As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Prenúncio de acidente?

No ilustre Bairro do Trem, nas proximidades de onde moro, uma situação alarmante e agravante tem se mostrado sem solução a cada dia. Resolvi mostrar as imagens,  que muito dizem por si mesmas.


O resultado de um infeliz acidente, no cruzamento entre a Av. Feliciano Coelho com Rua Odilardo Silva, prenuncia um novo acidente sem as devidas providências da CEA, até agora no exemplo de morosidade nas instituições públicas. Há cerca de duas semanas que se estende a preocupante situação e nada de providências. Ressalta-se que o poste praticamente está em sustentação apenas pelos fios elétricos e a área é de intenso fluxo de veículos e com escolas nas proximidades. Some-se a isso a temporada de chuvas (derruba árvores) em que nós estamos. Também é notório que se avalie a situação do cruzamento para possível colocação de semáforo. Opinião e reivindicação de um cidadão.

O Nome das Embarcações

Reportagem do Jornal O Farol, que circulou em Vigia (Pará) em fevereiro de 2012. Mostra uma realidade amazônida muito presente também no Amapá. O autor do texto é o geógrafo João Paulo Santos.

O Nome das Embarcações
Foto: João Pinho (2007)
Orla de Vigia de Nazaré e as embarcações características. 
Em cada nome uma história.
Desde muito tempo, quem chega na orla de Vigia, logo se depara com uma infinidade de embarcações ancoradas, formando um grande cinturão (que vai desde o  rio Tujal até o rio Açaí) marcando os dois extremos da cidade e se distanciando em mais de dois kilômetros. Essas embarcações se subdividem na pesca artesanal (de pequeno, médio e grande porte) e na pesca semi-industrial e industrial. São muitas embarcações, desde a canoa pequena movida à remo ou a vela da pesca de subsistência familiar, até a grande barca da pesca industrial. Mas o que nos chama a atenção dessas embarcações não é só os seus diversos tamanhos e níveis de tecnologias, mas as suas denominações, ou seja, o nome que elas trazem estampados em suas laterais. Esses nomes estão associados a história de vida dos donos dessas embarcações. cada nome possui um significado simbólico na trajetória de cada indivíduo. São nomes ligados à religiosidade: "ABENÇOADA POR DEUS", "DEUS É O SENHOR"; à família: "JEAN PATRIK", "FELIPE", "LUISA"; à superioridade: "DE AÇO", 'GAIVOTA", "LOBO DO MAR', etc.
É bastante comum os pescadores possuírem um apego a alguma religião ou doutrina cristã (seja o catolicismo ou o protestantismo) e encontrarmos, pintadas dentro das paredes internas, passagens bíblicas ou algumas máximas de temor a DEUS. Esse apego também está relacionado as nuances em auto-mar, ao desejo da boa pescaria e da preservação da vida ao retornarem sãos e salvos. No tempo das vigilengas movidas a vela esse apego era mais forte. Muitos pescadores contam que havia a separação de uma parte do pescado destinado para a paróquia da cidade em homenagem a N. S. das Neves em agosto e a N. S. de Nazaré pela festividade do Círio em setembro. Poucas embarcações ainda mantém esse ritual, outras pertencem a patrões evangélicos que não possuem os mesmos costumes cristãos. Embora sejam homens do mar o temor às intempéries da natureza são dirimidas pela presença de uma religiosidade ligada a sua história de vida.
Os nomes das embarcações ligados à família tem haver com a religião que apregoa que a família é a base de uma sociedade para que pai, mãe e filhos cresçam e vivam bem juntos. O nome de filhos, esposas e até do próprio dono (o pai e provedor da família) aparecem nessas denominações.
Já os nomes ligados a idéia de superioridade da embarcação trazem nomes de animais que são ágeis, ferozes ou superiores na natureza (Lobo do mar, Gaivota, etc). São encontrados também adjetivos que retratam a embarcação ser imbatível em alto mar, como "DE AÇO", que nos passa a idéia de algo resistente e que não quebra com facilidade, embora a embarcação seja feita de madeira.
Essas embarcações são chamadas pelos seus próprios nomes. seus donos, pescadores e outras pessoas as chamam assim; passam a ter uma identidade própria, pois são registradas nos órgãos competentes do setor pesqueiro. Em alguns casos, raramente são  mudadas de nome. Caso ocorra algum evento inusitado por venda da embarcação para outra pessoa, muitas vezes, o novo dono mantém o mesmo nome, pois fica a critério mudar ou não essa identidade.

