As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Macapacarana (Giselda Laporta Nicolelis)

Mais um da literatura infantojuvenil. Não duvide que esse meio tem muita coisa legal e instigante. Espia só! "Macapacarana", de Giselda Laporta Nicolelis, já foi tema de estudo acadêmico e traz um olhar sobre Macapá de trinta anos atrás.
Romário Duarte Sanches assim o descreveu em sua pesquisa para a UNIFAP:
"O livro paradidático Macapacarana da autora Giselda Laporta Nicolelis, é dividido em 24 capítulos e conta a história do menino Gerson Luiz de 16 anos, que nasce no Paraná, mora em Curitiba, Porto Alegre, São Paulo e Macapá. Nesse vai e vem de sua vida Gerson se depara com várias culturas em que algumas chegaram a lhe inferir o choque cultural.
Desta forma, Macapacarana torna-se uma proposta didática a difusão cultural, pois nele encontramos as culturas, que são mais do que simples relatos de um menino ou uma história fictícia, mas sim podendo retratar as identidades de um povo, provocando ao leitor olhares diferenciado a partir do seu lugar social, levando-o a várias formas de pensar e ver a realidade nos fazendo mudar nossa maneira de ver as outras culturas, e enfim chegar a um processo de relativização, compreendendo e respeitando as culturas que nos rodeiam." (Trecho do artigo acadêmico que pode ser conferido NESTE LINK)

Giselda Laporta Nicolelis nasceu em São Paulo (1938), teve sua primeira história publicada em 1972 e o primeiro livro em 1974, destacando-se na literatura infantil e infantojuvenil. Sua obra abrange mais de 100 publicações, com centenas de edições e exemplares vendidos. Entre suas premiações está o APCA/1981 (da Associação de Críticos de Arte, do Estado de São Paulo, de Literatura Juvenil) e o Prêmio Jabuti/1985 (da Câmara Brasileira do Livro). Muitas de suas obras abordam temas que ajudam a combater o preconceito. O que descobrimos nesse livro (Fonte: SKOOB)
Informações do livro:  
Título: Macapacarana 
Autor: Giselda Laporta Nicolelis
Editora: Atual 
Ano: 1982 (1ª Edição) / 1988 (25ª Edição) 
Páginas: 148 (25ª Edição) 
Tema: Literatura Infantojuvenil 
ISBN: 85-7056-030-3

Registro no SKOOB

A obra despertou minha atenção por ter sido publicada na década de oitenta por uma escritora paulista. Não se propõem a ser um livro histórico, é uma literatura infantojuvenil, mas em muitos aspectos retrata a Macapá dos tempos do Território Federal do Amapá.
Há alguns exageros, impressões de quem visita a terra pela primeira vez, e de certas particularidades não gostei (como o Curiaú sendo lugar de miséria e tristeza, e uma tal hora da sesta, em que todo mundo larga tudo para dormir e a cidade assim para). 

Faltou mesmo, indispensável, citar a linha do Equador e o nosso  açaí, tão presentes na identidade amapaense.
Na obra vemos o choque cultural de um garoto, migrante do sul, com seu processo de descobertas e familiarização, acostumado com outra rotina e com uma visão estereotipada do Norte. A mudança para Macapá ocorreu para acompanhar os pais, que eram donos de um garimpo, e a história, narrada em primeira pessoa, é recheada de observações e contrastes, fazendo com que o garoto descubra e valorize coisas que até então sequer imaginava. 

A realidade do garimpo, a busca por riqueza a todo custo, a devastação do ambiente e a desvalorização do indígena enquanto cidadão e dono da terra são pontos apresentados, em descrições e em conversas com personagens que encontra.
Referindo-se ao título, "Macapacarana" é uma mistura de Macapá com Pacarana (roedor parecido com a paca, porém, mais robusto e com cauda). Uma alusão a uma localidade fortemente marcada pela presença da natureza em suas impressões.
Um bom livro, que proporciona uma interessante e agradável leitura. Assim foi a minha.


