Título: Vida e morte de uma Baleia-Minke no interior do Pará e outras histórias da Amazônia
Autor: Fábio Zuker
Editora: Publication Studio São Paulo
Ano: 2019
Páginas: 210
O livro reúne sete artigos publicados entre 2017 e 2019 em Amazônia Real, pelo pesquisador e jornalista Fábio Zuker, com aspectos antropológicos da realidade amazônica.
O texto é de leitura leve e fluida, estimulante à reflexões sobre o indígena, o ribeirinho, a imigração em massa dos venezuelanos, impactos por empreendimentos, politicagem pela posse e exploração da terra e, no que é especialmente atrativo, o estudo sobre o surgimento de uma baleia na região do Tapajós.
Brasileiros e venezuelanos: uma crônica de ódio e compaixão e Uma tarde junto aos venezuelanos no viaduto da rodoviária de Manaus tem abordagens sobre a crise humanitária, na percepção do contexto político, na maneira como a ajuda foi dada e também em conflitos secundários que se estabeleceram.
Vida e morte de uma Baleia-Minke no interior do Pará é um relato até hoje interessante e instigante às pesquisas, sobre o surpreendente aparecimento de uma baleia nos rios amazônidas em 2007. Acompanhei o caso com avidez na época, todo dia na expectativa de notícias positivas e, como muitos, extasiado com o ocorrido, especialmente sobre os relatos dos ribeirinhos. O artigo corrobora uma das rinformações que mais despertaram minha imaginação, o de que a baleia estava sendo acompanhada por vários botos (curiosidade que gostaria de saber mais). A abordagem analisa possíveis causas da jornada da baleia, relatos dos moradores locais, descrição de todo o ocorrido com o animal e também sobre outros casos de baleias que entraram em rios pelo mundo.
Interessante que nesse contexto também teve uma baleia da mesma espécie que encalhou na costa do Amapá, na REBIO Parazinho. Vi fotos do trabalho de resgate. Não sei se sobreviveu, impressiona a distância que ficou do rio no recuo da maré e o esforço empreendido na ajuda.
Voltando à baleia do Tapajós, o autor descreve condições e situações que dificultaram o salvamento.
Os ossos estão hoje em exposição em museu de Santarém.
A autodemarcação da Terra Indígena Tupinambá no Baixo Tapajós e Os Kumuã do Alto Rio Negro e a descolonização dos corpos indígenas trazem abordagens sobre a questão indígena. O primeiro artigo com vários aspectos sobre a politicagem de cobiça às terras indígenas; o segundo sobre a perda da identidade, ilustrando com um caso em que houve imposição pragmática à perda de valores imateriais.
Anamã, metade do ano na água, outra metade na terra e O que eles querem mesmo é matar a gente: violência e destruição em um mega-açaizal no Pará, sobre realidade ribeirinha, como o impacto das cheias em determinada cidade (Anamã) e a exploração do homem e da natureza por empreendimento correlacionado a açaizais (onde existem danos aos moradores locais e ao meio ambiente com desfaçatez).
A leitura é prazerosa, rápida e enriquecedora sobre o contexto nortista. O único aspecto que não curti foi a ausência de fotos. Seria bastante interessante.
Baleia-Minke no Rio Tapajós (Foto: Elildo Carvalho Jr / Acervo ICMBio - CMA, 2007) |