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quinta-feira, 8 de março de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ: Pedrinhas (Parte 1 - Vídeo)

O Bairro das Pedrinhas, em Macapá
(Fala Comunidade - Dezembro/ 2011)

Vídeo da TV-AP sobre o Bairro das Pedrinhas (2011).
Foi exibido no Amazônia-TV.
Imagens: Ozânio Lopes
Reportagem: Gilberto Pimentel

Fala Comunidade (Dezembro - 2011). Veja AQUI.

Na reportagem destacam-se os seguintes pontos:
  • O Canal das Pedrinhas, por onde entram e saem as embarcações, é o embrião do bairro;
  • O comércio de madeira e de outros materiais de construção foi o que gerou o crescimento da comunidade;
  • Tem cerca de 5 mil habitantes;
  • Na década de 1990 o canal era pouco habitado e apresentava área de mata nativa;
  • Atualmente, cerca de 100 comerciantes atuam no ramo madeireiro;
  • O comércio madeireiro já não rende tanto;
  • A baixa nas vendas está relacionada à burocracia para extrair e transportar o produto, que fica encarecido e fez muitos desistirem deste ramo de negócios.
  • Em 1992, o Governador Anníbal Barcellos construiu um conjunto residencial com 122 casas populares em madeira e doou a moradores do Santa Inês, esta é a origem do Bairro das Pedrinhas;
  • Além do potencial madeireiro, o bairro abriga a bacia de decantação da CAESA (Companhia de Água e Esgoto do Amapá);
  • A bacia recebe dejetos de todos os cantos da cidade de Macapá, poluindo o ambiente e exalando odor desagradável.
  • Este é o Bairro das Pedrinhas, nas margens do poluído e degradado Canal das Pedrinhas.


Mapa: Bairro das Pedrinhas (SEMA - 2004)
FOTOS DE ROGÉRIO CASTELO


Veja também os posts:

sábado, 3 de março de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ - Pacoval (Parte 1 - Origem do Nome)