E é mais um do acervo da Biblioteca Pública Elcy Lacerda
que a galera de Macapá encontra na  
Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O Chapéu do Boto e o Bicho Folharal (Antonio Juraci Siqueira)

Cordel, lendas e Amazônia. Três temas que aprecio muito e estão reunidas nessa obra em uma abordagem divertida e facilitadora de leitura rápida. O autor, Antonio Juraci Siqueira, é paraense, marajoara de Cajary (Afuá), Licenciado em Filosofia pela UFPA e tem mais de 80 publicações (entre cordel, contos, poesia, crônicas e literatura infantil). Muitas de suas obras são premiadas em âmbito local e nacional, citando-se: o Concurso de Poesia Popular da UBT-Maranguape/CE (2009) e o  Mais Cultura em Literatura de Cordel (2010) - Edição “Patativa do Assaré” (premiações relacionadas ao texto "O chapéu do boto").
Essa edição foi publicada pela Paka-Tatu (2012), com ilustrações em  xilogravura de Ararê Marrocos e apresentação de  Roberto de Carvalho. Vamos encontrar duas  histórias nos característicos tons jocosos e melodramáticos da Literatura de Cordel.  

"O chapeu do boto" já diz a que veio no título, brincando com a sedução dos contos do Uiara. Essas narrativas costumam destacar a boêmia, encanto e artimanhas, Amazônia adentro, evidenciando um certo humor. Vemos isso, mas a história é conduzida em forma de drama, onde o boto tem que lidar com uma revolta por suas peripécias. Algo novo nesse misticismo é a introdução de elementos relacionados a indumentária do famigerado, que remete-se a outros seres dos rios. Isso nunca tinha visto. Esse é o contexto geral e a obra é uma valorização desses causos aos apreciadores. 

"O Bicho Folharal" é mais divertido e mostra uma história na floresta com um embate entre o macaco e a onça. Um paralelo entre esperteza e brabeza afoita.

 
 Xilogravuras de Ararê Marrocos
Informações do livro: 
Título: O Chapéu do Boto e o Bicho Folharal
Autor: Antonio Juraci Siqueira
Ilustrador: Ararê Marrocos
Editora:Paka-Tatu
ISBN: 978-85-7803-104-6
Ano: 2012
Páginas: 40
Tema: Cordel / Folclore / Amazônia
Composição em setilhas no esquema em rimas xaxabba

Juraci Siqueira incluiu também informes interessantes sobre a história do cordel no Norte e, para buscas futuras, transcrevo algumas das obras relevantes desse contexto:
"História completa de Severa Romana" (anônimo): um dos cordéis pioneiros em Belém, em 1946;
"Os cabras de Quintino", "As proezas do fantástico Pé-de-pano" e "A história do gato Mocotó" (de Adalto Alcântara Monteiro): cordelista citado pelo autor como o mais destacado no Pará;
"Oxente Bichinho, mercúrio não!" e "Belo Monte, o Belo de Destruir" (de João de Castro):  caracterizados pelas causas sociais;
"Um amor de São João" e "Grávida" (de Heliana Barriga):  referenciada por Juraci Siqueira como a maior cordelista paraense.
Aproveito o embalo nortista e cito um cordel histórico no Amapá: "Incoerência Humana - Naufrágio do Novo Amapá", de Francisco Hermes Colares (2002). A abordagem é impactante e emotiva sobre o naufrágio no rio Cajari em 1981 (considerado o maior da Amazônia). É um livro raro e talvez disponibilize no blog.

Eita, suprimo! Para os amantes de cordel, em Macapá, taí uma obra paidégua da literatura nortista. E está disponível para leituras na Biblioteca Pública Elcy Lacerda (Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia).

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Rio Acima, Mar Abaixo (Rogério Andrade Barbosa)

Olha, mano! Mais uma obra sobre o Amapá! Um livrinho para a garotada, inspirado em uma viagem pelas bandas de cá. O escritor Rogério Andrade Barbosa entrou em contato com o folclore e lendas locais e, a partir dessas pesquisas e conversas informais, fez uma abordagem mítica sobre o Marabaixo e Pororoca, elementos representativos da cultura e do cenário amapaense. 
A obra é direcionada ao público infantojuvenil, foi ilustrada por Nelson Cruz e mostra o velho Julião contando histórias sobre o quilombo e sobre a Amazônia para uma garotada alvoroçada por descobertas e aventuras.


