa inspiradora e derrama teus encantos qual pétalas, 
sobre tua maltratada cidade...
Muitos a maldizem...
Razões existem para insatisfações, porém,
Não seja nos teus lábios a maldição
Filho da terra!
Será que dá para identificar a referência ao Trapiche Eliézer Levy e
 à estrutura de captação de água da CAESA no rio Amazonas?
(Fotos: Acervo da SEMA/Click Ambiental)
 Olha só!!!!! Não se parecem!?
Foto do Acervo SEMA/Click Ambiental (Maksuel Martins - 2010)
 Fortaleza de São José de Macapá (Foto: Sérgio Luiz Silveira)

Quem tem olhos que julgue o que vê e o que deixa de ver...
É a Casa do Artesão...
Esse aqui tá fácil...
Praça Floriano Peixoto e Teatro das Bacabeiras
Igreja de São José e, digamos que seja, a Rodovia JK na entrada da cidade.

O primeiro desenho lembra um conjunto residencial, vou imaginar que seja o Condomínio San-Marino, bem em frente a esse muro... mas não vou colocar foto. Nos outros desenhos dá para reconhecer a caixa d'água do Buritizal e o Monumento Marco Zero.
Ah! A juventude tá antenada e representou aqui, uma área de ressaca ocupada, este é um dos problemas urbanos e ambientais em Macapá
A foto do acervo da SEMA novamente tá aí cumprindo seu papel de ilustração transmitindo uma mensagem de grande significado e impacto. Julgue e descubra você... No desenho dá para ver também o Aeroporto de Macapá. Ih rapaz! Tá uma novela aqui sobre umas obras no mesmo, que consumiram uma nota violenta, vem se arrastando a um tempão e nada de terminar.

...E o grafite continua, desta vez mostrando a Ponte Sérgio Arruda. Essa ponte faz a ligação entre as Zonas Norte e Sul de Macapá, nos limites entre os bairros Pacoval e São Lázaro... sobre o Canal do Jandiá. Aí está a digníssima!!! (Foto: gabriel-penha.blogspot.com.br)
O final do grafite... Um pouco de Macapá, 
na arte de quem resolveu homenagear sua cidade.
O velho muro disse muita coisa, 
não é apenas um borrão na janela dos automóveis. 
Mais uma coisa que descobri nesta minha cidade, que é Macapá!!!