As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

sábado, 24 de março de 2012

"Amazônia: as raízes do atraso" (Cristóvão Lins)

Um importante livro foi lançado nesta sexta-feira (23/03/2012) em Macapá. 

"Situa o debate sobre as razões do atraso da  Amazônia em uma perspectiva histórica. Mas não se limita a apontar culpados, entre críticas e lamentações. O passado é história e sua serventia é ajudar-nos a traçar novos caminhos, em vez de repetirmos os mesmos erros de sempre. Entre as propostas apresentadas, um modelo para a exploração sustentável de florestas certificadas, o projeto pecuária sem desmatamento e a produção de biomassa apontam para o caminho certo - o emprego da tecnologia para conciliar o progresso à defesa do meio ambiente." 
(Cristovão Lins)

"O livro chega em boa hora, quando a nossa região assume mais do que nunca o centro das preocupações globais diante de sua preponderância para o equilíbrio ambiental do planeta e de seu protagonismo na mais importante das tarefas atuais da humanidade, qual seja equacionar a necessidade de desenvolvimento para atender as necessidades atuais sem comprometer as gerações futuras... exala a paixão de um amazônida que ama sua região e que trabalha arduamente para construí-la como um lugar melhor para seus descendentes." 
(Randolfe Rodrigues - Senador - Prefácio)


O autor é Cristóvão Lins (paraense, engenheiro agrônomo e autor de outras importantes obras sobre a região amazônica, como: Jari: 70 anos de história; A Jari e a Amazônia; e Histórias, Lendas e Crônicas de Monte Alegre). Suas pesquisas se misturam com o relato de sua vivência pessoal e profissional (trabalhou 30 anos no Projeto Jari, colaborando nas mais diversas atividades de pesquisa florestal, pecuária, mineração, agricultura, etc). Atualmente é dirigente da empresa Ecotumucumaque, especializada em estudos ambientais no Amapá.
Como se vê no Sumário, a obra tem um conteúdo riquíssimo em 428 páginas, para o estudo e pesquisa histórica sobre esta região. 


