As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Cenas em Macapá (mais um muro artístico)

Mais um muro em Macapá, este com temas bíblicos.

"Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido. Somente com os teus olhos contemplarás e verás a recompensa dos ímpios. Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio" 
Salmo 91:7-9
O Salmo 91 - Muitas pessoas costumam ter em quadros ou deixam a Bíblia aberta nesta passagem. Isso por evocar e agradecer a proteção divina. A maioria dos salmos foi composta por Davi, mas  a autoria deste é atribuída a Moisés. Uma oração de fortalecimento que nos mostra a proteção divina, expressa também na figura do Bom Pastor que cuida de suas ovelhas.


"Vocês serão abençoados na cidade e serão abençoados no campo. Os filhos do seu ventre serão abençoados, como também as colheitas da sua terra e os bezerros e os cordeiros dos seus rebanhos". Deuteronômio 28:3-4
Este capítulo fala de bençãos divinas, coisa que todo mundo deseja. Mas não é só isso, o mesmo capítulo fala também de compromisso e maldições, coisa também que todos nós, diariamente, acabamos descartando e ignorando.
 Vou encontrando e registrando.

Seja por quais motivos, 
neste mundo de ostentações a coisas fúteis, 
é sempre interessante ver a palavra divina em destaque, 
pois nunca será vazia.

Cada um faça suas escolhas,
sem esquecer que:

“Passará o céu e a terra, 
porém as minhas palavras não passarão” 
(Marcos 13:31)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mantenha a cidade limpa (Ellen S. M. Silva - 2003)

Capa do livro
Em 2003 a  Prefeitura Municipal de Macapá publicou uma obra com textos e desenhos produzidos por alunos do Ensino Fundamental, chamada Coletânea de Produções Artísticas e Literárias dos Educandos das Escolas Municipais de Macapá. Iniciativa visando a divulgação da cultura, numa dimensão lúdica e literária. Uma forma de desenvolver e estimular a aquisição de conhecimentos, formação de atitudes, desenvolvimento da escrita e de valores através do hábito da leitura e de práticas artísticas. Admiro trabalhos nesse segmento. Arte e educação devem caminhar juntas. Graças  a iniciativas e estímulos semelhantes que fui também adentrando e tomando gosto pela leitura. Esses desenhos infantis também me atraem (tenho evidenciado isso frequentemente nestas postagens) pela veracidade e apego às idéias transmitidas... muito  diferente, tipo... do horário político, propaganda eleitoral.
O livro foi organizado por professoras da Secretaria de Educação (SEMEC) e apresenta 69 páginas com a exclusividade de textos, poesias e desenhos de uma turminha criativa, lá nos idos de 2001, 2002 e 2003. 

Está a disposição para consultas no acervo 
da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá

Mantenha a cidade limpa.
Desenhos de Ellen Samilla Matos da Silva
Aluna do Ensino Fundamental (Macapá - 2003)
Exemplo de textos presentes no livro:
Alimentação: direito de todos

Todo mundo tem direito à alimentação. Se não tivesse alimento, como poderíamos viver?
Algumas pessoas ficam desempregadas e, assim, não podem dar comida para seus filhos. É muito triste ver alguém pegando restos de comida no lixo.
No lixão de Macapá, as pessoas vivem de restos de comida, também catam latinhas, alumínio, garrafas plásticas e etc... Vendem e, com o pouco que ganham, compram algo para comer.
O Governo podia construir restaurantes comunitários, assim a fome do nosso Estado diminuiria.

Aluno: Romário (2ª Série - Escola Municipal de Ensino Fundamental Odete Almeida Lopes)
_______________________________________________________________
A Fala do Gato

É quase um idioma
Que ainda não entendo
mas o gato bem sabe
O que ele está dizendo.

E até falou comigo
Em linguagem de gente
Disse "meu amigo"
Assim, de repente!

Aluna:  Adrielle (4ª Série - Escola Municipal de Ensino Fundamental Eunice Picanço)
_______________________________________________________________
"... Nós, alunos da Escola Roraima, agradecemos pela oportunidade de escrevermos sobre a cultura do Amapá a nossos críticos. Obrigada!" 

