As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ: Pedrinhas (Parte 4 - Despejo de esgoto)

Reportagem da TV-AP (Abril de 2012) sobre o Canal das Pedrinhas e a dura realidade de convivência com a poluição. A matéria mostra o problema de despejo de esgoto, as implicações para a saúde pública e para o comércio da região. A reportagem é de EVANDRO LUIZ e as imagens de INIVAL SILVA.

Veja o vídeo NESTE LINK

No vídeo é mostrado:

- O cano de esgoto fica no meio do mato, às margens do Igarapé das Pedrinhas, bem visível na maré baixa.
- Segundo os moradores (Abril de 2012) fazem três meses que uma água escura é jogada dentro do rio.
- O mal cheiro exala por toda área, incomodando moradores e trabalhadores da região.
- Para os moradores que vivem próximo do igarapé a maior preocupação é com as crianças que costumam tomar banho de rio, nos últimos meses a maioria têm apresentado coceira no corpo.
- A situação piora quando chove, pois a água escura que sai do cano cai em maior volume no rio.
- Nas margens do canal há um grande polo comercial de madeira e segundo os comerciantes o problema do esgoto já começa a afetar o comércio da região. 
- Além de poluir e prejudicar a saúde dos moradores o problema tem comprometido as vendas, pois o fedor tem afastado os clientes.

Fotos de Rogério Castelo

Caminhões trafegam com frequência...
É o comércio madeireiro, dos principais na região...
O IMAP tem intensificado as fiscalizações...
Grande parte da extração madeireira na Amazônia está na irregularidade.
Muitas ruas estão em péssimas condições, se agravando na época de chuvas.
Despejo de lixo...
Prejuízo à saúde publica e ao meio ambiente.
Lá no fundo o encontro com o Rio Amazonas.
Este é o Canal das Pedrinhas, sua comunidade e alguns de seus problemas. 
Veja também:

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Macapá 254 anos (A Gazeta - 04/02/2012)

Em comemoração aos 254 anos da capital amapaense, o jornal A GAZETA produziu este caderno especial com reportagens sobre Macapá.
São destaques no folhetim:
- A guerra sem fim (Texto de Régis Sanches sobre a rivalidade política entre o Governo Estadual - GEA - e Prefeitura Municipal de Macapá - PMM - através de seus gestores, respectivamente, Camilo Capiberibe e Roberto Góes.
Ilustração: Da Gama
- Dos escravos à verticalização (Texto de Régis Sanches sobre o crescimento da cidade e o processo de verticalização).
- Setor Primário, produção fértil com boa colheita em 2011 (Texto de Jorge Cesar sobre a agricultura e seus entraves).
- Macapá, os filhos adotivos desta terra-mãe (Texto de Alexandra Flexa).
- Ícones arquitetônicos balizam a biografia de Macapá (Texto de Jorge Cesar).
- Seis décadas revelam uma mesma história (Texto de Stefanny Marques sobre o vídeo-documentário produzido por Mary Paes sobre fotografias antigas da cidade e os fotógrafos).
- Boemia macapaense (Texto de Stefanny Marques sobre Bar do Abreu e Xodó).
- Orla de Macapá (Texto de Alexandra Flexa enfocando o aspecto turístico)
- Guarda Civil: 13 anos de história e conquistas (Texto de Ailton Leite).

Fonte de Consultas:

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Herivelto Maciel (Artista Plástico - Parte 2)

Mais uma das telas de Herivelto encontradas em repartições públicas de Macapá. Esta revoada de guarás, tema recorrente em suas obras, é um quadro doado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA-AP), com dimensões que ultrapassam 2m de largura e pintada em 2003.

Herivelto Brito Maciel é amapaense, nascido em 1952, com longa história na arte plástica do Amapá. Sua obra é caracterizada pela valorização do regionalismo e  inovação em técnicas de pintura com resinas extraídas do açaí. Um talentoso e consagrado artista na Amazônia.