Informações do livro: 
Título: Rio acima, Mar abaixo
Autor: Rogério Andrade Barbosa
Ilustrador: Nelson Cruz
Editora: Melhoramentos
ISBN: 978-85-06-05994-4
Ano: 2005
Páginas: 24
Tema: Amapá / Literatura Infantojuvenil / Folclore


Registro no SKOOB

Interessante quando escritores de outros cantos tem um olhar voltado para o Amapá. Algumas vezes dão uma bola fora grande por acompanharem o estereótipo estabelecido na visão alienada, cotidiano na cultura geral, mas encontramos também obras bacanas.
"Rio acima, Mar abaixo" está legal. A abordagem é infantojuvenil e traz uma apresentação singela da cultura do Marabaixo em seu mais conhecido reduto no Amapá: a Comunidade Quilombola do Curiaú. Faço a ressalva de que a visão é romanceada, remetendo a outros tempos, superados hoje pela modernidade.
Gostei porque o autor teve uma percepção em elementos cotidianos e históricos dessa cultura, falando de coisas como a associação com a Páscoa e Divino Espírito Santo, a murta, os tambores característicos, os versos de improviso chamados de "ladrões", a gengibirra, uma lenda associada à pororoca e até no nome do contador de histórias - pois Julião (Ramos) foi uma das mais importantes personalidades na divulgação e organização do Marabaixo no início do século XX. A personagem do livro é uma homenagem ao verdadeiro Julião.
A narrativa é simples e mostra o velho Julião contand
o  histórias como a lenda da pororoca e, nesse andar, vemos também a cultura do Marabaixo.
Essa obra deveria ser mais conhecida pela garotada nas escolas de minha terra. Parabéns ao autor pela valorização e divulgação das coisas de cá!


Sugestão para consultas: 
O Pioneiro e Grande Líder: Julião Tomaz Ramos
 
A visão é idílica (Ilustração de Nelson Cruz)
Página sobre o autor
Em Macapá, está disponível para consultas 
na Biblioteca Pública Elcy Lacerda 
(Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Amapaisagens (Hélio Pennafort)

Tenho encontrado coisas interessantes nas bibliotecas em Macapá e esse ano quero dar maior atenção a elas. 
"Amapaisagens" é uma dessas descobertas. A obra foi publicada por Hélio Pennafort em 1992 e  apresenta relatos sobre a capital e interior do Amapá em seu início como Estado, através de contos e memórias de viagens do autor. Impressões sociológicas e ambientais que nos fazem lembrar de outro livro importante, "Amapacanto", de Álvaro da Cunha (marco da Literatura Amapaense com um texto encantado pelo Amapá, nos idos pioneiros de Território Federal). As obras são parecidas em alguns aspectos.  

"Amapaisagens" é celebrada também pelo texto "O Caboclo" .

 O CABOCLO

O caboclo é capaz de remar horas a fio pela sinuosidade dos igarapés sem parar o remo, nem quando pega um remanso a favor.

O caboclo é inteligente a ponto de saber o momento certo de zagaiar o tucunaré, valendo-se, apenas, do rebujo do lago.

O caboclo é suficientemente sagaz para descobrira posiçãodo caranguejo escondido no lamaçal e defender a mão do aperto das unhas do bicho.

O caboclo é competente para dirigir uma embarcação nas agitadas marés da costa Norte, em plena escuridão, sem precisar de bússolas, ecobatímetros e radares.

O caboclo é mestre na estrovação do anzol e na preparação da malhadeira, instrumentos que facilitam a sobrevivência na beira dos rios.

O caboclo é exímio dançarino e tem resistência para ficar rodopiando com a dama a noite toda, num salão de paxiúba.

O caboclo arma seu matapí com uma paciência fora do comum e, quando coloca a última tala, ainda abre aquele sorriso que é só felicidade.

O caboclo sabe distinguir o olho da paca, do veado, da onça, e qualquer bicho, quando se aventura em caçadas noturnas nas grimpas solitárias dos pequenos riachos.

O caboclo sabe dedilhar viola, cantar seresta e dizer à cabocla amada que "a última vez que eu te beijei, me alembro claramente que era noite de luar".

O caboclo é bom de porrada, e o seu jeito de brigar ainda é aquele de meter a cabeça nas pernas do cara e jogar o corpo para cima.

O caboclo é humano, pacífico e explode de carinhos, ao entalar uma asa quebrada do jacamim de estimação.

O caboclo é respeitador e, se mexer com a moça alheia, casa logo.

O caboclo é bom de cana, nem cospe, e ainda lambe os beiços depois de empurrar meiota pelo gargalo de uma só vez.

O caboclo é crente, acostumado a rezar, e tufa o peito de fé quando aconselha na ladaínha do padroeiro que "um rosário de Maria / quem rezar com devoção / não morre sem sacramento / nem também sem confissão / assim disse Jesus Cristo / quando encontrou com Adão".

O caboclo é esperto e, se está perdido no mato, bate no tronco da sapopema para ser achado.

O caboclo tem um jeito próprio de assoviar que chama o vento, quando a calmaria no litoral não empurra sua pesqueira para a frente.

O caboclo é objetivo e se vê alguém bestando com uma mulher é capaz de dar como conselho um ..."trepa logo!".

O caboclo é apegado a tudo quanto é crendice e superstição e sempre se deu bem com isso.

O caboclo é arteiro. Acende um cigarro porronca no meio da ventania fazendo uma concha protetora com a mão esquerda, metendo o palito por baixo.

O caboclo tem pronúncia própria e, no embaralhamento sonoro das letras, troca o coeficiente pelo cueficiente.

O caboclo arma poesias sempre enaltecendo suas coisas, como a "cabeça da gurijuba / que é bom pra chuchu / mocotó de caranguejo / este antão abafu / e o trapiche da Vigia / bão! este que não é pitiú".

O caboclo é pávulo e, quando sai de uma festa, gosta de ver sua camisa branca suja de batom vermelho.

O caboclo não tem nada de besta e sabe que o que a mulher gosta, mesmo, é de muito caquiado, no embalar da rede.

O caboclo faz parte da Amazônia. Como o açaí, o boto, o tucunaré e a cobra grande.
Helio Pennafort e caboclos amapaenses (Foto retirada do livro)
Informações do livro:
Título: Amapaisagens
Autor: Hélio Pennafort
Editora: Imprensa Oficial Amapá
Ano: 1992
Páginas: 81
Tema: Amapá / Contos / Memórias


Registro no SKOOB

Um dos primeiros livros publicado no recém criado Estado do Amapá, com impressões diversas da terra, por Hélio Pennafort, resultantes de viagens, histórias vividas, causos e informações de suas pesquisas enquanto jornalista.
Os textos são interessantes pela reconstituição de um cenário e época que foram gradativamente modificados pelo tempo com suas influências e desdobramentos culturais. Observamos isso nas descrições sobre o Oiapoque, Amapá e Calçoene.
Pennafort costuma ser celebrado pelas descrições de cunho ambiental e sociológico, o que se observa em muitos textos do livro, mas essa obra prende-se mais a sua memória afetiva. A maioria das viagens descritas tem um tom aventureiro com ênfase a situações inusitadas relacionadas a vida de boêmia. Particularmente, gostei dos textos mais atentos à história da região, vendo-se uma abordagem jornalística em: "A saga dos brasileiros em Cayenne" (revelador de uma realidade sofrida e corriqueira ainda existente) e "O exército em Oiapoque" (sobre a formação da colônia militar em Clevelândia em um relato sucinto e interessante). Relacionados à Macapá, me chamaram mais atenção:  "Revolução no Amapá" (sobre um certo movimento político nos anos 60 em que ocorreu um desencontro entre os governos territorial e federal no estabelecimento da ditadura, vendo-se manobras pelo poder) e "A Banca do Dorimar" (descrição de um cotidiano romântico na cidade que o tempo vai superando com suas imposições).
O livro é marcado e lembrado pelo texto "O caboclo", que traz uma visão poética, cultural e romantizada do caboclo da Amazônia, em uma impressão idílica em muito ultrapassada hoje pela modernidade.
"Amapaisagens" é assim, caracterizado pelo encontro com uma região bonita e rica em histórias.  


