As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sabor Açaí (Nilson Chaves)


 Nilson ChavesNilson Chaves é um artista paraense, conhecido por toda a Amazônia, dono de uma voz suave e que mostra de forma poética, em suas composições, a vida amazônida. Suas canções são conhecidas  no Estado do Amapá.


Sabor Açaí
(Nilson Chaves)

E prá que tu foi plantado
E prá que tu foi plantada
Prá invadir a nossa mesa
E abastar a nossa casa...

Teu destino foi traçado
Pelas mãos da mãe do mato
Mãos prendadas de uma deusa
Mãos de toque abençoado...

És a planta que alimenta
A paixão do nosso povo
Macho fêmea das touceiras
Onde Oxossi faz seu posto...

A mais magra das palmeiras
Mas mulher do sangue grosso
E homem do sangue vasto
Tu te entrega até o caroço...

E tua fruta vai rolando
Para os nossos alguidares
Tu te entregas ao sacrifício
Fruta santa, fruta mártir
Tens o dom de seres muito
Onde muitos não têm nada
Uns te chamam açaizeiro
Outros te chamam juçara...

Põe tapioca
Põe farinha d'água
Põe açúcar
Não põe nada
Ou me bebe como um suco
Que eu sou muito mais que um fruto
Sou sabor marajoara
Sou sabor marajoara

Veja também:

O AÇAÍ - Fonte de muitas pesquisas

esteO açaí está intimamente ligado a cultura e história do povo nortista. Tal é a importância, que muitas pesquisas foram e são realizadas todos os anos em busca de conhecimento detalhado de suas propriedades e , principalmente, manejo em áreas nativas.
  Sugestões como fonte de pesquisas:

No Amapá, o açaí é amplamente comercializado, por isso, a melhoria na qualidade do produto oferecido à população torna-se necessária e deve ser um objetivo comum de todas as pessoas que o fabricam. A cartilha BOAS PRÁTICAS PARA PRODUÇÃO DO VINHO DE AÇAÍ NAS AMASSADEIRAS, apresenta os princípios e regras que devem ser seguidos para o correto manuseio e fabricação deste alimento. Publicada em 2003 pelo GEA/SETEC/IEPA, tem 19 páginas e foi organizada por Ediluci do Socorro Tostes Malcher. Integra o conhecimento técnico ao popular, com orientações sobre a melhor qualidade do açaí. No Sumário encontramos:
1) Importância econômica e social do vinho do açaí
2) Micróbios: inimigos invisíveis do alimento saudável
3) Responsabilidades do batedor de açaí
4) Regras para produção de qualidade: Potabilidade da água / Qualidade da matéria-prima / Higiene pessoal / O prédio e instalações da amassadeira / Limpeza e sanitização do ambiente e equipamentos  / Controle de pragas
5) Aspectos positivos das boas práticas para a produção do açaí

Está disponível para consultas 
na Biblioteca Ambiental da SEMA, em Macapá. 

O GUIA PRÁTICO DE MANEJO DE AÇAIZAIS PARA PRODUÇÃO DE FRUTOS é uma publicação da EMBRAPA Amapá, do ano de 2001. Apresenta, de forma bem ilustrada, a importância dos açaizais, manejo adequado, materiais necessários, técnicas de cultivo, demarcação da área produtiva e cuidados indispensáveis para uma boa produção.
No Sumário encontramos:
- O açaizal e sua importância
- Aprendendo o manejo do açaizal em etapas: Limpeza / Demarcação / Classificação das árvores / Selecionando as árvores / Selecionando os açaizeiros / Plantio
- Manutenção do açaizal
Está disponibilizado, pela Embrapa, neste link.

O Instituto Estadual de Florestas do Amapá (IEF) publicou em 2009 o folheto MANEJO DE AÇAIZAIS NATIVOS. Aborda o manejo adequado, técnicas recomendadas, equipamentos, roçagem, desbaste das touceiras e obtenção de mudas. No Sumário encontramos:  
I) Manejo de Açaizais nativos
II) Recomendações prévias: Licenciamento Ambiental / Equipamento de Proteção Individual / Materiais para prática de manejo / Demarcação da área / Roçagem / Inventário / Raleamento da vegetação / Anelamento / Desbaste das touceiras / Enriquecimento / Obtenção de mudas / Manutenção 

Está disponível para consultas 
na Biblioteca Ambiental da SEMA, em Macapá.