Sumário
Parte I - Sinopse da História de Portugal
1) A Independência de Portugal / 2) A expulsão dos Mouros  / 3) O poder dos representantes de Deus / 4) O fim da Idade Média / 5) A Renascença e as Grandes Navegações / 6) O Reino Encantado do Preste João / 7) O Império Português na Índia / 8) A decadência e o fim do Império Oriental / 9) A opulência das classes dominantes em Portugal / 10) O desatre na África e o Sebastianismo / 11) A Companhia de Jesus / 12) A ação educadora dos Jesuítas / 13) A União Ibérica dos Filipes / 14) A libertação do domínio espanhol / 15) O Brasil é uma mina de ouro / 16)  Os terremotos da Era Pombalina / 17) A expansão francesa e a fuga para o Brasil / O historiador Oliveira Martins
Parte II - Os primórdios da ocupação da Amazônia (1616-1751)
18) A disputa pelas terras no Estuário do Rio Amazonas / 19) Colonos e Jesuítas disputam a mão de obra indígena / 20) Pedro Teixeira e a expansão territorial da Amazônia brasileira / 21) A agricultura e as "Drogas dos Sertões" / 22) Os problemas do povoamento da Amazônia / 23) A procura por metais preciosos / 24) A administração portuguesa
Parte III - O segundo período colonial (1752-1820)
25) A região do Cabo Norte / 26) A demarcação da Amazônia Portuguesa / 26) A demarcação da Amazônia Portuguesa / 27) O confisco dos bens das congregações religiosas / 28) A pecuária na Amazônia Colonial / 29) Os primeiros movimentos migratórios / 30) A raça negra na Amazônia / 31) A falsa liberdade do índio / 32) Amazonas, o "Rio Babel" / 33) As primeiras expedições científicas
Parte IV - O ciclo da borracha (1821-1920)
34) As aplicações industriais da borracha / 35) A extração predatória do látex / 36) A mão de obra nordestina / 37) A preparação da borracha / 38) As mercadorias e os utensílios do seringueiro / 39) O processo de aviamento / 40) A vida nos seringais / 41) A mulher nos seringais / 42) O período de opulência / 43) A navegação no empo áureo da borracha / 44) O contrabando das sementes e o fim do sonho / 45) A perda do mercado para os ingleses / 46) As outras atividades econômicas da região / 47) Reflexões sobre o ciclo da borracha / 48) A Amazônia tem solução
Parte V - A Amazônia do Século XIX
49) Um armazém flutuante chamado "Regatão" / 50) O negro na Amazônia / 51) A Cabanagem / 52) A navegação do Século XIX na Amazônia / 53) A "importação" de mão de obra / 54) A agricultura do Século XIX / 55) Madeira-Mamoré, a "ferrovia do Diabo" / 56) A introdução do búfalo
Parte VI - A Amazônia ainda extrativista (1912-1946)
57) As essências florestais / 58) A "Castanha do Pará" 59) As fibras têxteis e os doces regionais / 60) A agricultura e a pecuária do período / 62) A nova "febre da borracha" / 63) A integração aérea da Amazônia / 64) O sonho da borracha virou pesadelo / 65) "Fordlândia", a primeira aventura americana na Amazônia / 66) A consciência ecológica ainda não despertada
Parte VII - O Plano de Valorização da Amazônia (1946-1970)
67) A demarcação do território / 68) A elaboração do plano / 69) A região antes do início do plano / 70) Os relatórios das subcomissões / 71) A produção de alimentos nas várzeas / 72) A integração pelo "caminho das onças" / 73) A Amazônia dos "futurólogos" / 74) Considerações sobre a atuação dos bancos / 75) A "Operção Amazônia"
Parte VIII - O Manganês do Amapá
76) A ICOMI / 77) O problema de energia / 78) O IRDA
Parte IX - A região do Jari (1900-1967)
79) José Júlio de Andrade / 80) A fase dos "Portugueses" / 81) O "Projeto Jari", um empreendimento polêmico / 82) O projeto agroflorestal / 83) A fábrica de celulose / 84) O "Projeto Arroz" em São Raimundo / 85) A pecuária do "Projeto Jari" / 86) A mineração do Caulim e outros projetos / 87) Uma Babel na selva equatorial / 88) A região do Jari antes de Ludwig / 89) Os problemas com o governo brasileiro / 90) A nacionalização do projeto
Parte X - Os novos rumos da tecnologia
91) O manejo sustentável das florestas amazônicas /92) O rendimento econômico da floresta / 93) Quem planta a floresta amazônica? / 94) A produção de biomassa: uma vocação da Amazônia / 95) O escoamento das riquezas amazônicas
Parte XI -  A pecuária bovina na Amazônia
96) A introdução da pecuária bovina / 97) Uma pecuária sem desmatamento/ 98) Pecuária tecnificada, um grande negócio / Uma análise das teorias sobre o atraso
 
O lançamento, em Macapá,  ocorreu no SEBRAE.
Gregor Samsa também foi lá.

Veja também: 

sexta-feira, 23 de março de 2012

O Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva e sua Biblioteca


O Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva foi criado pelo Decreto nº 112 de 16/11/1990, sendo determinada como sua sede o prédio secular da antiga Intendência de Macapá.
O nome do Museu é uma homenagem ao médico e diplomata gaúcho Joaquim Caetano da Silva, autor da obra L’Oyapoc et L’Amazone (1861), de fundamental importância na elaboração da defesa apresentada pelo Barão do Rio Branco (que definiu os direitos do Brasil na questão de limites com a França, em 1900).

No Museu há valiosas informações da História, Antropologia e Arqueologia do Amapá. 
Encontramos acervo cerâmico (oriundos da coleta de peças nos sítios arqueológicos e doações), achados que nos fazem entender um pouco da civilização Cunani e Maracá.
As pesquisas arqueológicas no Amapá ocorrem desde a segunda metade do século XIX. Dessa época pioneira são os trabalhos de Ferreira Pena, Lima Guedes e Emílio Goeldi, esse último descobrindo as belas peças do poço Cunani, em 1895.
 
Encontramos também fotografias raras e históricas, objetos pessoais de personalidades públicas (como Cabralzinho e Janari Nunes), documentos impressos, manuscritos e moedas. Os restos mortais do diplomata e historiador Joaquim Caetano da Silva, que dá nome ao Museu, também estão no local.
  
"A verdadeira história de um ser não está naquilo que fez, 
mas naquilo que pretendeu fazer." 
(Thomas Hardy) 

 
 
Muita gente não conhece, mas o Museu 
tem também uma biblioteca aberta à visitação.
 
