As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Aline Barros (Família)

"Eu e minha casa serviremos ao Senhor."
Josué 24:15

Família
(Aline Barros)

Vem desfrutar do amor de Deus, você e sua casa
Deixe Jesus que é Rei, entrar em seu coração
Vida melhor Ele quer te dar, restaurar seu lar
Paz a harmonia Ele quer trazer, pra você

Lá, lá, lá...(3x)

Deus alcançou e modificou, toda a minha casa
Ainda que venha a tempestade, não nos abalará
Vida melhor Ele quer te dar, restaurar seu lar
Paz a harmonia Ele quer trazer, pra você
Paz a harmonia Ele quer trazer, pra você

( Jesus quer trazer paz pra você )


"Paz e harmonia: eis a verdadeira riqueza de uma família."
Benjamim Franklin
"Família" - Desenho de Isabelly
 Homenagem à minha mãe e sobrinhas.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Museu Sacaca (Parte 3 - Cronologia)

"Um templo da cultura e da ciência amazônica. Representa o conhecimento de nossos povos (índios, seringueiros, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, pescadores), a luta por um desenvolvimento sustentável, por nossas tradições e cultura." (Folder GEA-2012)

O Museu Sacaca (CPM/Museu Sacaca - Centro de Pesquisas Museológicas Museu Sacaca) é uma instituição cultural e científica - em Macapá - subordinado ao IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá). Está localizado em uma área de cerca de 12 mil metros quadrados (no Bairro do Trem, nas proximidades do Canal do Beirol) e, além de divulgar as pesquisas realizadas pelo IEPA, por meio de exposições e atividades didáticas, destaca-se pelo circuito expositivo a céu aberto representando os povos amazônicos no Amapá (ribeirinhos, indígenas, castanheitros, etc). (Informação do Wikipédia)
Fonte: IEPA

Visualizar Museu Sacaca em um mapa maior

"Templo dos povos da floresta", esta é a denominação do museu veinculada em propaganda institucional do GEA (Governo do Estado do Amapá).

"A vida só se compreende mediante um retorno ao passado,  mas só se vive para diante."   (Soren Kierkegaard - filósofo e teólogo dinamarquês)
O museu, com a concepção de desenvolvimento sustentável, foi oficialmente estabelecido durante o mandato de Capiberibe no Governo do Estado (1997). Entretanto, o acervo remonta às décadas de 1960 e 1970. 
Vamos conhecer um pouco da história do Museu Sacaca, que foi assim construída na linha do tempo (as informações, em sua maioria, foram retiradas do folder distribuído na reinauguração/2012 e Revista MUSAS/2007):
  • 1965 - O Governador General Luiz Mendes da Silva, por meio do Decreto 04/1965, criou o Escritório Comercial e Industrial do Amapá. Entre suas incumbências estava a instalação do Museu Industrial e Comercial, destinado a manter uma exposição permanente e elucidativa dos produtos regionais. Administrado pelo químico Waldemiro Gomes, o acervo de pesquisas contava com fibras, sementes e plantas medicinais.  O Museu passou por várias alterações de nome, endereço e missão, até que em 1988, foi denominado Museu de Plantas Medicinais Waldemiro de Oliveira Gomes.
Década de 1960: Foto1 - Exposição de produtos no Museu Industrial e Comercial / Foto 2 - Waldemiro Gomes com estudantes (Fotos do Acervo do Museu Sacaca publicadas na Revista MUSAS/Nº 03/2007)
    
