É uma obra politizada, que aborda a questão do menor abandonado, vendo-se considerações importantes para reflexão e estímulos à assistência social, em um conto protagonizado por Tista e Amaro. O primeiro representa um menino nascido em Macapá, que se torna órfão e menor abandonado nas ruas de Belém. O outro é um professor despertado pela questão social, voltando sua atenção para o menino e seus dramas diários, em um acompanhamento desse cotidiano como morador de rua também.
A história se passa entre o final dos anos oitenta e início da década de noventa, em um momento real de discussão e formulação de políticas voltadas à assistência infantojuvenil, como a CPI do Menor e do Adolescente, que se instalou no Congresso Nacional em 1992, tendo como relatora uma deputada amapaense. Inspirações para a obra, escrita também nesse período e publicada em 2015.
A discussão provocada é essencial para a sociedade. Reconheço principalmente por ter trabalhado cinco anos em um abrigo da FCRIA (Fundação da Criança e do Adolescente) e ter me deparado com uma realidade alarmante e dramática como na abordagem a Tista.
O tema é merecedor de toda atenção. Um aspecto, porém, que a obra não me trouxe entusiasmo, refere-se a uma certa descontinuidade no conto. Em um primeiro momento é detalhado e a história flui de maneira instigante, em uma ilustração muito coerente com a realidade. O autor mergulha depois em um texto extremamente dissertativo e alguns fatos se desdobram sem explicações e sem o mesmo nível de descrição anterior. O menino é abandonado pela família adotiva em Macapá e depois surge nas ruas de Belém; o carisma diferencial de Tista que impressiona o olhar de Amaro não é traduzido em ações para empatia e compreensão do fato pelo leitor também; e a história perde um pouco da coerência com um discurso final muito eloquente na voz do menino, a essa altura, mais reconhecível como um demagógico político do que com o carente menino das ruas.
Lembrando minha experiência na FCRIA, às vezes, muitos impactos e aprendizagem são maiores na simples observação, como o convívio me proporcionou na época e como Tista tinha e tem a mostrar na realidade que vemos nas ruas.
São considerações que não omito, pelo respeito e admiração ao autor, que são irrelevantes na minha singela opinião e, principalmente, diante do tema e discussão provocada. A obra está disponível para consultas na Biblioteca Pública Elcy Lacerda.
A história se passa entre o final dos anos oitenta e início da década de noventa, em um momento real de discussão e formulação de políticas voltadas à assistência infantojuvenil, como a CPI do Menor e do Adolescente, que se instalou no Congresso Nacional em 1992, tendo como relatora uma deputada amapaense. Inspirações para a obra, escrita também nesse período e publicada em 2015.
A discussão provocada é essencial para a sociedade. Reconheço principalmente por ter trabalhado cinco anos em um abrigo da FCRIA (Fundação da Criança e do Adolescente) e ter me deparado com uma realidade alarmante e dramática como na abordagem a Tista.
O tema é merecedor de toda atenção. Um aspecto, porém, que a obra não me trouxe entusiasmo, refere-se a uma certa descontinuidade no conto. Em um primeiro momento é detalhado e a história flui de maneira instigante, em uma ilustração muito coerente com a realidade. O autor mergulha depois em um texto extremamente dissertativo e alguns fatos se desdobram sem explicações e sem o mesmo nível de descrição anterior. O menino é abandonado pela família adotiva em Macapá e depois surge nas ruas de Belém; o carisma diferencial de Tista que impressiona o olhar de Amaro não é traduzido em ações para empatia e compreensão do fato pelo leitor também; e a história perde um pouco da coerência com um discurso final muito eloquente na voz do menino, a essa altura, mais reconhecível como um demagógico político do que com o carente menino das ruas.
Lembrando minha experiência na FCRIA, às vezes, muitos impactos e aprendizagem são maiores na simples observação, como o convívio me proporcionou na época e como Tista tinha e tem a mostrar na realidade que vemos nas ruas.
São considerações que não omito, pelo respeito e admiração ao autor, que são irrelevantes na minha singela opinião e, principalmente, diante do tema e discussão provocada. A obra está disponível para consultas na Biblioteca Pública Elcy Lacerda.
Título: O Doutor das Calçadas
Autor: César Bernardo de Souza
Editora: Tarso
Ano: 2015Autor: César Bernardo de Souza
Editora: Tarso
Páginas: 132
Tema: Contos/Amapá/Sociedade
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Biblioteca Pública Elcy Lacerda.
Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia
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Macapá - Bairro Central