As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ilha de Santana (Parte 9 - Exposição Sinestesias)

Imagens do grupo de fotógrafos que esteve em uma excursão na Ilha de Santana (em 13/10/2012) apresentadas na exposição SINESTESIAS (no SESC-Araxá/Outubro). 
Registram a beleza da Ilha nas adjacências do Recanto da Aldeia

 Algumas fotos. Foram 60 na exposição.
 Foto: Jonata Lacerda
 Fotos: Adriana Ribeiro / Sandra Camila
 
Fotos: Maiara Brito / Paulo Zab
 É um pouco da Ilha de Santana, com seus cenários e encantos.
Foto: Nedson Beckman
Foto: Aog Rocha
Contemplem a paisagem! 
Foto: Maksuel Martins
 Fotos: Paulo Zab / Jonata Lacerda
Vocês não sabiam?
 Foto: Suzany Rodrigues
Foto: Thaise Medeiros
Vem aí a soja...
 Foto: Mary Paes
Foto: Nedson Beckman
...e seu potencial de destruição.
 Fotos: Aog Rocha / Carla Antunes
Foto: Rogério Castelo
Veja a Ilha...
Metade já pertence ao empreendimento que vai construir o porto 
para escoamento de grãos de soja que vem de Mato Grosso.
Foto: Maiara Brito / Aline Pacheco
 Onde está a área divulgada como já desmatada, 
local onde será contruído o empreendimento?
 Foto: Maiara Brito
Foto: Sandra Camila
Mentiras! 
Só a ponta do iceberg...
 Fotos: Adriana Ribeiro / Aline Antunes
Mais de 4 séculos de ocupação tem a Ilha. 
 Foto: Sandra Camila
Foto: Suzany Rodrigues
Foram os determinantes dos impactos previstos?
 Foto: Aog Rocha
 Foto: Nedson Beckman
Venha então o progresso...
Junto com as responsabilidades sociais e ambientais... 
Coisas que muitos empreendimentos não consideram,
a não ser seu máximo benefício próprio, contando muitas vezes,
com a conivência de quem deveria zelar pelos nossos.
Foto: Thaise Medeiros

Contemplem a paisagem!
Em boa parte da Ilha, 
nunca mais será a mesma.


Veja, perceba, experimente, deduza, tenha sua impressão, envolva-se...
Assim foi a Exposição Sinestesias.


Veja também:

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Um Boto Pós-Moderno (Leacide Moura)


Conhecendo um pouco mais da Literatura Amapaense. Este conto faz parte do livro "Encantos, Encontros, Poemas e Contos", de Leacide Moura & Iramel Lima, e tem como proposta a valorização de elementos folclóricos e geografia local. A obra é de 2008 e assim foi definida pelo escritor Paulo Tarso: "apresenta caráter dramático, humorístico e psicológico priorizando os espaços regionais e viagens no contexto brasileiro" (veja mais em escritoresap.blogspot.com).

 
Rio Amazonas (Fotos:cienciahojeCal Tedde) O maior rio do mundo em extensão, volume d'água e com a maior bacia hidrográfica do planeta.

Em uma aventura pela Amazônia o boto do Rio de Janeiro, acostumado a salinidade das águas do mar, prova do sabor da água doce do Rio Amazonas. A novidade era tão grande que ele se encantou com tudo o que encontrou.
O texto estava em exposição junto com a imagem de um boto, durante a Feira de Livros
Adorou o caudaloso Rio Amazonas... e numa manhã nublada sujeita à chuvas ele percorreu o Rio Amazonas rumo ao braço do Curiaú e enfrentou o maior toró sem se importar com o frio, para logo em seguida enfrentar um calorão com a imediata aparição do sol, mas ele nem se incomodou e tomou o maior respeito pelo clima da Amazônia.
Apreciava tudo, encantado, silencioso, como que querendo preservar e guardar pra si toda beleza paradisíaca do lugar.

 
APA do Curiaú (Fotos: Acervo da SEMA-AP)
Unidade de conservação a poucos kilômetros do centro de Macapá.

Ao chegar à margem do Rio Curiaú resolveu se transformar em homem para conhecer as pessoas daquela vila, especialmente as moças bonitas, e como dizia Caetano: "menino do Rio de eterno flerte", o boto não fugia a regra. Transformou-se em um moço alto, de cabelos longos amarrado a um "rabo de cavalo", tinha o rosto comprido, olhar penetrante e inteligente. Tinha um ar misterioso e ao mesmo tempo de uma ternura tão grande grande que jamais o deixava passar desapercebido pelas pessoas que se encantavam por ele no primeiro momento em que o viam.
Tela de Dekko do Acervo Fernando Canto
Tela de Pantaleão em exposição no CCFA
Obra de Regi em exposição no Monumento Marco Zero do Equador
Marabaixo, dança afrodescendente (capa do livro de Piedade Videira)
É a principal manifestação cultural do Estado do Amapá.

No Curiaú ao apreciar o extenso pantanal ele avistou uma abelhinha negra e disse a ela:
- Se você fosse uma moça eu te daria um beijo!
A abelhinha, toda agitada, pois tinha pressa, ia organizar o batuque para a dança do Marabaixo, olhou para o moço e disse:
- Desculpe, mas estou com pressa, preciso levar o mel pra casa e passar na casa do samba para a dança do Marabaixo e meu namorado é muito ciumento...
Então o boto resolveu conhecer outros lugares. Mergulhou novamente nas águas doce do Rio Amazonas e chegou até o Rio Jarí. Transformou-se novamente no moço atraente e adentrou a vila de casas do lugar. Parou em uma pensão para se alimentar após a viagem, precisava armazenar energia, pois pretendia conhecer outros lugares em sua aventura pela Amazônia.
Rio Jari (Foto: br.viarural.com)
Localiza-se no sul do Amapá, fazendo a divisa com o Estado do Pará. 
Nele encontramos uma das maiores belezas naturais da Amazônia...
Na pensão ele viu muitas moças bonitas e todas se encantaram por ele. Foi assim que ele viu outra abelhinha, uma abelhinha marrom que pousara em uma antena parabólica, ela era graciosa e alegre. O boto transformado em moço, não se conteve e disse a abelhinha.
- Abelinha, abelinha, se você fosse uma moça eu te daria um beijo!
- Passe lá na pensão à noite que eu quero te mostrar a minha família! O que a moça queria era casar.
O moço ficou desapontado e resolveu conhecer outros rios. Transformou-se novamente em boto, caiu no Rio Jari, pegou o braço do Rio Cajari, percorreu as corredeiras, chegou ao Rio Iratapuru. Ficou extasiado com a beleza exuberante do lugar, da floresta, do canto dos pássaros, dos gritos dos animais escondidos na mata...
Tomou novamente a forma humana e subiu a margem, queria conhecer os habitantes daquele lindo lugar. Imaginou que seriam seres notáveis, dada a beleza estonteante do pequeno vilarejo.
Lá ele conheceu os castanheiros, gente boa que o acolheu de braços abertos como se fosse filho do lugar que retornava à casa do pai.
Conversou muito com um caboclo de fala mansa, um verdadeiro sábio da floresta, o moço tudo ouvia sem perder uma só palavra da boca do ancião. Com ele o boto aprendeu o verdadeiro prazer da amizade, a respeitar e amar de peito aberto a floresta e a humanidade, a reconhecer o canto de cada passarinho... Já era quase noite, ele precisasva e ir embora... retornar ao Rio de Janeiro... já começava a sentir saudades de casa, do mar, do sol e das moças de corpo dourado... da música e da poesia... porém, tinha se afeiçoado ao Rio Iratapuru e àquele doce ancião.
Pediu licença ao sábio para dar uma caminhada pela floresta, queria memorizar cada palmo do lugar, açor da terra, o gosto das frutas silvestres, o som da floresta, o doce da água do rio...
Adentrou a mata, foi até a margem do rio quando avistou uma abelhinha que passava voando, ia buscar a água para complemento do vinho que estava a fazer.
Era uma abelhinha amarela de gestos serenos e meigos.
O boto, transformado em moço, não resistiu a tanta doçura e falou apaixonado:
- Se você fosse uma moça  eu te daria um beijo!
...A Cachoeira de Santo Antonio (Foto: SETUR-AP)
A abelhinha o fitou atônita, como que hipnotizada pela força de atração do moço nunca vista por ela. Ficou desconfiada, porém, estava tão atraída por ele e foi se transformando em moça, uma moça muito bonita. O moço a conduziu delicadamente para debaixo de uma imensa castanheira que ao se olhar debaixo para cima se perdia de vista de tamanha altura.
 A abelhinha nunca d'antes transformada em moça, estava zonza... O moço fitou-a nos olhos e a beijou suavemente.
Jandaíra fugiu assustada, mas o moço a alcançou e disse:
- Eu deixo você ir, mas terá que prometer que se casará comigo!
A abelhinha prometeu e foi-se embora. No caminho ela lembrou das lindas histórias de amor que lera em livros trazidos por turistas. Lembrou da história do piloto e seu amigo, o pequeno príncipe, que se apaixonara pela rosa, tinha algo parecido com sua história. O ancião sábio da floresta, o boto e ela Jandaíra. Sentiu medo. Queria ser amada. Estava apaixonada. Tinha medo de perde-lo.
Se encontraram à noite na casa do ancião. Na madrugada eles apreciaram a lua mais linda por trás das árvores altas e majestosas, cujo reflexo nas águas do Rio Iratapuru emanava a magia das paisagens. Estavam ali. O boto-moço e a abelhinha-moça, o rio, a floresta e alua...
No dia seguinte após passar a noite mais linda de suas vidas, o boto e a abelhinha despediram-se do ancião e partiram em sua aventura pelo Rio Amazonas
Situação no final de 2012. As águas foram desviadas por conta 
da construção de uma barragem. 
Dizem que o fluxo retornará em 2013 (VEJA AQUI).
Chegaram à Cachoeira de Santo Antonio, os dois ficaram extasiados diante de tanta de tanta beleza. As rochas adornadas de samambaias, o volume d´´agua, o turbilhar da cachoeira e o respingar d'água como vapor...
Ali, os dois fizeram um pacto de amor. Silencioso. As palavras não tinham valor. Somente os sentimentos contavam!
Jandaíra fabricou o seu melhor mel e o ofertou  a seu amado. Esse ficou maravilhado, pois nunca havia provado de tal manjar.
Capa do livro
Os dois continuaram se amando até que um dia o moço amanheceu tristonho. Jandaíra sentiu o coração paralisar, ela sabia que o moço sentia saudades de casa. Mas ela o amava demais para vê-lo sofrer! Lembrou-se novamente do pequeno príncipe e sua rosa... Ela já não era mais a mesma, havia amadurecido.Estava pronta para avida e com uma doçura calma disse ao moço:
- Não demores assim, que é exasperante. Tu decidistes partir. Vai-te embora!
O boto fitou-a parado sem compreender.
É claro que eu te amo, disse-lhe a abelhinha. Abraçou-o e murmurou aos seu ouvido:
- Eu te amo! Com os olhos marejados de lágrimas, saiu correndo pois, era muito orgulhosa e não queria que a visse chorar.
O boto mergulhou na água doce do Rio Amazonas e partiu para o Rio de Janeiro. E de lá sempre lembra do "mel de Jandaíra".


(Texto de Leacide Moura, em "Encantos, Encontros, Poemas e Contos" - Macapá-AP, JM Editora Gráfica, 2008)

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Bibliothèque - Salle Léon-Gontran Damas (CENTRE CULTUREL FRANCO AMAPÉEN)

O Centro Cultural Franco Amapaense foi criado em agosto de 2009 como um espaço para difundir a cultura franco-brasileira no Estado do Amapá.
  
Em novembro de 2012, como um dos eventos da 1ª Feira de Livros do Amapá (FLAP), foi inaugurada a Salle Léon-Gontran Damas. Mais um espaço da literatura, voltado para a língua francesa e à disposição do público para consultas.
 
Salle Léon-Gontran Damas.

Léon-Gontran Damas foi um escritor, poeta e engajado político francês, nascido a 28/03/1912 na Guiana Francesa. Era mestiço de negro, ameríndio e branco e foi co-fundador do Movimento da Negritude, juntamente com Césaire e Senghor nos anos 1940. Amante do jazz, publicou em 1937 o livro Pigments, reunião de poemas prefaciado por André Gide, que se revolta com violência contra a educação crioula que ele vê como uma aculturação imposta. Um de seus grandes temas é a vergonha da assimilação. Faleceu em 22/01/1978 nos Estados Unidos (Fonte: Wikipédia).



Apresentação da Sala por JOSIANE FERREIRA (Diretora do CCFA)
 Apresentador: Maycon Tosh
Edição: Rogério Castelo
(Macapá - Amapá - Brasil - 19/11/2012)
Endereço:
Centro Cultural Franco-Amapaense (CCFA) 
Rua General Gurjão, 32 / Macapá-AP (ao lado do Centro Danielle Miterrand)
Horário:
Segunda a Sexta: Manhã e Tarde

Agradecemos a Josiane Ferreira a oportunidade de
registrar e divulgar o espaço cultural.