As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Salmo 23 - O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.

Salmo 23:1 narrado por minha querida sobrinha Luna, de dois aninhos. Muito tocante na voz das criancinhas. 


SALMO 23  
1 O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
2 Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas.
3 Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.
4 Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
6 Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.


 Graças ao Bom Pastor pelas oportunidades diárias!

terça-feira, 23 de junho de 2015

"Uma História Verde do Mundo" - Clive Ponting

Aí galera, vocês conhecem a Biblioteca SEMA? Não!? Saiba que é a principal biblioteca ambiental do estado do Amapá, localizada atrás da Biblioteca Pública Elcy Lacerda, no Formigueiro (Centro), e tem um acervo voltado para as questões ambientais, tipo: ressacas, desmatamento, unidades de conservação e legislação ambiental (assuntos mais procurados).
Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá. 
Ornamentada assim por causa do trabalho de Rosa Dalva.
Foto: João Batista
É, mas não fica só nisso! Alguns assuntos são rotineiramente explorados pela mídia, importantes e para nossa reflexão, como o crescimento populacional acelerado nas últimas décadas. Que diga o Dan Brown, que pegou carona no assunto e lançou "Inferno" em 2013. Esse livro é de apreciação particular e, amado ou detestado, é pautado em um assunto importante. Mas não é dessa obra quero falar...
Se queres pesquisar o assunto então sugiro "Uma História Verde do Mundo", de Clive Ponting, disponível para consultas na Biblioteca SEMA. Olha aí umas considerações...

Obra sensacional, com uma visão geral da relação homem e natureza ao longo da história. Foi escrita em cerca de 20 anos e traz informações, dados e exemplos para reflexão dos fatores característicos nessa relação. Ponto crucial e inicial para perspectivas preservacionistas.
Em um primeiro momento o autor traz o leitor para uma análise dos eventos que se sucederam na Ilha de Páscoa - analogia clássica de como tem sido as relações humanas com o ambiente. A ilha tinha recursos limitados, cada vez mais pressionados e devastados frente ao crescimento acelerado dos ilhéus. Essa sociedade entrou em colapso com a destruição de seu ambiente ao interagir de maneira irracional, resultando em sua ruína, guerras acirradas pelos poucos recursos, extinções de espécies, fome, alterações ambientais e, uma gravidade que não conhecia sobre a história da Ilha de Páscoa - o canibalismo frente ao desespero na falta de recursos. Como essa civilização outras, mais complexas ou não, trilharam pelo mesmo caminho (ou estão nele).
Os aspectos vistos nessa analogia são aprofundados em outros capítulos, como a questão do crescimento populacional. Olha só! Os números impressionam a partir de 1825. Nesse período a população mundial chegou a um bilhão, levando cerca de dois milhões de anos nesse processo. Alarme pelo que se sucedeu! O bilhão seguinte foi alcançado em apenas um século.O  terceiro bilhão levou cerca de trinta anos para ser alcançado (de 1925 a 1960), o próximo foi acrescentado em apenas 15 anos (1975) e a passagem de 4 a 5 bilhões levou aproximadamente doze anos no final dos anos 80 (informações presentes no capítulo 12). 


 O livro é:
Título: Uma História Verde do Mundo
Autor: Clive Ponting
Tradução: Ana Zelma Campos
Editora: Civilização Brasileira
Páginas: 648 (...só isso!)
Ano: 1995
ISBN: 85-200-0203-6
Temas: Civilização / História / Aspectos Ambientais / Ecologia

O crescimento está intimamente relacionado ao modo de produção e obtenção dos bens naturais que, na percepção do autor, está dividido em duas grandes transições na história.
A primeira foi a adoção da agricultura (há dez mil anos), que possibilitou a formação das cidades e desenvolvimento das civilizações com a capacidade de suprir as necessidades de grandes aglomerados. Somou-se a isso outras culturas, como a domesticação de animais e o refinamento na agricultura para obtenção de recursos não necessariamente destinados a alimentação, como a cultura do algodão para obtenção de tecidos. Aspectos negativos também se somaram com as relações pouco harmoniosas. Além da devastação e alteração ambiental, também o convívio com doenças e epidemias.
A segunda transição refere-se a adoção dos combustíveis fósseis (nos últimos 200 anos). Isso potencializou a capacidade de obtenção de recursos com a industrialização, explodiu o crescimento urbano, contribuiu para a hegemonia de países detentores dessa tecnologia sobre países menos desenvolvidos mas com mais recursos disponíveis e estimulou o consumismo com as sociedades afluentes. A expectativa de vida aumentou e as doenças de caráter degenerativo passaram a ter maior incidência. Obviamente a industrialização trouxe muitos impactos ambientais com novas formas de poluição.


