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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Pássaros Máquinas no Céu do Amapá (Cassilda Barreto)

Viajar na História é algo surpreendente e curioso pelas coisas que vamos descobrindo (ou tentando entender), se perdendo, se encontrando e até mesmo conjecturando (em minhas leituras é sempre assim). 
Por essas e outras, esse é mais um livro interessante para os amapaenses, sobre a Base Aérea em Amapá (esquecida hoje, outrora de grande importância na cooperação entre Brasil e Estados Unidos, para que os aliados saíssem vitoriosos na Segunda Guerra Mundial). 
A publicação é do ano 2000 e tem como autora a professora Cassilda Barreto. 


Título: Pássaros Máquinas no Céu do Amapá
Autora: Cassilda Barreto
Editora: Edição do Autor

Ano: 2000
Páginas: 200
Tema: História do Amapá / Base Aérea / Segunda Guerra Mundial


A obra tem o Prefácio escrito pelo renomado jornalista Hélio Pennafort, onde se vê um entusiasmo em valorização do livro (talvez o único da época sobre o tema). Acompanhe...

"Alvíssaras! Chega a nós os relatos mais precisos e detalhados que se viu até agora de um dos monumentos históricos mais importantes do Estado: A Base Aérea do Amapá. Melhor ainda por que trazidos pela inteligência da professora-escritora-historiadora Cassilda Barreto, produto humano da melhor qualidade, nascido e criado no Município de Amapá.
Só que o livro da Cassilda não fica restrito à base. Vai mais longe. Juntando seus estudos com o material recolhido durante as peregrinações pelos ministérios, conta pedaços importantes da Segunda Guerra Mundial e o que o Amapá teve a ver com ela, incluindo detalhes que bem poderiam ser explorados em salas de aula.
Entre outras coisas, Cassilda expõe pormenores da varredura do litoral amapaense, decorrência da presença de submarinos por aqui. Conta o que foi a Pannair do Brasil e o papel que desempenhou durante a guerra.
Por demais interessante também é o capítulo que relata o fugaz progresso da pequena cidade do Amapá, com a chegada dos americanos.
Enfim, 'Pássaros Máquinas no Céu do Amapá' pode, tranquilamente, ser colocado na estante dos livros indispensáveis para quem deseja conhecer essa valiosa parte de nossa história contada por quem nasceu no cenário dos acontecimentos.
Resgate de fragmentos do passado, tão necessário para que melhor possamos entender o presente e partir para o futuro com mais confiança e com mais certeza de que tudo pode ser melhor."
(Hélio Pennafort - Prefácio).

 Sumário e ilustração da página 41

Registro no Skoob
A maior parte do livro disserta sobre a guerra como um todo e não, especificamente, sobre a Base Aérea em Amapá. O contexto abordado mostra a ascensão do Hitler, o cenário político-econômico mundial e a a inserção do Brasil nesse meio. 
O que me chamou mais atenção foi a abordagem da pressão que o Brasil sofreu para entrar na guerra. Havia, e é mais conhecida, a questão da revolta que a população teve em relação ao torpedeamento alemão contra várias embarcações brasileiras (em nossa costa e em outros continentes), porém, o que não é tão alardeado, foi o plano arquitetado pelos Estados Unidos de invadir o país, que serviu como instrumento político de pressão e colocou-nos sob a influência e dependência político-econômica dos norte-americanos.
A abordagem sobre a base aérea, apesar de limitada, é muito interessante, cheia de curiosidades e de grande importância pelo impacto e influência na região. É outro ponto de destaque no livro. O principal.
Nesse aspecto, a autora fala sobre:
- os zepelins (transitaram por pouco tempo, cerca de um ano, e faziam um patrulhamento da costa similar aos atuais helicópteros, com observações e apoio às embarcações contra submarinos);
- sobre o cotidiano na base (um mundo em paralelo à realidade amazônida, contando com cassino e suas peculiaridades, e um padrão de qualidade que era novidade até em simples coisas, como o sorvete para os moradores da região, além de estimular o comércio local);
- a construção da base (que se deu de forma secreta, estimulando o imaginário popular);
- e da questão estratégica (tráfego aéreo e de aspectos bélicos).
A obra é uma das poucas, talvez a mais importante na região sobre pormenores da Base Aérea em Amapá. Por isso de relevância fundamental para estudos e apreciação.
Percebemos esforços da autora em socializar as pesquisas nessa edição independente, o que é muito louvável, mas teria sido legal também um pouco mais sobre a questão geográfica em ilustrações, ou ainda, impressões populares remanescentes dessa história (não é o foco do livro, mais é um segmento que muito me instiga). Não mereceria um olhar "amazônida" as nave balões em Amapá ou os submarinos alemães na Ilha de Santana? Até hoje sãos lendas fantásticas na visão do caboclo (ou seriam fatos reais - refiro-me ao conteúdo de boca em boca). Ecos de mistérios e imprecisões no imaginário... 
No fim das contas, a obra é um registro valoroso da História do Amapá, para estudos e descobertas.
Já falei? Ah, sim! É mais uma obra que está à disposição na...

Biblioteca Pública Elcy Lacerda
Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia 
Macapá - Bairro Central

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