Fonte: João Paulo Santos (Jornal O Farol - Ano 01 - Vigia-PA, feveriro de 2012)


No Amapá, ilustrando nome de embarcações, tivemos no Museu Sacaca o regatão "Índia do Brasil" sendo substituído por "Milagres de Nossa Senhora".
 Fotos: Altamiro Vilhena e Agência Amapá

quinta-feira, 26 de abril de 2012

"Além da Linha do Horizonte" - José Alberto Tostes

"Um livro com uma amplitude de áreas circundando o tema principal, num vai-e-vem de recortes na história e na vida do Estado do Amapá, no qual muitos dos leitores neles se reconhecerão, quer por os terem vivenciado no passado, quer por os estarem vivenciando no presente"

(J. A. Tostes)



No dia 20/04/2012, no Auditório da Reitoria da UNIFAP, o Professor José Alberto Tostes lançou o livro "Além da Linha do Horizonte". Contribuição para a reflexão sobre temas  urbanísticos importantes e de impactos em nossa sociedade e cotidiano. Situações que se aplicam também no cenário amazônida.   
O livro é composto por cerca de 70 artigos  (produzidos entre 2009 e 2010 para o Jornal do Dia e Jornal A Gazeta), onde o autor faz observações sobre questões urbanas, sociais, ambientais e políticas que permeiam e se apresentam desde as últimas décadas no Amapá. Uma clara intenção de fomentar a discussão sobre o caráter organizacional, os entraves e perspectivas para o desenvolvimento. 

O Livro é:
Título: Além da Linha do Horizonte
Autor: José Alberto Tostes
Editora: Sal da Terra
Páginas: 290
Ano: 2012
ISBN: 978-85-8043-158-2
Temas: Amapá / Urbanização
 
"O objetivo do livro é proporcionar que estes temas auxiliem a elaboração de planos, programas e projetos, assim como referência para o desenvolvimento de trabalhos na esfera técnica e acadêmica " (J. A. Tostes)
A obra resulta da experiência pessoal e profissional adquirida ao longo dos anos, também de diversas viagens pessoais e em trabalhos de pesquisa (no Amapá, Amazônia e outros países) e, principalmente, da inquietação pessoal em contribuir para o debate de temas importantes para o Amapá. 
José Alberto Tostes é Arquiteto e Urbanista formado pela UFPA, Mestre e Doutor pelo Instituto de Artes e Técnicas de Cuba, Pós Doutor em Arquitetura pela Universidade do Porto de Portugal e em Estudos Urbanos Regionais pela Universidade de Coimbra. Atualmente é professor do Mestrado em Desenvolvimento Regional na área de Planejamento Urbano Regional; Coordenador do Grupo de Pesquisa Arquitetura e Urbanismo na Amazônia; Coordenador do Trabalho Científico no Curso de Arquitetura e Urbanismo; Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo nas áreas de Urbanismo, Planejamento Urbano, História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo.



No lançamento o professor fez considerações sobre 
a inspiração para alguns artigos.


