"A volta por cima", de Wilson Tadeu, é, de certa forma, o contraponto ao artigo de
jornal "A volta por baixo", em que o órgão de
imprensa do Sul procurava desmerecer o Estado do Amapá e José
Sarney no processo eleitoral que culminou em sua eleição ao Senado
Federal em 1990. O autor traz uma visão jornalística dessa trajetória.
(Apresentação do livro)
A obra busca a valorização da história regional, com a premissa de
descobertas interessantes e importantes em páginas esquecidas na
sociedade, tendo um discurso de aprendizagem e inspiração para a
atualidade. Nessa proposta, inicia com três textos instigantes sobre o
Amapá:
"O descobrimento do Amazonas em 1499" faz referências a expedição de
Américo Vespúcio, que passou pela costa amapaense e registrou o fato em
uma carta a Lorenzo di Pier Francesco de Médice (documento guardado na
Biblioteca Pública de Nova Iorque), sugestionando a descoberta do
Brasil pelo litoral amapaense. E a história do descobrimento se repetiu
também com Vicente Pinzon, que teria feito expedição no mesmo litoral em
janeiro de 1500. Não é surpreendente que o Amapá poderia, de fato e
direito, ser considerado o primeiro ponto de avistamento das terras
brasileiras! Enfim, os navegadores eram espanhóis e a pompa ficou para o
português Cabral em sua mega e badalada expedição.
"Um brasileiro não se rende a bandidos" é um texto descrito com
entusiasmo heroico sobre Cabralzinho. Mostra uma visão geral dos fatos segundo a história formal.
Surpreendente também o grau de esquecimento nacional sobre o episódio,
pois Cabralzinho deveria figurar entre os grandes vultos brasileiros, por sua
história e eventos impactantes. Divagando um pouco, não sei como o
cinema nacional não descobriu ainda os episódios
ocorridos em Amapá, que colocaram frente a frente brasileiros e um
exército francês em um dos mais sangrentos e lamentáveis embate nas
fronteiras. Trágico, heroico e fundamental para o estabelecimento da soberania nacional na região.
Resguardando-se a importância e contexto, mais eloquente e de maior participação popular que o de Tiradentes. Imagina o capitão Lunier levando um rabo-de-arraia do baixinho invocado, bom de capoeira, Veiga Cabral...
"Somos todos hermanos" aborda a passagem do presidente argentino, Juan
Domingo Perón, em 1955, pela base aérea no Amapá, quando estava a
caminho do exílio.
Esses foram os aspectos que gostei na obra. Os textos são sucintos e interessantes, mesmo que tenham sido apenas ilustrações para as pretensões do autor.
O fato mais relevante e inspirador a Wilson Tadeu refere-se à visão
jornalística da vinda e estabelecimento de José Sarney no cenário
político amapaense. Fato que se concretizou em 1990, quando teve seu
primeiro mandato como senador, recebendo a expressiva aprovação
eleitoral de 72%, o maior percentual em todo o território nacional.
Não sou entusiasta sobre a vida política de qualquer indivíduo e meu olhar foi apenas aos fatos referentes a essa trajetória. O livro cita coisas como: a amizade com o governador Jorge Nova da Costa (não são parentes também?); a visita ao Amapá em 1986 (por conta disso, Dona Venina, do Marabaixo, foi citada em um discurso nacional sobre os rumos no Brasil, mas isso é outra história); a transcrição do discurso que fez no município de Oiapoque (naquela ocasião) e outros aspectos políticos dessa fase.
O título refere-se a contrapartida à um artigo publicado por um grande jornal no início dos anos 90, que trazia uma imagem pejorativa com o título de "A volta por baixo". Um texto depreciativo e partidário.
O autor traz também uma visão geral do governo de Jorge Nova da Costa, incluindo sua carta diante do afastamento forçado de seu mandato por manobras políticas.
A obra se apresenta com visão jornalística, mas percebemos uma valorização ideológica também. Citar a visita do Sarney em 1986 como a primeira oficial de um presidente brasileiro ao Amapá é uma valorização equivocada em detrimento de páginas da história que mostram passagens anteriores dos presidentes JK, Castelo Branco e Geisel, por exemplo.
Não sou entusiasta sobre a vida política de qualquer indivíduo e meu olhar foi apenas aos fatos referentes a essa trajetória. O livro cita coisas como: a amizade com o governador Jorge Nova da Costa (não são parentes também?); a visita ao Amapá em 1986 (por conta disso, Dona Venina, do Marabaixo, foi citada em um discurso nacional sobre os rumos no Brasil, mas isso é outra história); a transcrição do discurso que fez no município de Oiapoque (naquela ocasião) e outros aspectos políticos dessa fase.
O título refere-se a contrapartida à um artigo publicado por um grande jornal no início dos anos 90, que trazia uma imagem pejorativa com o título de "A volta por baixo". Um texto depreciativo e partidário.
O autor traz também uma visão geral do governo de Jorge Nova da Costa, incluindo sua carta diante do afastamento forçado de seu mandato por manobras políticas.
A obra se apresenta com visão jornalística, mas percebemos uma valorização ideológica também. Citar a visita do Sarney em 1986 como a primeira oficial de um presidente brasileiro ao Amapá é uma valorização equivocada em detrimento de páginas da história que mostram passagens anteriores dos presidentes JK, Castelo Branco e Geisel, por exemplo.
Essa "trajetória", em sua origem, tem seus registros, de entendimento apreciável ou não, assim como revelador ou escuso. Meu olhar é pela história em si, indiscutivelmente importante e, sem qualquer apego ou desapego, é apenas uma descrição do livro. Para consultas, percepções e opiniões próprias, está disponível na Biblioteca Pública Elcy Lacerda.
Páginas: 135
Tema: Amapá/História/Política
Título: A volta por cima
Autor: Wilson Tadeu
Editora: CEJUP
Ano: 2001Autor: Wilson Tadeu
Editora: CEJUP
Páginas: 135
Tema: Amapá/História/Política
Biblioteca
Pública Elcy Lacerda.
Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia
Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia
Macapá - Bairro Central