Perfil do Autor e Sumário do livro
Hélio Pennafort faleceu em 2001 e, nesse mesmo ano, foi homenageado
 como patrono da Biblioteca SESC Araxá, em Macapá.
Sugestões para pesquisas sobre o autor:

Está disponível para consultas na Biblioteca Pública Elcy Lacerda 
(Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Adoração Central (Por Amor)

Graças a Deus por mais um ano! Em 2015 fomos abençoados e, aos amigos que eventualmente dão uma olhada neste blog, um pequeno parecer. Há cerca de dois anos sempre deixava como postagem inicial um texto sobre a busca de uma pessoa desaparecida desde 1985. A história teve seu desfecho e revelou-se aos parentes em desdobramentos alegres e outros que, apesar de tristes, puseram fim a uma busca e aflição de muitos anos. Fico satisfeito pela participação nesta caminhada e alegre em Cristo por ser essa a segunda pessoa auxiliada e bem sucedida, neste sentido, através deste canal.


Por amor
Com seu sangue nos comprou
Por amor
Com seu sangue nos salvou

Foi por amor que Jesus, o Rei
Se entregou por nós
Crucificado, Jesus venceu
E nos resgatou

Com seu sangue puro
Jesus me libertou
Hoje limpo estou
Agradeço por seu amor
Livre estou

Por amor
Com seu sangue nos comprou
Por amor
Com seu sangue nos salvou

Crucificado, Jesus venceu
E nos resgatou

Com seu sangue puro
Jesus me libertou
Hoje limpo estou
Agradeço por seu amor
Livre estou

Por amor
Com seu sangue nos comprou
Por amor
Com seu sangue nos lavou
Por amor
Com seu sangue nos limpou
Por amor
Com seu sangue nos salvou

Com as mãos para o céu
Aplaudir, celebrar
Vou pular e dançar
Tudo em mim celebra
O seu grande amor

Com as mãos para o céu
Aplaudir, celebrar
Vou pular e dançar
Tudo em mim celebra
O seu grande amor

Com as mãos para o céu
Aplaudir, celebrar
Vou pular e dançar
Tudo em mim celebra
O seu grande amor

Por amor
Com seu sangue nos comprou
Por amor
Com seu sangue nos lavou
Por amor
Com seu sangue nos limpou
Por amor
Com seu sangue nos salvou

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Revista ICOMI Notícias Nº 13 (1965)

Olha aí, meu povo! Mais uma edição da ICOMI Notícias para os colecionadores de plantão. A revista foi publicada em janeiro de 1965 e comemorou o oitavo ano de instalação da ICOMI no Amapá (oficialmente inaugurada com o primeiro carregamento de manganês no Porto de Santana, em janeiro de 1957). A companhia era celebrada como uma das principais supridoras do minério no mundo, com direito a um gráfico em encarte especial ressaltando.

Outros assuntos relevantes foram:
- Mineiros em festa reverenciam padroeira: sobre a Festa da Mina, que estava virando tradição em homenagem no mês de dezembro.
- Oiapoque, extremo norte do Brasil:  reportagem que inaugurou uma série sobre os municípios do Território Federal do Amapá. Um texto com parâmetro importante e interessante para estudos atuais dessa terra.
- Uma nova vida sob o Equador: Encarte da revista com imagens coloridas (um luxo para a época) em celebração ao oitavo ano da mineradora.


Algumas imagens retiradas da revista:
Mineiros se preparando para Festa da Mina (imagem de 1964)
José Duarte (eleito Mineiro do Ano de 1963), Maria José Araújo (Rainha dos Mineiros em 1964) e Marival Barbosa (o  Mineiro do Ano em 1964).
 Vista aérea da cidade de Oiapoque (1964)
Área de lazer infantil na escola de Serra do Navio (1965).
Encarte sobre o destino do minério de Serra do Navio (1965)

Aguarde outras edições!