  • 1970 - Waldemiro Gomes assume o Museu Histórico e Científico Joaquim Caetano da Silva.
      O nome do Museu é uma homenagem ao médico e diplomata gaúcho Joaquim Caetano da Silva, autor da obra L’Oyapoc et L’Amazone, de fundamental importância na elaboração da defesa efetuada por José da Silva Paranhos Júnior (Barão do Rio Branco), que definiu a favor do Brasil as terras do contestado franco-brasileiro.
      • 1974 - Criado o Museu de História Natural Ângelo Moreira da Costa Lima, sendo o pesquisador Reinaldo Damasceno seu primeiro diretor. O museu tinha como linha de estudos a entomologia (estudo dos insetos), flora e aves. A inauguração do Museu deu-se em 06 de janeiro de 1974, já no endereço onde funciona hoje o Museu Sacaca. É importante ressaltar a parceria firmada entre o Museu Costa Lima e o Museu Goeldi – cujo diretor era Miguel Secffe –, no sentido de formar a primeira coleção de animais taxidermizados. Criado também o Centro de Ciência do Amapá (CECITA) para estudo da fauna amapaense.
      Angelo Moreira da Costa Lima foi um médico (nascido no RJ), entomologista e pesquisador brasileiro cujo trabalho fundamentou os estudos da entomologia agrícola brasileira. É considerado um dos maiores entomologistas brasileiros.
      • 1980 - Unificados os Museus Joaquim Caetano da Silva e Ângelo Moreira da Costa Lima. 
      • 1983 - Incorporado pela Coordenadoria de Ciência e Tecnologia da Secretaria Federal do Amapá o Museu Ângelo Moreira da Costa Lima.
      • 1985 - Inaugurado o Campus de Pesquisa da Fazendinha.
       
      • 1988 - Criado o Museu de Plantas Medicinais Waldemiro Gomes para realizar pesquisas com a flora medicinal (o nome foi idealizado pela pesquisadora Maria Alice Ramalho em homenagem a um dos maiores pioneiros em plantas medicinais do Amapá, de quem foi assistente. O Museu Costa Lima se dedicava a estudos da fauna.
       
      • 1991 - Criado o Instituto de pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), no Governo de Annibal Barcellos, que absorveu o Museu de História Natural Costa Lima e o Museu de Plantas Medicinais Waldemiro Gomes. Passou a gerenciar também o Campus de Pesquisa da Fazendinha. Os museus têm o corpo técnico e os acervos – nas  áreas de zoologia, antropologia e de plantas medicinais - ampliados. 
      • 1995 - Os museus incorporados ao IEPA são fechados, para reformas e reestruturação das exposições.
      • 1997 - O Museu do IEPA passa a se chamar Museu do Desenvolvimento Sustentável e foi reaberto em 10/04/1997 no governo de João Capiberibe. A nova exposição passou a ser mais interativa e representativa dos resultados alcançados pelas pesquisas do IEPA. Foi criado um espaço externo para exposições que, futuramente, seria ampliado na grande exposição a céu aberto que é hoje o Museu Sacaca.
      • 1999 - Em 20/09/1999, pelo Decreto (GEA) Nº 2396, o Museu passou a ser denominado MUSEU SACACA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, em homenagem ao Sr. Raimundo dos Santos Souza, o Sacaca, considerando a sua contribuição para a população amapaense, por seu trabalho na área da medicina natural e por ser um grande representante das tradições culturais do Estado do Amapá. 
       
