As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Revista ICOMI Notícias Nº 03 (1964)

Revista institucional publicada em Março de 1964. Entre as abordagens:
- Escotismo sob o equador: os discípulos de Baden Powell no T. F. A.
- No Amazonas, um dos melhores embarcadouros de minérios do mundo: o Porto de Santana
- Em destaque, funcionários da ICOMI: Francisco Chagas e Silva (Chico Philpot) e José Duarte da Silva (o mineiro do ano).
- "Rosa da Fonseca" (navio) inclui o Amapá na rota do turismo
- Folia de Carnaval
- As Rainhas do Carnaval
- Estudantes de todo o Brasil em estágio na ICOMI
- Vila Maia recebe energia elétrica
- Infância de Macapá recebeu primeira dose Sabin
- O craque do mês: Sebastião Pereira da Silva (Sabá)

Imagens da edição

Grupo de estudantes estagiários, preparando-se
para uma excursão científica em Serra do Navio.
As bandeirantes, ainda sem o uniforme, exibem as flâmulas de suas patrulhas.
Ao centro, a Srª Herta Butschowitz, chefe da Companhia.
Registro do lançamento da revista, em visão geral do salão do Santana, notando-se o interesse geral pela publicação.

sexta-feira, 30 de março de 2018

Vou seguir (Cassiane)


VOU SEGUIR
Se você já pensou em desistir
Tenha fé e não pare de sorrir
Você vai ver que o inimigo não vai entender
Que o crente até mesmo chorando
Ele canta porque: Se chorar, chora nos pés do Senhor
Tem Jesus como o seu Consolador
Teu sofrer uma noite até pode durar
Mas o crente sabe que a vitória vem pela manhã

Então cante assim: 
Vou seguir os passos de Jesus
Vou levar comigo a minha cruz
Se espinhos ferem os meus pés
Eu vou descansar nos braços de Jesus
Quando o crente está firme nos pés do Senhor
Ele passa pela prova cantando louvor
O inimigo se levanta, mas tem que cair
O crente não deixa a cruz, mas leva até o fim
Se cair mil ao seu lado, ele não cede não
Sempre está protegido por um batalhão
Deus dá ordens aos Seus anjos para proteger

Bem guardado desse jeito desistir por que?
Esta canção faz parte do álbum Para Sempre da cantora Cassiane
lançado em 1998 pela MK Music.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Revista ICOMI Notícias Nº 10 (1964)

Olá, pessoal! Para pesquisas diversas, vai aí outra edição da ICOMI Notícias, circulante em Outubro de 1964. Tem mais de cinquenta anos... A revista divulgava o cotidiano e projetos da empresa em fortalecimento à imagem institucional. 

Nessa edição, entre outras coisas:
- Saneamento assegura proteção sanitária às vilas e adjacências
- A eletricidade que a ICOMI consome no TFA
- Festividades na Semana da Pátria
- O craque do mês: Raimundo da Silva Raiol (Côco), do Santana E. Clube
- Censo mostra predominância de jovens em populações do TFA


Imagens da revista
Manutenção de máquinas operacionais da ICOMI.
 Desfile cívico.
Escola de Vila Amazonas iniciando as solenidades da Semana da Pátria.

Agradecimento ao Sr. Cosme Juca de Lima que, em parceria com a Biblioteca Ambiental da SEMA-AP, oportunizou a digitalização do acervo de revistas ICOMI Notícias.

terça-feira, 20 de março de 2018

Preconceitos com a Juventude (Org. Paulo F. Dalla-Déa, 2016)