Sumário
1) As lições da Ilha da Páscoa (Descobrimentos europeus - Colonização da Polinésia - ascensão e declínio - o "mistério" explicado)
2) Os Fundamentos da História (Influências do mundo físico - significado e papel dos ecossistemas - efeitos na história humana)
3) Noventa e Nove por Cento da História Humana (Modo de vida entre os grupos de concentração e de caça - expansão dos ajuntamentos humanos - variações em técnicas de subsistência - impactos no meio ambiente)
4) A primeira Grande Transição (A lenta transição para a agricultura - três "áreas centrais", Sudoeste da Ásia, China e América Central - consequências sociais e políticas - surgimento de sociedades complexas por todo o mundo - elo com a cultura e lutas armadas)
5) Destruição e Sobrevivência (Impacto ambiental da agricultura - tensão imposta por meios ambientes artificiais - declínio auto-imposto das sociedades do vale da Suméria e Índico - degradação da área mediterrânea - queda dos maias - estabilidade contrastante da agricultura do vale do Nilo)
6) A Longa Batalha (O problema persistente da alimentação da população mundial - limitações da base agrícola na história da China e da Europa - influência do clima - causas e efeitos da desnutrição e da fome - a difusão das colheitas e dos animais - a solução europeia)
7) A Expansão da Colonização Europeia (Colonização interna e transformação da paisagem - a expansão da Europa - - impacto nos povos nativos e culturas através do mundo)
8) Modos de Pensamento (Influência dos pensamentos clássico, judeu e cristão na visão europeia do mundo - o relacionamento entre os seres humanos e o mundo natural - a ideia de progresso - tradições alternativas - impacto da economia clássica e da teoria marxista - a perseguição do crescimento econômico)
9) A Violação do Mundo (Exemplos antigos da destruição da vida selvagem - extinções - impacto da introdução de espécies alienígenas - estudos da história da exploração: pesca - comércio de peles - caça de focas - pesca da baleia - a ideia da preservação)
10) Criando o Terceiro Mundo (As Ilhas Atlânticas no século XV como um microcosmo do desenvolvimento colonial - escravidão e mão-de-obra contratada - em direção a uma economia mundial - fazenda agrícola - expansão e desenvolvimento da colheita comercializada - exploração da madeira e de minerais - consequências para o Terceiro Mundo)
11) A Face Mutante da Morte (Causas, impacto e expansão das doenças infecciosas - a história da peste bubônica - a influência da agricultura, do comércio, do saneamento e da pobreza - crescimento das "doenças da civilização")
12) O Peso dos Números (Diferentes padrões da explosão populacional - expansão da terra agrícola - mudanças na tecnologia da agricultura- origem da indústria alimentícia - a "revolução" verde - problemas da alimentação mundial - desmatamento, erosão do solo, salinização, desertificação - desastres ecológicos através do mundo)
13) A Segunda Grande Transição (Fontes de energia - forças humana, animal, da água e do vento - a primeira crise de energia - transição para combustíveis fósseis - crescimento das fontes de energia e consumo)
14) O Crescimento da Cidade (Cidades pré-industriais - o papel do subúrbio e dos transportes - a conurbação e as metrópoles - cidades do Terceiro Mundo - problemas ambientais)
15) Criando a Sociedade Afluente (A pobreza das sociedades agrícolas - impacto da industrialização - crescimento no consumo e nas vendas a varejo - carros e turismo - problemas da afluência - distribuição das riquezas da Terra - problemas do Terceiro Mundo)
16) Poluindo o Mundo (Poluição inicial da cidade - suprimento de água - remoção do lixo - fumaça - a poluição inicial industrial - efeitos da industrialização - chuva ácida - doenças industriais - novas substâncias químicas - problemas de resíduos tóxicos- poluição nuclear - tráfico - misturando novos coquetéis - CFSs e a camada de ozônio - aquecimento global)
17) A Sombra do Passado (Interpretação ecológica da história humana - estabilidade e sustentação das sociedades humanas - lições do passado)