      • 2002 - Ampliação do Museu Sacaca do Desenvolvimento Sustentável com a inauguração da Exposição a Céu Aberto. O  museu foi reinaugurado em 05/04/2002 com o nome atual: "Centro de Pesquisas Museológicas Museu Sacaca" - CPM/Museu Sacaca. O museu foi inaugurado usando parte das instalações da sede do IEPA em Macapá,  no terreno ao lado (até então um espaço alagado e tomado pelo mato).  Foi trabalhado e transformado na exposição a céu aberto. A idéia de um museu que representasse as comunidades tradicionais do estado, tão rico em diversidade cultural, com representações de índios, ribeirinhos e castanheiros, era um projeto realmente ousado e com uma concepção museológica inovadora. 
      Este recorte de Jornal (O Liberal - 06/01/2000) mostra a ampliação do Museu Sacaca e construção do ambiente para a exposição a céu aberto. O texto é de Jorge Cesar.
      Jornal O Liberal, de 06/01/2000
       A inauguração foi alardeada intensamente pelas mídias e contou com a presença de jornalistas de outros estados (Agência Estado, Diário de São Paulo, Jornal O Dia-RJ, Jornal do Brasil-RJ e Revista ISTO É), além da presença do professor da UFRJ na área de museologia - Mário Chagas - e da doutora baiana, consultora do projeto do museu - Maria Célia. O evento, também com seu cunho eleitoral, marcou a transferência de Capiberibe do cargo efetivo de governador (08 anos) à vice-governadora Dalva Figueiredo, para concorrer ao Senado. (Informação do Jornal O Liberal, de 10/04/2002, em artigo escrito por Aroldo Pedrosa). É muito interessante ver como a história vai sendo descrita nos jornais, descobrimos cada coisa! Veja no recorte do jornal citado: Capiberibe em discurso utópico, Dalva de Oliveira metafórica ("...quem nasceu na floresta, nadou nos rios e igarapés, não tem medo de atravessar as cachoeiras. Nós vamos atravessar as cachoeiras juntos!...") e um ferrenho defensor de Capi e então Prefeito de Macapá, João Henrique. A viúva de Sacaca também fez seus agradecimentos em discurso na inauguração. Tá tudo aí no jornal...
      Jornal O Liberal, de 10/04/2002

      • 2004 - Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, na área Arte e Cultura, para o Museu Sacaca. 
      O "Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente" é um tributo de reconhecimento do MMA a pessoas ou entidades que trabalham em defesa do meio ambiente e em benefício de experiências bem-sucedidas de desenvolvimento sustentável na Amazônia.
      Portaria do MMA com os vencedoresdo Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente - 2004 (D.O.U de 15/12/2004).
      O "Prêmio Cultura Viva" tem por objetivo mobilizar, reconhecer e dar visibilidade a práticas culturais que ocorrem em todo o território brasileiro, de modo a favorecer o conhecimento da riqueza e da diversidade cultural do país.
      • 2008 - Exposição a Céu Aberto fechada para o público em decorrência da falta de estrutura. Por ser um Museu a céu aberto,  parte de seu patrimônio (sem receber manutenção adequada) ficou bastante danificado pela ação do tempo e cupins.
      • 2008/2009 - Prêmio Darcy Ribeiro, do Ministério da Cultura. 
      O Prêmio Darcy Ribeiro tem por objetivo incentivar e premiar as práticas relacionadas a ação educativa em museus.   
      Veja como foram as premiações nestes anos: 
      D.O.U de 14/05/2008

      Foi premiado em 3º lugar em 2008, com o projeto "Aprendendo no Museu". A instituição recebeu o valor de R$ 4 mil (Fonte: MINC - 2008).  
      A proposta do projeto "Aprendendo no Museu" é fazer com que na prática os estudantes aprendam a valorizar e preservar o patrimônio histórico cultural do Amapá, a partir dos espaços culturais e pedagógicos existentes no Museu Sacaca.
      D.O.U de 15/05/2009 

      Premiado como 2º colocado em 2009 com com o projeto "Nas trilhas do conhecimento – Comunidades e Cientistas Protegem juntos a Biodiversidade do Amapá". Recebeu o valor de R$ 10 mil (Fonte: MINC - 2009). 
      Exemplo de painéis expostos no projeto "Nas Trilhas do Conhecimento" sobre os segredos da fitoterapia, a partir do projeto de tratamento com plantas medicinais desenvolvido pelo IEPA. (Fonte: Apresentacão Museu Sacaca - Núbia Ferreira)
      • 2008/2009 - Finalista no Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade (Categoria Educação Patrimonial), do IPHAM, novamente com o projeto Nas Trilhas do Conhecimento.
      O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, que leva o nome de um dos fundadores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, busca justamente destacar brasileiros e instituições que perceberam a importância de proteger opatrimônio do Brasil.