"O preconceito é um problema racional que se perpetua pelo lado emocional do ser humano. Superar os preconceitos é a tarefa da humanidade que Deus deve ter deixado para que os homens vivam bem. Desconstruir preconceitos e superá-los é o lado concreto do amai-vos uns aos outros e ainda os grandes das nações vos dominam, mas entre vós não deve ser assim, ambos ensinamentos de Jesus, o Cristo. Assumir uma perspectiva ideológica que seja inclusiva e saiba ler a Bíblia (Antigo e Novo Testamento) a favor dos jovens é a tarefa que se propõe esse livro. Numa perspectiva cristã e engajada, assumem-se os jovens e sua causa para que possamos sair do lamaçal das discussões que muitos adultos se colocam ao falar do tema. Engajado e intelectualmente sincero, o livro tem várias perspectivas, incluindo testemunhos de jovens sobre o tema."  
PAULO F. DALLA-DÉA (Organizador do livro)

Título:  Preconceitos com a Juventude
Autor: Paulo F. Dalla-Déa (organizador), Laísa Silva, Guilherme Gutierrez, Marcos Vinícius,  Bruno Rafael, José Possato Júnior e Onivaldo Dyna
Editora: Prismas
Páginas: 132
Ano: 2016

Sumário:  
- Ensaio sobre o preconceito contra a juventude (Paulo F. Dalla Déa)
- Juventudes sob controle (José Luiz Possato Jr)
- A gangue dos invisíveis: a “invisibilidade” da PJ na Igreja Católica (Onivaldo Dyna) 
- Preconceito Religioso no Amapá (Marcos Vinicius de Freitas Reis e Bruno Rafael
Machado Nascimento)

A obra foi escrita por pesquisadores ligados ao movimento de Renovação Carismática Católica. Tem quatro artigos, com considerações sobre a participação da juventude na sociedade, estimulando protagonismo e, ao mesmo tempo, analisando fatores que se interpõem a isso, no que é chamado de adultocentrismo e invisibilidade dos jovens (preconceitos).
Os primeiros artigos são parecidos, com reflexões em um papel secundário cotidianamente atribuído aos jovens, essencialmente por conservadorismo, limitando o potencial que os autores reconhecem e procuram incentivar na juventude. Há descrições de aplicação prática e reflexão no texto bíblico sobre a questão. 

Sendo um livro de estímulo ao debate, fico a vontade para expressar que partilho da visão incentivada para a juventude, mas discordo do que foi abordado no direcionamento bíblico (no que ficou explícito ao meu entendimento). O primeiro texto coloca o Antigo Testamento como algo arcaico, o que não vejo se expressar em sua realidade e contexto geral, em exemplos e mensagens à juventude; e o segundo define as Sagradas Escrituras como algo falho, de parecer humano, limitante ao potencial da juventude em certas passagens. Há um contexto em cada coisa que não foi observado. Essa conclusão bíblica não concordo como se faz perceber na leitura. Prefiro o que foi enunciado em passagens como o Salmo 119:105 do que o desapego ou descaracterização disso.
O terceiro artigo foi o que mais gostei, dissertativo sobre a invisibilidade do próximo que muitas vezes atribuímos na prática. É uma edificante reflexão humanista.
E o quarto, que despertou a busca ao livro (por conhecer um dos autores e admirar seu trabalho como educador na rede de ensino público), em minha percepção, tem seu valor principalmente pelo breve histórico do movimento católico carismático no Amapá. Contexto que auxilia as buscas nesse estudo.
O livro tem mensagem ao protagonismo da juventude e foi organizado pelo padre e educador Paulo F. Dalla-Déa. Em linhas gerais, muito interessante para a discussão e incentivo ao potencial dos jovens. 

