“Com a liberdade, as flores, os livros e a lua,
quem não é capaz de ser perfeitamente feliz?”
(Oscar Wilde)
(Oscar Wilde)
A Ilha de Santana é uma fonte de estudos e descobertas interessantes, que muito me atraem. Ando entusiasmado em conhece-la e assim, no dia 22/09/2012, fui novamente no lugar.
Mais uma vez com o Dimas, jornalista e admirador desta terra onde mora há dois anos. Vou com minha sede de descobertas, divagando nestas postagens banais - com acertos e erros - um pouco sobre este Amapá que até então não conhecia. Ele com o firme propósito de publicar as impressões em uma revista e literatura de cordel, que faz com muita propriedade.
A saída se deu do Porto do Açaí, que me pareceu o mais procurado - em todo o Porto de Santana - para a travessia rumo a Ilha. Tanto que, na volta, vimos um pessoal trabalhando arduamente para ampliá-lo.
Visão do porto (ou rampa) principal na chegada na Ilha.
Carro, só através de balsa como esta. O terreno nesta parte é mais elevado... tem isso sua importância, não esqueça.
Como havia falado... a pracinha em frente à igreja é mesmo um point no lugar, de encontros de amigos, etc e tal.
Mais uma visão da Igreja de Santa Ana, mostrando também seu interior. É tudo muito simples, com as paredes laterais ilustradas com quadros representativos da Via Sacra. O padre mora em Santana e, segundo moradores, é indiano (Padre Premoli Pulioindi).
O prédio é novo e foi inaugurado em 26/07/2004.
Nesta segunda visita, diante das dificuldades apresentadas, resolvemos trilhar os mesmos lugares, fortalecendo as informações obtidas, o que foi muito produtivo.
Em minhas conjecturas (escrevo na informalidade de um observador curioso, pois não sou nem jornalista, nem historiador, nem professor, especialista, nem coisíssima nenhuma) preciso reconsiderar alguns pontos:
- O serviço de distribuição de água e de coleta de lixo oficialmente existem no lugar, mas são tão precários e ausentes que é como se não existissem (palavras de um morador)... Fica o elas por elas.
Aí estão imagens que falam por si mesmas. O cidadão abrindo mais um poço amazonas para abastecimento de água residencial e os montes de incineração, que é como o povo se vira com o lixo produzido.
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E assim...
... Encontramos um cenário na Ilha parecido com o que vemos em nossas principais cidades (Macapá e Santana), onde a educação ambiental não é algo muito praticado. Some-se a isso a precariedade na infraestrutura e, infelizmente, a cidade vai ficando assim... Veja AQUI uma reportagem da TV Record local sobre isso... para pensar e mudar...
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- A Festa da Acerola de fato acontece no distrito, sem muitos alardes (muita gente em Santana nem conhece) e realizou-se no final de semana dos dias 14, 15 e 16 de setembro. Ô lástima!!! Por um equívoco meu acabei perdendo... Mas ocorreu nas imediações da escola, com venda de iguarias, desfile de misses e a festança sendo embalada pelo som das aparelhagens de som (diz aí se não estrondou o tecnobrega nas caixas!!!). É uma festa nova (tem cerca de 6 anos) que, certamente, fortalece a identidade cultural daquela região e que teria maior amplitude - este é um terceiro ponto que quero reconsiderar - se a Fábrica de Polpa de Frutas funcionasse.
A Ilha concentra um número de pequenos agricultores de frutas e hortaliças (organizados em uma cooperativa) e a expectativa é de agregar valor ao produto, principalmente com o selo do Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura, a ser proporcionado pela fábrica. A produção, que é escoada in natura para a feira municipal de Santana, seria beneficiada em polpa, néctar, geléia e licor, gerando mais renda aos agricultores (Fonte: chicoterra.com)
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- A fábrica existe desde 2003, foi reinaugurado o prédio reformado neste ano pela Prefeitura de Santana (em 11/08/2012) e até hoje nunca funcionou - recebendo investimentos de R$ 254.136,90. As plantações de acerola que encontramos seriam para abastece-la e as expectativas são altas, proporcionais ao descontentamento - no momento - pelo não funcionamento. Sabe como é... obra pública parada é sempre causa de insatisfações.
Pé de jaca carregado, na Ilha.
Pé de carambola carregado, na Ilha.
...e a fábrica de polpa de frutas ainda fechada.
Então, escoamento da produção para a Feira Municipal de Santana.
Mais umas imagens da escola e a placa de reinauguração, em Abril de 2006. O distrito tem uma outra escola (municipal), mas ainda não cheguei lá.
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Os alunos estão cortando um dobrado, com aulas direto nos sábados, devido a greve dos professores no I Semestre. Um embate entre Governo Estadual e Sindicato dos Professores onde os maiores prejudicados foram os estudantes. O ano letivo foi comprometido e as aulas avançarão até o ano que vem, em Macapá, Santana, na Ilha e em todo o Amapá.
O prédio do Posto de Saúde também é novo, sendo inaugurado em 04/02/2012.