Aluna: Adrielle Silva de Medeiros (6ª Série - Escola Municipal de Ensino Fundamental Roraima)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Ilha de Santana (Parte 1 - Folha do Amapá-06/08/02)

Frequento bibliotecas e testemunho, em muitas situações, as dificuldades de disponibilidade de materiais relacionados a vários assuntos sobre o Amapá. Anualmente muita coisa é produzida, constituindo-se em um conhecimento precioso que deveria ter ampla divulgação na sociedade (muitas vezes acabam em um engavetamento qualquer, sem se prestar ao papel de contribuição ao conhecimento científico). Veja o caso de tantas faculdades em Macapá... Poderiam e deveriam divulgar o mínimo de informações sobre a produção científica anual (necessariamente disponibilizadas em suas respectivas bibliotecas). Basta atualizar e fornecer tais informações decentemente em seus sites. São apenas divagações...
Procurando, muita coisa pode ser resgatada. Exemplo disto são os textos e recortes de jornais, invariavelmente, boas fontes de consultas. As bibliotecas geralmente disponibilizam uma seção chamada Hemeroteca (formada por recortes de jornais e revistas) e, em uma delas, encontrei este texto referente à Ilha de Santana, assunto de procura em bibliotecas e um destes temas com pouco material disponível. 

Texto pesquisado na Biblioteca SESC-Centro em Macapá referente à uma reportagem publicada no jornal Folha do Amapá, em 06/08/2002. O texto é de Rita de Cássia. Lembrando, as informações referem-se ao ano de 2002.

Visualize o mapa no Google Maps (AQUI)

ILHA DE SANTANA GUARDA HISTÓRIA 
QUE NÃO SE PERDEU COM O TEMPO

Texto de Rita de Cássia

Distante apenas dez minutos de catraia da sede do município, a Ilha de Santana é uma localidade pacata, com ruas de piçarra, gente humilde e de mãos calejadas, cuja principal atividade econômica é retirada da agricultura e da pesca. Dependente da cidade de Santana, o comércio é representado por pequenas baiucas com vendas de produtos básicos e valor aumentado por causa do frete na travessia. A vila principal da Ilha, longe de ser um lugar preparado ao turismo, mantem o encanto e misticismo de um povo com muitas narrativas para contar.
É possível resgatar nas histórias dos mais antigos moradores crenças e lendas que para os urbanos significam fábula. Eles recordam casos da cobra grande Sofia, fiel mascote da Ilha. O boto, personagem presente e característico da Amazônia, não podia faltar. Os mais velhos acreditam fielmente na existência do homem vestido de branco que nos bailes enfeitiçava, engravidava as moças e retornava à água na forma do boto. E as "fábulas" não param, como em qualquer interior, as matintas pereiras, sereias e também os marcantes personagens humanos são relembrados pelos moradores, capazes de passar horas a fio contando os "causos".

Ilha de Santana (Foto de Rita de Cássia - Folha do Amapá, 06/08/2002)
Embora, atualmente, o comércio e serviços girem em torno da sede de Santana, a Ilha ainda apresenta os vestígios de um período áureo vivido na década de 60 com o impulso da exportação de madeira. Na época, a Ilha competia com o Porto de Santana, em número de navios estrangeiros e nacionais atracados no ancoradouro.
Era o auge das empresas madeireiras, responsáveis pela grande absorção dos empregos e pelo movimento comercial e econômico da região.
Tempo no qual a primeira igreja definitiva em homenagem a Santa Ana foi erguida. Época em que os padres franceses e alemães e as freiras de Minas Gerais mantinham um orfanato com cerca de cem crianças, onde funcionava ainda a escola, posto de saúde e cursos domésticos.
Com a queda na exportação madeireira, os empresários deixaram a Ilha e o sustentáculo econômico (que ao longo dos anos foi traçado) deu lugar ao abandono e conformismo. Hoje, o que se se retrata em um breve passeio pelas suas margens são os restos de madeira que um dia estruturaram o porto e as ruínas das serrarias e madeireiras, tomadas por tábuas apodrecidas e cercada de mato.

Escola e Posto Policial (Foto de Rita de Cássia - Folha do Amapá, 06/08/2002)
A história da Ilha de Santana, porém, permanece na lembrança de seus moradores antigos. Gente que mesmo com o advento do telefone e posteriormente da luz elétrica considera aquele tempo o melhor da Ilha. Os 3.500 habitantes (informação de 2002) contam atualmente com duas escolas estaduais até o curso fundamental, um posto de saúde, unidade da Polícia Militar e água da CAESA. Dois campos de futebol fazem a alegria do sexo mascullino, com promoções de peladas e competições entre os times do lugar.

O AÇAÍ DE CADA DIA

Ao meio dia os moradores têm alimento certo: o açaí. A fruta é abundante nesta época do ano e a Ilha é responsável pelo fornecimento de uma boa parte do açaí comprado em Macapá e Santana. Muitas famílias vivem da venda do fruto. As batedeiras são paradas obrigatórias para quem visita a Ilha de Santana.

AS RIQUEZAS DA ILHA

Com 2.114 hectares, a Ilha de Santana tem mais de 15 igarapés que compõem a sua paisagem com grande diversidade de peixes. Há denúncias de pesca predatória com timbó (planta venenosa, cuja folha é batida nos igarapés para matança dos peixes), o que provoca a fuga das espécies para outras águas. Na caça, cutia, capivara, tatu e paca são os pratos principais. Os moradores dizem que tempos atrás havia veado, onça e anta. É possível encontrar também espécies de pássaros silvestres como o tucano, gavião, maracanã, arara, papagaio, periquito, pato do mato, além de outros animais de menor porte. A agricultura é a economia principal dos moradores daquele lugar, tudo o que é plantado é usado na subsistência e vendido nas feiras de Macapá e Santana.

Texto original: Folha do Amapá, 06/08/2002
(Cita ainda alguns moradores locais, de 2002, não referidos nesta postagem)
Material disponibilizado para consultas na Hemeroteca da Biblioteca SESC-Centro, onde muitas coisas importantes podem ser também garimpadas em uma visita e pesquisas.
"As bibliotecas são jardins de livros regados a olhares."
M. M. Soriano

Mais alguma coisa sobre a Ilha de Santana:

Santana teve início do agrupamento populacional em Ilha de Santana, localizada em frente, à margem esquerda do rio Amazonas, em 1753.

Paróquia de N. Srª de Santa Ana, situada na Ilha
(Foto publicada por Emanoel Jordânio no santanadoamapa.zip.net)
"É o berço da civilização santanense, cercando-se da exuberante beleza do Rio Amazonas e testemunhando a passagem de vários navios de grande calado para todo o mundo (levando produtos ou dirigindo-se às diversas localidades do Amapá, Pará e Amazonas).
Possui uma paisagem local de extrema beleza e seus habitantes vivem da caça, pesca e da extração de madeira e látex."
(Texto da publicação "O Poder Municipal do Amapá no Novo Milênio", disponível para consultas na Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá)

Paisagem ribeirinha (Foto de Flávio contente). Realidade recorrente.
Sabias que a Ilha de Santana foi um dos cenários do filme Tainá 3!!! Pois é!!! A previsão de lançamento, segundo o que me informei, será para janeiro de 2013. Ora vivas! Vamos conferir!!!

A Ilha de Santana tem também suas dificuldades, referentes à infra-estrutura, escolas, transportes e água tratada (entre outros).

É só um pouco para divulgação... No dia que eu for lá (não sei quando, nem como) aí sim vou poder viajar na maionese nas imagens e impressões do local. 

Outras informações estão disponíveis nos links:
Praia na Ilha de Santana / Recanto da Aldeia (Foto de Alfredo Rosa Duarte)
Amapá - Brasil
Conheça nossa História!
Visite as Bibliotecas!
Contribua com seu conhecimento!

Veja também:

sábado, 18 de agosto de 2012

Nonato Leal (Lamento Beduíno)

 
Nonato Leal, um dos maiores talentos da Amazônia, é natural da cidade de Vigia (Pará), professor, músico e compositor festejado no meio artístico. Nos anos 50 adotou o Amapá, foi convidado inúmeras vezes para acompanhar grandes nomes da Música Popular Brasileira, sendo amado e respeitado pelo público por seu virtuosismo ao violão. (Informação do alcinea-cavalcante.blogspot.com)

Lamento Beduíno
(Música composta por Nonato Leal no ano de 1975)

