Obra preciosa,
disponibilizando referencial histórico pouco difundido e, em termos gerais,
desconhecido pelo povo amapaense. A abordagem apresenta pesquisa sobre o Centenário
da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Amapá, tema tratado
também em valorosas publicações recém lançadas, mas com diferencial de resgate
histórico da trajetória do catolicismo e de outras denominações evangélicas no
estado após o pioneirismo assembleiano.
Os autores,
pesquisadores vinculados à FATECH - Faculdade de Teologia e Ciências Humanas,
traçaram um panorama que permite a percepção da igreja em sua ação na
Amazônia e Amapá, ressaltando fases, principais pontos relacionados a elas e
atual situação do "assembleianismo" amapaense. Aspectos que se
organizam em quatro artigos de maneira sucinta, tendo riqueza e ineditismo
de informações, principalmente para a classe estudantil.
Título: Assembleia de Deus:
Cem anos de transformações espirituais e sociais no Amapá
Autores: Francisco Maurício de Sena Júnior (ORG)
Ezer Belo das Chagas
Edna Pasini das Chagas
Falbert Maurício de Sena
Fredson Maurício de Sena
Flábio Sena
Editora: Tarso
Páginas: 59
Ano: 2017
Breve História
da Igreja Católica no Amapá é o
primeiro momento e o que chamou minha atenção foram as considerações sobre a
ação missionária na Amazônia, marcada pela expulsão dos jesuítas na metade do
século XVIII. Nas considerações essa ação deixou as missões suscetíveis à
incorporação de tradições, ritos e festejos até então não oficializados no
catolicismo, mas aceitáveis na adesão popular (o livro não cita, mas me veio
como exemplo a visão sobre a Festa em Mazagão ou o reconhecimento de santos
vindos do apelo popular, que em determinado momento ultrapassaram uma
hierarquia administrativa e se estabeleceram).
Outros aspectos importantes foram: a oficialização do catolicismo como religião do país entre as constituições de 1824 e 1891 (criando raízes para conflitos que se estabeleceram na visão sobre outros credos, pela mentalidade sobre o permissivo e subversivo, transmitida de forma tradicional entre as gerações); o engajamento nas causas sociais (para muitos, em termos práticos, criou imagem de fusão entre poder governamental e autoridade religiosa); e a reformulação dinamizada pelo Movimento Carismático.
Em Macapá, destaque para a Igreja de São José (o prédio mais antigo da cidade, de 1861), os conflitos com a chegada dos primeiros missionários evangélicos e a história do estabelecimento do Círio de Nazaré.
Outros aspectos importantes foram: a oficialização do catolicismo como religião do país entre as constituições de 1824 e 1891 (criando raízes para conflitos que se estabeleceram na visão sobre outros credos, pela mentalidade sobre o permissivo e subversivo, transmitida de forma tradicional entre as gerações); o engajamento nas causas sociais (para muitos, em termos práticos, criou imagem de fusão entre poder governamental e autoridade religiosa); e a reformulação dinamizada pelo Movimento Carismático.
Em Macapá, destaque para a Igreja de São José (o prédio mais antigo da cidade, de 1861), os conflitos com a chegada dos primeiros missionários evangélicos e a história do estabelecimento do Círio de Nazaré.
Em Breve
História das Igrejas Evangélicas no Amapá é apresentado o
pioneirismo dos missionários da Assembleia de Deus, algo que
tem sido estudado em maior destaque esse ano, por isso o que me instigou
mais nesse artigo foram informações sobre o início de outras denominações
evangélicas (como os Presbiterianos nos anos 40 e Batistas nos anos
50). Desse ponto em diante o foco do livro é voltado
apenas aos assembleianos e, a exemplo do que aconteceu em outras partes do
Brasil e em histórias do início da denominação, vemos também dissensões
entre os líderes no Amapá na trajetória da igreja, gerando separações. Fato
decorrente de desacordos ministeriais que deram origem a duas convenções
estaduais de pastores: a CEMEADAP (Convenção Estadual dos Ministros
das Assembleias de Deus no Amapá) e UFIADAP (União Fraternal das
Igrejas Assembleia de Deus no Amapá), que tem suas histórias contadas em
aspectos, embora conflituosos e nessa caracterização nada bonitos, de
importância para estudos.
As transformações
na Assembleia de Deus é o terceiro
artigo e dos mais interessantes no livro, por mostrar a identidade atual dos
assembleianos no Amapá. Duas coisas se destacam: a educação teológica de cunho
acadêmico valorizada e incentivada entre os líderes, e a admissão de pastoras
no ministério. Esses aspectos se ressaltaram na convenção de ministros ligados
principalmente à UFIADAP que, ao lado de outra convenção de pastores do
Distrito Federal (no parecer do livro) são as únicas que fazem a
consagração de pastoras no ministério da Igreja Assembleia de Deus no país. Temos
congregações amapaenses que são lideradas por pastoras e é ressaltado que
a aceitação é grande, apesar de conservadorismo ainda presente.
O capítulo tem uma parte também interessante sobre a participação de mulheres nos relatos bíblicos do Novo Testamento. Deixo em registro as profetizas filhas de Felipe (Atos 21:8-9), a docência na igreja de Priscila (Atos 18:26) e o trabalho assistencial de Tabita, também chamada de Dorcas (Atos 9:36-43). Destaque para Gálatas 3:28, sobre a ação desejada na igreja.
O capítulo tem uma parte também interessante sobre a participação de mulheres nos relatos bíblicos do Novo Testamento. Deixo em registro as profetizas filhas de Felipe (Atos 21:8-9), a docência na igreja de Priscila (Atos 18:26) e o trabalho assistencial de Tabita, também chamada de Dorcas (Atos 9:36-43). Destaque para Gálatas 3:28, sobre a ação desejada na igreja.
O crescimento
das Assembleias de Deus no Brasil e Amapá mostra um decréscimo no movimento pentecostal em termos gerais,
baseado em dados do IBGE. O texto analisa a história e cita aspectos que favoreceram
o avivamento no primeiro momento da chegada dos pentecostais.
Estão relacionados à valorização dos marginalizados (pobres, negros,
índios, ribeirinhos, analfabetos) e, principalmente, em entrega a um propósito
de vida que para muitos não parece mais novidade hoje. Penso em frieza
espiritual quando o evangelho parece encoberto em seu valor aos olhos de uma
sociedade que procura enquadrá-lo a seus interesses e não ao real objetivo de
viver em comunhão com Deus.
O livro tem esses
e outros aspectos muito interessantes para reflexão e discussões no
estudo da trajetória da Igreja Assembleia de Deus no Amapá.
Com exceção de
alguns pontos na organização e layout que não curti, a obra é preciosa e
fundamental para estudantes, historiadores e teólogos que queiram enriquecer
suas pesquisas sobre o Amapá.
Mais informações sobre a história centenária da Assembleia de Deus no Amapá em: