Ilustração de Honorato Jr |
Conta-se que há muitos anos atrás alguns negros conseguiram fugir da escravidão e chegaram na região de Serra do Navio, formando um quilombo. Época em que existia também o quilombo no Curiaú, ambos abrigando centenas de famílias, que plantavam mandioca, arroz, feijão, cana-de-acúcar e viviam preservando sua cultura.
Soldados portugueses um dia invadiram suas terras, aprisionaram e escravizaram todos, forçando-os ao trabalho pesado, principalmente na garimpagem. Mas eles não aceitavam a dominação e sempre pensavam em sua liberdade para saírem da maldade e dominação dos portugueses. Esse povo sofrido, valendo-se de suas tradições e força de vontade, um dia pediu proteção à Taimã para se libertarem e resolveram lutar contra seus exploradores. Foi uma batalha ferrenha e os negros - em quantidade muito inferior, sem armas e enfraquecidos pelos trabalhos forçados - acabaram derrotados e dizimados. Muito sangue foi derramado na Terra. Diz a lenda que Taimã transformou o sangue negro na pedra preta que foi encontrada no local da luta, parecendo sangue congelado. Surgiu assim a origem do manganês, uma das maiores riquezas do Amapá.
(Baseado nos textos de Paulo Dias Morais e Joseli Dias)
Esta lenda está descrita nas seguintes publicações amapaenses sobre folclore:
1) Amapá: Lendas Regionais (Paulo Dias Morais) - A estória está em uma versão mais simplifidada, foi a que serviu de base para o texto da lenda nesta postagem.
2) Mitos & Lendas do Amapá (Joseli Dias) - É a mesma estória, mas o texto está mais detalhado, citando o negro Itauna.
São livros sobre o folclore amapaense que podem ser encontrados, em Macapá, nas bancas de revistas e livrarias. Podem ser consultados também nas Bibliotecas de Macapá (como a Biblioteca Pública Elcy Lacerda).
Para não ficar só com lendas:
O manganês é um metal de transição de coloração branco cinzento parecido com o ferro. Está entre os metais mais abundantes na crosta terrestre e sua principal utilização é na fabricação de ligas metálicas.
Foto e Informação:
Serra do Navio, durante décadas, foi o principal fornecedor de manganês no Brasil. Na imagem se vê o afloramento do metal na região, em uma foto da biblioteca.ibge.gov.br. Visite este site e veja outras fotos interessantes, históricas, raras, antigas e importantes.
Fotos: setur.ap.gov.br
Na Serra do Navio existem duas pedras gigantes de manganês que são tradicionais pontos para fotografias. A pedra em destaque é a da frente da igreja, foi tirada no sentido da igreja para o mercado. O vaso é uma ilustração do artesanato com manganês.
Já esta foto ao lado mostra a pedra localizada na praça, que está estrategicamente em um ponto de equilíbrio (Poxa vida! quantas vezes não tive a vontade, junto com outros colegas na infância, de querer derrubá-la... coisa para máquinas). Bem perto desta pedra ocorria também o asteamento da bandeira... às vezes, ficava por ali à tarde para acompanhar a forma estratégica, rotineira e cerimonial como retiravam, dobravam e guardavam a bandeira. A foto é bem antiga (da década de 60) e, apesar de danificada, resolvi postar para mostrar que imagens assim são uma tradição no mínimo quinquagenária (a propósito, o jovem com as mãos no bolso é meu pai, o famigerado Cara-de-macaco). Finalizando estas bobagens minhas sobre o manganês, nos tempos da ICOMI ocorria, com muita fama na região, a tradicional Festa da Mina (em dezembro), atraindo turistas de vários locais e com eventuais apresentações de artistas conhecidos no cenário musical brasileiro (são exemplos The Fevers, Pholhas, Chrystian & Ralf...), tudo devido o manganês (que também nomeava a sede Manganês Esporte Clube, point das baladas, jogos de sinuca, baralho, dominó e com o salão com as antológicas exibições de programas televisivos, nos tempos em que o sinal de emissoras não chegava ali). Quem for em Serra do Navio (ou visitar Macapá), procure conhecer o artesanato com manganês e tirar uma tradicional foto em frente a uma pedra gigante do metal (localizada na praça e outra em frente à igreja, isto lá na Serra).
Em Macapá também econtramos uma pedra de manganês, menor que as de Serra do Navio, localizada na Praça Veiga Cabral, próximo à Igreja de São José.
Exemplo de artesanato com manganês encontrado na Casa do Artesão, em Macapá. |
Conheça a Literatura Amapaense!
Visite nossas Bibliotecas!