O livro AÇAÍ faz parte da Coleção Sistemas de Produção da EMBRAPA/Pará (Vol. 4). A edição é de 2005 e reúne os trabalhos de vários autores, abordando diferentes pontos importantes. Um documento para o estudo dessa cultura vastamente explorada na Amazônia. 
O Sumário mostra:
- Introdução e importância econômica
- Composição química
- Clima
- Solos
- Sistema de produção
- Cultivo
- Controle de pragas
- manejo de açaizais nativos
- Colheita e pós-colheita
- Processamento, embalagem e conservação
- Mercado e comercialização

Está disponibilizado, pela Embrapa, neste link.

Esta publicação mostra parte da Dissertação de Mestrado em Economia intitulada MERCADO E DISTRIBUIÇÃO DOS RETORNOS SOCIAIS DO MANEJO DO AÇAÍ PARA PRODUÇÃO DE FRUTO, defendida na Universidade da Amazônia (UNAMA), Belém/Pará, em outubro de 2001, por Maria Lúcia Bahia Lopes, sob orientação do Prof°. Dr. Antônio Cordeiro de Santana. O objetivo deste trabalho é analisar a distribuição dos retornos sociais do manejo do açaí para produção de fruto entre consumidores e produtores.

Está disponibilizado, pela autora, neste link.

AGUARDO COM A  TIGELA O BOM FRUTO
DO DESENVOLVIMENTO DAS  PESQUISAS.

sábado, 21 de maio de 2011

NOTAS DO AMAPÁ - AÇAÍ, o doce vinho da Amazônia

Açaí ou Juçara é o fruto bacáceo de cor roxa, que dá em cacho na palmeira conhecida como açaizeiro, cujo nome científico é Euterpe oleracea.

Pergunte ao caboclo amazônida se conhece este nome Euterpe, certamente não, mas considera-se agraciado se todos os dias não faltar uns bons litros em sua casa, desse alimento tão apreciado e desejado.

As propriedades nutritivas do açaí já foram comprovadas em vários estudos e tem sido utilizado de várias maneiras na culinária nortista (biscoitos, bolos, tortas, sorvete, etc.... além do tradicional jeito... uma boa porção na tigela ou cuia, com uma farinha "pai-d'égua" ou tapioca. Hummmm!!!

O açaizeiro desenvolve-se em solos úmidos, sendo muito comum em áreas de várzea, como nesta comunidade na APA da Fazendinha. Foto: Rogério Castelo / 2009

...que caviar que nada, eu quero é açaí todo dia!!
Nas cidades do norte, tão comuns quanto um posto de gasolina, ou padaria, etc e tal, são as amassadeiras ou batedeiras de açaí...para bons conhecedores as "vitaminosas". Sempre indicadas pelas plaquinhas vermelhas. Verdadeiro "Pare, experimente e vicie!!!" .

Ultimamente este alimento, tem se tornado artigo de luxo para muitas famílias, frente à descoberta do Brasil e mundo desta iguaria. O preço médio do litro  está em torno de 5 a 7 reais aqui em Macapá. Há preços inferiores, mas proporcionais a qualidade.....Ah! Chula não é a mesma coisa né!!!!



Hoje, mais uma dessas vitaminosas abriu suas portas lá no Bairro do Trem. "Açaí no Ponto" do Rosivaldo.

Houve degustação do produto para apreciação da qualidade e, para isso, foi convidada a fina flor da Família Castelo residente no Trem.

Prestigiaram a inauguração, entre outros,  a matriarca Ana (Nikita), Maria José (Dedeca), José Maria (Zabu), Alzira (minha mãe), o "paranaense" Augusto (Teco), Val (Onça-malhada), Bené (Sepitilha), César (Catiçara), Douglas (O Petrônio), Preta, Analice, a família do Marcelo (Periquito loiro), Socorro, Yasmin e Gustavo. Pretigiaram também o  bombeiro Josiran, Inara (sua esposa), a acadêmica Isis e a bailarina Isabelly. Além do especialista, catedrático e doutor em degustação e apreciação de açaí, o Doutor Rogério Castelo. 