SUMÁRIO DO LIVRO
 
A Cidade é um Jogo De Cartas.
A Conexão Urbana: Qual o Preço da Verticalização?
A Desconstrução do Planejamento no Vale do Jari.
A Dimensão Simbólica do Meio do Mundo.
A Face Urbana do Amapá.
A Importância das Redes Sociais na Aplicabilidade de Planos Diretores.
A Paisagem da Cidade de Macapá em 252 Anos.
A Quem Interessa a Criação de Novos Municípios?
Aeroporto Internacional de Macapá.
Além da Linha do Horizonte.
Aplicabilidade da Função Social no Custo da Habitação Popular.
Áreas Protegidas e a real Necessidade de Medidas Compensatórias.
Arquitetura Moderna de Bratke na Selva Amazônica.
BR 156 no Amapá: É preciso Ir Além do Asfalto.
Camelôs ou Ambulantes: Afinal, a Cidade é de Todos, ou Não?
Ciclovias em Macapá.
Cidade de Conímbriga: O Vestígio do Poder e da Cultura Romana em Portugal
Cidade de Salamanca.
Cidade de Viseu.
Cidade Portuguesa de Coimbra.
Construção de Novos Edifícios em Macapá.
Contribuição da Academia para os Municípios.
Corredor da Bio ou Adversidade?
De Madri a Barcelona.
Do Oiapoque ao Chuí.
Do Tijolo Nu ao Concreto Bruto.
E Agora, José?
Entre a Igreja e a Fortaleza de São José de Macapá.
Estacionamento Não é Considerado Prioridade na Cidade de Macapá.
Estádio do Dragão.
Estudo de Impacto de Vizinhança.
EURO-Dorado: O Discurso Brasileiro sobre a Guiana Francesa (Parte I e II)
Função Social da Propriedade Urbana em Macapá.
Indicadores Sociais para a Gestão  Urbana.
Instrumentos para a Política de Desenvolvimento Urbano.
Investimentos em Rede de Esgoto.
Muralhas de Évora.
Novas Formas de Planejamento e Gestão Urbana.
O Custo da Cidade Horizontal.
O Desenvolvimento do Turismo nas Cidades Amapaenses.
O Kit Invasão.
O Nosso maior Patrimônio é o Traçado Urbano.
O Olhar Periférico.
O Preço das Tragédias Urbanas.
O Sistema de Trânsito no Brasil.
O Uso legal ou Ilegal do Solo Urbano em Macapá.
Ocupação Urbana da Cidade de Macapá.
Ocupações Urbanas Irregulares em Áreas Úmidas.
Oiapoque a Kourou Via Cayenne.
Oiapoque, a Terra do Nunca.
Para Ir Além de uma Utopia Sustentável.
Para Onde Expandir as Cidades Amapaenses?
Pequenas Cidades Cidades Amazônicas.
Perspectivas de Desenvolvimento para o Amapá.
Planejamento e Desenvolvimento Regional e Urbano na Nova Realidade Européia.
Planejamento Estratégico Para a Cidade de Santana.
Plano GRUMBILF do Brasil: Evolução Urbana do Segundo Período da Cidade de Macapá.
Período da Cidade de Macapá.
Plataforma Socioambiental Urbana Para pequenas e Médias Cidades na Amazônia.
Ponte Binacional e o Novo Cenário para a Cidade de Oiapoque.
Por Onde se "Esconde" a Vila Amazonas?
Problemas Urbanos e as Chuvas em Macapá.
Região da Galícia na Espanha.
Serra do Navio: O Mito da Cidade Construída na Selva.
Sistema Pontual de Integração do Transporte Coletivo.
Soyez Bienvenue à Calçoene!
Tropicazonismo Arquitetural.
Um Buraco no Resto de Mato no Planeta Amazônia.
Violência Urbana.
Violência Urbana nas Cidades.


"A diversidade é buscar as igualdades nas possíveis diferenças"

"Esse livro permite interpretar o nosso cotidiano"

"Refletir, contribui para mudar alguma coisa?"

"Pensar é o primeiro passo para ir além da linha do horizonte"

"Esse livro permite viajar e conhecer a dimensão sobre o que é o real e o imaginário"

"As diversas comunidades locais, rurais e urbanas, precisam avaliar os danos e perdas irrecuperáveis para uma região que se acostumou a acreditar em que as tragédias são inevitáveis. O que significa ir além da linha do horizonte para nossas cidades? Significa acima de tudo perceber que o mundo mudou, que as tecnologias estão presentes, que existem redes sociais interligadas, que há financiamento para bons projetos, e que a base de tudo é a participação responsável, solidária com a construção de novos referenciais"

Não consigo entender como, dentro de uma instituição universitária, diante de uma fonte de interesse imediato a qualquer que busque referências para o aprimoramento reflexivo, encontremos a participação de tão poucos interessados, a contar nos dedos... de uma mão.
O professor é autor também de um dos mais acessados blogs no Amapá. 
Mais uma obra na composição literária científica do Amapá.
 Pode ser encontrada nas livrarias 
e bancas de revistas em Macapá. 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Depois de 244 anos, a famosa e cara Enciclopédia Britânica deixará de ser impressa

O PESO DO SABER

Foto: infoescola.com
Até pouco tempo atrás, ter os 32 volumes com lombada em couro da Enciclopédia Britânica enfileirados no escritório era a maior demonstração visual de cultura que alguém poderia se permitir. 
Era um objeto de culto intelectual caro e costumava ser paga em mensalidades. Especular sobre o que traria de diferente em sua nova edição anual alimentava conversas de gente inteligente. A maior e mais antiga obra de referência em língua inglesa, publicada pela primeira vez em Edimburgo (Escócia, em 1768), anunciou que deixará de ser impressa em papel. A última edição (2010) pesou 58 kg, o equivalente a um homem adulto magro. Agora, essa riqueza está disponível em formato digital.
1ª Edição (1768)
A fama da obra se deve à qualidade de seus colaboradores (hoje são 4 mil). O preço da edição impressa (R$ 2,5 mil) restringia as vendas, que caiu bastante, principalmente com a concorrência da wikipédia e outras enciclopédias virtuais. A enciclopédia está hoje disponibilizada na internet  para quem paga uma taxa anual. "Esse é um rito de passagem para uma nova era. Algumas pessoas ficarão tristes e saudosas. Mas temos uma ferramenta melhor agora. O site tem uma atualização permanente e é multimídia", disse Jorge Cauz (Presidente da Britannica Inc).