      Projeto indicado em 2008/2009 - Fonte: IPHAM - relação de finalistas
      • 2009 - Prêmio Pontinhos de Cultura/Ludicidade, do Ministério da Cultura, com o Projeto Leitura e Ciência. O projeto ganhou o reconhecimento do MINC e foi agraciado com recursos de R$ 18 mil. Segundo a coordenadora, Ana Claudete, o dinheiro foi investido na construção de um parque infantil e o restante na compra de materiais lúdicos para as crianças (Fonte da informação: noticiasdaamazonia.com.br e correaneto.com.br).
        O Prêmio Ludicidade é destinado à promoção de iniciativas culturais voltadas para a infância e adolescência, disponibilizando material adequado e pessoal qualificado para realização de atividades lúcicas e educativas voltadas a esse público.
        • 2010 - Finalista no Prêmio Vivaleitura, do Ministério da Cultura, com o Projeto Leitura e Ciência (trabalho desenvolvido pelo IEPA com atividades  voltadas à conscientização das criança para os valores ambientais, visando a compreensão da realidade do nosso Estado, através de leitura, teatro e brincadeira educativas no espaço do Museu Sacaca).
          É uma  iniciativa - do Ministério da Educação (MEC), do Ministério da Cultura (MINC) e da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, com patrocínio da Fundação Santillana. Objetiva estimular, fomentar e reconhecer as melhores experiências que promovam a leitura.
           Veja um texto sobre o Projeto Leitura e Ciência:
          Fonte: Catálogo Vivaleitura 2010
          • 2011 - Retomada do processo de revitalização e ampliação dos espaços do Museu Sacaca.
          • 2012 - Em 03 de fevereiro, véspera de aniversário de Macapá, ocorreu a reabertura para visitação pública. Foi um evento aguardado com entusiasmo pela população. Mas isso, é assunto para uma próxima enrolaçã.... opa! Digo, postagem.
          "A Exposição a Céu Aberto está apresentada em uma área onde o visitante pode observar diversos aspectos naturais da região, caminhando por trilhas ecológicas formadas por pedra, água, madeira e areia. Além disso, as exposições são contextualizadas por meio de equipamentos com programas multimídia que estão disponíveis nos diversos espaços expositivos, destacando os aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos e religiosos dos diversos grupos que estão representados no Museu." (Texto de Maria Célia Teixeira Moura Santos no artigo OS MUSEUS E A BUSCA DE NOVOS HORIZONTES)
          Jornal Participação - Ano I - Nº 13 - Fevereiro/2012
           
          Esta é um pouco da história do Museu Sacaca.
          Venha conhecer!!!
          Av. Feliciano Coelho, 1509
          Bairro do Trem - Macapá (AP)
          Fone: (96) 3212-5363
          Entrada franca
          Terça a Domingo
          Referências Consultadas:
          Veja também:

          quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

          BAIRROS DE MACAPÁ - Jesus de Nazaré (Parte 1 - Jornal de 1997)

          Mais um texto antigo mostrando um pouco da história dos bairros. O autor é  Izael Marinho e foi publicado no jornal "O Liberal", de 04 de maio de 1997. Todas as informações referem-se a esta época. Nota-se que muitas coisas relatadas não condizem com a realidade hoje. Outro dia ainda vou registrar a realidade presente. No momento, este é o bairro Jesus de Nazaré, em uma visão no século passado, lá nos idos de 1997.
          BAIRRO NÃO PERDE JEITO ARISTOCRÁTICO
          PERTO DO CENTRO, JESUS DE NAZARÉ TEM SUSTOS E ORGULHOS
          Os problemas urbanos também fazem parte da paisagem do Jesus de Nazaré, 
          embora a maior parte do bairro seja bem urbanizada. (Foto: Gilmar Nascimento)
               Nos idos de 50 a 60 ele foi o bairro mais aristocrático da cidade. Lá habitavam os servidores de staff  governamental, os funcionários públicos, numa época em que ser barnabé era motivo de orgulho e sinônimo de prosperidade. Os empregados mais graduados do governo (do ex-Território) tinham casa ali. Até uma vila foi construída só para eles – a Vila do Ipase. O bairro se chamava, na época, Jacareacanga. Por quê? Ninguém se atreve a responder. Aliás, nem os moradores mais antigos gostavam do nome – motivo de chacota e maledicências dos habitantes de outras regiões da capital.
               O nome Jesus de Nazaré – mais pomposo e agradável aos ouvidos dos moradores – adveio dos primeiros religiosos católicos (padres e freiras) que instalaram no bairro uma igreja, um convento e um seminário. “É um bom nome. Jacareacanga era ruim até de pronunciar”, lembra a professora aposentada Nádia Filomena Cavalcante, 69 anos, mais de 30 só de Jacareanga.
               O passar dos anos não tirou de Jesus de Nazaré o jeito de bairro nobre, onde 60% dos moradores – cerca de 5.000 pessoas – estão acima da linha que separa a pobreza da classe média. Miséria e miseráveis há, mas em número bem menor do que nos demais bairros da cidade.
               Mesmo nas áreas de invasão – a mais famosa é a “Vila Pica-pau”, atrás do aeroporto – a classe baixa mantém um padrão de vida invejável para qualquer miserável de outra capital brasileira. “Nosso maior problema é moradia. Nossas casas é que são uma vergonha. Mas fome ninguém passa, não senhor”, atesta o pintor Eduardo Meira Filho, 44 anos, que está há 16 anos morando em um barraco do tipo palafita construído atrás do muro do aeroporto.
               Numa coisa Meira tem razão: no Jesus de Nazaré não há mendigos, menores abandonados ou gente morando na rua, como acontece em outros bairros de periferia. Uma curiosidade: há poucos desempregados em todo o bairro. Mesmo nos casebres mais pobres, as pessoas têm um televisor em cores, uma geladeira, um aparelho de som (ou rádio) e uma máquina de lavar roupas. Muitos se dão ao luxo de possuir até vídeo-cassete de última geração.
               Nem tudo são flores nesse aparente mar de tranqüilidade em que vivem os moradores do Jesus de Nazaré. Apesar de possuir duas delegacias de polícia – uma de defesa dos direitos da mulher e outra da Polícia Federal – os habitantes não se sentem seguros.
               O índice de criminalidade, proporcional ao número de habitantes, é baixo. Nem por isso deixa de assustar a população. Há anos não ocorrem crimes de morte na região. Em compensação, as gangues aterrorizam as famílias.
               Para fugir da ação dos grupos organizados de rua, os moradores mais abastados contratam segurança particular (vigias). Quem não tem dinheiro para esse gasto arranja um cachorro – de raça ou não – para se encarregar da proteção.
               Mas é rara a noite em que uma casa não é arrombada, um muro ou fachada não aparece pichado. As gangues estão se especializando em promover badernas nas ruas e espancamento de pessoas inocentes.
               As tradicionais brigas de gangues foram substituídas pela ação conjunta dos delinqüentes contra qualquer cidadão, pelo simples prazer de atemorizar e infernizar a vida das pessoas. O consumo de drogas também aumentou e as primeiras “bocas-de-fumo” começam a aparecer na região.
               Ainda assim, as estatísticas policiais confirmam o que os moradores já sabiam: O Jesus de Nazaré é um dos poços bairros da cidade onde o cidadão ainda encontra paz e sossego. Mas não é fácil descobrir quem queira vender ou alugar uma casa por aquelas bandas. 
               “Problema nós temos, mas tenho certeza de que pouca gente gostaria de sair daqui para morar noutro lugar. Nós ainda temos o privilégio de colocar cadeiras em frente de casa, no final da tarde, e bater  um longo papo com os vizinhos”, festeja Dona Senhorinha da Conceição, 72 anos, uma pensionista que diz ter vivido metade de sua vida naquele bairro, e de onde não sai por dinheiro nenhum.

          COMO NOS BONS TEMPOS DE JACAREACANGA
          A igreja, no coração do bairro, 
          é hoje uma das maiores referências
          À primeira vista, quem visita o Jesus de nazaré tem a impressão de que os moradores de lá não sofrem os problemas comuns aos demais habitantes da cidade: falta de água, luz, saneamento, segurança, saúde. Mero engano, asseguram os moradores.
               "É claro que podemos nos dar ao luxo de possuir boas escolas, repartições públicas excelentes, um serviço de saneamento básico de relativa qualidade. Mas há pontos do bairro onde as pessoas sofrem com a falta d'água e até de luz elétrica", conta o empresário Jonas Mariano Teixeira, de 39 anos, dono de um supermercardo, e que há 8 anos trocou o Buritizal pelo Jesus de Nazaré. Ele diz não ter se arrependido da decisão.
               O que Jonas não conta é um dos graves problemas da população é a ausência de um posto médico no bairro. As autoridades  de saúde pública argumentam que devido à proximidade do Jesus de Nazaré com o centro administrativo da capital, onde estão localizados os hospitais Geral, Pediatria, Maternidade e até o Pronto Socorro (além do HEMOAP), não há necessidade de novas unidades de saúde na região. "De lá para cá são menos de três minutos de carro e, no máximo, dez minutos a pé", frisa um médico do Hospital Geral.
               Para compensar essa ausência  do sistema público de saúde, no bairro, as clínicas particulares começam a se instalar por aquelas bandas.
               Por conta disso, o sistema de ambulâncias "1520" da Prefeitura, tem sido bastante acionado pelos moradores, principalmente pelas pessoas que habitam as baixadas e áreas de invasão.
               Dificuldade, mesmo, têm os "sem-teto". morando em barracos erguidos sobre alçagados, expostos a constante risco de inundação, essas pessoas não vêem a hora de serem removidas para áreas firmes. Uma promessa antiga tanto do Governo quanto da Prefeitura.
               "Já fomos várias vezes à Prefeitura e até à Secretaria de Obras. Poucas foram as audiências em que fomos recebidos por alguém que realmente decidisse alguma coisa. Na maioria das vezes saímos de lá com mais dúvidas do que quando entramos. É sempre a mesma conversa: não dá pra aterrar  as baixadas porque são ressacas, e isso causaria um desequilíbrio ambiental. Então, por que não tiram logo a gente daqui e colocam num lugar seco?", indaga, indignada, a dona-de-casa Rosália da Silva (35 anos), uma espécie de líder comunitária dos invasores.
               A casa que divide com 5 filhos e com o marido (desempregado) está prestes a cair sobre o lago. Dona Rosália diz não ter para onde ir, nem dinheiro para consertar o barraco. Aguarda que uma alma generosa lhe estenda a mão e doe um terreno noutro lugar. "Até lá pra Piçarreira eu vou", diz ela, referindo-se ao recém-implantado bairro do Infraero, na divisa do São Lázaro com o Jardim Felicidade, na saída da cidade, para onde foram transferidas centenas de famílias de desabrigados das enchentes.
          Embora pacato, o bairro tem problemas 
          com gangues de rua, 
          que sujam muros e portões das casas
               Os primeiros moradores chegaram ao então Jacareacanga numa época em que Prefeitura e Governo pouco ligavam para o crescimento desordenado da cidade. Como terreno era coisa sem muito valor, à época, qualquer pessoa podia apossar-se de quanta terra quisesse ou tivesse  condições de cuidar. Talvez por isso os moradores mais antigos possuam hoje lotes que vão de uma rua a outra. O pai de família demarcava seu terreno e mais uns três - um para cada filho. Isso nunca foi motivo de briga ou disputa judicial.
               O atual Jesus de Nazaré mantém muitas das características do antigo Jacareacanga: ruas largas e arborizadas, casas espaçosas e no mais elegante estilo clássico ou moderno, jardins (ainda que pequenos, em quase todas as casas), quintais tomados por árvores frutíferas.
               À noite, como o bairro não tem muitos barzinhos ou mesmo boates, é comum observar rodadas de vizinhos em frente às casas em conversas animadas ou, aos domingos, ouvindo o jogo do dia.
          O Liberal - 04/05/1997
          PADEIROS - No Jesus de Nazaré - talvez o único local da cidade onde isso ainda é possível - não é difícil o visitante  se deparar com um padeiro, de caixa na garupa da bicicleta, oferecendo pão quentinho de porta em porta. O tradicional paneiro de palha de buriti foi substituído por uma caixa de compensado forrada com material impermeável. O característico grito de "pa-a-dei-ro" acabou sendo trocado por uma infernal buzina de pipoqueiro. O horário também mudou. O padeiro não passa mais de madrugada e, sim, às 3 horas da tarde, na hora em que a dona-de-casa se prepara para o religioso café. Mas o charme da profissão continua.
               "É bem mais prático comprar o pão na porta de casa do que sair pára comprá-lo na padaria. Se bem que lá, na padaria, há mais opções...", comenta a doméstica Laura Crespo, 38 anos.
               Outra característica do Jacareacanga que se mantém atual no Jesus de Nazaré é a prestação de serviços. É comum ver eletricistas, encanadores, pedreiros, pintores, tocando as campainhas das casas e oferecendo seus préstimos profissionais a um preço bem menor do que cobram as empreiteiras. Como é gente conhecida no bairro, a maioria dos moradores confia seus trabalhos a eles. 

          Venha conhecer!

          terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

          Lançamento da Agenda Arte Literária 2012

          Em 08/02/2012, no Centro Franco-Amapaense - em Macapá, ocorreu o lançamento da Agenda Arte Literária 2012. Uma produção da Associação Literária e Teatral ABEPORÁ DAS PALAVRAS como singela contribuição aos amantes da poesia, reunindo textos de 29 poetas amapaenses... união entre o útil e o agradável.

          Capa/Foto: Salto de Menino no Rio Amazonas (Benedito de Queiroz Alcântara).
          "O  lançamento da agenda coloca em destaque os escritores do nosso Estado 
          e ainda traz a poesia para o dia a dia das pessoas"
          (Adriana Abreu - integrante do Grupo de Poesia "Tatamirô")

          Na agenda encontramos textos de: Alcy Araújo, Romualdo Palhano, Alcinéia Cavalcante, Iramel Lima, Augusto Oliveira, Leacide Moura, Armindo Sousa, Carla Nobre, Kairo Ribeiro, Herbert Emanuel, Pedro Stkls, Thiago Soeiro, Jonas Teles, Manoel Bispo Corrêa, Ana Carolina Magalhães, Danielle Gomes, Fernando Costa de França, Fernando Canto, Paulo Tarso, Ranilson Chaves, Alessandro Cardoso, Benedito de Queiroz Alcântara, Aracy Mont'Alverne, Ricardo Pontes, Pedro Henrique, Simãozinho Sonhador, Ibis Amazonas, Martinho Danilo e Wemerson de Brito.
          TEU AROMA

          Sigo o horizonte estrada a fora
          Faz frio, sinto teu perfume
          No ar da madrugada
          Doce fragância penetra meu íntimo...
          Procuro em todos os lados, não há flores
          Meu coração fala baixinho...
          É tua saudade me visitando.

          LEACIDE MOURA

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