    Forçada pela expansão urbana, a cidade de Macapá foi progressivamente ganhando novos bairros, que agrupavam moradores da zona rural do Território Federal do Amapá e da região das ilhas do Pará. É bem verdade, que o crescimento de sua população, motivou o deslocamento de jovens casais para a periferia do burgo. O Bairro do Laguinho, implantado numa faixa de terra espremida entre ressacas e reentrâncias do lago do Pacoval, não absorveu o contingente humano que o procurava, levando muitas famílias a estabelecerem-se depois do então campo do América Futebol Clube, hoje Praça Julião Ramos. A ocupação desta área, a despeito de não haver serviço de água e luz, verificou-se rapidamente, ao ponto de atingir em breve espaço de tempo o lago supra mencionado. Por alguns anos, o atual Bairro do Pacoval foi identificado como Laguinho, gerando discordância, pois alguns moradores observaram que o mesmo braço ou ressaca do Pacoval, que enveredava por áreas baixas, prolongava-se até a Av. Pe. Monoel da Nóbrega, entre as Ruas Odilardo Silva e Jovino Dinoá. Havia entretanto uma diferença, porque na parte oeste do novo bairro a ressaca era mais larga, abrangendo espaço dos atuais bairros Jesus de Nazaré e Aeroporto. Nada mais justo, portanto, para que o bairro fosse batizado como Pacoval. 
Mas, qual a origem deste nome, que não existe apenas em Macapá? A resposta é simples e para conhecê-la, somos obrigados a recorrer à cultura indígena. 
No NHEENGATU - vocábulo que significa falar bem, corretamente (NHEÊN = falar / GATU = bem) – Pacoba era uma planta cujo fruto e folhas se assemelhavam a banana, tão bem conhecida dos portugueses, embora de origem árabe. Quando os lusitanos introduziram a bananeira no Brasil, os índios continuaram a dar ao novo fruto o nome de pacoba. À bananeira eles identificavam como Pacobayba. Ao lugar onde havia muitas pacobas os índios denominavam Pacobatuba, sendo o vocábulo tuba empregado para derivar abundância. Diante do impasse, os nativos estabeleceram a diferença à sua maneira, adicionando ao termo pacoba o vocábulo cororoca, que é um arbusto de folhas espessas, grandes e largas, também chamada pacaveira. A palavra é procedente do tupi e significa desfazer-se. A pacova-sororoca, como passaram a escrever os portugueses, tem seu habitat nos igapós de terra firme e nas beiradas dos riachos na mata. Os indígenas faziam colares das sementes e teciam as fibras das folhas da cororoca, desfazendo assim, quase todo o arbusto. Também utilizavam as folhas inteiras para colocar determinados alimentos, como se elas fossem pratos. Com o passar do tempo, o costume indígena foi mantido por nossos caboclos, que a utilizavam para embrulhar peixe, carne salgada e para forrarem paneiros (para guardar farinha, açúcar moreno, açaí e outras frutas miúdas).
Sororoca (Foto: Norma Crud - 2001)
Planta nativa da amazônia, muito parecida com a bananeira, mas não dá banana. Largamente utilizada na cultura ribeirinha e amazônida para embrulhar diversas coisas (peixe, açaí, carne...) e há até aplicações medicinais. os indígenas generalizaram como pacova também para a bananeira que conheceram dos portugueses.
     Faz-se necessário frisar, que a região de Macapá era habitada pelos índios Tucujus, hábeis caçadores e pescadores, que também valiam-se da Pacova-Cororoca para utilidades domésticas. É claro que o lago do pacoval, possuía em abundância a Pacova-cororoca, a chamada bananeira do mato ou dos tolos. O termo Pacoval é próprio da língua portuguesa que, a exemplo do topônimo indígena bacobatuba, identifica o local onde há muita pacoba ou pacova.
Lago do Pacoval em 1960 (Foto: Dr. Jorge Pedro Pereira Carauta). 
Muita pacova (sororoca). Um pacoval.
O Dr Carauta, autor desta foto de fevereiro de 1960, em 16/08/2000 fez uma nota a Dr Norma Crud descrevendo como era o cenário do lago do Pacoval. Relato encontrado no relatório "Ressaca: Ecossistema Úmido do Amapá", da Dr Norma e  disponível para consulta na Bibiblioteca Ambiental da SEMA em Macapá. Veja aí e imagina o cenário do Pacoval mais de 04 décadas atrás:
"A Lagoa do Pacoval era magnífica, com muitos buritis e presença de maracanãs e patos (que são vendidos nos arredores, vivos e mortos). A água estava quase coberta de "linheira", parecida com arroz, assim como heliconia, gramíneas e outras plantas aquáticas. Quando fui sozinho me alertaram para tomar cuidado com as sucuris. Na mata de várzea vi urucu, açaí, aninga, bacabeira (palmeira) e várias leguminosas. Era um verdadeiro paraíso ouvindo-se a sinfonia da fauna aérea, aquática e terrestre. Herborizei algumas plantas que foram posteriormente depositadas no Museu, digo, no Herbário do Museu Nacional. Tirei algumas fotos e, no dia 9 (fev/1960), retornei ao mesmo local, para admirar a mais bela paisagem que vi na Amazônia até hoje. Não fossem os ataques de carapanã, o paraíso seria perfeito, mas afinal eles precisavam de sangue. Às margens da lagoa vi também muitas (...descrição de nomes científicos de plantas....). Chamava atenção a SOROROCA de inflorescências alaranjadas com formigas vermelhas."