Fonte: Revista Aventuras na História (Edição 105 / Abril-2012, pág.08) 

São os novos rumos no acesso a informação. Curiosamente, a Enciclopédia Barsa está sólida em seu mercado, preservando a venda de 70 mil coleções ao ano - marca quase 9 vezes maior que a de sua irmã Britânica (que também tem os direitos da Enciclopédia Mirador, no mesmo destino). 
Na Biblioteca que trabalho, longe dos áureos tempos, estas obras estão hoje como mero luxo nas estantes. Restou só a Barsa, a Britânica e Mirador foram doadas para bibliotecas escolares no interior, onde são mais procuradas. Dou ainda referências dela, pois muita coisa é preciosa e bem exposta, valendo uma leitura, mas hoje o povo tem uma urgência de informação e prefere o Ctrl c Ctrl v. Poxa... Posso até dizer que muita gente, não é geral, acha desnecessário até a leitura diante das facilidades. É verdade!!! Onde será que vamos parar se isso viciar todas as gerações de agora?

Outras referências consultadas sobre este assunto:

terça-feira, 24 de abril de 2012

Índios do Oiapoque divulgam diversidade cultural em museu

Reportagem do Jornal dos Municípios do Amapá, de 28/10/2010, 
sobre o Museu Kuahí (no Oiapoque).

Povos da Floresta 
No Museu Kuahí o visitante conhece com riqueza de detalhes
toda a história indígena de Oiapoque.

Espaço reúne artes, ciência e tecnologia. Uma conquista dos povos indígenas que lutam pela manutenção de seus costumes.

Os povos indígenas do Oiapoque têm um lugar especial para a preservação de sua história e sabedoria. Trata-se do Museu Kuahí, que reúne artes, ciência e tecnologia, integrando os múltiplos saberes das etnias pelas óticas da cultura, do meio ambiente e das suas diversidades culturais.
O Museu Kuahí é um espaço que contribui para a fabricação, exposição e a comercialização das peças artesanais. Uma conquista dos indígenas na luta pela manutenção dos seus costumes e da independência financeira. Inaugurado em 19/04/2007 pelo Governo do Estado, em parceria com o Ministério da Cultura, a construção do Kuahí recebeu  investimentos na ordem de aproximadamente um milhão de reais, e R$ 615 mil em contratação de pessoal, aparelhamento, mobília e equipamentos de informática.
Fotografias revelam traços
da cultura e diversidade indígena
O centro de preservação da memória indígena já atraiu mais de 10 mil visitantes, incluindo turistas de todos os cantos, principalmente franceses, por causa da fronteira com a Guiana.
Múltiplas atividades são desenvolvidas no local, de modo a proporcionarem a comunicação permanente entre os indígenas e o "branco". Projetos, oficinas e cursos integram o intercâmbio com outros povos indígenas, com instituições acadêmicas, museus (nacionais e internacionais) e organizações sócio-ambientais.


Espaço é administrado por indígenas

O Museu  Kuahí conta com duas salas de exposições (uma permanente e outra temporária), auditório, sala de pesquisa bibliográfica e audiovisual, com um acervo bastante rico, sala de atividades pedagógicas, além da loja de artefatos. 
Os funcionários  são indígenas genuínos. Eles são responsáveis pela administração, pelo monitoramento das visitas, vigilância e serviços gerais.
"O museu indígena tem um significado muito forte de luta, de tradição, de cultura e de história. Começamos a imortalizar a nossa história a partir do Oiapoque. O museu é referência para os povos que habitam as áreas indígenas do Amapá e para a própria história do nosso Estado", diz orgulhoso o gerente Sérgio dos Santos, da etnia Galibi Marworno.

Museu abriga peças artesanais como vasos, 
canoas, cestos e outros materiais e utensílios.

Região abriga mais de seis mil índios

O Município de Oiapoque, distante 600 km da capital Macapá, abriga seis mil indígenas, distribuídos em 40 aldeias que ocupam uma área de 520 mil hectares.
A cultura dos Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e Galibi Kalinã, estão representadas no Kuahí. mas a história dos Aparaí, Tiriyó, Waiana, Txikuyana, Kaxuyana e wajãpi, moradores das regiões de Pedra Branca do Amaparí e do parque do Tumucumaque também são contadas e representadas no museu.

 Gravura chama a atenção pela criatividade na confecção.