Depois de 5 rodadas de tigelas de açaí, os especialistas da Família Castelo deram o parecer: "Pai-d'égua"...tá aprovado e recomendado. Mais uma opção do bom vinho para a cidade, no Bairro do Trem (Rua Hamilton Silva, bem em frente a garagem da Prefeitura).


 Inauguração da "Açaí no Ponto", no Bairo do Trem, em frente a Garagem da Prefeitura.

Ótimas instalações, com ambiente climatizado e higienizado.

 Valdiney, Ana Castelo (Nikita) e Maria José

....Só especialistas em açaí (Yasmin, Socorro, Gustavo e Nikita)

Esse é o genuíno açaí da Amazônia, a colher fica em pé na tigela!! Agora é só "remar" pro bucho!!
Arrepia sumano!!!!!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

HISTÓRIAS DA VÓ NIKITA - O Encantado

Se você vivesse ao “Deus dará”, numa região desconhecida, cercando-se de muita coisa estranha e sem que soubesse as causas, em que acreditaria para agir sempre com o mínimo de bom senso? Às experiências vividas e dividas por outros? .... O caminho natural e fácil.
Nos tempos de menina, minha avó Ana presenciou  e viveu algumas dessas. Uma criança tentando entender o mundo em que vivia e, em posse disso, como muitos outros, propagadora de um saber local e único.
Histórias e crendices presentes e marcantes na cultura ribeirinha... Fundamentos a reger a vida de comunidades inteiras, durante gerações seguidas.  
Histórias do interior.... Histórias da Amazônia.
Na grande baía do Jacaré Grande, subindo um pouco um pequeno igarapé, ficava o barracão dos Nunes. Era uma família numerosa, algo comum nesses interiores, onde as caboclas tinham de dez filhos para cima.
Minha avó Ana, matriarca de dez filhos, foi testemunha desta história, na adolescência de seus catorze anos. Hoje, com seus oitenta e três, ainda têm em suas lembranças esses fatos muito nítidos, conforme passo a vos narrar a seguir.
Naquele tempo as famílias viviam da caça e, principalmente, da pesca. Havia uma fartura dessas coisas. Os ribeirinhos distribuíam-se por ali, ocultos nessa exuberância natural, todo dia lutando e buscando novas coisas por sua sobrevivência. Verdadeiros desbravadores, ocupando lugares tão longínquos e desfavorecidos de nossos confortos atuais, que o contentamento geral era ter com que prover sempre suas famílias no dia-a-dia e - abençoe Deus para isso - gozar sempre de boa saúde. Assim era na Amazônia, assim era naquelas matas... Selvagens, virgens e misteriosas.
Outras culturas que ajudavam na obtenção de um pouco de renda eram: a coleta das castanhas da andiroba e muru-muru, para o azeite a ser vendido na cidade, e a borracha extraída das seringueiras. Cedo o caboclo ia para a mata riscar as árvores marcadas para isso.
Uma novidade naquelas bandas era a extração de madeira para fazer dormente. Dava algum lucro, mas sempre era muito trabalhoso. Tinham que arrastar a madeira para a beira do rio e, desprovidos de embarcações, faziam uma jangada e nelas se arriscavam pelas águas sempre perigosas do Jacarezinho. Levando o “progresso” para a cidade... Levando os dormentes para as linhas ferroviárias da época.
O Alípio acordou bem cedo para tirar madeira naquele dia, era um dos varões da família Nunes. Rapaz impetuoso, menos de vinte anos, embrenhava-se sempre nas trilhas da mata sem conhecer o que era perigo.
Pegou o seu machado, facão, lanterna e tomou um rumo tantas vezes percorrido. Primeiro tinha que encontrar bons troncos, talhar o dormente e depois avaliar a situação para melhor transportá-los dali. Isso consumia sempre umas boas horas do dia.
Os Nunes reuniram-se para a caldeirada de peixe no jantar e constataram então a demora do rapaz, imaginavam sempre que estava com um ou outro. Mas, todos ali, nada do Alípio. Já era fim de tarde e o sujeito não retornara desde cedo. Numa mata fechada, com onças, cobras, escorpiões e “visagens”, perder-se é sempre algo perigoso e preocupante. Os caboclos deram uma batida nas proximidades e nada encontraram, para tristeza e desespero de Dona Cordeira, que imaginava seu filho envolto em muitos perigos.
