Vídeo apresentado pela TV-AP, em dezembro de 2011, sobre o Curiaú. A reportagem fez parte da série Fala Comunidade, apresentada no programa Amazônia TV.
Apresentação do Amazônia TV: Seles Nafes
Reportagens: Worchielly Costa / Gilberto Pimentel
São pontos abordados:
1º programa: Informações gerais
"O Curiaú é a cara de Macapá! Não tem como falar de Macapá sem lembrar da nossa comunidade mais famosa. Área de Proteção Ambiental (APA) em terras de tradições seculares, o lugar se transformou em um dos mais belos cartões postais do Estado. Os relatos de moradores mais antigos, as belezas e curiosidades do Curiaú no Fala Comunidade." (Sele Nafes)
A comunidade do Curiaú distancia-se 12 km do centro de Macapá, uma distância percorrida em poucos minutos até a rodovia AP-70, que serve de entrada para a vila.
Até a década de 1960 os moradores do Curiáu viviam sem energia elétrica. Quando essa realidade difícil foi vencida, foram construídos Posto de Saúde e a escola de ensino fundamental.
Foi a primeira comunidade do Estado a ser oficialmente reconhecida como área remanescente de quilombo em 1999.
A APA do Curiaú, criada para proteger e conservar os recursos naturais, foi formada por 04 comunidades: Curralinho (em processo de reconhecimento como área quilombola), Casa Grande, Curiaú de Dentro e Curiaú de Fora. Ao todo são mais de 1.600 habitantes.
O Curiaú é lembrado também pela devoção religiosa a São Joaquim, padroeiro da comunidade. Além de orações, tem uma festa movimentada com o marabaixo, ladainhas e folia.
A comunidade trabalha para conservar as tradições. O grupo Raízes do Bolão transmite às novas gerações os valores do marabaixo.
2º Programa: Principais problemas
"A palavra tranquilidade, ao longo dos anos, vem sendo eliminada do dicionário dos moradores e vizitantes. As festas de aparelhagens tiram o sossego e provocam outro problema, acidentes de trânsito, influenciados pelo consumo de álcool na rodovia AP-70." (Seles Nafes)
O problema da poluição sonora no Curiaú começou há cerca de 16 anos quando casas noturnas do local iniciaram a realização de festas durante a semana. De lá pra cá, a Associação de Moradores começou uma briga com os donos de estabelecimentos, que foi parar na justiça. O problema afeta até quem mora mais afastado do barulho. Moradores afirmam estarem sendo afetados na saúde e na perda de noites de sono. Segundo a Associação de Moradores, como a área é remanescente de quilombo, a SEMA só deveria liberar a licença de funcionamento dos estabelecimentos depois de autorização da associação.
Os moradores também se preocupam com o alto índice de acidentes na rodovia AP-70, em 2011 foram 04 mortes, por causas de embriaguez ou abuso da velocidade, sem falar das colisões com animais na pista (no segundo semestre de 2011 foram quatro acidentes dessa natureza e uma morreu).
Os serviços de saúde são outro alvo de reclamação em função do aumento da população. O Posto de Saúde não estaria atendendo as necessidades dos moradores.
Há deficiência também no serviço de esgoto sanitário e água tratada, até hoje a população continua sem contar com esses serviços básicos, sendo comum a utilização de poços amazonas.
Apesar da pequena população, os moradores reclamam ainda dos altos índices de assaltos.
A última queixa é da invasão urbana que a vila vem sofrendo nos últimos anos.
3º Programa: A comunidade e suas reivindicações no programa ao vivo
O Batalhão Ambiental foi informado e cobrado sobre os abusos da poluição sonora e fluxo de animais na rodovia (causa de acidentes).
Dona Esmeraldina fala do descarte de lixo na localidade, muitos têm transformado as margens da rodovia em lixeira.
É reivindicada também a organização no sistema de transportes urbanos para a localidade (ocorre muita demora dos ônibus).
O Curiaú oferece um amplo campo de pesquisas no âmbito histórico, ambiental, turístico e cultural. A Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá dispõe de material para pesquisas, principalmente, de cunho ambiental (a APA do Curiaú constitui-se em uma das 05 unidades de conservação de jurisdição estadual, pela SEMA-AP).
Alguns dos materiais disponíveis para consultas são:
Publicação da SEMA-AP com um estudo sócio-econômico-ambiental da região. Constitui-se em um instrumento de gestão de unidades de conservação que serve de suporte para tomada de decisão da comunidade e do poder público sobre a ocupação e uso da área e dos recursos naturais. Foi elaborado com a participação de técnicos, pesquisadores e moradores das comunidades locais. Apresenta 220 páginas e foi publicado em 2010.
"Curiaú: a resistência de um povo"
"Apa do Rio Curiaú: Planejamento e Zoneamento"
Este livro complementa o Plano de Manejo mencionado e visa contribuir no ordenamento territorial da unidade de conservação, definindo as ações que orientem ou direcionem o desenvolvimento e a proteção de certas áreas - propostas que sejam condizentes com as diretrizes de sustentabiblidade ambiental. Foi publicado em 2010 e tem 80 páginas."Curiaú: a resistência de um povo"
Livro de Sebastião Menezes da Silva que tem por objetivo resgatar a história do povo do Curiaú, desde a sua formação até os dias atuais. O autor procura, de uma forma bem simples, resgatar fatos verídicos da comunidade e fazer uma viagem através do tempo, descrevendo a vida de um povo que vem resistindo e conservando a sua cultura. Encontramos informações diversas como: festas, costumes, conflitos, fatos engraçados, etc. Tem 98 páginas e foi lançado em 2004.
Publicação de Esmeraldina dos Santos sobre seus antepassados. Trata-se de um trabalho pequeno, feito com naturalidade, talento e profundo amor da autora pelas pessoas e lugares que descreve. São memórias de resgate da história de um povo. Entre os fatos interessantes, a origem do nome Curiaú. Segundo a autora, os primeiros moradores consideravam o lugar bom para se "criar" boi, chamados de "u" (alusão ao mugido). O Criaú evoluiu então para a forma atual de Curiaú. Histórias na obra, que tem 40 páginas e foi publicada em 2002.
OBS: Esmeraldina dos Santos é autora também de livro infantil, baseado em suas lembranças (Veja aqui).
Estas obras estão no acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá, que não se limita a estes materiais sobre o Curiaú.No Amapá é notório que, anualmente, muita coisa de cunho científico é produzida, não sendo, porém, conhecida pela sociedade. Fica aqui um informal convite aos estudiosos, acadêmicos e pesquisadores em geral nestas terras amapaenses, se quiserem, o encaminhamento de material de pesquisas ao acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá será muito bem-vindo. Uma forma de enriquecer o acervo de nossa Biblioteca Ambiental, divulgar o trabalho e contribuir para a formação de uma memória científica mais abrangente.
"O mundo é um belo livro, mas com pouca utilidade
para quem não sabe ler."
(Carlo Goldoni)
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