Busque o livro, leia, assimile boas coisas com ele, concorde ou discorde e, assim, tenha seu parecer. Isso é incentivado pelos autores e, acima de tudo, pelo que Jesus Cristo direcionou a todos nós em João 5:39 na busca de aprendizagens. Nessa prática viviam seus discípulos (como em Atos 17:11), passos importantes para transformações. 

quarta-feira, 14 de março de 2018

Revista ICOMI Notícias Nº 02 (1964)

Histórica edição da ICOMI Notícias, publicada em Fevereiro de 1964. Entre as reportagens abordadas:

- Uma ferrovia vara a selva
- Em prol da saúde do povo do Amapá
- Êxito na "Operação Férias Coletivas" 
- Natal leva alegria ao hospital em Macapá
- O craque do mês: Teófilo Mira Soeiro Filho (Téo)
- Cientistas na Serra

Algumas imagens da edição:

Um trem carregado de minério atravessa um dos cortes
na região de savana que cerca Macapá.
A construção da ponte sobre o Rio Amapari, com 219 metros de extensão,
no km 178.888 da ferrovia, e a ponte tal qual se via em 1964.
Esperando o trem... Nem só de minério vive a EFA.
Registro do Baile das Debutantes em 1963. realizado no Aero Clube de Macapá.
Em breve, mais edições!

Agradecimento ao Sr. Cosme Juca de Lima, colecionador que, em parceria com a Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá, disponibilizou a digitalização do seu valoroso acervo de Revistas ICOMI Notícias.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Nossa Água, Nossa Vida (Vídeo Educativo, 2002)

Apesar da água ser fundamental na nossa vida, não estamos dando o valor merecido. É um recurso natural limitado e escasso e, se hoje for desperdiçada, amanhã não teremos mais.


Neste vídeo educativo da SEMA-AP são tratados pontos importantes sobre os recursos hídricos no Estado do Amapá, enfatizando também medidas básicas de saneamento. Uma preciosa ferramenta para a Educação Ambiental, buscando a consciência coletiva para a conservação e boa utilização desse tesouro natural. Tem duração de 10 minutos e é ideal para divulgação entre estudantes e educadores.
A produção é do ano de 2002, com apresentação de Ana Daniela Pinto e reportagem de Soraia Carvalho

Gentilmente cedido pela Videoteca da 
Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Memórias de um Boto (Alcyr Meira)

MEMÓRIAS DE UM BOTO recorre às peripécias - especialmente amorosas - do mítico sedutor dos rios da região para traçar um painel criticamente bem-humorado da sociedade de Belém e do interior paraense nos anos 1950-1960.
Ilustrado pelo próprio autor, o texto passeia pelo Marajó e revive um Mosqueiro que não existe mais, lembrando de lugares como o Praia Bar e de personagens da ilha como a tacacazeira Raimunda, Zacarias Mártires e Manoel Tavares, o Russo, proprietários dos hotéis do Farol e do Chapéu Virado.
Castigado com a condição humana, José Marajó ou Zé da Ilha (os nomes adotados pelo boto) também conduz o leitor para marcos de Belém, como o Palácios dos Bares, ou Bar da Condor, onde João de Barros recebe a fina flor da boêmia da cidade. Quem conheceu a Belém daqueles tempos identificará muitos personagens, deste e de outros cenários. A um deles, o colunista Edwaldo Martins, grande amigo do autor, cabe noticiar o miraculoso desfecho do anti-herói Zé da Ilha. Um anti-herói que, agora finalmente editado, parte para novas travessias literárias. CARLOS MANESCHY (Magnífico Reitor da UFPA)

Título: Memórias de um Boto: um romance amazônico
Autor: Alcyr Meira
Editora: Cultural Brasil
Ano: 2013
Páginas: 512