O Posto Policial é que não está nas melhores condições, localizado entre os dois prédios reformados recentemente. Um tripé importante na sociedade: educação, saúde e segurança pública. A Ilha já não tem aquela vida pacata como se supõem e, com o crescimento populacional, tem aumentado também os problemas na segurança. Investimentos são necessários, não apenas na restauração de prédios.
Opa, opa... estou exagerando nas banalidades... não me importo, vou lá para conhecer esse cotidiano mesmo...
Com as eleições municipais a vila está cheia de bandeiras políticas e os militantes são muitos. Os dados oficiais mostram um número de 1614 eleitores aptos, distribuídos em 5 seções na Escola Osvaldina F. Silva (dados dos TRE/AP - neste link)
Opa, opa... estou exagerando nas banalidades... não me importo, vou lá para conhecer esse cotidiano mesmo...
Com as eleições municipais a vila está cheia de bandeiras políticas e os militantes são muitos. Os dados oficiais mostram um número de 1614 eleitores aptos, distribuídos em 5 seções na Escola Osvaldina F. Silva (dados dos TRE/AP - neste link)
Outra dúvida minha refere-se a via principal, que se inicia no porto ou rampa. Muitas referências na net a denominam Av. Peter Van Shupberg (referência a um dos primeiros madeireiros na região), paralelamente, as placas de numeração nas casas a denominam Av. Santana. Vou procurar o agente distrital e me certificar sobre isso.
E aí mano!!! Tudo firmeza?
A passarela (lá para a parte esquerda de quem sai da rampa, em uma região mais baixa e de várzea) tem o nome de Rua Dr. Ulisses Guimarães e segue a via mais alta, saindo da ponte, com este nome também.
Alguns moradores antigos a denominam com outro nome também (certamente, nome fadado ao esquecimento entre as novas gerações que o Dimas mostrará na sua revista).
Depois da passarela, encontramos o Bairro ou Vila Brasília. O nome deste pequeno bairro tem também suas motivações, mas deixo para o Dimas nos contar estas histórias... esta e outras mais contadas por moradores antigos. Sempre é um prazer ouvir narrativas sobre um passado que vai sendo esquecido.
Na Vila Brasília encontramos moradores antigos, como Seu Zé Palheta e Dona Sebastiana, espiando aí na janela com seus netos... e o intruso Gregor Samsa. Fiquei de ver uma lenda com o Zé Palheta.
É uma pessoa simples, que nos conta as coisas com entusiasmo, indo de uma história a outra rapidamente. Mora na Ilha desde 1978 e mostrou-se sempre "virado" em favor da família (9 filhos), aprendendo a conhecer o plantio e melhores culturas para o lugar... enfim, um homem preocupado com as coisas de seu viver diário, objetivo... que não dá muita bola para lendas não... diz saber apenas aquilo que quase todos sabem sobre este tema. Nada disso Seu Zé Palheta! Suas histórias são recheadas de elementos que repassam uma crendice antiga formadora de verdadeiras lendas! Até chegarem ao seu conhecimento foram gradativamente sendo aparadas pela sabedoria popular e também , aquilo que ela não explica, pelo seu misticismo.
Seu Zé Palheta nos contou histórias que mais parecem causos, certamente se tornarão mais atraentes no texto de um bom jornalista e, principalmente, no estilo rocambolesco dos cordéis... propostas do Dimas. Nota-se um pouco de mistura de fatos novos e desconhecidos com a sabedoria do ribeirinho. Oras... pense em uma época de grande isolamento, onde nem eletricidade tinha, com informações superficiais e uma natureza muito mais impactante, por si mesma, cheia de histórias (Seu Palheta informou sobre sucuris e jacarés que eram encontrados nas proximidades, conta história de anta atravessando o rio.... eu não duvido do homem). Pois bem, some-se a isso algo inédito para o povo como... submarinos alemães da segunda guerra transitando pelo Canal de Santana (são boatos que existiram). Foram histórias assim que conheceu de moradores antigos quando veio morar... histórias que tinham, em razão dos fatos descritos, um impacto maior no povo e por muito tempo perduraram como verdadeiras lendas entre as gerações passadas neste lugar... também perdidas no conhecimento da maioria das novas. Ah! sobre este fato veja uma postagem interessante neste link. O homem contou também coisas suas que mais pareciam de Pedro Malasartes, passei um bom tempo ouvindo-as... e o Seu Zé Palheta ainda dizia não saber muita coisa!! Oras... Muito obrigado Seu Zé! Um dia que estiver bem mirabolante vou tentar escrever uma estória baseado em relatos assim, onde verdade pode ser mentira e mentira pode ser verdade.
Ah! Finalmente tirei duas dúvidas...