Anoiteceu e deixaram as buscas para o dia seguinte. O Alípio devia ter se metido em mata muito distante. Era um rapaz destemido, mas também convicto até demais disso!
Procuraram no dia seguinte, avançaram na mata, gritavam até se esgoelar, batiam nas sumaúmas com os facões (se você não sabe, esse é um “telefone” da selva), entraram por todas as trilhas conhecidas e nada. A essa altura Dona Cordeira era só prantos. 
Alguns rapazes, avançando um pouco mais na mata, relataram aos outros que acharam o machado e facão do Alípio por cima de uma tora, mas ele não estava ali. Só o que viram foram umas pegadas que seguiram e estranhamente viram terminar às margens de um igarapé distante. Deixaram lá os pertences do mesmo, pois se aparecesse podia precisar. 
Mais uma noite e o Alípio sumido.... Onde estaria e o que teria lhe acontecido? Era o que todos se indagavam.
Três noites e a mesma aflição. Numa ânsia danada, já tinha até quem o dava por morto naquelas paragens. Na casa de minha avó ajudaram também nas buscas.
No quarto dia, quando se encontrava apenas uma de suas irmãs no barracão, preparando o almoço no jirau, qual não foi sua surpresa quando deparou com um assustado e desfigurado Alípio espiando e dizendo:
- Não fala nada prá ninguém que tô aqui! Onde tô é muito bonito! É uma cidade muito bonita onde eles me levaram no fundo do rio! Não queriam me deixar vir, mas eu pedi muito, só prá buscar minhas roupas e voltar. Lá é muito bonito, muito bonito! Não fala nada prá ninguém...
E foi com esse louco palavreado que o Alípio apareceu a sua irmã. Referia-se sempre a “eles” sem citar nomes e a falar de uma cidade nunca vista. Quando viu em sua irmã a intenção de chamar alguém correu e desapareceu na mata.
Os Nunes quando se reuniram e souberam da história, ficaram com uma mistura de alívio e preocupação, o que se passava com seu irmão? Chegaram até a brigar com a moça acreditando que a mesma não tinha nada feito para que ele ficasse.
Continuaram as buscas nos dias seguintes e o rapaz desaparecido naquela mata fechada, onde a noite não se enxergava nem a própria mão.
Acreditando se tratar de algo sobrenatural, chamaram o Manoel Dias, um curandeiro e benzedor muito conhecido naquela localidade. Mistura de médico, psicólogo, padre e "espantador de visagem". Com suas mandingas ele disse que o Alípio estava encantado por Uiara e que deveriam abandonar as buscas que não encontrariam o rapaz. Estava encantado, escondido e possesso do espírito do rio. O que deveriam fazer era aguardá-lo escondidos na casa. Ele ia aparecer. Também deveriam deixar atada a rede mais forte que tivessem e uma cordas bem resistentes.
Dona Cordeira fez segundo as recomendações e, no dia seguinte, deixaram suas ocupações e ficaram no barracão escondidos, à espera do Alípio.
No fim da tarde, finalmente apareceu “o encantado”. Estava desconfiado, com um agir diferente. Pelas frestas das casas viram o estranho Alípio ficar à espreita para ver se tinha alguém. Constatando que não, sorrateiramente saiu da mata e entrou no barracão. Seus irmãos então, assim que o rapaz entrou, fecharam as portas e janelas impedindo a fuga.
O encantado tentou de todas as formas se desvencilhar do braço de seus irmãos. Eram caboclos criados no açaí de maior sustância, mas fizeram muita força para conter o encantado, principalmente porque diziam que ele estava com a pele muito lisa, escapando várias vezes e quase fugindo. Se fossem só três ou quatro, ele teria conseguido.
Todos seguraram o Alípio e o colocaram na rede atada, amarrando-a com muitas voltas da corda. Seguraram também os punhos, pois balançava tanto a ponto de quase rasgar a rede. Falava sempre para deixar-lhe voltar para a cidade.
O Manoel Dias foi chamado às pressas e começou a fazer suas benzeduras até o Alípio se acalmar. Seja de que loucura o rapaz estivesse, foi se acalmando até não manifestar mais o desejo de correr para a mata. Os Nunes mantiveram a guarda nos dias seguintes e o Manoel Dias continuou com suas benzeduras.
Após uma semana foi declarado a quebra do encanto, o Alípio estava livre do espírito do Uiara.