Este é um de seus aclamados CDs que pode ser encontrado na Banca do Dorimar (Praça Veiga Cabral - Bairro Central - Macapá).
01) Lamento Beduíno (Nonato Leal)
02) Viola Caipira (Nonato Leal)
03) Lágrima - Direito Reservado (Rogério Guimarães)
04) Uma prece (Luis Bonfá)
05) Rosa (Pixinguinha)
06) Guarapari (Pedro Caetano)
07) A deusa da minha rua (Newnton Teixeira, Jorge Farai)
08) Uma valsa 3 acordes (Dilermano Reis)
09) O barquinho (Ronaldo Boscoli)
10) Carmencita (Nonato Leal)
11) Da cor do pecado (Bororó)
12) Área p/se morrer de amor (Baden Powell)
13) Canção pra Rafaela (Nonato Leal)
14) Fantasia Sertaneja - Acauã (Luiz Gonzaga, H. Teixeira)
       Saudade meu bem saudade (Zé do Norte) 
       Pau de Arara (Zé Dantas)
       Canção Caico (Villa Lobos)
       Assum Preto (Luiz Gonzaga, H. Teixeira)
       Asa Branca (Luiz Gonzaga, H. Teixeira)
15) Tristesse (Chopin)  
"O músico renova sua inspiração diariamente com exercícios de violão – segundo ele, um bálsamo para atenuar qualquer problema. Come muito peixe, não fuma, faz caminhadas e diz que não esquenta a cabeça. Aos artistas novos, que vivem uma época em que a efervescência musical privilegia os gostos menos sofisticados, Nonato Leal, um músico de talento irretocável, recomenda paciência e humildade." 
Informação: Lulih Rojanski & Aroldo Pedrosa no navegandonavanguarda.blogspot.com

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ - O Bairro do Trem (Parte 4)

Divulgando a Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá...

Para estudo da cidade de Macapá e compreensão de alguns de seus bairros, como o histórico Bairro do Trem, a Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá disponibiliza a consulta do seguinte trabalho: 

"Trem  que te quero Bem!", trabalho elaborado por acadêmicos do Curso de Turismo do IESAP (em 2006) sob a orientação da Professora Mara Socorro L. de Almeida, tendo como autores ADRIANA FURTADO DOS SANTOS, ALTACY PATRICIA BARBOSA PEREIRA, CRISTIANE MORAES BRITO, JOFRAM MELINDRE MACHADO, JOSÉ WAGNER SOUZA E SILVA e JOSENICE COSTA DOS SANTOS.


Alguns aspectos descritos no trabalho:

- A história do Bairro do Trem está intimamente ligada à construção da Fortaleza de São José de Macapá.
- Sendo um dos bairros mais tradicionais da cidade, podemos  verificar que desde a sua criação até os dias atuais, ele ainda guarda vestígios dos tempos áureos de Macapá, quando os moradores sentavam à frente de suas casas para conversar e observar as crianças brincando.
- Este trabalho objetiva resgatar a história do Bairro do Trem, realizando um inventário do mesmo, valorizando os potenciais turísticos existentes, sua cultura, tradição, musicalidade e importância para o desenvolvimento urbano de Macapá.

Sumário do trabalho:

Apresentação / Introdução / Objetivos / Metodologia 
PARTE 1: Caracterização Geral (Delimitação da área / Aspectos Histórico / Aspectos Sócio-Econômicos)
PARTE 2: Aspectos Turísticos (Eventos / Alimentos e Bebidas / Entretenimentos)
PARTE 3: Avaliação Turística

O trabalho é composto por 20 páginas, as informações referem-se ao ano 2006 (valendo a investigação histórica e possíveis comparações com dados atuais), está ilustrado com algumas fotografias/gráficos, foi doado ao acervo pela Profª Mara Socorro e está a disposição para consultas.