Um agradecimento ao colecionador Cosme Juca de Lima, que permitiu a digitalização dessa edição.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Moleques dos anos setenta

Foto: Acervo Histórico do Amapá
Macapá em uma visão do bairro Central. Essas imagens antigas contam muitas histórias sobre o cotidiano e transformações da cidade. Chama atenção  a cobertura vegetal de outros tempos e o trânsito com poucos veículos.
Foto: Acervo Histórico do Amapá
Taí outra imagem que não me deixa mentir, onde se vê a rua Marcelo Cândia, bairro Santa Rita, no trecho do Hospital São Camilo. Época saudosa de meus tempos de infância, onde a garotada tinha muito espaço para brincadeiras nas ruas.
Foto: Acervo Família Castelo
Olha aí minha turma da rua Hamilton Silva em 1976, na casa da Vó Ana. Esses moleques eram mais folgados naquele tempo, andando só de cueca. Eita! Nessa imagem, da esquerda para a direita, na pose: Evandro, Zé Maria (o mudo), Marcelo (na frente), Antônio, Newton (o Baleia, olhando por cima do ombro do Antonio), Val e Charles.
Foto: Acervo Família Castelo
Nessa outra, da esquerda para a direita, só modelo: o Baleia, Val e Inara (minha irmã). Agachados: Marcelo, Eri, Rogerson (meu irmão) e eu. Todos aí, parentes ou vizinhos. Velhos e bons tempos de bola, pira, rabiola, peteca, pião e outras traquinagens nas piçarrentas ruas de Macapá dos anos setenta!

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

"Beiradão - Histórias e Encantos" - Jerfferson Costa

Laranjal do Jari é um dos municípios de maior crescimento no Amapá, tendo uma trajetória importante que remonta a séculos. História marcada pela ocupação inicial por indígenas waijãpi e apalai, com projeção no extrativismo de produtos florestais e fases distintas em seu desenvolvimento na região do Jari - como a do bilionário Ludwig, idealizador da instalação da fábrica de celulose e das silvivilas (Monte Dourado, Munguba, São Miguel e Planalto, no Pará) que atraíram a atenção nacional e estimularam a formação da comunidade do Beiradão no Amapá (atual Laranjal do Jari). Muita coisa para se descobrir e, para a população estudantil e interessados no assunto, estou sugerindo o livro Beiradão - Histórias e Encantos, de Jerfferson Costa Pinto. A obra foi publicada em 2014 e permite uma visualização sucinta de pontos históricos, ambientais, culturais e políticos. 

Na parte histórica, o autor resgata as fases do coronel José Júlio de Andrade, do grupo de portugueses e do empresário estadunidense Daniel Keith Ludwig. Três ciclos importantes e distintos para a formação do município de Laranjal do Jari.
Há destaque para a Revolta de Cesário (esclarecedora em sua representatividade para qualquer que nunca tenha ouvido falar) e também para a excursão dos alemães na década de trinta (que permitiu a coleta de várias informações na região do Jari, estimulou teorias conspiratórias, além de revelar a proximidade e ilusão que os governantes brasileiros tinham com os nazistas).
Sobre os pioneiros, se destacaram em minhas percepções os senhores Benedito Augusto da Gama e Nelson das Graças Fogaça. O primeiro pela história sobre a fundação do Beiradão (até então conhecia o pioneiro Salú como primeiro morador - VEJA AQUI - mas o autor apresenta o senhor Gama como o real fundador e responsável também pela escolha do nome do atual município). O outro mencionado é um dos primeiros comunicadores na região e gostei do relato por resgatar aspectos que o autor estava deixando ausentes (prostituição, violência e precariedade na infraestrutura, que atribuíram ao Beiradão o título de maior favela fluvial do mundo na mídia nacional). Aspectos tristes, que o povo de Laranjal nem gosta de lembrar, mas que estão na história da localidade e servem de parâmetros para avaliação atual.
Há outros relatos interessantes para a visualização do cotidiano da antiga comunidade. Os textos foram nostálgicos porque morei em Monte Dourado nos anos oitenta e identifiquei muita coisa relatada. Lembrei da "Burra Preta", das catraias, passarelas, comércio intenso, de festas que traziam músicos conhecidos e de outras descrições.
Não sabia que a Assembleia de Deus tinha sido a primeira igreja evangélica na localidade. E se instalando no local de pior fama, o bairro das Malvinas (e fez-se luz...).
Ainda nos pontos históricos, penso que teria sido interessante a abordagem sobre a BR-156 (que tirou a região do isolamento dando nova opção em relação ao transito fluvial intenso, marcado por um dos maiores desastres fluviais na Amazônia) e sobre a hidrelétrica de Santo Antonio (que é estimada como um fator essencial para o desenvolvimento da região e cuja ausência foi determinante no fracasso do Projeto Jari na fase Ludwig).

