O Fantástico exibiu em 27/05/2012 uma matéria em Laranjal do Jari sobre o trabalho da professora Elizabete Rodrigues, que batalhou para que um projeto de seus alunos fosse apresentado em feira científica no Rio Grande do Sul e nos Estados Unidos. A reportagem mostra também um pouco do cotidiano e dificuldades deste município.
Os pontos abordados no vídeo foram:
Em uma comunidade pobre, no extremo norte do Brasil, uma professora
supera as maiores adversidades, vende bolo na rua, para realizar um
sonho dos alunos. Um projeto que levou meninos talentosos mais longe do
que eles jamais imaginaram.
A primeira distância Elizabete atravessou aos 6 anos. Foi de balsa, do Pará, onde nasceu, para o Amapá, cidade de Laranjal do Jari. Foi atrás de um sonho.
“O pessoal diz assim: ‘por que você não sonhou com outra coisa?’ Eu digo não. É meu sonho desde criança. Eu já nasci e eu já dizia para minha mãe que eu queria ser professora. É só o que sei fazer”, diz a professora Elizabete Rodrigues.
Desde pequena, para ir à escola, ela passava pelo bairro das Malvinas. Não sabia que aquele bairro a levaria mais longe do que imaginava.
Uma parte da cidade nasceu quando uma fábrica abriu e os trabalhadores acharam que o melhor lugar para morar seria na beira do rio. Eles construíram um bairro inteiro sobre palafitas e casas que ou não tem parede de fundo ou têm um janelão que intensifica o contato com a natureza. Só que não demorou muito para que essa natureza reclamasse a ocupação desordenada. Hoje cerca de 20 mil pessoas vivem na região. São gerações e gerações de famílias em constante estado de alerta.
Sem coleta de lixo, ele fica por ali mesmo. E, quando chove, é difícil de a água escoar.Todo ano, final de abril começo de maio, há enchentes. E, quando abre o sol nas Malvinas, o problema é outro: incêndios. As casas são muito coladas, todas de madeira. Quando acontece um acidente elétrico, ou vaza gás, o fogo se alastra rápido.
Enchentes e incêndios. Foi sempre assim. Desde quando Elizabete estava na escola até quando passou no vestibular para matemática, quando finalmente se tornou professora da mesma escola em que estudou quando criança, ela começou a ter ainda mais contato com o povo ribeirinho.
“Sempre que acontecem grandes e pequenas enchentes eles tiram as pessoas lá da parte baixa e a escola acaba sendo abrigo para eles”, conta a professora.
Elizabete resolveu então tocar um projeto. Juntou três alunos e, com questionários, foram saber quais as principais dificuldades que viviam o povo das Malvinas.
“Constatamos que as pessoas não querem sair de lá muitos motivos. Já que eles não querem sair, resolvemos amenizar a situação deles”, relata.
No quintal de casa eles inventaram uma engenhoca que poderia diminuir enchentes e incêndios. É um biodigestor. Um recipiente lacrado, feito com duas caixas d´agua. Encheram de lixo e esgoto.
“Durante cerca de 15 a 25 dias, ele produziria o gás metano, e esse gás seria distribuído através de tubulações pra população”, explica o estudante Adymailson dos Santos.
Eles fizeram o esquema no computador. E testaram um modelo, que realmente funcionou. Filmaram: ficaram tão empolgados com a descoberta que começaram a inscrever o projeto em feiras de ciências pelo Brasil todo.
Conseguiram uma vaga na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia, no Rio Grande do Sul. O problema era chegar até lá. Um amigo, comovido com a história, que resolveu ajudar.
“Eu não poderia ficar de fora. Tinha que dar uma força”, conta Joel Silva Santos.
Em Novo Hamburgo (RS), eles apresentaram o projeto, que foi eleito um dos melhores. Por isso, ganharam uma viagem para os Estados Unidos, para participar de uma das maiores feiras de ciências do mundo.
“Fiquei paralisada, não conseguia sair da cadeira”, diz Elizabete.
Mas logo a euforia acabou. Os Estados Unidos estavam mais longe do que eles imaginavam. Uma empresa disse que ia pagar as passagens, mas do resto eles teriam que cuidar.
“Visto, você vai ter que correr atrás, passaporte, você vai ter que correr atrás. E aí eu perguntava: como é que eu vou fazer isso?”, lembra.
De volta a Laranjal do Jari, fizeram o que puderam: bolo em casa para vender na praça: “Dizia para os meus alunos: prometo para vocês que vocês irão, pode ser até que eu não vá, mas vocês irão”.
E ainda havia a barreira da língua. Elizabete tirou do próprio bolso o dinheiro para pagar aulas de inglês para todos. Mas só podia pagar dois meses do curso. A solução foi encontrada por um professor.
Ele traduziu para o inglês a apresentação do projeto, palavra por palavra. E depois, gravou no celular de cada um para que eles pudessem praticar em qualquer lugar.
Na semana passada, eles estavam com o texto decorado em Pittsburgh, na Pensilvânia. Eles ganharam medalhas, um diploma da marinha americana. E um exemplo pra vida.
