As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Pérola Azulada (Animação de Bruno Fabian - 2011)

Esse é um belo trabalho de Bruno Fabian, apresentado em 2011 como parte integrante de um TCC na Universidade Federal do Amazonas. A animação é uma homenagem à terra natal e ilustra a música Pérola Azulada (Composição: Zé Miguel/Joãozinho Gomes). 

 
ANIMAÇÃO: Bruno Fabian
ROTEIRO: Bruno Fabian / Talita Silva
EDIÇÃO / LEGENDA: Igo P. Costa
Contatos com o autor: brunofabiansg@gmail.com

Pérola Azulada

Já aprendi voar dentro de você
Ancorar no espaço ao sentir cansaço
Ossos da jornada

Já aprendi viver como vive nu
Um cacique arara cultivando aurora
Luz de sua tiara

Eu amo você terra minha amada
Minha oca, meu iglu, minha casa
Eu amo você pérola azulada 
Conta no colar de Deus, pendurada
A benção minha mãe

Já aprendi nadar em seu mar azul
Adorar água, homem peixe, água
Fonte iluminada

Já aprendi a ser parte de você
Respeitar a vida em sua barriga
Quantos mais vão aprender

Eu amo você...

Terra, terra por mais distante o errante
Navegante quem jamais te esqueceria 

Veja também:

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ilha de Santana (Parte 6 - Participando da Excursão do MIS-AP)

Porto de Santana 
(Foto: Rogério Castelo)
Em 13/10/2012 tive a satisfação de participar de uma excursão fotográfica pela Ilha de Santana, evento do IV Colóquio Amapaense de Fotografia, promovido pelo MIS-AP. Foi mais uma oportunidade de reunir impressões  sobre a Ilha, que no momento tem sido meu foco de atenção, de entusiasmo e de descobertas.  
Os fotógrafos participantes, entre amadores e experientes, foram 20, chegando ao Porto de Santana às 5h. O movimento é intenso desde as altas horas.

Porto do Açaí (Foto: Rogério Castelo)
Agora entendo melhor porque o porto tem este nome. Vemos centenas de paneiros e sacas com o fruto sendo comercializado. Quem aprecia seu açaizão nem imagina o quanto de trabalho acontece todo dia, e pelas madrugadas, para garantir este alimento.
Porto do Açaí (Foto: Rogério Castelo)
...São vários barcos chegando de ilhas e localidades distantes. Quantas histórias... 
Sai o homem em sua lida diária 
com o facão, a peconha e muita disposição 
para encarar açaizeiras de até mais de 20 metros. 
Vai subindo, passando de uma para outra, 
amarrando as folhas, enfrentando o perigo iminente, 
na garra e coragem desde criança, 
para trazer o cacho nas costas ou passar a alguém... 
 Fotos: Rogério Castelo
...Sobem na destreza e ligeireza aprendidas em família, 
com o facão agarrado à cintura, ou na boca, 
e assim vão se enchendo os paneiros 
com o doce fruto da Amazônia. 
Com uma viagem de barco chegam no porto
e estarão nas batedeiras, 
e estarão em nossas tigelas e cumbucas 
Amém!!! Graças a Deus por tudo!!!! 
Porto de Santana (Foto: Rogério Castelo)
 Lá vai Gregor Samsa pelo rio...
Canal de Santana (Foto: Rogério Castelo)
 ...No prazer da descoberta, 
das novidades, 
da soma de informações... 
Pense nos mistérios do rio! 
Veja estas águas!
O que se passa abaixo deste céu?
Como é pequena nossa história
 frente a tudo isso... 
Vou deixando o porto, 
vou contornando a Ilha, 
vou navegando no canal, 
vou  saboreando a vida... 
Canal de Santana (Foto: R. Castelo) 


"Supor é bom - descobrir é melhor."
( Mark Twain)

Comunidade de Cachoeirinha (Fotos: Rogério Castelo)
Já percorri a Ilha da Vila até a Escola N. Srª de Nazaré (na Comunidade de Cachoeirinha). Deste ponto em diante fui encontrando novidades, pois a excursão teve como destino o Recanto da Aldeia no outro lado da Ilha
Ilha de Santana (Foto: Rogério Castelo)
O cenário é de florestas de várzea... as casas já não são encontradas. Por aqui  é reino de botos (até este momento não vi nenhum... mas estão no rio), do peixe-boi (que raiva de meu amigo Samsa... teve a oportunidade de fotografar um e perdeu... ô mancada!), de garças, do barco fantasma, da cobra sofia, da bola de fogo sobre a água (estes três últimos coexistem com a fértil imaginação)  e de uma natureza tão imponente... e tão frágil... frente ao nosso descuido. O que o rio carrega de nossa falta de zelo, vai passando por ali também.
 Ilha de Santana (Fotos: Rogério Castelo)
Consegues ver o casal de araras (...o que suponho) voando?
No contorno da Ilha não visualizei ainda a Escola Levindo Alves. Pelo que apurei é de alvenaria e está construída em área de terra firme um pouco além da margem (diferente da escola anterior que é no estilão de palafita bem na beirada). Vou ainda lá e conhecer tudo de perto... e te mostrar. Bom... o gancho da escola foi na verdade uma maneira de puxar outra informação. As notas aqui levantadas são obtidas na informalidade/oralidade e, segundo moradores entrevistados, a Comunidade de Cachoeirinha vai do Igarapé Paula até o Recanto. Já o pessoal no Recanto informou que vai até as imediações da escola, que é o ponto até onde vamos encontrando - ainda que cada vez mais escassas - algumas casas. Fica o registro de tudo.  
Ilha de Santana (Foto: Rogério Castelo)
...Verdade por verdade, é indiscutível o encanto e atração por descobertas que a Ilha evoca. 
Ilha de Santana (Foto: Rogério Castelo)
Que estou trilhando por certezas e equívocos eu sei... mas o caminho das descobertas vai assim se construindo.
Recanto da Aldeia (Foto: Rogério Castelo)
Chegamos no Recanto! 
Câmeras à postos! Vamos invadir sua praia...
Uma homenagem à turma da excursão.
(Fotos: Rogério Castelo)
Participei na vontade mesmo, provavelmente fui o mais amador dos participantes... nunca tive qualquer contato com técnicas fotográficas, seja em aula ou em qualquer mídia, e vivo apanhando da máquina (eita bocó!!!). Ouvi nos preparativos para a excursão palavras como: é difícil não fazer uma boa foto no lugar... tem o rio, as árvores, a paisagem, o pôr-do-sol... é uma ilha... 
Eu acredito nisso e o resultado de meu empenho são as fotos a seguir. Façam justiça às belas paisagens na Ilha de Santana. (Fotos: Rogério Castelo)
         Consegues ver o pica-pau?
Tem cada coisa lá!
Há muita beleza para se ver... 
 ...para se descobrir...
 ...para se encantar...
...para se inspirar...
 ... para admirar!!! 
Tão linda!!!
Tão linda!!!
Tão linda!!! 
...