Ana Castelo
Bem, amigos...

Inúmeros casos como esse ocorreram na Amazônia e, por acreditarem em benzedores como o Manoel Dias, outros muitos jovens foram libertos de ter uma vida, sabe-se lá como, de perambular como loucos pela floresta, transformados em almas errantes num breu mortal. Tal Victor (de Aveyron), mas na floresta amazônica, homens perdidos vivendo um encantamento em suas cabeças.  

Morte certa e em poucos dias.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Quero ver Macapá (Banda Placa)

Música composta por Álvaro Gomes para o primeiro CD da Banda Placa, "Placlarear", em 1994.
 
 Quero ver Macapá!  
Domingo, praia, verde mar, 
Um jogo lá no Zerão 
A noite a brisa ao quebrar mar, 
Momento de paixão 
Vivendo sob o sol, Macapá! 
Ali no Goiabal, vou te levar! 
E lá vou eu, sentindo essa emoção, 
E lá vou eu, cantando essa canção!  
Quero ver Macapá! 
Quero ver Macapá! 
O Marabaixo, a Fortaleza, 
A nossa tradição... 
O padroeiro São José, 
A nossa proteção 
Vivendo sob o sol, Macapá! 
Na Serra do Navio, vou te buscar! 
Em fazendinha, eu quero....te beijar!  
Quero ver Macapá! 
Quero ver Macapá!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Imagens do Sítio Arqueológico em Calçoene

Imagens do local da descoberta de monumentos monolíticos dispostos em círculo, supostamente com finalidade astronômica e/ou religiosa, do período pré-Colombiano. Considerado uma espécie de "Stonehenge" amazônico, embora de dimensões bem menores.

 
Sítio arqueológico situado no município de Calçoene (Vídeo de Daniel Nec).
Site do autor do vídeo: www.flavors.me/danielnec
 
Cromlech di Calcoene, Stato di Amapà, Brasile (Vídeo de Yuri Leveratto)

MUNICÍPIOS - Calçoene (Parte 2 - O lugar mais chuvoso do Brasil)

Enchentes em Calçoene  (2011)
O Município de Calçoene, no Amapá, com uma precipitação média anual de 4.165 mm, foi identificado, por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), como o local mais chuvoso do Brasil.Anteriormente, a literatura citava a região da Serra do Mar, entre Paranapiacaba e Itapanhaú, em São Paulo, com uma precipitação média anual de 3.600 mm, como o local mais chuvoso do país. 


A precipitação em Calçoene é cerca de três vezes maior 
que a registrada na cidade de São Paulo.

A partir da criação da ANA (Agência Nacional das Águas), foram organizados bancos de dados contendo milhares de séries históricas em todos os estados da federação. Era natural de se supor que, na Amazônia, estariam os locais de maior pluviosidade.
No Brasil, as áreas de maiores precipitações ocorrem no litoral do Amapá e na região do estado do Amazonas conhecida como “Cabeça de Cachorro”. Em ambas, existem zonas onde as precipitações médias superam os 4.000 milímetros mensais.
No mundo, os registros de maior pluviosidade são em Lloró, cidade do estado de Chocó, na Colômbia. Ela detém o recorde mundial de maior precipitação média anual registrada em 13.300 mm.  Chove tanto que inundações e enchentes são tão comuns que os habitantes locais ensinam suas crianças técnicas para lidarem com essa situação, além de preparar suas residências para esses eventos quase certos. A população até brinca com o fato, relatando que o número de barcos é maior que o de carros. 

Enchentes em Calçoene (2009)
Este ano as chuvas foram intensas em Calçoene, provocando enchentes na zona urbana devido a elevação do nível do rio Calçoene. Não há dados atuais sobre o número de desabrigados, desalojados e nem de afetados. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros estiveram no município e prestaram ajuda na distribuição de 75 cestas básicas às famílias desalojadas e apoio logístico.


 
Nenhuma novidade para os moradores daquela região, acostumados a chuva, mas as desse ano, certamente superaram as temporadas chuvosas dos últimos 20 anos.

O Sítio Arqueológico de Calçoene (O Stonehenge Brasileiro)

O sítio arqueológico de Calçoene é conhecido como o Stonehenge Brasileiro, pois possui um círculo de pedras similar ao famoso existente na Inglaterra, permitia a uma antiga civilização conhecer com precisão a chegada do equinócio. 