 São obras sobre história e arqueologia, em sua maioria.
O acervo não é grande.
 É uma oportunidade a mais de pesquisa sobre a história do Amapá.

"A história do mundo é, essencialmente, história de idéias." 
(H. G. Wells)

ESTE É O MUSEU HISTÓRICO JOAQUIM CAETANO DA SILVA
e sua Biblioteca. 
PATRIMÔNIO DO AMAPÁ
Na Av. Mário Cruz - Centro - Macapá
Próximo ao Teatro das Bacabeiras

quinta-feira, 22 de março de 2012

Dia Mundial da Água

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992 e objetiva a discussão sobre os diversos temas relacionados a este patrimônio natural (importância, consumo sustentável, poluição, políticas públicas, ações de conservação, etc).


 "Só percebemos o valor da água depois que a fonte seca."
Provérbio popular
 Água! Vamos Economizar
(Turma da Mônica)
  
Economizar água!
Sabendo usar não vai faltar
água em nenhum lugar.
Economizar água!
Água é pra se usar
mas sem exagerar.


Economizar água é bom!
Não deixe a torneira pingando,
senão a água pode acabar.
Se é fácil abrir a torneira,
é muito mais fácil fechar.
Você que lava calçada
e gosta de cantar no banheiro,
a água é desperdiçada,
acaba e custa muito dinheiro.


Por isso, é preciso:
Economizar água!
Sabendo usar não vai faltar
água em nenhum lugar.
Economizar água!
Água é pra se usar
mas sem exagerar.


Economizar água! (5x)
Economizar água é bom!


Neste dia, a ONU também divulgou a “Declaração Universal dos Direitos da Água”, documento que apresenta uma série de medidas, sugestões e informações para despertar a consciência ecológica de todos sobre o assunto. 
Declaração Universal dos Direitos da Água
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Que legal! Minha sobrinha se amarra em quadrinhos e então, para ela e outros que apreciam o gênero, aí está a "História da água doce", publicada no Almaque Disney 191, de 23/04/1987. Tinha essa revista e tratava com muito zelo até que... ah, sujeito... alguém me levou. Nesta data acredito que seja bem interessante uma leitura dela.


Fonte Consultada:
suapesquisa.com

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia Mundial da Floresta

"Quando a última árvore for cortada,
quando o último rio for poluído,
quando o último peixe for pescado, aí sim,
eles verão que dinheiro não se come".

Provérbio Indígena - Chefe Sioux


Florestas, os habitats naturais das espécies, são importantes para fixar o solo e vitais para o ciclo da água. Uma cobertura vegetal preservada é o meio mais eficaz para se garantir a sobrevivência das espécies e, mais que isso,  garantir a qualidade de vida. Ignoramos o equilíbrio ecológico em torno delas e acabamos fazendo coisas que se voltam contra nós mesmos. Queimadas, poluição nos mais diversos níveis, extinção de espécies, destruição dos rios, desmatamento... Tudo tem um preço a ser cobrado nos impactos sentidos desde agora e, muito mais, nas gerações futuras. Água já é sinônimo de guerra e floresta de cobiça pelo enriquecimento, quando deveriam ser sempre, nas nossas mentes e atitudes, patrimônios maiores a serem preservados.
Desenho: Jorge de Oliveira
Nas matas do Amapá, temos uma vegetação ainda muito preservada e o estado é o que mais tem áreas protegidas. Áreas sob ameaça com a aprovação do Novo Código Ambiental Brasileiro, que não favorece a proteção destas. Além de passar uma borracha nas ações de criminosos ambientais, que desmataram a torto e direito, também permitirá reduzir a área de Reserva Legal nas propriedades rurais da Amazônia. Mais especificamente, nos estados que têm mais de 65% de seu território ocupado por unidades de conservação. Nestes, a obrigação da reserva legal dos produtores rurais poderá ser reduzida dos atuais 80% para 50%. Como o Amapá é o único Estado da Federação nessa condição, entende-se que pelo menos 250 mil hectares de florestas poderão ser suprimidos do território amapaense se for mantido esse dispositivo. A nova legislação permitirá também redução das APPs  (Área de Preservação Permanente), implicando em sérios impactos a importantes áreas, como o mangue e várzeas. Será que não se pode aplicar um modelo harmonioso entre desenvolvimento e conservação natural, ou "limpar o mato" será sempre a melhor alternativa para o progresso?
É este o cenário separado com carinho pelos governantes a nossas florestas  e o que deve ser refletido sempre, especialmente hoje, data celebrada como o Dia Internacional das Florestas. 

"Floresta Bonita" - Desenho de Isabelly Castelo

terça-feira, 20 de março de 2012

LENDAS DO AMAPÁ - A Cobra Sofia

Hoje é o "Dia Internacional do Contador de Histórias", data para homenagear todos que se dedicam à arte de levar fantasia e mistérios em forma de palavras e narrativas. Estas, muitas vezes, despertam o gosto ou curiosidade pela leitura e estão entre os primeiros textos conhecidos pela classe estudantil. A data foi criada na Suécia (1991) e recebeu a adesão de outros países (hoje são 25 segundo informações da web), que desenvolvem atividades culturais neste dia  e, em comum, a proposta de abordagem a um mesmo tema. Exemplo: 2004 (pássaros), 2005 (pontes), 2008 (sonhos), 2011 (água) e 2012 (árvores).
Homenagem à personagem "Dona Benta", uma das maiores contadoras de histórias na Literatura Brasileira e nos livros encantados de Monteiro Lobato. Aqui está representada por sua maior intérprete (Zilka Salaberry) na antológica série "Sítio do Pica-Pau-Amarelo".
Homenagem à meus avós maternos Apolinário e Ana Castelo (Branco Velho e Nikita), grandes contadores de histórias que me instigaram, com suas marcantes narrativas, a querer e procurar muito mais nos livros. (Foto de 1998). 

Como leitor tenho uma afeição por um segmento em especial, as lendas. São narrativas que me despertaram o apego pela leitura e transportam-me a uma terra nostálgica, onde imperam as lembranças de meus avós, o saudosimo de outros tempos e me desconectam deste mundo cheio de bites e modernidades onde o livro, para a grande maioria, já não é uma boa fonte de informação e entretenimento.
Não sou um grande contador de histórias, mas aprecio a leitura de vários. Entre eles, aqui nas terras do Amapá e neste segmento lendas, temos um escritor que tem feito um resgate de muitas estórias em suas publicações. Coisas destinadas ao esquecimento, sem um devido registro. 
Foto: joselidias.blogspot.com.br
Joseli Dias é escritor, contista, jornalista e poeta amapaense. As narrativas das lendas e dos “causos” desta região registradas por este autor, estão reunidas no livro "Mitos e Lendas do Amapá" que, atualmente, se constitue em um trabalho de suma importância para todos que valorizam os elementos mais puros e autênticos da cultura popular. É uma obra valiosa, está na 3ª edição e  representa uma importante fonte de pesquisas sobre a mitologia amapaense.
 LEITURA RECOMENDADA

Em homenagem ao escritor, à meus avós, a todos os contadores de histórias, aos cabeças nas nuvens (como eu), à amiga escritora maranhense (Camila Miranda), à prima recém-encontrada (Ana Caroline) e ao "Dia Internacional do Contador de Histórias", aí está a "Lenda da Cobra Sofia": 

Há muito tempo, em uma aldeia próxima à ilha de Santana, é que vivia Icorã, uma índia de olhos cor de mel e muito linda. A beleza da índia, incomparável entre todas as mulheres da tribo, transformava em suplício sua felicidade. É que pela formosura Icorã era cortejada pelos bravos, ao mesmo tempo em que estava destinada ao deus Tupã quando estivesse em idade apropriada. Prisioneira de sua beleza, a indiazinha vivia muito triste, raras vezes deixando a oca. Quando o fazia era para dirigir-se à beira de um grande lago, à noite, para contar à lua de seu sofrimento.
Certa noite, enquanto banhava-se ao luar, Icorã foi avistada pelo boto Tucuxi, que perdeu-se de amores por ela. Transformando-se em um cisne, Tucuxi aproximou-se da indizinha, possuindo-a através de um encantamento. Meses depois Icorã sentiu a prenhez em suas entranhas e só então descobriu que aquele cisne lindo com quem brincara no lago era na verdade um boto.
Mortificada de remorsos, Icorã embrenhou-se nas matas, permanecendo longe de tudo e de todos para ter a criança. Quando as dores vieram e a indiazinha teve seu rebento, deu-lhe o nome de Sofia e atirou a criança no lago, na esperança de que ela se afogasse e ninguém tomasse conhecimento de seu pecado. Depois retornou à aldeia, como se nada tivesse acontecido. O boto Tucuxi, arrependido do que fez, transformou a criança em uma cobra d’água, evitando assim a sua morte.
Muito tempo passou e certo dia, quando Icorã encontrava-se à beira do grande lago, sentiu as águas se revolverem e viu quando uma cobra imensa, de estranhos olhos cor de mel, deixou seu refúgio. Era a cobra Sofia, que procurava águas mais profundas para acomodar-se. Os sulcos deixados durante o trajeto, dizem as lendas, formaram o Rio Matapi.
Sofia, acreditam os mais antigos, parou para descansar onde hoje fica localizado o porto de Santana. Há alguns anos, uma grande parte da plataforma desabou. Dizem que foi a cobra Sofia que moveu-se durante o sono.