A extinção de espécies é tratada no capítulo 5 e os relatos impressionam pela perda natural rápida, direta ou indiretamente decorrente da presença humana -
o único ser capaz de se espalhar por todos os ecossistemas e determinar profundas transformações.  
Enfim, o livro traz essas e outras abordagens sobre a "história verde da Terra". Não propõem soluções, mas chama a atenção para a fragilidade na relação homem-natureza, que tem redundado em perdas que podem ser irreversíveis e que deveriam ser tratadas com critérios racionais e sustentáveis.
A obra em primeiro contato parece um calhamaço de desestimulante leitura, mas se revela muito interessante. Li satisfatoriamente em uma semana.  Deve ser conhecida por todos para uma visão histórica do conflito entre o homem e meio ambiente e, mais do que isso, para reflexão, postura autocrítica e de engajamento nas questões ambientais.


Clive Ponting, é um escritor britânico, nascido em 1947, doutor em História pela Reading University, Inglaterra, autor de pesquisas altamente relevantes sobre o meio ambiente. 
 Disponível na Biblioteca Ambiental da SEMA-AP
para consultas.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Revista ICOMI Notícias Nº 15 (1965)

Edição de março de 1965. O que achei mais interessante foi a reportagem sobre Calçoene, que coloca em paralelo o local de riquezas e disputa territorial com a situação de pouco desenvolvimento. Nessa época a cidade tinha acesso precário, população estimada em 2.500 habitantes (aproximadamente 800 pessoas concentradas na cidade e as demais nas comunidades interioranas) e a energia elétrica era gerada por motor "cartepillar" entre as 18 e 22 horas. O texto resgata também pontos importantes da história da região, como a República Cunani.

Imagens retiradas da edição

Baile no Santana Clube, Vila Amazonas, com o conjunto Os Cometas, de Macapá (1965)
Cena cotidiana em Calçoene (1965): lavadeira na cachoeira do Firmino
Típica embarcação a vela dos rios da Amazônia, outrora meio de transporte mais utilizado na costa do Amapá. A viagem entre Calçoene e Macapá, por exemplo, durava cerca de seis horas.

domingo, 21 de junho de 2015

Estação de Serra do Navio na arte de Wagner Ribeiro

Wagner Ribeiro tem obras sensacionais do cotidiano e história do Amapá, como essa da estação ferroviária de Serra do Navio (tela de 2012).

 Autor: wagnerribeiro59@hotmail.com

A ferrovia (EFA) começou a ser implantada em março de 1954 e sua inauguração foi em janeiro de 1957, tendo a presença de Juscelino Kubitschek. O presidente até se aventurou em uma viagem inaugural. A estação está localizada a cerca 3 km de Serra do Navio. Lamentável ver hoje tudo isso em situação precária!

Veja também

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Revista ICOMI Notícias Nº 23 (1965)

Olá, pessoal! Estou disponibilizando mais uma Revista ICOMI Notícias, publicada em novembro de 1965. Histórica e rotineiramente procurada em pesquisas.



Algumas fotos da edição:
 Alunas do IETA.
 Estudantes de Vila Amazonas.
 Parquinho (play-ground) da escola de Serra do Navio.
 Piscina da ICOMI.

sábado, 23 de maio de 2015

"A Jari e a Amazônia" - Cristovão Lins

O livro Jari - 70 Anos de História, de Cristovão Lins, trouxe um relato histórico da região, vendo-se as fases e suas características, com destaque ao período de Ludwig (1967 a 1981). 

Nessa segunda obra, A Jari e a Amazônia,  publicada em 1997, a abordagem trata do desenvolvimento aliado a questões ambientais. Ponto que começou a ser ressaltado entre as décadas de 80 e 90, e que estava em paralelo com muito desconhecimento, principalmente manejo não sustentável em práticas rotineiras, como a pesca e caça predatória. A região do Jari é rica em recursos ambientais, aproveitados inicialmente com a cultura extrativista e atualmente por  grandes empreendimentos (como o do caulim - considerada esta uma das maiores minas do mundo - e a fábrica de celulose). Exploração e sustentabilidade, aspectos vitais para a Amazônia em seu desenvolvimento, temática na obra.
 