Pacoval (Foto do Blog da Hélida). 
Dá uma passada lá, encontrei uma interessante abordagem sobre a sororoca (pacova)
  
 Texto de NILSON MONTORIL DE ARAÚJO
 CONHEÇA NOSSAS BIBLIOTECAS!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ - Jesus de Nazaré (Parte 1 - Jornal de 1997)

Mais um texto antigo mostrando um pouco da história dos bairros. O autor é  Izael Marinho e foi publicado no jornal "O Liberal", de 04 de maio de 1997. Todas as informações referem-se a esta época. Nota-se que muitas coisas relatadas não condizem com a realidade hoje. Outro dia ainda vou registrar a realidade presente. No momento, este é o bairro Jesus de Nazaré, em uma visão no século passado, lá nos idos de 1997.
BAIRRO NÃO PERDE JEITO ARISTOCRÁTICO
PERTO DO CENTRO, JESUS DE NAZARÉ TEM SUSTOS E ORGULHOS
Os problemas urbanos também fazem parte da paisagem do Jesus de Nazaré, 
embora a maior parte do bairro seja bem urbanizada. (Foto: Gilmar Nascimento)
     Nos idos de 50 a 60 ele foi o bairro mais aristocrático da cidade. Lá habitavam os servidores de staff  governamental, os funcionários públicos, numa época em que ser barnabé era motivo de orgulho e sinônimo de prosperidade. Os empregados mais graduados do governo (do ex-Território) tinham casa ali. Até uma vila foi construída só para eles – a Vila do Ipase. O bairro se chamava, na época, Jacareacanga. Por quê? Ninguém se atreve a responder. Aliás, nem os moradores mais antigos gostavam do nome – motivo de chacota e maledicências dos habitantes de outras regiões da capital.
     O nome Jesus de Nazaré – mais pomposo e agradável aos ouvidos dos moradores – adveio dos primeiros religiosos católicos (padres e freiras) que instalaram no bairro uma igreja, um convento e um seminário. “É um bom nome. Jacareacanga era ruim até de pronunciar”, lembra a professora aposentada Nádia Filomena Cavalcante, 69 anos, mais de 30 só de Jacareanga.
     O passar dos anos não tirou de Jesus de Nazaré o jeito de bairro nobre, onde 60% dos moradores – cerca de 5.000 pessoas – estão acima da linha que separa a pobreza da classe média. Miséria e miseráveis há, mas em número bem menor do que nos demais bairros da cidade.
     Mesmo nas áreas de invasão – a mais famosa é a “Vila Pica-pau”, atrás do aeroporto – a classe baixa mantém um padrão de vida invejável para qualquer miserável de outra capital brasileira. “Nosso maior problema é moradia. Nossas casas é que são uma vergonha. Mas fome ninguém passa, não senhor”, atesta o pintor Eduardo Meira Filho, 44 anos, que está há 16 anos morando em um barraco do tipo palafita construído atrás do muro do aeroporto.
     Numa coisa Meira tem razão: no Jesus de Nazaré não há mendigos, menores abandonados ou gente morando na rua, como acontece em outros bairros de periferia. Uma curiosidade: há poucos desempregados em todo o bairro. Mesmo nos casebres mais pobres, as pessoas têm um televisor em cores, uma geladeira, um aparelho de som (ou rádio) e uma máquina de lavar roupas. Muitos se dão ao luxo de possuir até vídeo-cassete de última geração.
     Nem tudo são flores nesse aparente mar de tranqüilidade em que vivem os moradores do Jesus de Nazaré. Apesar de possuir duas delegacias de polícia – uma de defesa dos direitos da mulher e outra da Polícia Federal – os habitantes não se sentem seguros.
     O índice de criminalidade, proporcional ao número de habitantes, é baixo. Nem por isso deixa de assustar a população. Há anos não ocorrem crimes de morte na região. Em compensação, as gangues aterrorizam as famílias.
     Para fugir da ação dos grupos organizados de rua, os moradores mais abastados contratam segurança particular (vigias). Quem não tem dinheiro para esse gasto arranja um cachorro – de raça ou não – para se encarregar da proteção.
     Mas é rara a noite em que uma casa não é arrombada, um muro ou fachada não aparece pichado. As gangues estão se especializando em promover badernas nas ruas e espancamento de pessoas inocentes.
     As tradicionais brigas de gangues foram substituídas pela ação conjunta dos delinqüentes contra qualquer cidadão, pelo simples prazer de atemorizar e infernizar a vida das pessoas. O consumo de drogas também aumentou e as primeiras “bocas-de-fumo” começam a aparecer na região.
     Ainda assim, as estatísticas policiais confirmam o que os moradores já sabiam: O Jesus de Nazaré é um dos poços bairros da cidade onde o cidadão ainda encontra paz e sossego. Mas não é fácil descobrir quem queira vender ou alugar uma casa por aquelas bandas. 
     “Problema nós temos, mas tenho certeza de que pouca gente gostaria de sair daqui para morar noutro lugar. Nós ainda temos o privilégio de colocar cadeiras em frente de casa, no final da tarde, e bater  um longo papo com os vizinhos”, festeja Dona Senhorinha da Conceição, 72 anos, uma pensionista que diz ter vivido metade de sua vida naquele bairro, e de onde não sai por dinheiro nenhum.

COMO NOS BONS TEMPOS DE JACAREACANGA
A igreja, no coração do bairro, 
é hoje uma das maiores referências
À primeira vista, quem visita o Jesus de nazaré tem a impressão de que os moradores de lá não sofrem os problemas comuns aos demais habitantes da cidade: falta de água, luz, saneamento, segurança, saúde. Mero engano, asseguram os moradores.
     "É claro que podemos nos dar ao luxo de possuir boas escolas, repartições públicas excelentes, um serviço de saneamento básico de relativa qualidade. Mas há pontos do bairro onde as pessoas sofrem com a falta d'água e até de luz elétrica", conta o empresário Jonas Mariano Teixeira, de 39 anos, dono de um supermercardo, e que há 8 anos trocou o Buritizal pelo Jesus de Nazaré. Ele diz não ter se arrependido da decisão.
     O que Jonas não conta é um dos graves problemas da população é a ausência de um posto médico no bairro. As autoridades  de saúde pública argumentam que devido à proximidade do Jesus de Nazaré com o centro administrativo da capital, onde estão localizados os hospitais Geral, Pediatria, Maternidade e até o Pronto Socorro (além do HEMOAP), não há necessidade de novas unidades de saúde na região. "De lá para cá são menos de três minutos de carro e, no máximo, dez minutos a pé", frisa um médico do Hospital Geral.
     Para compensar essa ausência  do sistema público de saúde, no bairro, as clínicas particulares começam a se instalar por aquelas bandas.
     Por conta disso, o sistema de ambulâncias "1520" da Prefeitura, tem sido bastante acionado pelos moradores, principalmente pelas pessoas que habitam as baixadas e áreas de invasão.
     Dificuldade, mesmo, têm os "sem-teto". morando em barracos erguidos sobre alçagados, expostos a constante risco de inundação, essas pessoas não vêem a hora de serem removidas para áreas firmes. Uma promessa antiga tanto do Governo quanto da Prefeitura.
     "Já fomos várias vezes à Prefeitura e até à Secretaria de Obras. Poucas foram as audiências em que fomos recebidos por alguém que realmente decidisse alguma coisa. Na maioria das vezes saímos de lá com mais dúvidas do que quando entramos. É sempre a mesma conversa: não dá pra aterrar  as baixadas porque são ressacas, e isso causaria um desequilíbrio ambiental. Então, por que não tiram logo a gente daqui e colocam num lugar seco?", indaga, indignada, a dona-de-casa Rosália da Silva (35 anos), uma espécie de líder comunitária dos invasores.
     A casa que divide com 5 filhos e com o marido (desempregado) está prestes a cair sobre o lago. Dona Rosália diz não ter para onde ir, nem dinheiro para consertar o barraco. Aguarda que uma alma generosa lhe estenda a mão e doe um terreno noutro lugar. "Até lá pra Piçarreira eu vou", diz ela, referindo-se ao recém-implantado bairro do Infraero, na divisa do São Lázaro com o Jardim Felicidade, na saída da cidade, para onde foram transferidas centenas de famílias de desabrigados das enchentes.
Embora pacato, o bairro tem problemas 
com gangues de rua, 
que sujam muros e portões das casas
     Os primeiros moradores chegaram ao então Jacareacanga numa época em que Prefeitura e Governo pouco ligavam para o crescimento desordenado da cidade. Como terreno era coisa sem muito valor, à época, qualquer pessoa podia apossar-se de quanta terra quisesse ou tivesse  condições de cuidar. Talvez por isso os moradores mais antigos possuam hoje lotes que vão de uma rua a outra. O pai de família demarcava seu terreno e mais uns três - um para cada filho. Isso nunca foi motivo de briga ou disputa judicial.
     O atual Jesus de Nazaré mantém muitas das características do antigo Jacareacanga: ruas largas e arborizadas, casas espaçosas e no mais elegante estilo clássico ou moderno, jardins (ainda que pequenos, em quase todas as casas), quintais tomados por árvores frutíferas.
     À noite, como o bairro não tem muitos barzinhos ou mesmo boates, é comum observar rodadas de vizinhos em frente às casas em conversas animadas ou, aos domingos, ouvindo o jogo do dia.
O Liberal - 04/05/1997
PADEIROS - No Jesus de Nazaré - talvez o único local da cidade onde isso ainda é possível - não é difícil o visitante  se deparar com um padeiro, de caixa na garupa da bicicleta, oferecendo pão quentinho de porta em porta. O tradicional paneiro de palha de buriti foi substituído por uma caixa de compensado forrada com material impermeável. O característico grito de "pa-a-dei-ro" acabou sendo trocado por uma infernal buzina de pipoqueiro. O horário também mudou. O padeiro não passa mais de madrugada e, sim, às 3 horas da tarde, na hora em que a dona-de-casa se prepara para o religioso café. Mas o charme da profissão continua.
     "É bem mais prático comprar o pão na porta de casa do que sair pára comprá-lo na padaria. Se bem que lá, na padaria, há mais opções...", comenta a doméstica Laura Crespo, 38 anos.
     Outra característica do Jacareacanga que se mantém atual no Jesus de Nazaré é a prestação de serviços. É comum ver eletricistas, encanadores, pedreiros, pintores, tocando as campainhas das casas e oferecendo seus préstimos profissionais a um preço bem menor do que cobram as empreiteiras. Como é gente conhecida no bairro, a maioria dos moradores confia seus trabalhos a eles. 

Venha conhecer!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ - Novo Horizonte (Parte 1) Vídeo

Em 24/01/2012 a Record News-AP (TV Equatorial Cidade) exibiu uma reportagem sobre o bairro NOVO HORIZONTE (na zona norte de Macapá). Mais um vídeo, aqui resgatado, para entender um pouco mais da história, crescimento e carências desta cidade. A compreensão do meio em que vivemos é o fundamento inicial para que ocorram transformações.
"O presente não é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação." (Simone de Berauvoir - escritora e filósofa  francesa)
A reportagem é de Alessandra Fernandes,  com imagens de Magno Farias e edição de Michael Anderson.

Veja o vídeo NESTE LINK

A Reportagem pode ser vista na Biblioteca SEMA-AP

- O Bairro Novo Horizonte é o segundo mais populoso de Macapá (fica atrás apenas do Buritizal).  

- Tem cerca de 25 mil moradores.  

- Foi chamado inicialmente de Capilândia, depois mudou para Novo Horizonte.  

- A oficialização foi em 1994 (Lei Municipal 611/94 - PMM) , quando o governador da época (Aníbal Barcellos) abriu rua e colocou energia elétrica.  

- O bairro cresceu tanto que  foi dividido em Novo Horizonte II e III, em 1998 (Lei Municipal 951/98). 

- Apresenta 272 quadras dividindo a área do bairro. 

- Uma curiosidade do bairro é que nele moram poucos amapaenses, a maioria são migrantes nordestinos. 

- Tem um centro comercial consolidado com feira, lojas,  agência bancária, correios, casa lotérica e um Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (CIOSP). 

- As carências e dificuldades dos moradores referem-se à  segurança pública, condições das vias, transporte urbano, sistema educacional, abastecimento de água e saneamento básico.

    Fontes Consultadas:

    segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

    BAIRROS DE MACAPÁ - O São Lázaro (Parte 3)

    O Bairro São Lázaro continua como meu foco de observação. Não sou historiador, nem sociólogo, jornalista ou outra coisa semelhante qualquer. Estas breves postagens são um registro das impressões de um cidadão sobre esta cidade em crescimento - com problemas de urbanização, odiada e desprezada por uns... também amada por outros. Macapá, município com cerca de 400 mil habitantes (IBGE - 2010), está prestes a completar seus 254 anos (em 04/02/2012) e tem motivado centenas de impressões - seja aos que têm aqui suas raízes ou aos que fincaram pés tornando-a seu lar. Esta é mais uma das impressões de um simples morador.
    Dia 24/01/2012 meu amigo Gregor Samsa trouxe-me umas fotografias do bairro - fruto das suas loucuras (desta vez deu uma "fugida" do trabalho na sua monstrobike e registrou essas imagens, tendo o afável sol equatorial como companheiro..só uns 40 graus na moleira... e a distância como desafio. Perto meu filho!!? Sim, para quem vai motorizado).
    Imagem: Google Maps/2012 - O Canal do Jandiá tem uma extensão de cerca de 4,2 km, drena parte dos bairros Santa Rita e Laguinho e passa pelos bairros Cidade Nova, Pacoval, Jesus de Nazaré e São Lázaro.
    "A maior atração de uma cidade 
    é a qualidade de vida de seus moradores." 
    (Jaime Lerner)
    Imagem: Google Maps/2012 - Constitui-se em um dos pontos de atracação de embarcações na orla de Macapá (outros são o Igarapé das Mulheres, Santa Inês e Canal das Pedrinhas). As embarcações que navegam por ali são de pequeno porte - só é possível na maré alta - e fazem a distribuição e escoamento de madeiras  para as madeireiras encontradas no entorno.
    "Ditosa a cidade em que se admira
    menos a beleza dos edifícios
    do que a virtude de seus habitantes."
    (Zenão de Cítio)
    Foto: Rogério Castelo - Jan/2012 - Era navegável da desembocadura no  Rio Amazonas até a Ponte Sérgio Arruda. Como se vê na imagem, tirada de cima da ponte, o trecho navegável nas proximidades desta diminuiu devido o assoreamento e presença de vegetação aquática. As margens do lado direito são ocupadas, observando-se casas  sem infra-estrutura de drenagem, acumulando resíduos nas margens e com tubulações clandestinas de esgoto. No lado esquerdo observamos uma área particular com vegetação nativa.
    “É triste pensar que a natureza fala 
    e que o gênero humano não a ouve.”
    (Victor Hugo)
    As gerações estão muito arraigadas no descompromisso com o lixo gerado. Só a ação conjunta entre a administração pública - cumprindo seu papel de promover o saneamento básico - e a atitude consciente de cada cidadão - em ter boas práticas de educação ambiental - pode mudar cenários como esse.

    Folder da SEMA-AP (2003) usado em campanhas educativas.
    Foto: Rogério Castelo - Jan/2012 - Na extensão do canal encontramos muita poluição, nas margens e dentro.
    Placa SEMA-AP
    "Cidade limpa não é a que mais se limpa,
    mas a que menos se suja."
    (Frase de caminhoneiro)
    Imagem: Google Maps/2012
    E aqui está, meus amigos, a ponte Sérgio Arruda. Na divisa entre os bairros São Lázaro e Pacoval, sobre o referido Canal do Jandiá.
    No momento, é a principal via de acesso para a Zona Norte de Macapá e BR-156. O tráfego é intenso e a  passagem por ela é apenas no sentido Pacoval-São Lázaro. 
     O retorno é por um desvio ao lado, que vai sair na Rua Mato Grosso.
    Daqui para frente estamos no bairro São Lázaro.
    Vamos dar uma volta e conhecer!
    Sobe aí na garupa da minha monstrobike.
    Olha aí a Igreja de São Lázaro, uma das duas igrejas católicas no bairro. Segundo o programa "Fala Comunidade" foi em reuniões nestas proximidades que se escolheu o nome do bairro.
    É uma igreja bem modesta e simples.
    Nas adjacências da igreja encontramos a Escola Estadual São Lázaro. O bairro no momento tem 04 (sendo 03 estaduais e 01 municipal). Vedes as poças na via em frente à escola, pois é, ruas assim infelizmente têm sido vistas com frequência em Macapá.
    Aqui está um exemplo mais claro,
    numa foto que tirei a pedidos de uma moradora.
    "Se o governo vai bem, todos vão bem. Se vai mal, afundamos juntos."
    ( Luis Inácio Lula da Silva )
    Lázaro
    O nome do bairro remete-se a história bíblica, contada por Jesus, sobre um rico e o Lázaro. Personagem sofrido, maltrapilho, doente e tão cheio de chagas, que os cachorros vinham lamber-lhe as feridas (veja em Lucas 16:19-31). O nome escolhido provavelmente faz alusão às origens de invasão do bairro, caracterizado por muitas dificuldades em uma área nas proximidades de uma lixeira pública e, certamente, com a presença de muitos cães também.
    Mais isto é um cenário antigo. O São Lázaro tem suas muitas dificuldades e carências, mas tem apresentado também  crescimento em algum setores - como o comercial. 
    Em Macapá, a zona norte é a região que mais cresce urbanisticamente. Depois da ponte Sérgio Arruda, encontramos cerca de 10 bairros e uma população em torno de 100 mil habitantes. O setor comercial, antes concentrado no centro de Macapá, tem se expandido nesta região e no São Lázaro encontramos vários empreendimentos e alguns importantes prédios da administração pública.
    Veja um vídeo da TV-AP, de 12/01/2012, apresentado no "Amazônia TV", que constata essa expansão (reportagem de Gilberto Pimentel e imagens de Carlos Cardozo). A reportagem pode ser vista na Biblioteca SEMA.
    "Antigamente a cidade era o mundo, hoje o mundo é uma cidade."
    (Lewis Mumford)

    Google Maps/2012
    Como se vê, a principal via do bairro é a Rodovia Tancredo Neves.  Nela encontramos os principais prédios no bairro e uma ciclovia.
    A ponte tem vias para ciclistas de ambos os lados, o tráfego é intenso e muitos ciclistas preferem se arriscar entre os carros. O risco de acidentes é grande.
    Ciclovia na Rodovia Tancredo Neves. O bairro não tem praça e a ciclovia, em alguns pontos,  acaba tomando as vezes - segundo informações de moradores.
    "Um governo é bom quando faz felizes os que sob ele vivem 
    e atrai os que vivem longe." 
    (Confúcio)
    Ô vacilante!!!! Moçada, lugar de ciclista é na ciclovia.
    Os carros, incluindo veículos pesados,  passam  constantemente nessa via. 

    "Viver é como andar de bicicleta:
    É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio."
    (Albert Einstein)

    Veja agora 03 das escolas do bairro.
      
    Escola Estadual Ruth Bezerra / Escola Municipal Odete Almeida Lopes
    E aqui está a Escola Estadual Esther Virgulino. Se não me falha a memória, meu amigo Gregor Samsa trabalhou aqui alguns meses, há uns dez anos. Rapaz...
    "Se a educação sozinha não pode tranformar a sociedade,
    tampouco sem ela a sociedade muda."
    (Paulo Freire)
    São 04 escolas no São Lázaro. Quando se trata de educação, as queixas neste bairro referem-se à ausência de escola para o ensino infantil. As crianças são obrigadas a estudar em outros bairros e as disputas por vagas têm sido frequentes em toda a rede de ensino macapaense. Um exemplo disso está em uma reportagem da Record-AP em 30/01/2012 (Reportagem de Garcia Brito e Imagens de Salgado Jr - pode ser vista na Biblioteca SEMA).

    A educação deve ser uma prioridade para todo governo, principalmente tratando-se do ensino infantil. Não dá para pensar em desenvolvimento e crescimento qualitativo sem investimentos nas escolas.

    Outros prédios no São Lázaro:
    Super-Fácil / INCRA 
    Corpo de Bombeiros / DETRAN
     Hospital Metropolitano (em construção) / RURAP
    Conheça a Biblioteca do RURAP - no São Lázaro, em Macapá
     LACEN (Laboratório Central de Saúde Pública-AP) / POLITEC
     Juizado Especial da Zona Norte / Igreja Evangélica (são várias)
     Igreja São Lázaro / Capela São Cristovão
    Centro de Saúde Álvaro Correa - Uma das reivindicações dos moradores (no "Fala Comunidade, da TV-AP 2011) refere-se às condições estruturais e de atendimento desta unidade de saúde. A demanda é grande e a edificação precisa de reformas e aumento no número de profissionais de saúde para o atendimento. O centro é procurado também por moradores de outros bairros e há carência de medicamentos, além da demora para atendimento.
    Empreendimentos diversos no bairro - mostra que o setor comercial está em desenvolvimento na zona norte de Macapá.
    Residencial Amazonas - Esses conjuntos residenciais foram criados com o pressuposto de manter uma uniformidade, observamos, porém, que muitos residentes já fazem alterações por conta própria.
    Baixadas no São Lázaro - As áreas baixas no São Lázaro são formadas por áreas de ressaca, onde observamos a presença humana. As ressacas são áreas úmidas de Macapá interligadas por canais. Locais com importância ecológica e que, legalmente, não podem ser ocupadas. Com a ocupação humana, perdem suas funções e tornam-se um ambiente com falta de saneamento básico, clandestinidade na distribuição de energia, sujeito a endemias (dengue, hepatite, malária...), carente de infra-estrutura, com riscos de incêndios, alagamentos periódicos e crimes. A ocupação destas áreas decorre da falta de uma política habitacional satisfatória frente o número de migrantes e inchaço populacional. Não é fácil mantê-las protegidas, mas cabe ao poder público garantir saneamento a essas áreas e desenvolver trabalhos de conscientização e educação ambiental para a preservação.
    Cartaz da SEMA-AP
    E aqui está o Terminal Rodoviário de Macapá. Quando citei uma cultura de irresponsabilidade com o lixo gerado, isso é fácil de se comprovar nestas imagens... não é o que gostaria de mostrar de minha cidade... mas foi a realidade que se me apresentou no dia que fui lá.
    Daqui partem e chegam viajantes de todos os interiores e municípios deste Amapá.
    E o que era para ser um bonito e receptivo local...
    Torna-se um ambiente sujo, feio, vergonhoso,
    paraíso de rodedores e morada de insetos....
    No rasto de todos que não entenderam a grandeza
    e necessidade de se adotar simples gestos
    de boas práticas em educação ambiental.
    Polui quem vai
    Polui quem chega
    Poluem as estradas
    Poluem os rios
    Poluem as casas
    Poluem o planeta
    Poluem...
    Como incansável e serena conselheira, somente a Educação Ambiental, na sua verdadeira compreensão e adoção - pela administração pública e por todos os cidadãos - pode mudar estes cenários!

    No Amapá...
    e aí contigo?
    E é isso...deu pra entender um pouco do Bairro São Lázaro?
    Qualquer dia te levo em outro se quiseres. 
    Já passam das 11:00, é hora de voltar.
    Tô muito longe. 
    Mas, não sem antes fazer mais uma doidice, tirando esta foto...
    O lazarento e o cachorro.
    Até uma próxima.
    Agora salta da minha bike e vai te lascar!!!!!!
    Tchau!!!!
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