O imaginário amazônico é rico em histórias fantásticas, muito presentes onde a floresta, o rio, a fauna e o isolamento de comunidades colocam o homem diariamente em um contexto de encontros, descobertas, mistérios e interpretações.
As narrativas sobre o boto estão entre as de maior identidade regional, principalmente entre ribeirinhos, aparecendo em transmissões orais ou, quando em registros literários, geralmente em contos e poesias. Me divirto com tudo isso e aí que entra o entusiasmo inicial com essa obra, pois em prosa romântica ainda não tinha lido nada sobre o boto.
As histórias que conhecia são curtas e parecidas, sem grandes aprofundamentos na trama, e agora me deparo com este romance com mais de 500 páginas, onde o tema em questão é abordado com riqueza de detalhes, passeando por percepções diversas entre o imaginário pueril, humor e dramas em lutas de realização e sobrevivência.
Contextualizando, foi escrito por Alcyr Meira (membro da Academia Paraense de Letras), a descrição é linear (desde o nascimento do boto) com ambientação em Belém e arquipélago do Marajó, entre as décadas de 1950 e 1960. Uma particularidade em especial é que o autor enriqueceu a obra com fatos e personagens reais desse fragmento temporário, seja em referências a pessoas ou locais reconhecíveis na cultura popular. Destaque também para as belas ilustrações idealizadas por Alcyr.
Em linhas gerais, acompanhamos a vida de José Marajó, também conhecido como Zé da Ilha, que é o boto, nascido para os lados de Soure. A primeira parte mostra sua infância e adolescência como tucuxi e a descrição é um tanto pueril. Lembra aqueles romances de aventuras protagonizados por animais, com coisas surrealmente atrativas e curiosas. Destaque para a lenda da origem do boto, na percepção do autor.
A partir da metamorfose humana, que o autor abordou em uma mitologia relacionada a Iara, o boto tem as primeiras aventuras em um povoado fictício no Marajó, chamado de Curuparu. Vemos as primeiras conquistas, paixonites, boemia e confusões. Gostei do cenário, de uma Amazônia folclórica como o romantismo a idealiza.
Soure dá continuidade como cenário e o desenrolar é em um drama familiar que envolve ambição e hipocrisia. O boto entra em cena como um malandro conquistador e registre-se que a obra desse ponto em diante procura enfatizar mais essa característica que a mitologia inicial.
Chegada de Zé da Ilha em Curuparu 
(Ilustração de Alcyr Meira - a obra tem cerca de 50 delas)
Nova confusão e vem a passagem por Mosqueiro, em envolvimentos com descrições centradas na sexualidade. O boto tem digressões em aprendizagens de suas experiências.
A narrativa em Icoaraci é a mais tensa, centrada em uma dupla vingança com desdobramentos futuros, pela morte dos pais do boto e pelo abalo em uma família devido a traições.
Finalmente chegamos a Belém e o desenrolar tem surpresas surreais, como a "humanização definitiva", relacionada ao maior símbolo folclórico da fé paraense. As surpresas tem um lado dramático, que misturam a história de Zé da Ilha com os eventos desencadeados pelo militarismo em 1964. Somam-se a esses dramas também, reencontros com personagens do passado.
Enfim, uma obra ideal para quem curte folclore da Amazônia, explorando o mito do boto de maneira curiosa, deixando também em paralelo um pouco da identidade paraense e amazônica. 

Em Macapá, pode ser lida na Biblioteca Ambiental da SEMA.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Os Cabras de Lampião (Manoel D’Almeida Filho)

Os Cabras de Lampião é o clássico cordel de Manoel D’Almeida Filho. Foi um trabalho preparado pelo mestre poeta (nascido em Alagoa Grande-PB, em 1914) com muita pesquisa, muita delicadeza poética, muita lucidez. 

Título: Os cabras de Lampião
Autor: Manoel D’Almeida Filho
Editora: Prelúdio / Luzeiro
Ano: 1966
Páginas: 48