Artesanato encanta pela diversidade de peças e objetos

Ao entrar no Museu Kuahí o visitante vai encontrar mastros e bancos do Turé (dança típica indígena), cuias e canoas, jóias em miçanga e penas, potes de barro e muitos outros artefatos que fazem parte do cotidiano e dos momentos de festas dos povos.
Entre as matérias primas, as principais são madeira, fibras, cerãmica, sementes, plumagem, raízes, dentes e ossos de animais, cores (muitas cores) extraídas diretamente da natureza, das cascas de árvores, das sementes do urucum, o mesmo material utilizado nas pinturas que embelezam os corpos nos atos de guerra e riruais.
O artesanato, enfim, se destaca como a principal fonte de renda e de orgulho dos indígenas.

Cada etnia trabalha seus materiais

Os karipuna, por exemplo, fabricam colares e pulseiras de ossos. Os wajãpis usam desenhos mitológicos para explicar suas origens. Os Apalai do Norte do Pará fazem desenhos geométricos com significados conhecidos apenas pela tribo.
O Kuahí é o centro que congrega as diversidades culturais dos indígenas. Um universo de pessoas dentro da Floresta Amazônica no Amapá, que tem seus direitos respeitados e garantidos pelo Governo estadual e que enaltecem a história da construção e do desenvolvimento da sociedade amapaense.

O Museu Indígena Kuahí está localizado na Av. Barão do Rio Branco, 160, no Município de Oiapoque. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Fonte: Jornal dos Municípios do Amapá (28/10/2010)

Uma boa referência a quem deseja estudar cultura indígena (especificamente das civilizações Maracá e Cunani) é o livro O Legado das Civilizações Maracá e Cunani - O Amapá revelando sua identidade / SEBRAE-AP 2006)

A obra está disponível para consultas no acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá.

Veja aqui  um texto publicado na Revista Galileu (Janeiro/2004), sobre a cultura dos Wajãpis, considerada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.   

segunda-feira, 23 de abril de 2012

LENDA: Cobra-Norato

Cobra-Norato é uma lenda popular na Amazônia. 
SUGESTÃO DE LEITURA
Esta lenda produziu uma obra-prima da Literatura Brasileira Modernista, Cobra Norato, de Raul Bopp. Poema de descrição mitológica da Amazônia, publicado em 1931. 

"...Quero contar-te uma história:
Vamos passear naquelas ilhas decotadas?
Faz de conta que há luar.
A noite chega mansinho.
Estrelas conversam em voz baixa.
O mato já se vestiu.
Brinco então de amarrar uma fita no pescoço
e estrangulo a cobra.
Agora, sim,
me enfio nessa pele de seda elástica
e saio a correr mundo..."

O texto a seguir é de Theobaldo Miranda Santos
no livro "Lendas e Mitos do Brasil"
A obra está disponível para consultas na Biblioteca SEMA em Macapá

LENDA DA COBRA-NORATO

Uma índia que vivia entre os rios Amazonas e Trombetas teve dois filhos gêmeos. Quando os viu, quase morreu de susto. Não tinham forma humana. Eram duas serpentes escuras. Assim mesmo, a índia batizou-as com os nomes de Honorato e Maria. E atirou-as no rio, porque elas não podiam viver na terra.
As duas serpentes criaram-se livremente nas águas dos rios e igarapés. O povo chamava-as de Cobra-Norato e Maria Caninana. Cobra-Norato era forte e bom. Nunca fazia mal a ninguém. Pelo contrário, não deixava que as pessoas morressem afogadas, salvava os barcos de naufrágios e matava os peixes grandes e ferozes.
De vez em quando, Cobra-Norato ia visitar sua mãe tapuia. Quando caía a noite e as estrelas brilhavam no céu, ele saía d'água arrastando seu corpo enorme. Deixava o couro da serpente à beira do rio e transformava-se num rapaz bonito e desempenado. Pela madrugada, ao cantar do galo, regressava ao rio, metia-se dentro da pele da serpente e voltava a ser Cobra-Norato.
SUGESTÃO DE LEITURA
Maria Caninana era geniosa e malvada. Atacava os pescadores, afundava os barcos, afogava as pessoas que caíam no rio. Nunca visitou sua velha mãe. Em òbidos, no Pará, havia uma serpente encantada, dormindo, dentro da terra, debaixo da igreja. Maria Caninana mordeu a serpente. Ela não acordou, mas se mexeu, fazendo a terra rachar desde o mercado até a igreja.
Por causa dessas maldades, Cobra-Norato foi obrigado a matar Maria Caninana. E ficou sozinho, nadando nos rios e igarapés. Quando havia festa nos povoados ribeirinhos, Cobra-Norato deixava a pele de serpente e ia dançar com as moças e conversar com os rapazes. E todos ficavam contentes.
Cobra-Norato sempre pedia aos conhecidos que o desencantassem. Bastava, para isso, bater com ferro virgem na cabeça da serpente e deitar três gotas de leite de mulher na sua boca. Muitos amigos de Cobra-Norato tentaram fazer isso. Mas, quando viam a serpente, escura e enorme, fugiam apavorados.
Um dia, Cobra-Norato fez amizade com um soldado de Cametá. Era um cabra rijo e destemido. Cobra-Norato pediu ao rapaz que o desencantasse. O soldado não teve medo. Arranjou um machado que não cortara pau e um vidrinho com leite de mulher. Quando encontrou a cobra dormindo, meteu o machado na cabeça da bicha e atirou três gotas de leite entre seus dentes enormes e aguçados.
A serpente estremeceu e caiu morta. Dela saiu Cobra-Norato, desencantado para sempre.