Veja também:

terça-feira, 19 de junho de 2012

CENAS DE MACAPÁ

Meu amigo Gregor Samsa disponibilizou algumas imagens para o blog. Vamos dizer assim, que são janelas sobre Macapá.
Fortaleza de São José de Macapá (Bairro Central)
Praça Floriano Peixoto (Bairro Central)
Orla de Macapá (Bairro Santa Inês)
Praça da Conceição (Bairro do Trem)
 Praça Veiga Cabral (Bairro Central)
Foz do Canal das Pedrinhas (Bairro Pedrinhas)
Muro da Sede do Trem (Bairro do Trem)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tem boto na rede do Tunico (Vídeo)

A Amazônia e seus cenários,
sempre com muitas lendas conhecidas.
1) São Tomé do Macacoari (Itaubal do Piriri-AP )/ 2) Mangal das Garças (Belém-PA)
3) Rio Araguari (Ferreira Gomes-AP) / 4) Igarapé da Fortaleza (Macapá-AP) 
5) Cachoeira Grande (Calçoene-AP) / 6) Maracá (Mazagão-AP)  
7) Foz do Macacoari (Itaubal do Piriri-AP)
Fotos "batidas" por Gregor Samsa
Como admirador destas estórias, prestigio aqui este curta-metragem amador filmado em Ponta das Pedras (Marajó/Pará). Conta-nos a história de uma jovem chamada Raimunda (Mundica) que morou um tempo em Belém e, retornando à sua casa no interior paraense, mostra-se cheia de manias, vindo acompanhada de um namorado nada acostumado com a vida ribeirinha. Mesmo querendo ostentar uma imagem diferente de si mesma não mudam suas raízes, desta forma, diz ser encantada pelo boto em uma noite, uma referência lendária na Amazônia à supostas traições.  É uma história divertida mostrando personagens comuns: o caboclo, seus costumes e gaiatices, a rezadeira e a vida simples do ribeirinho. O vídeo tem mais de 33 mil acessos no youtube, é de produção simples e divertido,  valendo uma boa conferida. Essa é a Amazônia, alguns de seus moradores e um causo sobre uma de suas lendas.


Criação: Associação Cultural Dalcídio Jurandir
Elenco: Alice Felix (Mundica) / Jorge Castro (Armando) / Bruno Mendes (Tunico) / Iza Teixeira (Dona Joana) / Lulu do Trombonhe (Abelardo) / Letícia Morais (Anastácia) / Rayssa (Augusta) /  Pedro Jr (Antônio) / Marialba Ribeiro (Dona Dinha) / Adelino Sarges (Boto)
Direção: Pedro Harlei / David Oliveira / Erivelton Lalor
Edição: Anderson Tavares / Erivelton Lalor
Operador de Câmera: Erivelton Lalor / Anderson Tavares

domingo, 17 de junho de 2012

Exposição de Frank Asley (Biblioteca Pública Elcy Lacerda - 2012)

A Biblioteca Pública Elcy Lacerda é um dos principais centros culturais em Macapá. Atualmente, além do acervo literário, os visitantes estão tendo a oportunidade de conhecer também estas obras em exposição no hall de entrada. São telas do artista plástico amapaense FRANK ASLEY. Expressão em formas e cores fortes, com influências do cubismo e surrealismo, da alma humana à margem social. Nota-se também, em uma das telas a busca por algo melhor, um sonho possível? Se a arte é uma impressão ou impacto aos sentidos e sentimentos, certo ou errado, foi o que percebi.

01) Imcompreensão do Incompreensível (Óleo sobre tela - 80x120)
02) Indiferença (Óleo sobre tela - 80x120)
03)  Sublime (Óleo sobre tela - 80x120)

04) O Carapirá - O Catador de Lixo (Óleo sobre tela - 80x120)
05) Opressão e Submissão (Óleo sobre tela - 80x120)  

"Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma."
George Bernard Shaw
Valorize e conheça nossas bibliotecas.
Bem-vindos à Biblioteca Pública Elcy Lacerda!

sábado, 16 de junho de 2012

"DICIONÁRIO DE AMAPÊS: A língua falada no Estado do Amapá" (Cléo Araújo & Maria Zenaide Araújo)

ÉÉÉÉgua! Tu já viu esse livro matriculado que relançaram no Centro Franco-Amapaense no dia 06 de junho. Tufuste lá? É o DICIONÁRIO DE AMAPÊS, uma obra pai-d'égua que abarca uma trancada de palavras de uso regional. Abafu suprimo! Tá até o toco de verbetes (mais de 2500), com as devidas explicações, mostrando dados históricos, nomes científicos, explicações de frases e também termos de origem de tribos indígenas amapaenses. A obra está na segunda edição e foi escrita por CLÉO FARIAS DE ARAÚJO e MARIA ZENAIDE FARIAS DE ARAÚJO, dois irmãos que ficaram cuíra de entender esses termos regionais, desde bruguelos, e antão publicaram esta obra no maior caquiado, depois de cortar um dobrado (Ih... Deus defenda!). Cumé? Sabe adonde tem? Má rapaz...! Inda sabe não! Ah... Brincadeira! Chega de palmo em cima nas bancas de revista e livrarias de Macapá que logo avéra de tá lá à venda. Se não tiver... Puta merda!... Ulha disque já!! Tá, jabá! Num vem me iscrotiar!!! Pira paz...! Uh, minha mana! A valença que eu não sou rubilota, a módi que, já garanti o meu. 

OBS: Obviamente, todos os termos negritados são ilustrações presentes no dicionário. 
 O Livro é:
Título: Dicionário de Amapês - A língua falada no Estado do Amapá
Autores: Cléo Farias de Araújo / Maria Zenaide Farias de Araújo
Editora: CLÉOZEN
Páginas: 132
Ano: 2012
Temas: Dicionário Regional

No vídeo, a apresentação dos autores.

Imagens do evento (Edição: R. Castelo)


Fonte de consultas:

terça-feira, 12 de junho de 2012

Maycon Tosh & MC Poca na Semana do Meio Ambiente 2012

"No cenário mundial, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20) apresenta a necessidade de assegurar um comprometimento político renovado com o desenvolvimento sustentável, através de um processo avaliativo do progresso feito até o momento e das lacunas que ainda existem na implementação dos resultados dos principais encontros sobre desenvolvimento sustentável, além da abordagem dos novos desafios emergentes" (Folder da SEMA-AP)


Em 06/06/2012 a SEMA-AP realizou o evento "Sociedade Sustentável: Desafios para um novo tempo" onde se discutiu a Sustentabilidade no Estado do Amapá, com vistas ao desenvolvimento urbano, econômico, político, cultural e socioambiental. 
A seguir, a apresentação de Maycon Tosh e MC Poca no evento, dando seu recado sobre a importância e urgência da sustentabiblidade. Participação também de Samir de Tal no violão.



SOCIEDADE SUSTENTÁVEL
(Maycon Tosh e MC Poca)

 Economia Verde
Desenvolvimento Sustentável
Redução da Pobreza
Amapá +20
Vocês querem mudanças?
Vocês querem mudança já?
Cuide do ambiente junto com a gente

Sociedade Sustentável
Desafios para um novo tempo
Educação Ambiental vem do berço
Você tá ligado?
Você tá plugado?
Está conectado?
Vem vai ser legal!

PRESERVAÇÃO É O TEMA DOS MEUS VERSOS
EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE VEM MEU MANIFESTO
É PRECISO MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
ENTÃO MEU IRMÃO SE LIGA NO MOVIMENTO

A CONSCIÊNCIA AMBIENTAL VAMOS DESPERTAR
É O DESAFIO DO MILÊNIO TEM QUE SE LIGAR
VAI COLOCA EM PRÁTICA A CIDADANIA
UM MUNDO SUSTENTÁVEL NÃO TEM QUE SER UTOPIA

O DESMATAMENTO NÃO PODE SER FONTE LUCRO
DESTRUINDO A FLORA ISSO É ABSURDO
A ECONOMIA VERDE É NOSSA FORTALEZA
É UMA FERRAMENTA PARA COMBATER A POBREZA
SOCIEDADE SUSTENTÁVEL JÁ!!!!

Veja também:

sábado, 9 de junho de 2012

"O Guerreiro Tucujus" / "O Vento dos Açaizais" (Carlos Cantuária)

"A literatura é a expressão da sociedade, 
assim como a palavra é a expressão do homem."
(Louis Bonald)  
Onde estará Gregor Samsa? Ah! Lá está o fulano, na sua capa da invisibilidade.
Esta imagem é do "II Seminário Construindo o Programa de Literatura do Amapá" (março/2012) onde literatos trataram dos rumos da produção literária amapaense. Uma sugestão dada, que acredito ser de grande importância e chamou-me a atenção, foi o resgate de obras antigas publicadas nesse estado, que hoje estão no limbo do esquecimento. Segundo tratado, estas obras teriam (terão?) assistência do governo para serem divulgadas nas escolas e secretarias. Não sei o quanto disso se concretizará. Há sempre ardor nos discursos diante de públicos... Eu, que nada tenho com isso ou aquilo, fiquei muito curioso em conhecer estas obras. Nesse feriadão aproveitei para ler duas das antigas e resolvi postar aqui as modestas impressões.
Preciso dizer também que não sou partidário de ninguém, sou um leitor interessado em conhecer o que por aqui construíram em nossa literatura amapaense.
Os livros que dei uma espiada foram: "O Guerreiro Tucujus: Espírito do Passado" e "O Vento dos Açaizais" (romances) ambos de Carlos A. Sampaio Cantuária (que lembrei posteriormente ser também um político aqui).

"O Guerreiro Tucujus: Espírito do Passado" é um romance regional, publicado em 1989, ambientado no Amapá dos idos coloniais. Conta-nos a história de Laureano e Pérola, casal vindo das ilhas do Pará para firmar moradia nestas bandas. Aqui vão conhecendo a terra, costumes, lendas e a natureza. Destaque também para Antonio Tucujus, amigo do casal, que faz um papel de anfitrião  apresentando os saberes locais, como o batuque, quilombo, natureza e a lenda da negra montada no jacaré. A história não é linear e nem de trama aprofundada. Tal qual um romance naturalista, a terra com suas peculiaridades é o centro de tudo. Às vezes o autor foca o cenário natural, mais adiante a fuga de um escravo para o quilombo e até uma batalha no Arraial de Santana, sempre com ênfase aos defensores da terra. Relevantes também são os poemas intercalados entre as narrativas - suspiros poéticos do indígena, do escravo, etc. A obra encerra com um suposto rapto de um dos filhos do casal por aquela figura lendária mencionada. Nas entrelinhas percebermos, acima de tudo, uma homenagem aos formadores desta terra: o índio, o negro e os migrantes (caboclos vindos das ilhas paraenses). Personagens com seu valor, suas dificuldades e suas crenças nessas terras outrora habitadas pela extinta e valente nação indígena Tucujus.

Veja alguns fragmentos do livro, para ilustrar o que mencionei anteriormente:

"Águas barrentas, um infinito horizonte esverdeado. Os passageiros da pequena embarcação manifestavam uma imensa alegria depois de vários dias navegando pelo caudaloso e magestoso rio de águas escuras e barrentas. O Amazonas, que esconde milhares de segredos jamais descobertos e mistificados pelas lendas centenárias"

"O Tucujus falava ao casal, dos encantos da Vila como fosse seu construtor, contando detalhes importantíssimos do povoamento."

"Canto. Meu grito de dor.
Sou a imagem de um povo sofrido.
Lágrimas de meu passado,
Sonhos sem futuro.
Nação próspera e feliz.
Vi - vi meu povo ser dizimado.
Estampidos, lâminas, gritos... escravidão.
Morte - morte que vi.
Hoje sozinho, agarrado no meu passado,
Canto meu grito de dor."
"- Não me denuncie, fugi dos maus tratos de meu senhor, fui perseguido pelos soldados da Intendência e ferido por um tiro em meu ombro esquerdo. Estou me sentindo fraco, sinto minhas forças fugirem, mas preciso alcançar os Jacarés, minha esposa e meu filho esperam."

"Gemendo me encontro.
Relembro o meu passado.
Dores no corpo de meu trabalho escravo.
Canto saudades de minha juventude não vivida.
Sinto um peso que carrego.
É o meu próprio corpo.
Cansado, disforme e velho.
Nesta minha velhice desamparada.
As lamúrias suplicantes de meu ser manifestam-se.
Pois sou negro escravo,
Única coisa que sei e questiono,
Onde andará meu Deus."
"A batalha trazia pequena vantagem aos invasores... Os bravos índios de suas canoas chegavam ferozmente pelo rio, tomando as caravelas invasoras ao comando do Cacique Taxaúna e do Português Reis de Melo."
"Correndo para o local onde os cães permaneciam latindo, viu os rastos do imenso jacaré e as pegadas da Negra Lana..."
O livro tem ilustrações de André Cantuária, é de linguagem e textos simplificados e apresenta um total de 117 páginas (o formato é pequeno e pode ser lido em poucos minutos). 

"O Vento dos Açaizais" é mais uma obra de valorização regionalista, publicada em 1991 (com 77 páginas). A narrativa foca o enterro de um ribeirinho do rio Flexal. Basicamente, mostra a estória de um grupo de amigos e compadres ribeirinhos no funeral de um dos seus. Mas estamos falando da Amazônia, de suas peculiaridades, por isso o cenário mostra boto, o rio, suas particularidades e até o encontro com um grande sucuriju (descrito com o entusiasmo e exageros  comuns do amazônida). Poderia se apresentar como um grande causo. O malfadado defunto se vê envolvido em confusões cômicas, com direito a despencar no assoalho da casa, ser transportado por canoa no cortejo fúnebre e chegar a uma situação de pensarem que estivesse vivo. Seria cômico se essa Amazônia, o centro das atenções nestes dois romances, não fosse o principal agente de tudo, levando o defunto para moradia final no fundo do rio, através de uma grande pororoca. É a terra o elemento mais importante, determinando e influenciando o rumo de tudo... seja natural, seja humano. O ribeirinho, com todas as suas peculiaridades, é mais um elemento neste cenário natural. Se o pobre defunto estava à mercê de seus camaradas para seu destino final, todos ali estavam à mercê de uma força maior - a Amazônia - que dá o desfecho, deixando todos no meio de uma pororoca e nas consequências de um grande alagamento. Afinal, quem conduz quem?

Destaque para um garoto, a descrição de um perfeito moleque enjoado, em determinado momento da estória. Iguais a este têm um monte... sem ser na literatura. Julgue comigo se não tenho razão. Olha aí o pentelho em ação:

Um moleque querendo ver o morto se expremia entre os presentes, empurrando um e outro para chegar ao caixão.
- Dá termo moleque! Vê onde pegas, não te ensinaram bons modos?
O moleque não deu ouvido e logo chegou ao caixão e pôs-se a olhar curiosamente o defunto.
- Fummmmmm... Tá fedendo! Falou alto o moleque.
- Te aquieta, moleque danado!
O moleque continuou a observar. De repente outro grito chocalhado e um movimento na braguilha do morto; o moleque observava o movimento e aponta na direção da braguilha do defunto, que volta a mexer-se, entoando novo grito.
- A calça está se mexendo! Diz o moleque já assustado.
- Eu vi também!
- Olha lá! ...continua se mexendo!
Um empurra-empurra, era caboclo rebolando um por cima do outro que acabaram derrubando o defunto, que caiu fora do caixão de peito para cima.
- Ó minha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, olhai para este homem!
O defunto exala um cheiro desagradável pelo ambiente, fazendo muita gente sentir náuseas, mas não se afastavam. O mal cheiro e o movimento da braguilha indicava que algo de anormal estava acontecendo. O morto foi rodeado, o moleque novamente com sua curiosidade ajoelha-se para observar. A caboclada estica o pescoço para olhar com bastante atenção. Um coachar característico e um movimento...
- Tá se mexendo! ... Tá se mexendo! O saco do homem tá se mexendo! Grita apontando o moleque.
As pessoas que estavam na frente eram empurradas prá cima do defunto pelas pessoas detrás, que queriam observar melhor; ao mesmo tempo as da frente forcejavam para não cair em cima do defunto.
- Vejam! Tá saindo algo da braguilha do homem!
- O que será aquilo?
- Não! ... Não pode ser!
- Mas ele já está fedendo!
Novamente o moleque grita:
- É um sapo! É um sapo!
Toda a caboclada cai na gargalhada deixando extravasar no riso o medo; até Dona Matilde não se conteve e riu à vontade.
- Eu não acredito! Justifica o velho Sabá rindo com Pedro.
O sapo salta prá cima das pessoas que empurram umas às outras, deixando o sapo sair da casa. A reza parou depois do susto, pois os ventos ameaçadores continuavam a descobrir casas e derrubá-las.
O caixão era recolocado sobre a mesa e o defunto novamente acomodado. Desta vez sendo recoberto por um lençol de renda.
(Trecho do capítulo "Curiosidade", do romance ""O Vento dos Açaizais" - Carlos Cantuária)
Umas palavras sobre o autor: 

Carlos Alberto Sampaio Cantuária e mazaganense, estreou como escritor publicando o livro PRÁTICA DOS MOVIMENTOS POPULARES, SUAS LUTAS DIREITOS E DEVERES (1987), está entre os romancistas pioneiros na Literatura Amapaense e recebeu da crítica o reconhecimento e notoriedade de escritor com o romance O GUERREIRO TUCUJUS: ESPÍRITO DO PASSADO (1989).

TAÍ MEU MANO!!! 
Duas sugestões sobre a Literatura no Amapá. São obras de fácil compreensão, muito adequadas às escolas e jovens leitores, com teor bem interessante e que podem ser lidas, cada uma delas, de uma tacada só em uma boa baladeira!!!



VALORIZE, PRESTIGIE E CONHEÇA A LITERATURA AMAPAENSE. 
CASO INTERESSE, ESTAS DUAS OBRAS ESTÃO NO ACERVO DA
E ESTÃO À DISPOSIÇÃO PARA SUA CONSULTA.
UUUhh cabucu!!! Vamu ispiar e dicubrir utras cuisa!!! Falúúú´!!!