A segunda refere-se ao nome do braço do Rio Amazonas entre a ilha e a parte continental. É denominado na literatura de Canal de Santana (aff! Difícil de deduzir não... menos para o bocó aqui!). No RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) da Revitalização do Setor Portuário de Santana (Volume II - Junho de 2003) encontramos o seguinte texto (separei algumas coisas):
O Canal de Santana constitui um prolongamento do canal do norte do Rio Amazonas com largura variável entre 500 a 8oom e profundidade mínima de 10m... Apesar da forte influência amazônica, o canal dispõe de características próprias no tocante a hidrodinâmica e à utilização fluvial. A Ilha de Santana funciona como uma barreira geográfica impedindo que as ondas geradas em alto mar atinjam o porto de Santana... Estudos da velocidade de corrente verificada no canal indicam que sua ação não provoca grande erosão nas margens do canal nem dificulta a navegação, fazendo com que ele apresente larguras praticamente constantes. Contudo, verificam-se sinais de assoreamento junto a faixa do cais do porto de Santana prococado pelo transporte de sedimentos, o que demanda obras de drenagem e manutenção periódicas de pequeno volume.
Este material foi pesquisado no acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá.
Na parte final da Rua Dr. Ulisses Guimarães encontramos um núcleo familiar de irmãos nascidos na Ilha (Família Aguiar) que têm uma produção caseira de artesanato com reciclagem.
Casa mostrando um típico cenário no interior: a devoção e simplicidade.
Outra coisa que - às vezes - encontramos, é a presença de animais... estes aí eu admirei bem de longe... não dá para ser excessivamente confiante quem não tem este convívio. A melhor forma de preservação é ter respeito por seu seu espaço em seu habitat, seja domesticado ou silvestre.
Seu Wilson Aguiar (na rede) e Dona Maria, no comando da produção do artesanato, junto com Keila e Jeferson.
Alessandra Sousa, Ruan, Vitória (Ô menina sabida! Nos mostrou tudo por lá com entusiasmo e simpatia) e Dona Tereza, todos envolvidos com a produção artesanal.
O trabalho para alcançar metas estabelecidas é um exemplo para todos nós. No momento estão confeccionando coroa de flores para o Dia de Finados (2 de novembro). Esperam atingir um número de 120 a 150. Objetivo traçado...empenho para alcançar!
Um dos irmãos desta representativa família da ilha santanense - Mateus Coutinho Aguiar - também natural da Ilha, é um aventureiro mundo afora (desde 1975) sendo um dos detentores de recorde mundial como andarilho (com mais de 20 mil km percorridos). No momento, está em preparativos em Macapá para mais uma excursão à Europa. Se quiser conhecer as aventuras deste singular amapaense veja:
Contatos por:
E-mail: mateuspeestrada2004@ibest.com.br
Fone: (96) 8801-6703 / (91) 9292-4770
Um dos irmãos desta representativa família da ilha santanense - Mateus Coutinho Aguiar - também natural da Ilha, é um aventureiro mundo afora (desde 1975) sendo um dos detentores de recorde mundial como andarilho (com mais de 20 mil km percorridos). No momento, está em preparativos em Macapá para mais uma excursão à Europa. Se quiser conhecer as aventuras deste singular amapaense veja:
Contatos por:
E-mail: mateuspeestrada2004@ibest.com.br
Fone: (96) 8801-6703 / (91) 9292-4770
Fim da rua Dr. Ulisses Guimarães, mais para frente temos notícias de um orfanato... local para visitações futuras. Há centenas de coisas para ver e aprender.
Como observador minhas impressões tem seus equívocos, mas é tudo com admiração por este lugar. Um morador me disse que a cidade tem duas partes distintas e assim é denominada por muitos: cidade alta e cidade baixa. O que conheci até aqui está no núcleo da cidade alta. No nício da postagem até disse que no porto o terreno vai se elevando (exceto na parte das pontes, que é terreno de várzea).
Minha expectativa é também chegar no outro lado da ilha, lá gravaram parte do filme Tainá 3 e encontramos também o Recanto da Aldeia.
Há também uma notícia circulante da construção de um porto para escoamento de soja. Um grande empreendimento que terá seus impactos em toda a ilha (ambientais, na economia, na população , na infra-estrutura, no tráfego de pessoas, embarcações, etc), da qual preciso de maiores informações para não me equivocar nas simples considerações (haja vista a importância e expectativas criadas). Quem sabe não começo mostrando as imagens de onde se construirá.
Esta ilha é pequena em tamanho mas sempre oferece grandes possibilidades de observações e aventuras... Assim foi em minha segunda excursão.
Visão da Ilha de Santana pelo Porto do Açaí. Quando entram no Canal de Santana os navios são auxiliados por rebocadores, só assim para efetuarem algumas manobras.
Visão do Porto de Santana, avistando-se também parte da Ilha Mucuim.
Ô vidão heim!? Eu também viveria aí só na tranquilidade espiando a paisagem numa baladeira! Brincadeira, a rotina na Ilha é muito mais que isso e requer uma boa dose disposição e labuta. Olha o caso dos agricultores... requer dedicação para algumas culturas pois, segundo relatos, a terra não é favorável para uma porção delas (a não ser como cultura de subsistência)... mas é algo que pode ser contornado com persistência e conhecimentos, daí meu respeito pelo povo empreendedor e trabalhador no lugar.
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