Uh, sumano! Vamos dar uma espiada na Literatura Paraense. Esse livro foi publicado em Belém, 1987, por Laíses do Amparo Braga. Parece paidégua!
Vigie só...
Informações do livro:
Título: Mariola
Autora: Laíses do Amparo Braga
Editora: Falangola
Ano: 1987
Páginas: 163
Tema: Amazônia/Romance/Questões Sociais
Título: Mariola
Autora: Laíses do Amparo Braga
Editora: Falangola
Ano: 1987
Páginas: 163
Tema: Amazônia/Romance/Questões Sociais
Quem é safo, descreveu assim:"O romance de Laíses mantém a linha do memoralismo documental. São as experiências testemunhadas que detonam o imaginário, criando uma obra que, ilusoriamente, desperta a impressão de acompanhar histórias verídicas. É que Laíses mantém um estilo direto e de grande simplicidade, sem preocupar-se com outros aspectos que não sejam os relativos à fabulação. Também, não há preocupação com os efeitos poéticos ou reflexivos. Nem com a psicologia das personagens.
A narrativa se desdobra mais ao sabor da crônica romanceada, em que os incidentes do cotidiano, os fatos corriqueiros, as impressões imediatas é que são realçados. Diríamos que os personagens caminham à superfície plana das situações. Mesmo os dados sociais e da história regional não marcam caracteres, como seria de se esperar, em romance dessa linha.
O romance de Laíses é romance de escritura feminina. Guarda referência por uma tênue sentimentalidade e empresta sincera e afetuosa emoção aos personagens e acontecimentos. Prefere a presentificação direta dos fatos via linguagem, não raro documentando situações e vocábulos regionais. isto realça o caráter cronístico do romance e mantém interesse na leitura, recompensando o natural desejo de Laíses: repassar ao leitor a sua vivência, por via da criação literária."(Trecho da APRESENTAÇÃO, por João de Jesus Paes Loureiro)
Minha visão foi essa: É uma obra regional, amazônida, publicada nos anos oitenta, que se
inicia de forma idílica e familiar à cultura nortista, mostrando um fim
de tarde com um encontro entre amigos, curtindo um tacacá, em uma cidade
pequena qualquer. Os elementos da natureza se fazem muito presentes e o
contexto descreve uma época sem as vicissitudes ou conquistas da
modernidade. Instiga a imagem de uma praça ou uma orla em encontros
casuais...
O cenário é realmente mais antigo, descrito com um certo romantismo (nem tinha televisão ainda na região), porém, com um olhar reflexivo em sua abordagem. Talvez por isso o nome da cidade onde se inicia a história não seja citada, supondo-se o interior marajoara. Seja no Norte ou outro canto qualquer, a obra tem um tema de amplitude geral e cotidiana, principalmente naqueles tempos: as questões sociais atreladas ao machismo.
O cenário é realmente mais antigo, descrito com um certo romantismo (nem tinha televisão ainda na região), porém, com um olhar reflexivo em sua abordagem. Talvez por isso o nome da cidade onde se inicia a história não seja citada, supondo-se o interior marajoara. Seja no Norte ou outro canto qualquer, a obra tem um tema de amplitude geral e cotidiana, principalmente naqueles tempos: as questões sociais atreladas ao machismo.
A autora provoca essa discussão e o romance tem
uma essência feminina de olhar questionador, protagonizado por
Mariola. Acredito que a inspiração veio de lembranças de Laíses (não
necessariamente suas experiências), inconformismo e desejo de mudanças.
Em linhas gerais, a protagonista é uma jovem carismática, trabalhadora, de espírito independente e desejosa de realizações em seus sonhos de juventude. Muito disso se deve ao fato de ser de família muito carente, orfã de pai, vivendo em uma casa rústica junto com as irmãs Lili, Nita e Gegé, o irmão Biló e a mãe Luzia.
As quatro jovens são distintas em personalidades e tem o mesmo ideal de superação, buscando nos estudos o caminho. A mãe contrasta com um paralelo de mulher de visão tradicional, simplória e conformada, e o caçula Biló fica em um meio termo, influenciado pelo desejo de conquistas das irmãs e a visão da sociedade conservadora e apática.
Em linhas gerais, a protagonista é uma jovem carismática, trabalhadora, de espírito independente e desejosa de realizações em seus sonhos de juventude. Muito disso se deve ao fato de ser de família muito carente, orfã de pai, vivendo em uma casa rústica junto com as irmãs Lili, Nita e Gegé, o irmão Biló e a mãe Luzia.
As quatro jovens são distintas em personalidades e tem o mesmo ideal de superação, buscando nos estudos o caminho. A mãe contrasta com um paralelo de mulher de visão tradicional, simplória e conformada, e o caçula Biló fica em um meio termo, influenciado pelo desejo de conquistas das irmãs e a visão da sociedade conservadora e apática.
Cada um tem seus desdobramentos, mas o foco é Mariola. A jovem tem seus
sonhos interrompidos em um casamento que se revelou ilusório e infeliz,
tendo na violência doméstica um basta para o retorno a seus ideais.
Logicamente, os fatos vão se desenrolar com muita luta diante da
mentalidade retrógrada e machista do marido. Mariola é obrigada a mudar
de cidade com as filhas, diante da perseguição, numa fuga para São
Paulo. Novamente encontra o machismo oportunista de quem cultiva
a visão mulher objeto e enfrenta episódios árduos, de luta vitoriosa
somente para os decididos. Mas o destino lhe sorri e sua vida encontra o
sentido almejado ao trabalhar em uma escola como orientadora sexual,
fruto de seu destaque como mulher batalhadora e questionadora.
Essa é Mariola.
A história não acaba aí e um terceiro homem surge em seu
caminho, com um cruel destino em suas torpes motivações... Mas desse
spoiler me preservo. O livro quer lhe revelar, procure-o.
Posso dizer que gostei da leitura, tem uma simplicidade cativante
(gosto muito da Literatura Nortista e é até redundante reafirmar),
reconhecível em muito do que a gente vê hoje ainda, infelizmente, mesmo
depois de trinta anos dessa publicação.
Para sua apreciação e conclusões, a obra está disponível na
Biblioteca Pública Elcy Lacerda
(Sala da Literatura do Amapá e Amazônia).