Foto de Elton Tavares publicada no blog eltonvaletavares.blogspot.com.br
CONHEÇA A HISTÓRIA DE MACAPÁ!
VISITE NOSSAS BIBLIOTECAS!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A Lenda do Manganês

Ilustração de Honorato Jr
Conta-se que há muitos anos atrás alguns negros conseguiram fugir da escravidão e chegaram na região de Serra do Navio, formando um quilombo. Época em que existia também o quilombo no Curiaú, ambos abrigando centenas de famílias,  que plantavam mandioca, arroz, feijão, cana-de-acúcar e viviam preservando sua cultura.
Soldados portugueses um dia invadiram suas terras, aprisionaram e escravizaram todos, forçando-os ao trabalho pesado, principalmente na garimpagem. Mas eles não aceitavam a dominação e sempre pensavam em sua liberdade para saírem da maldade e dominação dos portugueses. Esse povo sofrido, valendo-se de suas tradições e força de vontade, um dia pediu proteção à Taimã para se libertarem e resolveram lutar  contra seus exploradores. Foi uma batalha ferrenha e os negros - em quantidade muito inferior, sem armas e enfraquecidos pelos trabalhos forçados - acabaram derrotados e dizimados. Muito sangue foi derramado na Terra. Diz a lenda que Taimã transformou o sangue negro na pedra preta que foi encontrada no local da luta, parecendo sangue congelado. Surgiu assim a origem do manganês, uma das maiores riquezas do Amapá.

(Baseado nos textos de Paulo Dias Morais e Joseli Dias)

Esta lenda está descrita nas seguintes publicações amapaenses sobre folclore:


1) Amapá: Lendas Regionais (Paulo Dias Morais) - A estória está em uma versão mais simplifidada, foi a que serviu de base para o texto da lenda nesta postagem. 

2) Mitos & Lendas do Amapá (Joseli Dias) - É a mesma estória, mas o texto está mais detalhado, citando o negro Itauna.

São livros sobre o folclore amapaense que podem ser encontrados, em Macapá, nas bancas de revistas e livrarias. Podem ser consultados também nas Bibliotecas de Macapá (como a Biblioteca Pública Elcy Lacerda).

Para não ficar só com lendas: 
O manganês é um metal de transição de coloração branco cinzento parecido com o ferro. Está entre os metais mais abundantes na crosta terrestre e sua principal utilização é na fabricação de ligas metálicas.
Foto e Informação:   



Serra do Navio, durante décadas, foi o principal fornecedor de manganês no Brasil. Na imagem se vê o afloramento do metal na região, em uma foto da biblioteca.ibge.gov.br. Visite este site e veja outras fotos interessantes, históricas, raras, antigas e importantes.
 Fotos: setur.ap.gov.br

Na Serra do Navio existem duas pedras gigantes de manganês que são tradicionais pontos para fotografias. A pedra em destaque é a da frente da igreja, foi tirada no sentido da igreja para o mercado. O vaso é uma ilustração do artesanato com manganês.

Já esta foto ao lado mostra a pedra localizada na praça, que está estrategicamente em um ponto de equilíbrio (Poxa vida! quantas vezes não tive a vontade, junto com outros colegas na infância, de querer derrubá-la... coisa para máquinas). Bem perto desta pedra ocorria também o asteamento da bandeira... às vezes, ficava por ali à tarde para acompanhar a forma estratégica, rotineira e cerimonial como retiravam, dobravam e guardavam a bandeira. A foto é bem antiga (da década de 60) e, apesar de danificada, resolvi postar para mostrar que imagens assim são uma tradição no mínimo quinquagenária (a propósito, o jovem com as mãos no bolso é meu pai, o famigerado Cara-de-macaco). Finalizando estas bobagens minhas sobre o manganês, nos tempos da ICOMI ocorria, com muita fama na região, a tradicional Festa da Mina (em dezembro), atraindo turistas de vários locais e com eventuais apresentações de artistas conhecidos no cenário musical brasileiro (são exemplos The Fevers, Pholhas, Chrystian & Ralf...), tudo devido o manganês (que também nomeava a sede Manganês Esporte Clube, point das baladas, jogos de sinuca, baralho, dominó e com o salão com as antológicas exibições de programas televisivos, nos tempos em que o sinal de emissoras não chegava ali). Quem for em Serra do Navio (ou visitar Macapá), procure conhecer o artesanato com manganês  e tirar uma tradicional foto em frente a uma pedra gigante do metal (localizada na praça e outra em frente à igreja, isto lá na Serra). 

Em Macapá também econtramos uma pedra de manganês, menor que as de Serra do Navio, localizada na Praça Veiga Cabral, próximo à Igreja de São José.

Exemplo de artesanato com manganês encontrado na Casa do Artesão, em Macapá.


Conheça a Literatura Amapaense!
Visite nossas Bibliotecas! 

sábado, 11 de agosto de 2012

Município de Serra do Navio (Parte 1 - Informações Gerais)

Reportagem de 2010 exibida na TV-AP sobre o Município de Serra do Navio. O vídeo fez parte das comemorações dos 35 anos da emissora no Amapá (filiada à Rede Globo).
Reportagem de Simone Guimarães e Imagens de Albenir Sousa.
Vídeo de Janeiro de 2010 apresentado no Amazônia TV, por Seles Nafes
Os principais pontos abordados foram:

- "Serra do Navio participou efetivamente da construção do Amapá que conhecemos hoje. O motivo foi a exploração de mais de 40 anos do manganês, que resultou em desenvolvimento e heranças negativas até hoje sentidas. Os recantos naturais do município onde vive o beija-flor Brilho-de-fogo são uma atração à parte em Serra do Navio..." (Seles Nafes - Apresentação do telejornal Amazônia TV).
Foto do verdadessurbanas.blogspot.com.br
- O nome do município causa curiosidade, por que Serra do Navio? Segundo historiadores, a montanha onde fica a cidade tem um formato de embarcação.

1) Local de construção da vila / 2) Foto aérea / 3) Mapa em visão aérea
Imagens do livro "Vila Serra do Navio" (Ribeiro & Bratke - 1992)
Disponível para consultas na Biblioteca Ambiental da Sema em Macapá
Planta geral da Vila Serra do Navio, Amapá (Fonte: Novos Cadernos NAEA - V.06 - 2003)
- O município segundo o IBGE tem pouco mais de 4 mil habiantes (IBGE 2010).

- A cidade projetada por americanos se destaca pela arquitetura, calçamento, arruamento, paisagismo e urbanismo. Toda essa estrutura foi construída no meio da floresta e até hoje se mantem preservada (em partes, realmente em partes...)
Serra do Navio
Exemplos da arquitetura da vila:
1) Escola / 2) Vila Primária / 3) Desenho da igreja / 4) Hospital
Imagens do livro "Vila Serra do Navio" (Ribeiro & Bratke - 1992)

- Serra do Navio foi criada para abrigar funcionários da ICOMI (a Indústria e Comércio de Minérios), que tinha um contrato com o governo federal de exploração de manganês durante 50 anos.
1) Explosão na mina, comum na época da ICOMI, ressoando em toda a vila (imagem extraída do vídeo). Lembro claramente disso, quando morei na BC-2, BC-10 e BC-8 na vila primária.
2) Minério sendo colocado nos vagões (foto do livro "Vila Serra do Navio", de Ribeiro & Bratke - 1992)
Meu pai é o segundo da esquerda para direita (Osvaldo, o Cara-de-macaco)
- A vila era um modelo de administração: assistência à saúde e água tratada estavam entre os serviços oferecidos.
Fachada do Hospital da Divisão de Saúde da ICOMI em Serra do Navio 
(Foto: biblioteca.ibge.gov.br)
Muita coisa na vila hoje está em ruínas e em alterações urbanísticas ou arquitetônicas. Veja os exemplos:
Alojamentos em depredação. Me parecem aqueles que ficavam próximo ao antigo restaurante da companhia, destinados  a trabalhadores solteiros (Fotos extraídas da apresentação PPT elaborada pela Professora Lyvia Cristina, filha de Serra do Navio). Será que fui seu contemporâneo quando estudava lá... alvará leia isso!!! Estudei na Serra até a 3ª série em 1982.
Esta foto mostra alterações urbanísticas... e um exercício para a imaginação. Bem no centro vemos a praça, subindo (pós aquelas duas árvores menos vistosas) localizamos o velho Manganês Clube... seguindo-se um aglomerado de construções. Pois bem, este conglomerado (quartos para aluguel, pequenas lojas, mercearias...) entre o Manganês e o antigo cinema, não existia na época da ICOMI, pelo menos quando morei lá. O lugar era domínio de umas árvores que produziam umas sementes vermelhas que chamavam de tento ou tenten... sei lá o nome das árvores. Sou capaz de identificar outras alterações, mas fica apenas essa como ilustração. Entendeu ou quer que desenhe?! Se bem que tudo que escrevi é uma pataquada sem pé nem cabeça. (Infelizmente não tenho o registro do autor da foto e respectivo ano, mas chegaram a mim por boas mãos). 
- A mineradora construiu uma estrada de ferro e um porto em Santana para levar os produtos do estado. 
A ferrovia foi inaugurada (1956/57?) para transportar o manganês extraído até o terminal portuário de Santana. Foi, durante muitos anos, o principal meio de acesso à vila. Está ainda na ativa, apesar de muito sucateada, sendo usada por várias comunidades em uma viagem, até a Serra do Navio, que pode durar 7 horas ou mais. A foto é da época que era administrada pela ICOMI (Folder: Vila Serra do Navio, uma cidade modernista na Amazônia).
Estocagem de minério de manganês no Porto de Santana, 1957 
(Foto do livro "Mineração no Brasil" - Leo Christiano - 2006)
Vista aérea parcial do Porto de Santana, mostrando o embarque do manganês, 
nos tempos da ICOMI. (Foto: biblioteca.ibge.gov.br)
- Um grande rasto de devastação ficou para trás, com crateras gigantescas e toneladas de montanhas de rejeitos de manganês (que estariam contaminados por arsênio).
Vista aérea parcial da área industrial e da vila de Serra do Navio, nos tempos da ICOMI
 (Foto: biblioteca.ibge.gov.br)
- Exames já comprovaram que a água da chuva levou o arsênio de rejeito de manganês para dentro do igarapé e rio que passam em frente à Vila do Elesbão em Santana (notícia da emissora em junho de 2001).
                               1                                              2                                                3

Alguns estudos sobre a contaminação são:

1)  Arsênio do minério de manganês de Serra do Navio (Artigo de Wilson Scarpelli). Veja AQUI.

2) Resultados do Estudo de Saúde Humana Realizado na Comunidade do Elesbão, Santana – Amapá (Apresentação do IEC - 2002). Disponível AQUI.

3) Exposição ao mercúrio e ao arsênio em Estados da Amazônia: síntese dos estudos do Instituto Evandro Chagas/FUNASA (Artigo publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia Vol. 6, Nº 2, 2003). Disponível AQUI.


A Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá disponibiliza a consulta em alguns textos de jornais sobre a repercussão do caso.

- A TV-AP acompanhou o desenrolar desta história, mas sempre se preocupou em mostrar também as belezas de uma região única.
Lagoa Azul, em Serra do Navio (AP). Destaca-se pela coloração de suas águas azuis em aprofundamento em antiga cratera de extração de manganês.  É formada pelo represamento da água, tem leito em espiral e distancia-se da vila  uns 4 km. (Foto e informação: skyscrapercity.com)
Segundo me informaram, ainda não se tem um parecer definitivo sobre a qualidade da água, se é apropriada para o banho. Muitas pessoas, indiferentemente, frequentam o local e nadam nestas águas. (A imagem foi retirada do vídeo: Viagens pela Amazônia: Serra do Navio / exibido no Amazon Sat - 2011)
- O vermelho vibrante do misterioso Brilho-de-fogo (Topaza pela) chamou a atenção do Brasil. A ave foi mostrada numa edição do Globo Repórter, em 1995.
É o maior e um dos mais bonitos beija-flores do Brasil, estando presente em Roraima, Pará, Amapá e Maranhão. O macho possui 20 cm de comprimento (mais da metade correspondente a calda) e a fêmea, menor, possui 12 cm. (Imagem: wikipedia.org)


Veja o trecho do vídeo  exibido no Globo Repórter (1995) mostrando o beija-flor Brilho-de-Fogo. Um dos melhores programas exibidos, enfocando aves e os artistas principais daquela noite: os beija-flores.


"O que é a Icomi? A Icomi é um milagre dentro da região amazônica. Duas pequenas cidades que parecem o sonho de um urbanista lírico. Duzentos quilômetros de estrada de ferro. Um porto onde encostam transatlânticos. Nas cidades há escolas, hospital moderno, supermercado, clube, piscina e cinema."

(Raquel de Queiroz, na revista semanal "O Cruzeiro", de 08/05/1965, após visitar o Território Federal do Amapá a convite da diretoria da ICOMI). O artigo você pode ler no memorial-stn.blogspot.com.br)


Veja também:
A exploração do manganês de Serra do Navio

Fontes de Consultas:
simoneguimaraes2.blogspot.com.br