Fortaleza de São José de Macapá em reportagem publicada na revista O Cruzeiro, de 04 de Novembro de 1950. O texto é de Jorge Ferreira e as fotos de Roberto Maia.
O FORTE DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ, imponente obra de Portugal na Amazônia, foi inaugurado em 04/02/1782, dezoito anos depois de iniciada a sua construção, que obedeceu ao sistema do famoso marechal francês Vauban. Notem o quadrilátero central com os baluartes se projetando agressivamente nas quinas.
A largura da muralha é fabulosa: 7 homens de braços abertos.
Portão de entrada.
Do lado de dentro, a guarnição portuguesa defendia o local.
Naquele tempo, fazia-se diariamente a ronda extramuros, para evitar surpresas funestas.
O soldado colonial usava farda semelhante a esta, que envergou também
a Guarda Territorial do Amapá, nos dias de festa no forte.
Portões de ferro como esse eram usados na defesa interna, isolando os baluartes.
A bandeira colonial subia aos céus na ponta
do baluarte que dominava sobranceiro o rio Amazonas.
Sentinelas postadas nas guaritas dos baluartes velavam pela segurança
da fortaleza real de Macapá.
O canhão pronto para abrir fogo, os artilheiros se punham a postos,
cada um a cargo de uma operação.
Munição para os canhões do Forte de São José: petardos redondos de ferro.
O municiador trazia a bala, amontoada com outras por detrás dos canhões,
e colocava-a no cano.
O socador, manejado com habilidade e precisão por um dos homens,
empurrava carga e bala cano abaixo.
O estopim aceso era levado à mecha da espoleta que ia deflagrar a carga,
lançando o projétil.
Afastavam-se então os artilheiros para evitar
o choque do recuo do canhão no momento da explosão.
O atirador, porém, permanecia em seu posto.
A carga se incendiava em meio a grande fumaceira.
Por El-Rei e Portugal! Lá vai bala!
E lá vai ela, mesmo. Com tanta velocidade que, de redonda, virou oblonga, como se pode ver no meio da fumaceira que solta o canhão do século XVIII.
Conversa de soldados, à sombra protetora das velhas muralhas,
um dos bastiões da nossa integridade.
Fortaleza de São José de Macapá,
bastião da nacionalidade na Amazônia!