O autor inicia com o resgate de pontos históricos da região em uma percepção socioambiental. Veja aí algumas delas:
A fase do José Julio poderia ter sido mais proveitosa para a população, e com menos gastos para o coronel, se tivesse aproveitado a estrutura que já havia em Almeirim. O que se viu foi uma centralização em Arumanduba que requereu muitos investimentos para a infraestrutura. Na fase dos portugueses a caça predatória foi usada na obtenção de lucros com o comércio de peles, e na do magnata Ludwig alguns erros do passado se repetiram, consumindo muito investimento para manutenção das silvovilas do Projeto Jari. E ainda ficaram em situação isolada para satisfação de suas necessidades e déficits, como o energético (uma parte disso motivada pela resistência do governo militar em propagandas negativas que levavam a questão ao imperialismo norte-americano e assim entraves eram criados. Beiradão, exemplificando, segundo o autor poderia ter sido também uma silvovila, mas o projeto enfrentou a resistência do governo territorial da época). Essa história vai longe e o Projeto Jari teve seus acertos e erros. Os capítulos VII, VIII e IX falam disso. 

Para ter uma visão mais abrangente, olha aí o sumário:
Capítulo I - A região do Jari na época da colonização
Capítulo II - A saga do Coronel José Júlio de Andrade
Capítulo III -  A expedição alemã ao Jari: cintífica ou com outros fins?
Capítulo IV - Ludwig, Azevedo Antunes e a Jari
Capítulo V -  Como surgiu a Jari de Ludwig
Capítulo VI - Lendas, Costumes e Histórias do Jari
Capítulo VII - O Extrativismo na Amazônia
Capítulo VIII - Extrativismo x Produção Intensiva
Capítulo IX - A Energia na Região do Jari
Capítulo X - A evolução sócio-econômica da região
Capítulo XI - Pequeno Modelo Produtivo para as Várzeas da Amazônia

O livro tem conotação de valorização ambiental e humana. Assim, gostei também das histórias reveladas sobre a população local.  As narrativas do folclore são muito atrativas, como a do Mapinguari e Cobra Grande, além de relatos de moradores em sua compreensão (ou incompreensão) sobre a natureza e seus mistérios. Um imaginário pelo qual me interesso, com as histórias de onça no cio, tamanduá cantante, macaco devorador de gente, etc. 

A obra aborda também a fundação de Monte Dourado. Relato interessante. 
Na imagem a localidade de Olho d'Água (em 1967), vendo-se o primeiro posto médico construído. Esse local corresponde hoje ao porto de Monte Dourado.
A fundação da vila é considerada em 25/05/1967, quando Rodolpho Dourado (engenheiro paraense contratado para a construção da vila) e seus companheiros desembarcaram. A imagem mostra o transporte de materiais para a construção dos primeiros acampamentos (1967). A vila foi batizada em conversa informal por amigos de Dourado. Tempos depois os americanos da Jari tentaram mudar para Monte Belo, pois histórias circulavam negativamente em Brasília de que estavam levando ouro para os EUA e o "Dourado" teria essa conotação de riqueza mineral. Após uma verificação, chegou-se a conclusão da referência ao engenheiro.
Em 02/05/983, através de Lei Municipal Nº 5.075, foi criado o Distrito de Monte Dourado, ligado a Almeirim, embora a data da criação da vila permaneça em 25 de maio.
02 de Maio de 1983 através da Lei Municipal nº 5.075 foi criado o Distrito de Monte Dourado, muito embora a data de sua fundação seja de 25 de Maioaluguel santos
em 02 de Maio de 1983 através da Lei Municipal nº 5.075 foi criado o Distrito de Monte Dourado, muito embora a data de sua fundação seja de 25 de Maio. aluguel santos
em 02 de Maio de 1983 através da Lei Municipal nº 5.075 foi criado o Distrito de Monte Dourado, muito embora a data de sua fundação seja de 25 de Maio. aluguel santos

Descobri algo muito legal. Finalmente entendi a etimologia da palavra Jari. Vem da língua indígena Wayãpi e significa rio das castanhas (Nhá = castanha e rim = rio). 