Se você se interessa por estes assuntos pode gostar também de (sugestões):
 
Lenda da Cobra Norato (Stella Leonardos) - Editora Villa Rica
 Livrinho de 16 páginas, indicado ao público infanto-juvenil
"Encantarias: A Lenda da Noite" - Quadrinhos com a arte do desenhista paraense Otoniel Oliveira (em 54 páginas, faz um passeio por  mitos da Amazônia. Entre eles, algumas páginas mostrando Norato e Caninana) 

 
Divagações:
Percy Harrison Fawcett foi um famoso explorador inglês que, no início do século passado, fez algumas expedições pelos interiores de um Brasil desconhecido e muito selvagem ainda (também em outros países americanos). Em seus relatos, o encontro com sucuris de até 20 metros (ou mais), capazes de tirar um homem para fora de uma canoa (descrição literal em registros). Foi o inspirador, a seu amigo e escritor Conan Doyle, da célebre obra O Mundo Perdido (1912). E, olha só, este explorador se tornou uma lenda também, pois sumiu em uma expedição na Serra do Roncador.

... Assim, percebemos uma das origens de tantas lendas amazônidas:
“A amazônia selvagem sempre teve o dom de impressionar a civilização distante”.
Euclides da Cunha (À margem da história)


Referências sobre esta lenda em:
portalsaofrancisco.com.br 
bethccruz.blogspot.com
colencionadora-de-historias.blogspot.com.br 

sábado, 21 de abril de 2012

Biblioteca da UNIFAP

A UNIFAP tem hoje 22 cursos e recebe anualmente, dos processos seletivos, mais de mil novos acadêmicos
A Biblioteca Central da UNIFAP destina-se a dar suporte bibliográfico a estes alunos ou profissionais da área e, longe de querer entrar na discussão sobre as dificuldades e carências atuais (endemia em todos os setores de nossas instituições públicas), eis aí mais um importante centro para pesquisas em Macapá.


A universidade foi instituída pelo Decreto Federal Nº 98997, de 02/02/1990, 
publicado no DOU de 05/03/1990. 
Fotos: www.unifap.br
Algumas imagens do campus (mais precisamente a parte inicial), avistando-se a passarela dos usuários e prédios da Reitoria. Sou de uma época em que, ao iniciar como acadêmico na instituição (fui das turmas pioneiras do Curso de Enfermagem - a terceira - em 1993) estas e outras estruturas não existiam, iniciando as construções, hoje presentes, a partir daquela data. Tempos de muito isolamento, escuridão, parada de ônibus dentro da instituição, arriscar-se à frente dos carros para atravessar a rodovia e extrema carência na biblioteca existente, que se alojava em duas salas de aula, com limitadíssimos recursos. Computador? Internet? Biblioteca Informatizada? Ih... reinavam os formulários em papel!! Naquele ano tivemos apenas o Primeiro Semestre no local, sendo remanejados no Segundo para a Escola Carmelita do Carmo. Foi um período de duplicação da Rodovia JK, construções e reformas na UNIFAP...
 ...entre elas, a construção do prédio onde hoje temos a Biblioteca.
Mais algumas imagens. Muita coisa avançou e outras obras estão em construção. Há também, deve ser registrado, uma insatisfação quanto as condições estruturais (são várias reivindicações em diferentes níveis) e a busca do corpo docente por melhores condições (veja aqui uma recente postagem do Café & Cia sobre isto).
A Biblioteca está localizada em um prédio com aproximadamente 1.700 m2 de área construída, contando com espaços específicos para: acesso à internet, sala de leituras (individual e em grupo), auditório e acervo (em visualização nos slides). 
As obras podem ser consultadas mediante solicitação (do assunto, autor ou título, conforme a disponibilidade), reservando-se o empréstimo apenas aos acadêmicos e funcionários da instituição.
Os horários de funcionamento são:
- Segunda a sexta-feira: 8h às 20h
- Sábados: 8h às 12h
Visualização da sala de leitura individual. Para os grupos de estudo reservam-se cabines separadas. Isso é uma novidade em relação à minha época acadêmica, lembro que vários grupos em um mesmo recinto produziam muito ruído para outros leitores no local.
Andando pelo campus registrei este grafite. Gosto de mostrar as diferentes expressões artísticas e, antes que o tempo apague (não viram o que fez àquele grande painel na parte detrás do Teatro das Bacabeiras)...
 ... taí uma janela às artes!!! 

