Romance paraense, que se mistura com o ambiente do Amapá, sobre a história de uma família de origem ribeirinha no início do século XX. Um retrato da vida nortista em
suas expectativas, realidade rotineira, desilusões e realizações.
A
publicação é de 1991, de Laíses do Amparo Braga, tendo como
característica mais marcante a história de luta de uma mulher. Ponto
exaltado em outras de suas obras e que nesta, apesar da pretensão de
protagonismo ao Manduca, não se faz diferente com o carisma de
Emiliana, sua filha. Mulher decidida e idealista, que sobressai na cena
de maneira mais interessante e cativante ao leitor.
Informações do livro:
Título: À Sombra dos Castanhais
Autora: Laíses do Amparo Braga
Editora: Falangola
Ano: 1991
Páginas: 165
Editora: Falangola
Ano: 1991
Páginas: 165
Tema: Romance / Pará /Amapá
A obra tem três momentos em minha percepção. O primeiro faz um resgate
da história de Manduca como ribeirinho na região do rio Cajari. Vemos a
vida familiar interiorana com suas brevidades em construções (trabalho,
casamento, descendência) e o cenário dos castanhais na realidade difícil
e exploratória, como era comum na região do Jari. Algo que achei muito interessante foi a apresentação do
cenário, que é introduzido de maneira idílica, embalando sonhos. A descrição é poética, principalmente nos dois primeiros
capítulos, como um convite para conhecer a Amazônia. A partir daí os
textos são pragmáticos no desenrolar do livro. A natureza se
faz notar em sua mitologia também. Há a descrição da Lenda do rio
Cajari e da região do Mazagão em episódios na tradicional Festa de
São Tiago. Manduca é um jovem nesse meio com disposições, aprendizagens e
oportunidades, sendo uma delas o casamento com a Zefa.
O segundo momento está na vida familiar na Ilha do Pará, onde há o
brotar de sonhos de seus cinco filhos (Deusalinda, Alvina, Emiliana,
Dolores e Benvindo) pelos estudos e melhores condições de vida. A passagem é
breve, mas significativa sobre a migração de muitos ribeirinhos,
especialmente da região das ilhas interioranas, para as cidades. Há
também um olhar sobre a cultura madeireira, que por muito tempo foi um dos
principais sustentos nessas regiões. Iguais a esta família centenas
na região migraram para Macapá, mas esse já será o terceiro momento no livro. Emiliana se faz
notar e traz para si o protagonismo por seus sonhos e vontades
incontidas.
O terceiro momento, como já enunciado, é a vinda da família para Macapá,
no recém-criado Território do Amapá, chamada de cidadezinha na obra e,
ressalte-se, exatamente no período de criação territorial (1943). Havia
expectativas grandes e oportunidades que se apresentavam especialmente
por Macapá caminhar para se torna a capital - algo consumado no ano seguinte. A história se desenrola em uma passagem grande de
tempo, cerca de quatro décadas, onde as personagens do pequeno núcleo
familiar constroem suas vidas. As
oportunidades chegam em diferentes contrastes, unindo mais ou separando-os. A
transformação em Manduca é melancólica e reflete sobre
escolhas pessoais.
É uma obra que tem pretensão de retrato de época, sem excentricidades, e é interessante por esse contexto de pseudorrealidade. Nada extraordinário, mas reconhecível em seus dramas. Essa foi uma releitura que fiz. A primeira foi em 1992 quando o romance foi indicado como literatura de consulta no Vestibular que prestei na UNIFAP. Eita! E lá se foram muitos anos à sombra dos castanhais...
É uma descrição limitada e pessoal da obra.
Para sua consulta e avaliação, está disponível na
Biblioteca Pública Elcy Lacerda
Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia
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Macapá - Bairro Central