Em um cantinho especial do Brasil, este lugar bonito e rico em cultura! Agradeço a Deus por tudo que vivo aqui e peço que ilumine e abençoe sempre essa terra. O meu lugar, minha terra, meu lar!
As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
A Lenda do Açaí
Ilustração: Felix
Em tempos antigos, onde hoje se localiza Belém do Pará, havia uma tribo que, devido à escassez de alimentos, vivia sempre em grandes dificuldades, principalmente pelo aumento do número de pessoas. Um dia o cacique reuniu sua gente e tomou a decisão de fazer o controle da população... não havia alimento para todos (sei não... a estória se passa na Amazônia e esse líder tá me parecendo mais um daqueles "Deus me acuda que nada faço"). Ficou resolvido, pelo cacique e seus ajudadores, que toda criança que nascesse a partir daquele dia deveria ser sacrificada, até que voltassem tempos de fartura (ih, rapaz... que coisa mais cruel... pior que em muitas culturas o infanticídio era praticado por diferentes razões. Não é brincadeira! Por exemplo, governantes egípcios tentaram controlar os israelitas atirando as crianças recém-nascidas no rio Nilo... Conheces esta história? Veja lá no livro de Êxodo, na Bíblia). Voltando para a lenda... Mas que ironia! Gira o mundo e o cacique experimentou um dia as consequências do tal controle da população em sua própria família. É que sua filha IAÇÁ ficou grávida e teve uma linda criança. O cacique então, não querendo desmerecer sua palavra frente a tribo e, mesmo diante das súplicas e choro da filha para que poupasse sua criança, manteve a decisão que havia estabelecido (Égua cacique! Pra governar tu deverias entender mais de planejamento, racionamento, sustentabilidade e mais ainda de satisfação pública... Só os tiranos tomam decisões cruéis contra o povo, baseados em suas idéias mirabolantes e imperativas, que acabam gerando insatisfação e revoltas... está aí exemplificando a Primavera Árabe). Enfim, a criança foi sacrificada em nome de ideais caducos e IAÇÁ chorava todas as noites com saudades de sua filha. Até que numa noite de lua cheia (Ah! a lua cheia... Sempre presente e arauto de magia) a índia ouviu o choro de uma criança. Vinha da direção do rio e então, coisas do saudosismo de mãe, viu sua filha sorridente ao pé de uma esbelta palmeira. Viu? Sim... Ali estava sua filhinha a acenar-lhe, estendendo os tenros braços. IAÇÁ lançou-se em direção à filha, envolvendo-a com o calor e acalento desejados por sofridas noites seguidas. Rompante de ilusão... Deparou-se abraçada à palmeira. Inconsolável, chorou copiosamente até desfalecer... Diz a lenda meus amigos, que no dia seguinte encontraram seu corpo no local. A índia, já abatida pela tristeza, sucumbiu abraçada a palmeira. Seus olhos fitavam o alto da árvore, que se encontrava carregada de pequenos frutos escuros (Vislumbrava uma possibilidade nova de alimento a seu povo? O fruto desta, tão representativo na Amazônia, ainda era desconhecido pelos indígenas).
Ô açaizal bonito, na Amazônia!
Comovido com tudo aquilo, o cacique ficou curioso e ordenou que os indígenas apanhassem os frutinhos. Percebeu que deles poderia se extrair um delicioso suco quando amassados, que passou a ser a principal fonte de alimento daquela aldeia. Este achado fez com que o cacique suspendesse os sacrifícios e as crianças voltaram a nascer livremente, pois a alimentação já não era mais problema na aldeia (Bom minha filha!! Vitaminados pelo novo alimento, essa lei tola não teria mesmo como existir... Haja sustância... O quê!!!? Vem cá minha nega...).
Para agradecer aquela benção recebida e também para homenagear sua filha (...e o perdão pelas atrocidades?) o cacique batizou aquelas frutinhas com o nome de “AÇAÍ” que é justamente o nome de “IAÇÁ” ao contrário.