Percebi com satisfação também a existência de espaços novos na biblioteca, como a sala voltada ao atendimento à pessoas com necessidades especiais. Como leitor curioso e interessado pelas bibliotecas em nossa cidade, gostaria de ter mostrado aqui alguma imagem do local ou o mínimo de informações. Vi por lá muitas obras e despertou-me a curiosidade em conhecê-las (São obras de cunho didático? Quais disciplinas? Tem algum romance? Quais obras da literatura? O que é mais procurado?  O que mais se necessita?). Centros como este são poucos em Macapá. Fica apenas o registro em palavras do local e, em nome do respeito, deixo a informação nos termos de que no dia da visita não deu para ter as impressões como queria. Quem sabe em outra oportunidade! Não duvido da boa disposição de todos por lá... Desejo mostrar, se não der de todas, o mínimo de cada biblioteca em nossa cidade. Ressalto que esta é apenas uma iniciativa de um cidadão em conhecer e divulgar estes centros, visto que a maior parte está na obscuridade... Não represento nada e nem ninguém.
Momento nostálgico, perdoem-me tanta individualidade (assim tenho também construído este blog), termino esta postagem com a imagem de meu último momento como acadêmico na instituição, no dia em que apresentei o TCC no auditório desta biblioteca (janeiro de 2000), onde era frequente e curioso leitor. Poxa, demorei para me formar né! É que descobri que a área de meu maior interesse não era a Enfermagem.
Agradeço a Diretora da Biblioteca, 
Srª Naucirene Corrêa Coutinho Figueredo (Bibliotecária) 
a oportunidade de fazer o registro de algumas imagens do local.

BIBLIOTECA DA UNIFAP. 
MAIS UM IMPORTANTE CENTRO DE PESQUISAS EM MACAPÁ.

Foi referência para esta postagem:

sexta-feira, 20 de abril de 2012

"Livro de Resumos: Experiências Acadêmicas de Ciências Ambientais" (2012)

I ECAAP (2012)
No ano de 2012 (no período de 27 à 30/03) realizou-se o I Encontro de Ciências Ambientais do Amapá. Evento ocorrido na UNIFAP reunindo professores, alunos e profissionais da área, para debater temas de relevante interesse para a Amazônia.  
Na programação, importantes temas foram discutidos, como: "Prática em Desenvolvimento Sustentável", "Novo Código Florestal: Implicações e Vantagens", "Economia Verde", "Saneamento Ambiental", "Impactos de Mudanças Climáticas na Amazônia", etc. Movimento em busca da geração e avanço do conhecimento e desenvolvimento socioambiental no Amapá, e pela consolidação dos profissionais na área de ciências ambientais.  
O evento terminou com o lançamento do "Livro de Resumos: Experiências Acadêmicas de Ciências Ambientais", em 30/03/2012. 
Produção de cunho científico, com objetivo principal de mostrar o resultado de alguns trabalhos  acadêmicos desenvolvidos por alunos e professores em sala de aula. 
São 18 resumos, em 84 páginas, organizados pelo Colegiado de Ciências Ambientais da Unifap e apresentados no I ECAAP. 
Contribuição à sociedade de mais um recurso e ferramenta técnico-científica para a compreensão, elaboração e desenvolvimento de ações socioambientais no Amapá.


UNIFAP (Foto: Rogério Castelo - 30/03/2012)

Sumário

Avaliação da execução do projeto de reabilitação e ampliação do sistema coletor de esgoto de Macapá (AP): ênfase na alocação dos recursos e seus avanços físicos
André Alencar; Benilda Rego; Jacklinne Matta e Alan Cavalcanti da Cunha 

Levantamento de estudos relacionados a recursos biológicos na Área de Proteção Ambiental (APA) do Curiaú - AP
Anne Caroline Silva; Leiliane Silva; Cláudia Funi; Patrick Farias e Sávio Carmona 

Avaliação Comparativa da educação ambiental em duas instituições de ensino público e privado em Macapá-AP
Brenda Letícia Barbosa de Sousa; Carliane Maria Guimarães Alves; Elisete Jardim da Costa; Hyrla Herondina da Silva Pereira; Patrícia Pinheiro Lopes e Helenilza Ferreira Albuquerque Cunha 