Fui surpreendido pelo cordel. Não o conhecia e, em primeiro momento de buscas referenciais, encontrei informações que o classificavam como a epopeia dos sertões. Mais que isso, como uma obra-prima de reconhecimento internacional. Para alguns literatos, entre as principais narrativas do século XX. 
Conhecia o Pavão Misterioso como o mais famoso cordel do país, mas este aqui, embora não seja tão conhecido quanto o outro, em representatividade supera além da conta. O diferencial é que narra a história de Lampião com riqueza de detalhes. A descrição, no geral, é histórica, com versos elegantes e simples, de leitura muito instigante. Há também a parte mítica, expressa principalmente na morte de Lampião. A descrição parece ter sido a inspiração para uma famosa minissérie na TV na década de 1980.
Outro diferencial é que os cordéis não costumam ser longos e este tem mais de 500 estrofes, organizadas na edição que li em 48 páginas divididas em duas colunas. Em todas, um passeio sensacional pela realidade do cangaço, vendo-se a violência e rusticidade do cenário cotidiano, a motivação ao banditismo, o espírito aguerrido dos homens e descrição de fatos históricos (como o encontro com a Coluna Prestes e a derrocada em Mossoró), além de particularidades de alguns cangaceiros do bando (Zé Baiano, Corisco, Jararaca e Zabelê) e outras curiosidades que de fato dão uma conotação muito preciosa à obra.
Foi publicado na década de 1960, com o vigor dos relatos ainda vivos em muitas testemunhas dos fatos contados.
Só não gostei do título, que não passa a ideia imediata de ser uma biografia diferenciada de Lampião. 
Obra para ser redescoberta no meio literário. Sem dúvidas, o melhor cordel que já li.


Disponível para leituras em

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A Bicicleta (Júlio Victor dos Santos Moura)

Mais uma das criações literárias de Júlio Victor dos Santos Moura (membro da Academia Paraense de Letras e das Academias de Letras Jurídicas do Pará e do Amapá), desta feita, no gênero novela, levando ao leitor uma história de enredo linear direcionado a um desfecho surpreendente, que a expectativa da leitura não pode imaginar, tendo como cenário a vida encerrada no cotidiano do povo paraense.
Título: A Bicicleta
Autor: Júlio Victor dos Santos Moura
Editora: Estação das Letras
Ano: 2017
Páginas: 96



Registro no SKOOB
Vidas que se entrelaçam na cidade das mangueiras, em narrativa de Natal direcionada a mensagem sobre escolhas e influências. Uma novela paraense, de poucas páginas e com diferencial curioso: a vida é a narradora. Já vi antagonismo disso em badalado romance, mas nesta singela obra, diante de dramas reconhecíveis na realidade, a vida se encarrega de provocar o leitor na percepção de sua transitoriedade e desdobramentos impactantes diante de más escolhas.
Em linhas gerais, conhecemos Dona Cotinha, uma lavadeira sofrida com as desilusões e dificuldades vivenciadas, e seu filho Diquinho, adolescente prestes a completar 15 anos, esperançoso que enfim se realize o tenro sonho de ganhar uma bicicleta no Natal. Entram em cena também Seu Oliveira com a esposa Dona Candinha (casal de aposentados, vizinhos da lavadeira, comovidos em realizar o sonho do garoto no Natal que se aproxima); Orozimbo e Cacimbaba (espertalhões seduzidos por ambições no lucro de vida fácil) e Zé Bedel (adolescente amigo de Diquinho, há muito tempo seduzido também por ambições de ganho desonesto).
Não há preciosismo em detalhamentos e a narrativa é linear, acompanhando crescentes transformações no adolescente, despertadas por visão de mundo ilusória em influências de amigos que, no final das contas, não são tão amigos assim. Essas coisas vão sendo contadas pela vida, em história que parte de melancolia ingênua para um drama trágico, de desapego ao bom senso em caminhos de sedução ilusória.
Está claro uma mensagem de ética cristã em ilustração de histórias que vivem se repetindo, apesar dos avisos que a vida, de diferentes maneiras, vai nos acenando.

É uma obra interessante e emocionante, provocativa a reflexão e de leitura fácil e construtiva.

"Sou eu, a vida. Você se esqueceu de mim? Sou eu, a vida,
 cheia de lutas e de desacertos. Às vezes com muita tristeza. E é preciso pagar pedágio para passar pelos meus caminhos repletos de ônus."