 
Meu entusiasmo se evidenciava em registrar paisagens e esquecia dos detalhes... como não faziam meus colegas. Um simples objeto, folha, raiz, ou seja o que for, transmite a sua beleza também (Fotos de Rogério Castelo).
A excursão teve dois momentos na Ilha: um trajeto de barco (do qual eu apenas registrei em vídeo, para futura compilação) e uma trilha nas imediações do Recanto (onde a principal e mais bonita imagem foi o encontro com uma sumaúma gigante).
...Provavelmente uma das mais antigas e das mais imponentes árvores em todo esse nosso Amapá.
 Olha aí a empolgação do meu amigo mostrando a árvore (tenho que avisar para esse tonto moderar... É caladão e de repente explode e viaja quando entram nos assuntos de lendas, boto, natureza, cotidiano das comunidades... haja mico!!!!). Como se vê, está mostrando as sapopemas, que são essas raízes tabulares. 
Tuuummmmm!!!! Tuuummmmm!!!! Tuuummmmm!!!
Há uma curiosidade sobre elas na cultura amazônida, pois são denominadas de telefone da floresta. É que são muito sonoras ao serem batidas e o caboclo, geralmente com o terçado, faz o som se propagar ao longe... Minha avó Ana já me contou uma história interessante onde elas são citadas - TÁ AQUI.

Ô rapaz! Para de dar uma de espantalho que já entendi que é grandona.

A sumaumeira é uma árvore típica da várzea e das maiores do Brasil, atingindo um porte gigantesco de 45-50 m de altura. Tem tronco volumoso, de crescimento rápido e desenvolvendo as características sapopemas. Esta aqui tem estas descrições e é uma árvore com centenas de anos.
...E o que fazem estas nossas autoridades que ainda não declararam esta área como um de nossos patrimônios naturais!
As sementes são envolvidas por uma pluma muito empregada na indústria para confecção de bóias e salva-vidas, para enchimento de colchões, travesseiros e como isolante térmico (Fonte: Embrapa).

Mais informações sobre a Sumaúma veja em:


Nas redondezas encontramos também outras grandes árvores. 
Quem sabe não apareçam no filme Tainá 3!
 Voltando para o Recanto da Aldeia. O lugar é um balneário particular, com instalações muito simples, e a praia é atraente à visitações. Tem gente da Ilha visitando, vindo em suas catrais ou pelas trilhas, e turistas que, às vezes, aparecem em lanchas encrementadas. É visitado também (eventualmente) por equipe de ciclistas. 
... Mas a natureza é mesmo o ponto alto e centro de tudo.
(Fotos: Rogério Castelo)
Uma homenagem ao amigo Dimas, 
entusiasmado e encantado por esta terra!
(Foto: Rogério Castelo)
Vai chegando ao fim nossa excursão...
(Foto: Rogério Castelo)
Não se vá ainda...
Deixe-me admirar um pouco mais de tua luz, tua beleza, teus encantos...
(Foto: Rogério Castelo) 
 (Foto: Rogério Castelo)
Deixando a Ilha... Esta foi minha quinta passagem no lugar (ainda não conheci nem a metade de tudo que quero ver e me informar). Finalmente vi as personagens que buscara... alguns botos puderam ser avistados. Não foi como desejara, não teve aquele balé na água. Mas valeu! Vi três... um nas proximidades e dois passando pelo barco.
Ilha do Pará, em frente à Ilha de Santana (Foto: Rogério Castelo)
Espera um pouco que ainda te encontro...
 (Foto: Rogério Castelo)
Quizera eu poder mostrar alguma das imagens de cada um dos 19 colegas da excursão, mas é destas coisas difíceis para Gregor Samsa... As fotos foram reunidas em uma exposição no SESC-Araxá, chamada "Sinestesias", entre os dias 18 à 22/10/2012 e podem ser encontradas também no MIS-AP. Um abraço à moçada!

Fim da excursão.
Obrigado ao MIS-AP a oportunidade!

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