Tenho empolgação por estudos mitológicos, devido a influência a desdobramentos diversos na História, e também por revelarem conhecimentos surpreendentes e
inusitados. Proposta desse livro.
Título: Zoologia fantástica do Brasil
Autor: Afonso d'Escragnolle Taunay
Editora: Melhoramentos
Ano: 193?
Foi publicado na década de 1930, tendo como autor Afonso Taunay, um estudioso do tema e imortal na ABL. Está dividido em 8
partes.
Destas, a primeira é das mais interessantes, onde o autor resgata estudos de Ferdinad Denis, francês naturalista que viajou pelo
interior do Brasil no século 19, resultando em valorosas pesquisas (entre elas, a mitológica).
As impressões são multifacetadas e vários autores são citados, começando por Aristóteles e Plínio da antiguidade clássica. O que há de pioneiros neles, de acordo com os pareceres do livro, é a organização dos estudos biológicos, ainda que em conceitos hoje obsoletos, onde se privilegiava a observação para as conceituações, que eram mais intuitivas que racionais (como acontece com as lendas). Caso, por exemplo, da teoria da geração espontânea, ou abiogênese, defendida por Aristóteles. Perdurou por séculos e influenciou a história com conceitos que também impactaram as navegações e descobertas na Idade Moderna. Observemos que as lendas e mitos misturavam-se com o conhecimento científico na visão de mundo, determinando desdobramentos curiosos.
O autor relata a visão desafiadora para os exploradores diante do que era enunciado; fala de bestiários que se formaram nos idos medievais; da visão de cristianismo que era equivocadamente imposta pelos que se diziam representantes na igreja (criando barreiras desafiadoras para os exploradores); e do medo do desconhecido.
Enfim, a percepção e delineamento do capítulo é o entendimento dos mitos e lendas como fatores determinantes na história, devido o caráter científico a que se associavam.
As impressões são multifacetadas e vários autores são citados, começando por Aristóteles e Plínio da antiguidade clássica. O que há de pioneiros neles, de acordo com os pareceres do livro, é a organização dos estudos biológicos, ainda que em conceitos hoje obsoletos, onde se privilegiava a observação para as conceituações, que eram mais intuitivas que racionais (como acontece com as lendas). Caso, por exemplo, da teoria da geração espontânea, ou abiogênese, defendida por Aristóteles. Perdurou por séculos e influenciou a história com conceitos que também impactaram as navegações e descobertas na Idade Moderna. Observemos que as lendas e mitos misturavam-se com o conhecimento científico na visão de mundo, determinando desdobramentos curiosos.
O autor relata a visão desafiadora para os exploradores diante do que era enunciado; fala de bestiários que se formaram nos idos medievais; da visão de cristianismo que era equivocadamente imposta pelos que se diziam representantes na igreja (criando barreiras desafiadoras para os exploradores); e do medo do desconhecido.
Enfim, a percepção e delineamento do capítulo é o entendimento dos mitos e lendas como fatores determinantes na história, devido o caráter científico a que se associavam.
Visão que é detalhada nos capítulos seguintes, onde o Novo Mundo é percebido com expectativas de descobertas zoológicas fantásticas (seres
teratológicos), o que em termos se confirmou nas incompreensões no
contexto.
A terceira parte traz os primeiros relatos sobre a fauna americana; a
quarta fala de mitos que se projetaram na nova terra (como o
Eldorado); a quinta, sobre relatos pioneiros no Brasil; e as
últimas partes detalham descobertas sobre a fauna que surpreenderam (como a
boiúna, relatada em encontros pra lá de aventureiros, com dimensões
titânicas, o que não duvido naquele ambiente, mas certamente também com exageros ante ao desconhecido), além de mitos
indígenas (como boitatá e curupira).
Gostei, em especial, dos relatos sobre o Ipupiara (mito tupi), vendo-o na linha mitológica do
boto, referente a seres dos rios. Explico, e isso não está no livro. Um devaneio...
O que há sobre o boto sedutor e encantador das caboclas é mito que se estabeleceu por influência da colonização e suas convenções sociais. É coisa nascida do colonizador. Na época pré-Cabral não são mencionadas lendas do boto como conhecemos. O que existia no imaginário indígena sobre seres aquáticos humanizados (categoria onde o boto se enquadra) era de monstros que aterrorizavam e afogavam as pessoas. Esses seres eram os Ipupiaras. Observe que a natureza, em suas incompreensões, tinha interpretação em que os índios concebiam um monstro fluvial (diante do meio selvagem, desconhecido e temido) através da intuição, como faziam estudiosos do passado.
O ser dos rios depois foi configurado em encantador caboclo pelos colonizadores, em contexto para justificar gravidez fora das convenções sociais. Assim, o sedutor boto tornou-se mais conhecido que o monstro Ipupiara (como ainda é hoje). Esse seria um segundo momento na mitologia sobre seres dos rios.
Na atualidade, o mito do boto tem se associado cada vez mais a protetor da natureza, com potencialidade de educador ambiental. A lenda encaixando-se na atual visão de valorização da natureza, segundo o pensamento que se estimula. Um terceiro momento da lenda do boto ou homens aquáticos...
E no futuro, dentro de quadro pessimista (tomara que assim não ocorra) a lenda poderá se condensar apenas no simples avistamento dele, em cenário que tem se levantado de extinção.
O que há sobre o boto sedutor e encantador das caboclas é mito que se estabeleceu por influência da colonização e suas convenções sociais. É coisa nascida do colonizador. Na época pré-Cabral não são mencionadas lendas do boto como conhecemos. O que existia no imaginário indígena sobre seres aquáticos humanizados (categoria onde o boto se enquadra) era de monstros que aterrorizavam e afogavam as pessoas. Esses seres eram os Ipupiaras. Observe que a natureza, em suas incompreensões, tinha interpretação em que os índios concebiam um monstro fluvial (diante do meio selvagem, desconhecido e temido) através da intuição, como faziam estudiosos do passado.
O ser dos rios depois foi configurado em encantador caboclo pelos colonizadores, em contexto para justificar gravidez fora das convenções sociais. Assim, o sedutor boto tornou-se mais conhecido que o monstro Ipupiara (como ainda é hoje). Esse seria um segundo momento na mitologia sobre seres dos rios.
Na atualidade, o mito do boto tem se associado cada vez mais a protetor da natureza, com potencialidade de educador ambiental. A lenda encaixando-se na atual visão de valorização da natureza, segundo o pensamento que se estimula. Um terceiro momento da lenda do boto ou homens aquáticos...
E no futuro, dentro de quadro pessimista (tomara que assim não ocorra) a lenda poderá se condensar apenas no simples avistamento dele, em cenário que tem se levantado de extinção.
As lendas são uma
viagem e hoje projetam-se de maneiras e interesses diferenciados...
Vale a conferida para quem tem interesse em estudos mitológicos.