“Sempre diziam ‘desistam, isso aqui não é para vocês’. E ela sempre nos incentivando, dizendo ‘não desistam, sigam o sonho de vocês’. Eu não tinha noção da profissão que queria seguir, mas depois de conhecer ela eu disse: quero ser professor”, Adymailson dos Santos.
A primeira distância Elizabete atravessou aos 6 anos. Foi de balsa, do Pará, onde nasceu, para o Amapá, cidade de Laranjal do Jari. Foi atrás de um sonho.
“O pessoal diz assim: ‘por que você não sonhou com outra coisa?’ Eu digo não. É meu sonho desde criança. Eu já nasci e eu já dizia para minha mãe que eu queria ser professora. É só o que sei fazer”, diz a professora Elizabete Rodrigues.
Desde pequena, para ir à escola, ela passava pelo bairro das Malvinas. Não sabia que aquele bairro a levaria mais longe do que imaginava.
Uma parte da cidade nasceu quando uma fábrica abriu e os trabalhadores acharam que o melhor lugar para morar seria na beira do rio. Eles construíram um bairro inteiro sobre palafitas e casas que ou não tem parede de fundo ou têm um janelão que intensifica o contato com a natureza. Só que não demorou muito para que essa natureza reclamasse a ocupação desordenada. Hoje cerca de 20 mil pessoas vivem na região. São gerações e gerações de famílias em constante estado de alerta.
Sem coleta de lixo, ele fica por ali mesmo. E, quando chove, é difícil de a água escoar.Todo ano, final de abril começo de maio, há enchentes. E, quando abre o sol nas Malvinas, o problema é outro: incêndios. As casas são muito coladas, todas de madeira. Quando acontece um acidente elétrico, ou vaza gás, o fogo se alastra rápido.
Enchentes e incêndios. Foi sempre assim. Desde quando Elizabete estava na escola até quando passou no vestibular para matemática, quando finalmente se tornou professora da mesma escola em que estudou quando criança, ela começou a ter ainda mais contato com o povo ribeirinho.
“Sempre que acontecem grandes e pequenas enchentes eles tiram as pessoas lá da parte baixa e a escola acaba sendo abrigo para eles”, conta a professora.
Elizabete resolveu então tocar um projeto. Juntou três alunos e, com questionários, foram saber quais as principais dificuldades que viviam o povo das Malvinas.
“Constatamos que as pessoas não querem sair de lá muitos motivos. Já que eles não querem sair, resolvemos amenizar a situação deles”, relata.
No quintal de casa eles inventaram uma engenhoca que poderia diminuir enchentes e incêndios. É um biodigestor. Um recipiente lacrado, feito com duas caixas d´agua. Encheram de lixo e esgoto.
“Durante cerca de 15 a 25 dias, ele produziria o gás metano, e esse gás seria distribuído através de tubulações pra população”, explica o estudante Adymailson dos Santos.
Eles fizeram o esquema no computador. E testaram um modelo, que realmente funcionou. Filmaram: ficaram tão empolgados com a descoberta que começaram a inscrever o projeto em feiras de ciências pelo Brasil todo.
Conseguiram uma vaga na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia, no Rio Grande do Sul. O problema era chegar até lá. Um amigo, comovido com a história, que resolveu ajudar.
“Eu não poderia ficar de fora. Tinha que dar uma força”, conta Joel Silva Santos.
Em Novo Hamburgo (RS), eles apresentaram o projeto, que foi eleito um dos melhores. Por isso, ganharam uma viagem para os Estados Unidos, para participar de uma das maiores feiras de ciências do mundo.
“Fiquei paralisada, não conseguia sair da cadeira”, diz Elizabete.
Mas logo a euforia acabou. Os Estados Unidos estavam mais longe do que eles imaginavam. Uma empresa disse que ia pagar as passagens, mas do resto eles teriam que cuidar.
“Visto, você vai ter que correr atrás, passaporte, você vai ter que correr atrás. E aí eu perguntava: como é que eu vou fazer isso?”, lembra.
De volta a Laranjal do Jari, fizeram o que puderam: bolo em casa para vender na praça: “Dizia para os meus alunos: prometo para vocês que vocês irão, pode ser até que eu não vá, mas vocês irão”.
E ainda havia a barreira da língua. Elizabete tirou do próprio bolso o dinheiro para pagar aulas de inglês para todos. Mas só podia pagar dois meses do curso. A solução foi encontrada por um professor.
Ele traduziu para o inglês a apresentação do projeto, palavra por palavra. E depois, gravou no celular de cada um para que eles pudessem praticar em qualquer lugar.
Na semana passada, eles estavam com o texto decorado em Pittsburgh, na Pensilvânia. Eles ganharam medalhas, um diploma da marinha americana. E um exemplo pra vida.
“Sempre diziam ‘desistam, isso aqui não é para vocês’. E ela sempre nos incentivando, dizendo ‘não desistam, sigam o sonho de vocês’. Eu não tinha noção da profissão que queria seguir, mas depois de conhecer ela eu disse: quero ser professor”, Adymailson dos Santos.
Fonte: fantastico.globo.com
Professora e alunos da equipe BioJari, projeto que foi apresentado nos EUA.
Foto: jarinews.wordpress.com
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que não foram exibidas no Fantástico). |