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Meninas da Noite (Gilberto Dimenstein, 1992)

"Durante seis meses, Gilberto Dimenstein investigou a rota do tráfico de meninas na Amazônia, viajando pelo submundo da prostituição infantil. O resultado é um livro que dá a sensação de estar diante de um filme de suspense policial. Cada passo da investigação e relatado com detalhes, mostrando como foi possível encontrar traficantes e um cativeiro de meninas-escravas protegidos pela selva amazônica. Uma reportagem investigativa com repercussão dentro e fora do Brasil." Descrição no livro


Título: Meninas da Noite - A Prostituição de Meninas-Escravas no Brasil 
Autor: Gilberto Dimenstein
Editora: Ática
Ano: 2000 (16ª edição)
Páginas: 165
Tema: Sociologia, Prostituição Infantil, Amazônia

A obra é de 1992, mas a realidade apresentada, apesar dos anos que se passaram, é algo que persiste na sociedade.
Contextualizando, o livro traz uma reportagem investigativa sobre a prostituição infantil na Amazônia, passando por várias cidades no Norte, Nordeste e Centro-Oeste em um período de seis meses, com a metodologia de encontrar as adolescentes dando voz ao que vivenciavam. A abordagem não se prende a referenciais teóricos em sociologia, os relatos das meninas são provocativos a essa percepção nas causas e consequências.
Entre as causas, evidenciam-se fatores como a desestruturação familiar (violência, ausência dos pais, conflitos gerados pelo alcoolismo, conivência com a corrupção no lar); o abandono do poder público em garantir direitos essenciais (como a educação e proteção) e a falta de oportunidades em um cenário de carências diversas, suscetível a ação de aliciadores.
Nas consequências, a constatação de uma realidade que escraviza e destrói (física e emocionalmente), predispondo desdobramentos para o tráfico de mulheres, drogas, violência, gravidez precoce, abortos, doenças e mortes.
Os relatos chocam, falando de venda de crianças pelos pais, leilões de virgindade e impunidades diversas, envolvendo também elementos da esfera governamental.
O que me pareceu mais melancólico foi a visão de mundo forçada nas meninas, que muitas vezes resumem nesse meio a única forma de sobrevivência.
Há coisas deprimentes sobre exploração e o objetivo do livro é instigar a transformação do impacto, na sociedade e autoridades, em ações contra essa realidade.
O livro tem acervo fotográfico, com imagens que falam por si mesmas ao contrastar a inocência da infância com a perversidade do mundo da prostituição.
Registro também uma observação que chamou minha atenção, sobre a Amazônia ser conhecida internacionalmente em movimentação contra a sua devastação, mas ser pouco conhecida quanto a vidas devastadas que nela habitam,
Do ponto de vista sociológico, é uma obra importante de ser difundida e conhecida. O conhecimento expresso é ainda realidade presente e não se restringe ao cenário de cá.
O que não me pareceu coerente (aspecto que não concordei) é que o autor, no ponto de vista histórico, baseou algumas conclusões em considerações pejorativas, irreais com a verdadeira identidade dos fatos. Não por ser amapaense, pois reconheço a realidade descrita, mas fazer redução do antigo Beiradão (hoje Laranjal do Jari) como cidade criada para fornecer mulheres para o Projeto Jari é desconhecer e ignorar a história e chega a ser até mesmo um tanto irresponsável. É como dizer que as favelas foram criadas para o tráfico e que todo brasileiro é malandro (em face da visão pejorativa no exterior). Não se trata de bairrismo, pois a mesma observação em relação a realidade dos fatos também aplico a Rondônia, que teve sua economia e desenvolvimento associados, em sua maior parte, ao tráfico de drogas no registro do autor. Não é o aspecto principal do livro, mas achei importante expressar no que quero guardar em percepções sobre a obra.
Leitura importante, principalmente pelo tema ainda ser presente, seja na Amazônia, seja no país como um todo: a prostituição infantil.


Se você quiser consultar e ter seu parecer, concordando ou não com o que referenciei, o livro está disponível para consultas (para a galera em Macapá) na Biblioteca Ambiental da SEMA-AP.