 Joseli Dias – Do livro "Mitos e Lendas do Amapá" – 3ª Edição)

Cobra Sofia
Ilustração: Honorato Júnior

segunda-feira, 19 de março de 2012

"De Lutas e Vitórias" - Publicação de João Capiberibe sobre parte de sua história política no Amapá

João Alberto Capiberibe nasceu no Afuá (1947), foi eleito prefeito em Macapá (1988), governador do estado por dois mandatos (a partir de 1994) e senador em 2002. 
Participante da militância política desde sua juventude,  trilhou caminhos que o levaram à prisão e exílio (durante a ditadura militar) e cassação de seu mandato de senador (em 2005), sob acusação de compra de votos. Em 1980 retornou ao Brasil - após o exílio - e em 2010 voltou ao Senado Federal, após longa disputa em torno de sua defesa. Acontecimentos marcantes em sua trajetória política aos quais dedica, nesta publicação, relatos seus e de aliados sobre estes fatos.

A obra é de cunho político-biográfico, tem 42 páginas, está ilustrada com fotos referentes aos eventos descritos e divide-se nas seguintes partes:
- João Capiberibe: Texto de Ana Miranda.
- Discurso de despedida: Pronunciamento no dia da cassação (outubro/2005).
- Em nome da Justiça: Texto de Dalmo de Abreu Dallari em apoio.
- O cavalo que saiu do poço: Texto de Capiberibe pós volta ao Senado.
- O Capi voltou: Pronunciamento de Capiberibe  na volta ao Senado.
- Apartes: Pronunciamentos de senadores aliados.
O lançamento foi em 17/03/2012 no Museu Sacaca.

A Fortaleza de São José de Macapá (Parte 5 - Vídeo 230 anos em 2012)

É hoje o aniversário de 230 anos 
do mais emblemático monumento histórico
do Estado do Amapá.
Foto: Rogério Castelo
Reportagem de Evandro Luiz exibida no "Amazônia TV" em 17/03/12

Os pontos abordados foram:
  • A Fortaleza de São José é a maior edificação militar portuguesa do Período Colonial.
  • Foi construída para defender as terras brasileiras da invasão dos inimigos pela foz do Rio Amazonas.
  • Serviu também para para reabastecer com alimentos e munição os aliados.
  • Foi edificada com uma praça central, baluartes pentagonais, alojamentos para militares, armazém, hospital e a Capela de São José.
  • A edificação se tornou o principal monumento histórico do Amapá e atrai visitantes de diversas partes do país.
  • Recebe em média 3.500 turistas por mês.
  • Na época da edificação o trabalho pesado foi realizado por índios e negros (mão de obra escravizada), eles eram responsáveis pelo transporte e beneficiamentos das pedras naturais utilizadas na construção das muralhas, na produção de telhas e tijolos.
  • O Forte foi edificado em alvenaria de pedra e cal na margem esquerda do Rio Amazonas. 
  • A obra teve início em 1764, mas foi inaugurada ainda incompleta em 19 de março de 1782.
  • Em 1950 foi tombada pelo patrimônio histórico nacional.
  • No início da década de 1990 teve início o processo de revitalização.
  • O monumento ganhou mais destaque na paisagem urbana de Macapá e a população ganhou um novo espaço de lazer (Lugar Bonito)
"Um povo sem passado é um povo sem história 
e a Fortaleza é nosso maior baluarte"
(Depoimento no vídeo)
 
 
 
 Fotos: Rogério Castelo

Mais informações em: