Divulgando mais obras do acervo de nossa Biblioteca SEMA-AP, em Macapá. Essa é do escritor Fernando Canto, com um breve estudo sobre o Marabaixo. No lançamento, em 2017, foi apresentada com o seguinte parecer:
Nos 259 anos de existência de Macapá, um dos mais conceituados
escritores e sociólogos da Amazônia, Fernando Canto, presenteou a cidade
e seus moradores com o lançamento de nova obra literária: O
Marabaixo através da História. O livro, nascido de uma palestra feita
no Marco Zero do Equador por ocasião de um evento turístico, propõe uma
explanação didática sobre o Marabaixo no Amapá, seus rituais e sua
importância enquanto elemento cultural característico do estado, mas,
sobretudo, do município de Macapá. Trata-se também de uma colagem de
textos escritos ao longo do tempo e publicados em jornais da capital e
em livros de Fernando Canto.
Vemos vários rituais que compõem essa
manifestação e personagens que dão vida à tradição – tocadores de
caixas (tambores), cantadores e dançadeiras – que, em sua maioria, são
descendentes de negros que habitavam as localidades de Mazagão Velho,
Maruanum, Curiaú e os bairros Laguinho e Santa Rita, antiga Favela.
(RITA TORRINHA)
Título: O Marabaixo através da História
Autor: Fernando Canto
Editora: PRINTGRAF
Ano: 2017
Páginas: 50
Sumário:
- O Marabaixo no século XIX
- As perseguições
- A Festa do Divino Espírito Santo em Mazagão Velho / Conjecturas
- O Encontro dos Tambores
- Marabaixo em agonia: o surgimento da Marabaixeta
- Banzeiro do Brilho de Fogo / Origens
- As rupturas
- O "Ladrão de Marabaixo"
- A chegada do primeiro avião
- A caixa do Marabaixo
- Considerações finais
Fragmento da tela "Marabaixo" de Ivam Amanajás. |
Fernando Canto é um dos principais pesquisadores e protagonistas na
cultura amapaense, com várias obras nos segmentos da música, poesia,
contos, crônicas e estudos de conotação histórica e sociológica.
Essa obra enriquece a bibliografia sobre o Marabaixo, principal
manifestação popular no Amapá, tema também de outras obras do autor. Foi lançada em 2017 e o que caracteriza sua identidade é a
apresentação sucinta do tema, valorizando a origem, aspectos históricos,
peculiaridades e perspectiva almejada pelo autor na preservação
cultural. Certamente, ferramenta preciosa como fonte de pesquisas para a comunidade estudantil.
Entre os destaques, o resgate de jornal amapaense do século XIX sobre o festejo (texto ácido e preconceituoso no olhar de outros tempos), breve relato dos conflitos entre a cultura popular e a religião instituída, e a investigação histórica da origem de algumas particularidades: o Ladrão de Marabaixo, a Festa do Divino Espírito Santo, o Encontro de Tambores na UNA e o uso das caixas de Marabaixo na percussão.
De tudo, gostei principalmente do relato da chegada do primeiro avião no Amapá (em ilustração de fatos instigantes aos "ladrões de Marabaixo") e a investigação da origem do nome do festejo. É clássico, desde o livro de Nunes Pereira (O sahiré e o marabaixo, publicado na década de 1950) a associação com a vinda de povos afro, na travessia e andanças MAR ABAIXO, mas nunca tinha visto a associação do nome em outro sentido, relacionado à cultura malê, que Fernando Canto resgata do estudo do escritor Távora Buarque (leia o livro se quiser saber, pois esse spoiler não vou registrar).
É uma obra dinâmica na apresentação dos fatos, de leitura fácil e rápida.
O único aspecto que não curti foi a ausência de fotografias, algo que agregaria olhar mais detalhado na importante manifestação cultural.
Entre os destaques, o resgate de jornal amapaense do século XIX sobre o festejo (texto ácido e preconceituoso no olhar de outros tempos), breve relato dos conflitos entre a cultura popular e a religião instituída, e a investigação histórica da origem de algumas particularidades: o Ladrão de Marabaixo, a Festa do Divino Espírito Santo, o Encontro de Tambores na UNA e o uso das caixas de Marabaixo na percussão.
De tudo, gostei principalmente do relato da chegada do primeiro avião no Amapá (em ilustração de fatos instigantes aos "ladrões de Marabaixo") e a investigação da origem do nome do festejo. É clássico, desde o livro de Nunes Pereira (O sahiré e o marabaixo, publicado na década de 1950) a associação com a vinda de povos afro, na travessia e andanças MAR ABAIXO, mas nunca tinha visto a associação do nome em outro sentido, relacionado à cultura malê, que Fernando Canto resgata do estudo do escritor Távora Buarque (leia o livro se quiser saber, pois esse spoiler não vou registrar).
É uma obra dinâmica na apresentação dos fatos, de leitura fácil e rápida.
O único aspecto que não curti foi a ausência de fotografias, algo que agregaria olhar mais detalhado na importante manifestação cultural.
(Registro no SKOOB, em 05/05/2018)
Para a galera interessada, está disponível para consultas na
Biblioteca Ambiental da SEMA, em Macapá.
Biblioteca Ambiental da SEMA, em Macapá.