Stonehenge na planície de Salisbury na Inglaterra
O círculo de Calçoene foi apelidado de "Stonehenge do Amapá"
                                        
O equinócio era uma data importante para os povos antigos, pois eles podiam com base nisso programar o plantio e a colheita e até períodos de chuva e seca. 

 Pouco se sabe sobre a população que ali viveu, 
mas um monumento deste porte  não pode ter sido feito em pouco tempo.
O local, que data de aproximadamente 2000 anos, pertencia a uma civilização desconhecida e já foi declarado Patrimônio Megalítico do Brasil, foi descoberto em 1905 pelo pesquisador Emilio Goeldi.
 

A relação entre o equinócio e a distribuição dos monumentos megalíticos de Calçoene no estado do Amapá, foi descoberta por Marcomede Rangel do Observatório Nacional,  com a ajuda de GPS, bússolas de precisão e cálculos de correção da declinação magnética.
Mapa de Localização (Fonte: Nimuendajú Revisitado)

Fonte: wikimapia.org 
O conjunto de rochas disposto de forma circular permitia estabelecer tanto a chegada do solstício de inverno no hemisfério norte como o equinócio. O sítio arqueológico brasileiro está localizado a 384 km ao norte de Macapá, a capital do estado do Amapá, em latitudes do hemisfério norte e a uns 14 km da cidade de Calçoene.
Vista Panorâmica do Sítio (Fonte: Nimuendajú Revisitado)

Assim como em Stonehenge, o sítio arqueológico brasileiro conta com várias pedras de tamanho grande, algumas com até 4 metros de altura enterrados no solo formando um círculo com 30 metros de diâmetro. O local está em cima de uma colina e as pedras, segundo Rangel, possuem uma pequena inclinação relacionada com o movimento do Sol no céu. 


segunda-feira, 16 de maio de 2011

MUNICÍPIOS - Calçoene (Parte 1 - Informações Gerais)

Mapa de localização (Wikipédia)
 O Município de Calçoene foi fundado oficialmente em 1956 e seu nome significa "Cunha Norte" (pela posição geográfica e circunstâncias em que fora criado, alvo de invasores em busca de ouro).
Este município tem ao longo de sua história uma importância significativa para a história do Amapá e  Amazônia, sua posição geo-estratégica, fora alvo de conquistadores e desbravadores , que sempre sonhavam em conquistar suas belezas naturais e suas riquezas minerais. 
Hoje o município empenha-se em buscar um desenvolvimento, aliando a vontade política de sua sociedade a conservação equilibrada de suas riquezas naturais , fazendo com que as próximas gerações possam usar de forma sustentável de seus recursos naturais. 
Mapa SEMA-AP (2004)
 Suas potencialidades na área do setor primário foram preponderante na escolha de  sua vocação de desenvolvimento, seu potencial agrícola e extrativista representam uma alternativa de crescimento econômico para a população, sua costa marinha está entre as mais produtivas de pescados e marisco do Brasil, destacando-se entre outras espécies a pescada amarela e a gurijuba (bastante apreciada na culinária regional e nacional).

Porém, o uso irracional de técnicas inadequadas para a pesca e a exploração excessiva, poderá comprometer sua viabilidade econômica por conta de sua escassez ou mesmo sua extinção, como o caso dos mariscos , especialmente o caranguejo e o camarão rosa. 
Praia do Goiabal (Foto de Aline Gomes)
Outro fator a ser levado em consideração , é o setor ligado ao turismo, uma vez que o município é dotado de inúmeras belezas naturais, cachoeiras e corredeiras, que  fazem desse município expoente na prática de esportes radicais e visitas ecológicas. A única praia aberta da costa amapaense (Goiabal), também pode ser encontrada em Calçoene, além do fato de ser praticamente cortada pela BR-156.
Cachoeira Grande (Calçoene) / Fotos: Rogério Castelo
Portanto, Calçoene tem em seu futuro próximo, o destino do desenvolvimento e do crescimento econômico, aliado ao espírito desbravador e empreendedor de sua população, já registrado na própria essência de sua história.  
Histórico 
Foto: Rogério Castelo
A origem do atual Município remonta ao século XVII, quando as incursões de navegadores europeus incentivaram a coroa portuguesa, então unida à espanhola, a tomar providências no sentido de garantir o domínio da região. Assim, em 1634, pela Carta Régia de 14 de junho, Felipe IV criou a Capitania do Cabo Norte, também chamada Costa do Cabo Norte e doou-a a Bento Maciel Parente. As terras estendiam-se do rio Oiapoque até o rio Amazonas e, por este, até o rio Paru, onde se situava o território de Calçoene, antigo Distrito do Município de Amapá, desde a incorporação do Contestado ao território brasileiro, em 1901. 
Biblioteca Pública e Ambiental de Calçoene
(Fotos: Rogério Castelo/2009)
A descoberta das minas auríferas do rio Calçoene despertou a febre do ouro nos habitantes da Guiana Francesa, reavivando os problemas políticos da fronteira, acumulados desde a era colonial. A luta pela região foi encerrada com a vitória dos brasileiros, comandados por Francisco Xavier da Veiga Cabral, o Cabralzinho. A Cidade de Calçoene teve origem com o movimento de garimpeiros e faiscadores de ouro e o trânsito de abastecimento das minas. Situada na margem esquerda do rio Calçoene, ao pé da primeira cachoeira, ponto importante para o transporte de mercadorias destinadas às minas de Lourenço, a localidade se desenvolveu rapidamente. Antes da incorporação da região ao território brasileiro, exploradores construíram, no último quartel do século passado, um "monorailway", estrada de ferro, ligando a localidade de Calçoene a Lourenço. 

  Mapa SEMA-AP (2006)


INFORMAÇÕES GERAIS
Nome oficial: Município de Calçoene

Lei de Criação: Lei Federal Nº 3.056, de 22/12/1956

Limites:
Norte: Oiapoque
Sul: Amapá e Pracuúba
Leste: Oceano Atlântico
Oeste: Serra do Navio

Área: 14.269 km²

População: 9.000 habitantes (IBGE 2010)

Comunidades Principais:
Calafate, Carnot, Cunani, Goiabal e Lourenço

Gentílico: Calçoenense

Produção: Mineração, pecuária, lavoura de subsistência e a pesca

Distância da Capital: 384 km

Transporte: Rodoviário, fluvial e aéreo (possui um aeroporto e pistas de pouso em garimpos)

Atração Turística: Lagos, igarapés e pesca esportiva

Vegetação: Cerrado e Floresta Tropical Densa
Vários ecossistemas são encontrados ao longo da extensão territorial de Calçoene, a vegetação é variada com Mata de terra Firme (Floresta),campos inundáveis, Floresta de transição (mata Siliar),Várzea e Manguezais.prensença em abundância de madeira nobres como: macacaúba, angelim, massaranduba, quaricara, andiroba e outros.

Hidrografia: Rio Amapá Grande, Rio Calçoene, Rio Caciporé e Rio Cunani
O município possui uma bacia hidrográfica composta por vários rios , sendo que o mais importante é o Rio Calçoene , que faz ligação com o Oceano Atlântico, fazendo com que o porto de Calçoene seja o mais próximo porto Urbano da região costeira , sendo ponto de abastecimento para barcos vindo das regiões vizinhas e de outros estado, que utilizan-se do porto para  aquisição de gênero alimentícios, equipamentos de pesca e manutenção de embarcação e gelo para a conservação do Pescado.

Temperatura:
Média: 30º C
Máxima: 34º C
Mínima: 21º C
Calçoene é o lugar mais chuvoso do Brasil.
No município, predomina o clima equatorial, com temperatura máxima de 32,6° e mínima de 20° centígrados. As chuvas ocorrem nos meses de Dezembro à Agosto, atingindo em média de 2.500mm. A estação das secas inicia no mês de Setembro estendendo-se até meados de Dezembro, quando ocorre registro de temperaturas mais altas

Altitude: 12 m

Grupos Indígenas: Nenhum

Fonte: IBGE Cidades
 
Entrada da cidade (Foto de Ney Santos)    
Cachoeira do Firmino (Foto de Alan Kardec)
Ruínas do solstício encontrado em Calçoene
 (herança de povos antigos)

Fonte:
DLIS Calçoene (2002)
-Biblioteca Ambiental da SEMA-AP