O Amapá tem algo singular em sua produção literária, grande parte das obras estão na categoria de poesia ou contos. Sinto falta da prosa, de romances que sejam conhecidos regionalmente pela identidade marcante e reconhecível ao Estado. As iniciativas nesse campo são poucas e, invariavelmente, desconhecidas até mesmo da maior parte da população amapaense. Lamentável que se inclua nisso nossas escolas. Ainda assim, encontramos algumas obras que tem sua relevância e aspectos interessantes para serem conhecidos. Quer comprovar? Vamos conhecer então mais uma delas. Simbora!
Ah, o livro da vez é A margem esquerda do Amazonas - Macapá, do Amiraldo Bezerra, publicado em 2008. Como será, hein?
A obra é repleta de histórias e causos da antiga Macapá. Amiraldo construiu uma crônica de costumes de época, tornando-se a principal testemunha. Registrou a maneira pela qual as pessoas sentiam e se relacionavam, seus costumes no período de criação da cidade, comportamentos e tipos sociais, que com o tempo foram esquecidos. Escreve como se falava, mantém a gíria, o jeito de falar. Saudoso, às vezes critica, às vezes ironiza. Com o seu livro, Amiraldo não nos deixa morrer.
Poxa! Bacana e instigante essa apresentação, mas não são palavras minhas. Dei uma colada básica do que o escritor Leão Zagury escreveu sobre ela. Foi o bastante para despertar minha busca.
Informações do livro:
Título: A Margem esquerda do Amazonas - Macapá
Autor: Amiraldo BezerraTítulo: A Margem esquerda do Amazonas - Macapá
Editora: Premius
Ano: 2008
Páginas: 272
ISBN: 978-85-7564-420-1
Tema: Amapá / Romance
Gosto de associar as leituras, quando possível, a um momento ou tema favorável e assim, por ocasião do aniversário de minha cidade fiquei entusiasmado para a leitura dessa obra. É um romance urbano narrado em primeira pessoa com ambientação em Macapá (está claro na capa, ô pateta!). É, mas não se trata dos tempos atuais, o romance nos remete aos anos sessenta (mora, bicho!), onde o autor misturou lembranças e experiências, embalado por certos aspectos reais, para contar a história de Rui e Virna.
Imaginamos sempre a cidade em um contexto de vilarejo e pouco desenvolvimento em seu início como capital, onde a maioria da população vive em condições muito humildes (o que historicamente está correto), mas o autor, destoando um pouco disso, optou por apresentar a história de jovens com famílias bem sucedidas e frequentadoras da alta sociedade. É o que vamos encontrar no romance, com o relato do cotidiano de uma vida burguesa que, em certos aspectos, foi a realidade de alguns. Há um detalhamento interessante em ambições e costumes dessa vida social para o leitor mais atento.
A personagem principal, Rui, tem dois momentos: a trajetória de sucesso de sua família (que teve início nesta cidade semelhante ao de muitos migrantes de ilhas paraenses - um retrato de época - mas com oportunidades de trabalho que foram bem sucedidas) e seu romance com Virna (trama com surpresas, reproduzindo o pensamento daquela juventude em busca de afirmação e quebra de tradições).
Interessante também que o autor, no início do livro, reúne uma série de causos e histórias da cidade que familiarizam o leitor àquela época. Boa introdução para o romance. Não sei qual o limite da ficção e realidade, mas são histórias ora curiosas, ora divertidíssimas.
Ri muito com o causo do antológico e famigerado Caixa de Cebola, o primeiro ônibus de Macapá. Será verdade aquela patacoada que ocorria em relação aos sa... Ah, mas não vou te contar, mesmo! Lendas urbanas (ou será que não?) para uma boa leitura.
Gosto de associar as leituras, quando possível, a um momento ou tema favorável e assim, por ocasião do aniversário de minha cidade fiquei entusiasmado para a leitura dessa obra. É um romance urbano narrado em primeira pessoa com ambientação em Macapá (está claro na capa, ô pateta!). É, mas não se trata dos tempos atuais, o romance nos remete aos anos sessenta (mora, bicho!), onde o autor misturou lembranças e experiências, embalado por certos aspectos reais, para contar a história de Rui e Virna.
Imaginamos sempre a cidade em um contexto de vilarejo e pouco desenvolvimento em seu início como capital, onde a maioria da população vive em condições muito humildes (o que historicamente está correto), mas o autor, destoando um pouco disso, optou por apresentar a história de jovens com famílias bem sucedidas e frequentadoras da alta sociedade. É o que vamos encontrar no romance, com o relato do cotidiano de uma vida burguesa que, em certos aspectos, foi a realidade de alguns. Há um detalhamento interessante em ambições e costumes dessa vida social para o leitor mais atento.
A personagem principal, Rui, tem dois momentos: a trajetória de sucesso de sua família (que teve início nesta cidade semelhante ao de muitos migrantes de ilhas paraenses - um retrato de época - mas com oportunidades de trabalho que foram bem sucedidas) e seu romance com Virna (trama com surpresas, reproduzindo o pensamento daquela juventude em busca de afirmação e quebra de tradições).
Interessante também que o autor, no início do livro, reúne uma série de causos e histórias da cidade que familiarizam o leitor àquela época. Boa introdução para o romance. Não sei qual o limite da ficção e realidade, mas são histórias ora curiosas, ora divertidíssimas.
Caixa de Cebola, o primeiro ônibus de Macapá. Fonte: porta-retrato-ap.blogspot.com |
Ri muito com o causo do antológico e famigerado Caixa de Cebola, o primeiro ônibus de Macapá. Será verdade aquela patacoada que ocorria em relação aos sa... Ah, mas não vou te contar, mesmo! Lendas urbanas (ou será que não?) para uma boa leitura.
A cidade e a sociedade de época se revelam em muitas coisas, em realidade e ficção. Tem aspectos curiosos que já ouvi falar, como uma madeireira na Ilha de Santana ou um bordel lá no final da rua Leopoldo Machado. Famoso em seu tempo.
E assim temos aí mais um belo livro. Um romance de agradável leitura, com pitadas
de interessantes descobertas da morena cidade A MARGEM ESQUERDA DO
AMAZONAS.
Aí vem os papos de sempre. Não custa lembrar...
A obra pode ser consultada no acervo da
Biblioteca Pública Elcy Lacerda
Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia
Biblioteca Pública Elcy Lacerda
Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia
Macapá - Bairro Central