A expedição alemã (1935/1937) é novamente mostrada. Algo nebuloso paira aí e não duvido dos interesses nazistas de olho grande na região, ainda mais que queriam traçar um caminho até a Guiana Francesa, seus inimigos em guerra.
Outro ponto que mostra a linha de pensamento do livro foi sobre a construção da Hidrelétrica de Santo Antonio. Na época de Ludwig não teve a licença dos militares e via-se no projeto um impacto ambiental grande, típico de empreendimentos sem uma visão mais atenciosa aos interesses ambientais, mas apenas a da meta do empreendedor. 
O déficit energético sempre foi uma grave problema para as aspirações do desenvolvimento e o autor levanta a questão e necessidade, vendo-se nos anos 90 reformulações. Naquela época foi estabelecido um projeto que apontava uma usina com menos impactos, ao estilo fio d'água, como hoje está em construção (necessária como desejava Ludwig, mas com um novo estilo em voga no mundo atual)
Curiosas abordagens no livro, que não se resumem a isso. 

A Jari e a Amazônia. A região rica e as possibilidades de exploração. Questões ambientais e a exploração racional. 

O Livro é:
Título: A Jari e a Amazônia
Autor: Cristovão Lins
Editora: DATAFORMA
Páginas: 160
Ano: 1997
Temas: História / Projeto Jari

 Disponível para consultas nas principais bibliotecas em Macapá.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Belas obras de Wagner Ribeiro

Diz aí, não são maneiros esses quadros? Com toda certeza, mostrando o talento de Wagner Ribeiro - Artista com  percepções interessantes de Macapá em paisagens antigas e atuais. Algumas são baseadas em fotos históricas. Registrei na Praça Floriano Peixoto no Dia do Trabalho/2015.

O Curiaú, vendo-se o Centro Cultural (Acrílica sobre tela - Wagner Ribeiro, 2015)
Fortaleza de São José de Macapá (Acrílica sobre tela - Wagner Ribeiro, 2015)
Mercado Central (Acrílica sobre tela - Wagner Ribeiro, 2015)
Veja a inspiração e detalhes históricos em  porta-retrato-ap.blogspot.com.br
Doca da Fortaleza de Macapá (Acrílica sobre tela - Wagner Ribeiro, 2015)
A inspiração

Curta mais do artista em:


Contato: wagnerribeiro59@hotmail.com

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Duas obras sobre Cabralzinho na Literatura Amapaense

Quinze de maio está marcado na história do Amapá. A data relembra o fatídico episódio de 1895 na Vila de Espírito Santo do Amapá, quando soldados franceses, de forma cruel e arbitrária, massacraram e incendiaram o povoado, resultando na morte de 38 pessoas.  O fato foi desencadeado pelo embate entre Cabralzinho e o capitão Lunier, que resultou na morte do segundo e na maior chacina ocorrida nestas terras. Fatos tristes e determinantes para a questão do Contestado Franco-Brasileiro, com parecer favorável ao Brasil em 1900. Ensejo para a sugestão de duas obras encontradas nas principais bibliotecas em Macapá, além de links adicionais para uma leitura mais esclarecedora sobre essa história.

"Cabralzinho - A construção do mito de um herói inventado na sociedade amapaense" (Diovani Silva e Jonathan Viana, 2012)

Título: Cabralzinho - A construção do mito de um herói inventado na sociedade amapaense 
Autores: Jonathan Viana / Diovani Silva
Editora: Schoba
Páginas: 244
Ano: 2012
Temas: História do Amapá / Francisco Xavier da Veiga Cabral
ISBN: 978-85-8013-161-1 