Laranjal do Jari

Na parte cultural a abordagem é a mais resumida do livro, mostrando as lendas do Jacaré da enchente e da Cobra Honorato e Sucuri. A região é dominada por uma natureza muito rica e representativa quanto aos castanhais. Gostaria de ter visto algo relacionado a isso.

No aspecto ambiental é ressaltado que a região tem grande parte de suas terras sob proteção, ostentando o título de município mais preservado do país. As principais unidades de conservação são apresentadas sucintamente (PARNA Tumucumaque, ESEC do Jari, RDS do Rio Iratapuru e RESEX do Rio Cajari). A região tem muito potencial ambiental.

O autor, Jerfferson Costa Pinto, é bisneto, neto e filho de castanheiro. Nascido em Monte Dourado, distrito do Município de Almeirim, Estado do Pará, localizado em frente ao que é hoje conhecido como Município de Laranjal do Jari, cresceu no bairro das Malvinas em meio as palafitas às margens do Rio Jari. Teve infância difícil como de muitos moradores do antigo Beiradão, o que despertou seu interesse de pesquisar e escrever sobre a história do lugar, as lutas e vitórias desse povo. Jerfferson Costa reúne nesta obra um apanhado de relatos de moradores tradicionais, acreditando não somente realizar um sonho, mas o registro de uma parte da história de seu povo, sua terra e seus encantos.
Obra interessante para pesquisas e descoberta da região em seus aspectos mais marcantes. Em Macapá, está disponível para consultas na Biblioteca Ambiental da SEMA.

Informações do livro:
Título: Beiradão - Histórias e Encantos
Autor: Jerfferson Costa Pinto
Editora: Tarso
Ano: 2014
Páginas: 88
ISBN:978-85-914296-5-3
Tema: História de Laranjal do Jari (Amapá)

Sumário:
01) Introdução
02) Apresentação
03) Meio Ambiente
04) Economia
05) Turismo
06) Cultura
07) Mitos e Lendas
08) O interesse internacional pelas terras do Jari
09) O alemão e a Amazônia
10) Rei da castanha
11) A Revolta do Cesário
12) O Jari e os portugueses
13) O Jari e os americanos
14) O Jari e seu personagens
15) Política
16) Considerações finais

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Xapuri do Amazonas (Nazaré Pereira)


Nazaré Pereira é uma cantora natural de Xapuri, Acre, que canta os sons das regiões Norte e Nordeste. Uma de suas obras mais representativas é o LP “Amazônia”, gravado na França e lançado no Brasil em 1980. O disco tem capa premiada pela beleza e traz o sucesso “Xapuri do Amazonas”, de sua autoria, além de composições famosas de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. A música cita o rio Jari, também, porque na época cogitava-se a construção de uma usina nuclear na região. A canção mostra a vida simples do povo da Amazônia, exprimindo nostalgia e valorização da terra. 
Fonte: letras.com.br e forroemvinil.com


Dona Maria minha mãe morena,
cabocla linda lá do rio jarí
Fosse descendo pelo amazonas,
o sol brilhou pra mim no Xapuri

Lá no Xapurí, lá no Xapurí, lá no Xapurí, lá no Xapurí
Dona Maria, mãezinha morena
ainda sou tão pequena e sinto saudades.

Do balançar de rede, dos igarapés,
destas coisas lindas que não tem idade.
Dona Maria, mãezinha morena
ainda sou tão pequena e sinto saudades.

De me banhar nos rios, tomar tacacá,
beber açaí lá em Icoaracy.
Lá em Icoaracy, lá em Icoaracy,
lá em Icoaracy, lá em Icoaracy.

Terra cabocla, terra pequena, cheirando a flor,
cheirando açucena.
Igual teu cabelo, dona Maria,
minha mãe morena, ooi.

Lá do rio Jarí, lá do Xapurí,
lá de Icoaracy, lá do Xapurí.
Lá do rio Jarí, lá do Xapurí,
lá de Icoaracy, lá do Xapurí.