Lançamento in natura de esgoto e seus impactos - estudo de caso sobre o Canal do Beirol-AP
Brunna S. Sangel de Oliveira; Cristian C. L. de Oliveira; Ronaldo Ribeiro Neto e Alan Cavalcanti da Cunha 

Implicações da precariedade do saneamento no bairro Igarapé da Fortaleza
Carliane Maria Guimarães Alves; Daiane de Souza Fonseca; Hyrla Herondina da Silva Pereira; Otávio de Oliveira Nascimento; Paula Patrícia Pinheiro Lopes; Ranielly Coutinho Barbosa; Taylane Araújo da Costa e Helenilza Ferreira Albuquerque Cunha

A precariedade do sistema coletor de tratamento de esgoto sanitário no município de Macapá-AP e seus investimentos
David Miranda  dos Santos Júnior; Otavio Júnior e Alan Cavalcanti da Cunha 

Análise do aproveitamento de esgoto sanitário para uso na irrigação agrícola do Estado do Amapá
Débora C. Isacksson Lima; Keila P. Cambraia Santos e Priscila N. Freitas Brito

A negligência do sistema de saneamento e a proliferação de problemas: um olhar sobre o bairro do Igarapé da Fortaleza
Éwerton Wanderson G. dos Santos; Brenda Letícia B. dos Santos; Maely de Paula Costa; Marcus Furtado da Silva; Renan João M. Ribeiro; Yara P. Montenegro e Helenilza Ferreira Albuquerque Cunha

Análise espacial do sistema de esgoto sanitário de Macapá
Gleise Marreiros de Carvalho; Laila Pinheiro de melo; Larissa Pinheiro de melo e Alan Cavalcanti da Cunha

Qualidade de vida urbana em Macapá: indicadores do Plano Diretor
Larissa Pinheiro de Melo; Laila Pinheiro de Melo; Simone Dias Ferreira e Daniel Gaio

Avaliação simplificada de impactos de obras de esgoto sanitário no bairro Central de Macapá
Leila Célia Braga de Araújo; Lorena Antunes Jimenez e Uanne Campos Marques

Desenvolvimento de malha numérica aplicada à modelagem de dispersão hidrocórica (carapa guianensis - andiroba) em várzea no Amapá
Leiliane P. Silva; Maricélia M. Santos; Argemiro M. Bastos; Marcelino C. Guedes e Alan Cavalcanti da Cunha

Inexistência de desinfecção de efluentes nas etes: o caso de Macapá 
Luan Patrick e Dênis Pantoja

Construção de rede de esgoto sanitário na cidade de Macapá: modalidade ligação residencial / rede central
Marilene do Socorro P. Sanches; Allan da Silva Santos; Natalia dos Santos de Oliveira e Alan Cavalcanti da Cunha 

Identificação dos impactos ambientais decorrentes das atividades das padarias na cidade de Macapá - Amapá
Natália dos Santos de Oliveira; Allan da Silva Santos; Moisés Albuquerque de Almeida e helenilza Ferreira Albuquerque Cunha

Zoneamento Ecológico Econômico Urbano: a construção de um novo modelo de proteção ambiental
Natália dos Santos de Oliveira; Gleise Marreiros de carvalho; Walber Brito da Silva e Daniel Gaio

A importância dos modelos QUAL2kw na modelagem de poluentes orgânicos em corpos d'água superficiais no Estado do Amapá
Simone Dias Ferreira; Gabriel A. de Castro Dias; Paula Caroline Figueiredo da Conceição e Alan Cavalcanti da Cunha

Análise do despejo de águas residuárias no meio ambiente a partir de tanques de piscicultura em Macapá-AP
Wanderson Michel de Farias Pantoja e Lucas de Sousa Lopes 

 Auditório da Reitoria da UNIFAP -  I ECAAP (2012)
Foto: Rogério Castelo
 Lançamento do Livro de Resumos: Experiências Acadêmicas de Ciências Ambientais
Foto: Rogério Castelo
"... Enfrentar todos estes problemas exige uma abordagem e tratamento multi ou interdisciplinar sem os quais muitos desses problemas correm o risco de não serem adequadamente enfrentados ou solucionados. Alguns desafios ambientais da sociedade pós-moderna exigem, portanto, um debate amplo e a formação de profissionais preparados para lidar com questões tão complexas."
Alan Cavalcanti da Cunha (Apresentação da obra)

O livro pode ser encontrado e consultado no acervo 
da Biblioteca da UNIFAP, em Macapá.