O livro faz uma análise da figura histórica de Cabralzinho e dos motivos que o definiram como herói no Amapá. Vemos um paralelo entre suas ações, a significância atribuída pelos interesses republicanos e a representatividade que tem atualmente no Amapá. 
Está organizado em três partes:
A primeira faz a contextualização histórica da área de disputa entre Brasil e França (O Contestado). Litígio secular que culminou no fatídico combate de 15/05/1895 na Vila de Espírito Santo do Amapá. A região apresentava riquezas, era alvo de aventureiros e tinha intervenções dos dois países para sua anexação, apesar de acordos internacionais para manter a neutralidade. Os eventos ocorridos na data foram decisivos para a resolução do impasse, onde as ações de Cabral o tornaram mito e foram ideologicamente favoráveis ao ganho de causa pelo Brasil através do Laudo de Berna (1900).
Na segunda parte os autores discutem o heroísmo de Cabral e os interesses da nação. Historicamente ele era monarquista e foi elevado a herói republicano. No conflito em que foi mitificado por matar o capitão Lunier (militar francês que veio ao Amapá com um pelotão para prende-lo com álibi de ter detido um brasileiro que era submisso aos franceses, o Trajano) fugiu para o mato, deixando a população onde foi eleito líder à mercê dos franceses. Isso resultou em uma chacina (vingança francesa) que vitimou mulheres, crianças e velhos, com cerca de 40 mortes e várias casas incendiadas. Uma arbitrariedade e ilegalidade em relação a diplomacia. 
Francisco Xavier da Veiga Cabral
Pode até ter sido estratégia de guerra e de sobrevivência a retirada de Cabral, mas por conta disso muitos morreram e outros lutaram a seu favor, sem reconhecimento na história. Esse é o ponto questionado de suas ações na obra, que foram mitificadas pela República em heroísmo exemplar e sugestionando a soberania da região para o Brasil. A França usou o fato para querer ser mais ostensiva na região e o Brasil apresentou laudos da presença mais intensa e desejosa de soberania brasileira, onde Cabral era o herói e representante maior dessa população em suas aspirações.
Na terceira parte vemos a representatividade de Cabral atualmente. Dada a sua importância, historicamente é pouco reconhecido ou celebrado no estado onde figura como herói, aparecendo no imaginário popular, às vezes, como piada pela fuga para o mato e manobras políticas.


(Francisco Rodrigues Pinto, 1998)

Título: Cabralzinho - O Herói do Amapá
Autor: Francisco Rodrigues Pinto
Editora: Edição do autor
Páginas: 65
Ano: 1998
Temas: Cordel / História do Amapá / Francisco Xavier da Veiga Cabral

A obra é interessante com a história na linguagem do cordel. Vemos informações de cunho popular baseadas em relatos de moradores, fruto da pesquisa do autor.
O Cabralzinho figura como um herói celebrado em versos até engraçados. Imagina o cidadão chamando o capitão Lunier de "cara de coatá" (e coisas do tipo) e escapando com bravura de uma saraivada de balas, por mais de uma vez, evocando justiça em Deus, como é comum no heroísmo popular. Isso e outras coisas são mostradas. O Trajano (álibi da invasão francesa), por exemplo, ao ser recolhido pelos franceses está todo defecado de medo, e os soldados aparecem apavorados diante da bravura dos amapaenses. Evidentemente, são exageros e gracejos pertinentes à Literatura de Cordel, cheia de liberdades poéticas ousadas e sagazes.
Mas não pense que o cordel é só sarcasmo. A parte da chacina é apresentada até com os supostos nomes das vítimas, em uma visão aterradora de como aconteceu. Dramaticamente impressionante! D
atas e motivações aparecem com alguma precisão. A parte que Cabralzinho correu para o mato, deixando a população sujeita aos invasores, sempre questiona seu heroísmo, pois sobreviveu, também, a custo da morte e empenho de muitos.
Ilustração do Cordel
O autor é um apaixonado pela terra e a exalta também em sua beleza natural, lendas e locais históricos. A obra é ilustrada com imagens da localidade. As pretensões franco-brasileiras também são evidenciadas, como a República Cunani (estabelecida em Calçoene para atender os interesses franceses) e o Triunvirato (onde Cabralzinho era um dos líderes e favorável à soberania brasileira). 
Gostei da obra, que tem visão popular de valorização histórica e da terra. 
Vale uma conferida!

"Inspira-me, Senhor
Nesta hora em poesia
Abre a minha memória
Com a tua sabedoria
Vós sois o meu mestre
Toda hora e todo dia
Meu Jesus de Nazaré
Creio em vós com muita fé
Na tristeza e na alegria.

Leitor eu vou escrever
Uma história real
A bravura de um herói
No Território Nacional 
Você agora vai saber
Quem foi Francisco Xavier
Chamado Veiga Cabral..."

E aí! Estudando sobre o Cabral ou querendo saber algo mais? Essas obras vão lhe ajudar. Em Macapá, estão disponíveis para leitura nas Bibliotecas: Elcy Lacerda, Ambiental da SEMA, SESC-Centro e SESC-Araxá.


Para conferir também: