Ilustração: blog.cienctec.com.br |
No dia 15/02 um inusitado acontecimento ocorrerá nas proximidades da Terra. É que um pequeno asteroide passará perto de nossa órbita - felizmente e pelos estudos da NASA, sem grande risco de colisão. O viajante cósmico tem nome, 2012 DA14, foi descoberto ano passado por um grupo de astrônomos amadores da Espanha e desde então vem sendo monitorado pelas agências espaciais. Seu tamanho foi calculado em 46 metros de diâmetro e sua velocidade média é de 13 quilômetros por segundo - o suficiente para, em um hipotético impacto, causar uma destruição equivalente a 2,4 milhões de toneladas de dinamite. A proximidade com que passará é considerada de raspão, pois será menor que a distância da terra para a lua.
Quanta informação! Ah se não fora por isso... Na era da globalização, as notícias percorrem o mundo em pouco tempo e as especulações já não se formam às cegas.
SKYLAB (Foto: astronomiaamadora.net) |
Toda essa situação me fez lembrar de outro acontecimento quando morava em Serra do Navio, no final dos anos setenta. A cidade era considerada a mais organizada no Amapá e me arrisco a dizer de toda a Amazônia, pois tudo ali primava pela qualidade. O que não era privilégio era o acesso às informações como temos hoje, em que qualquer pessoa com um celular conectado pode viajar pelos quatro cantos do mundo. Naquele tempo quem chegava do trem era portador de notícias ou de cartas de parentes e amigos. As informações podiam também ser vistas na banca de revistas do Seu Donaldo, localizada atrás do Manganês Clube, e ainda pelo rádio ou pela televisão, mas com uma peculiaridade própria. Televisão, só no Clube... A exibição começava no final da tarde e a garotada aguardava com expectativa para assistir o famoso Sítio do Pica-Pau-Amarelo. Eu não perdia por nada e aos domingos depois da missa gostava também de assistir Os Trapalhões e o Fantástico, que era o principal programa da televisão brasileira, pois ninguém gostava de perder. Foi nessa rotina que em um domingo vi a notícia sobre a queda de um satélite. Há mais de 30 anos o Fantástico noticiou sobre um tal SKYLAB.
Mapa: Google Earth |
Morava na BC-8 e ainda lembro de alguns vizinhos. Tinha o Carlos, o Lolito (o mesmo que é uma sumidade hoje na música amapaense com seu bandolim), o Ceará Cachorro, o Flecha, o Pedro (que era também pipoqueiro na cidade), o Floriano e o Farripa (nao esqueço da mobilete em que sempre o via passar e, principalmente, de suas belas filhas: amores platônicos). Outros vizinhos eram uns estagiários que sempre se instalavam na casa em frente à minha, o maquinista do trem (não recordo o nome), o Careca, o Fubica e o Jaburu, que moravam nos fundos de casa, na BC-9. O último citado, anos depois se tornou prefeito em Pedra Branca. Ah... meu pai era conhecido pelo simpático apelido de Cara-de-macaco. Eram meus vizinhos, só não tenho certeza se todos estavam na ocasião. Mas a maioria sim.
Se já não bastasse o medo do SKYLAB, terror nos meus pensamentos, em uma bela noite na rua de casa presenciamos um estranho acontecimento.
Eu e meu irmão nos tempos de meninos na Serra do Navio (1979) |
Ilustração baseada nas lembranças daquela noite em Serra do Navio. |
No outro dia a conversa rolou solta e ninguém sabia o que foi aquela aparição. Só muito tempos depois que vislumbrei a possibilidade de se relacionarem às explosões que ocorriam na mina, que eram impressionantes e ressoavam em toda a vila. Mesmo assim, não sei ainda de que maneira se formaram aquelas luzes.
Essa foi uma noite inesquecível, onde presenciei por um momento: uma funesta chegada do apocalipse com a queda do SKYLAB, depois um fenômeno inexplicável no universo em que vivia, com aquelas enigmáticas luzes, e, como muitos preferiram acreditar (e é assim até hoje), a passagem de um disco voador sobre Serra do Navio.
Em 11/07/1979 o SKYLAB caiu mesmo, mas no mar, pondo fim aos pesadelos de muita gente. Foi o fim da antiga base espacial americana.
Dia 15/02/2013 um asteróide vai passar do nosso lado. Nada assustador hoje, quando se tem informações mais concretas e facilitadas sobre sua representatividade. Já naquela minha vila, quase 34 anos atrás...