As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

"Confiança no Amapá – Impressões sobre o Território" (Janary Nunes)

2012 é o ano do centenário do ex-governador do Amapá Janary Gentil Nunes e, entre os eventos em homenagem, o livro "Confiança no Amapá – Impressões sobre o Território"  foi relançado em cerimônia no Palácio do Setentrião (no dia 01/06, dia de seu nascimento).
A obra foi organizada por Janary Nunes e publicada em 1962. Tem 319 páginas e apresenta 67 textos sobre o Amapá e sobre o seu primeiro governador. 


Janary Gentil Nunes, oficial do exército brasileiro, foi o primeiro e o que governou por mais tempo o Amapá. 
Nasceu em Alenquer (PA) em 01/06/1912 e faleceu no Rio de Janeiro em 15/10/1984.
Em 27/12/1943 foi nomeado, pelo presidente Getúlio Vargas, governador do Território Federal do Amapá, aos 31 anos (governando de janeiro de 1944 a fevereiro de 1956 - quase doze anos). Seu governo foi marcado pela urbanização e desenvolvimento do então Território Federal do Amapá.

Nos festejos do centenário, no Palácio do Setentrião, a Professora e Doutoranda em História pela UNB Maura Leal da Silva e o Senador Randolfe Rodrigues fizeram uma breve explanação sobre o livro e a representatividade histórica de Janary Nunes.
O livros apresenta os textos:
- A mística do Amapá (Janary Nunes)
- O Amapá e seu criador (João Malato - "Folha do Norte", 25/01/1962)
- Ingratos e traidores (Orlando de Moraes)
- Janary construiu a mais bela civilização no trópico amazônico (Dr. José Maria de Lima - Ex-Chefe do serviço de Higiene Dentária da Divisão de Saúde Pública do Território do Amapá)
- O Amapá que eu vi (João de Moura Neves)
- "O Amapá é uma clarinada na nova marcha do Brasil" (Dom Mário Vilas Boas - Arcebispo Metropolitano de Belém)
- "Clima de perfeita harmonia social e desejo de prosperidade do povo" (Ministro da Justiça Negrão de Lima)
- O braço é a matéria-prima mais valiosa da região amazônica (Senador Assis Chateaubriand)
- Há um sentido profundo de brasilidade na obra que aqui se realiza (Deputado Juscelino Kubistchek - Discurso em visita ao Amapá)
- Amapá - O caminho de uma nova civilização (Deputado Raul Pila - "Correio Fluminenese, 31/08/1957)
- A verdadeira redenção do Amapá e sua transformação em estado da Federação (Theodoro Arthou)
- Como se faz um país (Robert Vignon - Governador da Guiana Francesa)
- O Amapá é um exemplo do trabalho e da conquista definitiva da terra (Deputado Carlos Luz)
- Produzir mais em benefício de cada um e da coletividade (General Odylio Denys - Jornal "Amapá", 01/06/1946)
- Quem visita o Amapá volta com o espírito revitalizado, orgulhoso de ser brasileiro (General Pery Constant Bevilaqua - 18/05/1954)
- A natureza já se submete aos desígnios do homem (Dr. Vargas Neto - "Folha do Norte", 25/03/1951)
- Obra de quem? Desse tenaz fazedor de milagres: Governador Janary Nunes (Deputado Menotti Del Picchia, 25/01/1954)
- Uma obra que rasgou com segurança e coragem novas perspectivas para esta região (Deputado Artur Santos - Jornal "Amapá")
- Trabalho multiforme de progresso econômico e de civilização (Álvaro Souza Lima)
- "A obra que vejo realizada no Amapá é, antes de ser administrativa, uma obra de amor" (Sandra Cavalcanti - 03/11/1951)
- Equipe que honra uma geração (João Carlos Vital & Waldir Niemayer)
- Tudo se tornou possível porque houve comando, tenacidade e planificação (Ministro Alvaro Teixeira Soares)
- Um rei construindo o seu reino (Dr. Inacio Moita - "Folha do Norte", 24/11/1950)
- Um homem e sua obra (Aderbal Melo - "Folha do Norte", 14/11/1950)
- Descortino (Vítor do Espírito santo)
- "Acreditando no futuro do Brasil" (Comandante Cordeiro da Graça - "Folha do Norte", 08/12/1950)  
- Parlamento de graça (Francisco Galloti)
- O dia de maior emoção para a minha alma patriota foi, sem dúvida, o que passei no Amapá (Senador Apolônio Sales, 03/11/1950)
- A 4ª Exposição do Amapá (Ricardo Borges - "O Estado do Pará", 03/09/1950)
- O Coronel Janary é um exemplo de homem; o território do Amapá, exemplo de uma obra (Deputado Alcides Carneiro, 18/02/1954)
- O empréstimo de 35 milhões de dólares para financiar as jazidas as jazidas de manganês do Amapá (Deputado Lameira Bittencourt, 01/07/1950)
- O manganês - As reservas minerais colocam em grande evidência o Amapá (A. De Miranda Bastos - "O Jornal", 21/05/1950)
- A riqueza mineral fará a redenção da Amazônia (Glycon de Paiva - "A Noite", do RJ em 29/04/1950)
- "Cobaia sócio-econômica da Amazônia"  (Dr. Irval Lobato)
- Bandeirantismo da Amazônia" (Cel. bernardino de Matos)
- Rumos de uma civilização nascente na promissora gleba amapaense (Gen. Justino Alves Bastos)
- Obra-prima de um grande artista e nunca a maior realização de um grande administrador (Joracy Camargo - Junho de 1955)
- Mentalidade seringueira no Amapá (Firmo Dutra)
- Impressões sobre o Amapá (Álvaro Maia & Ernesto Dorneles - 03/12/1950)
- Amapá, futuro Estado da nacionalidade (Capitão Jaime Marinho)
- Palavras do professor Hélio Viana (03/08/1948)
- "O progresso do Amapá superou nossa expectativa" (Daniel de carvalho - Ministro da Agricultura - "A Província do Pará", 04/08/1948)
- O surpreendente progresso do Amapá em apenas dez anos (Edmundo Maia - Psiquiatra da Polícia)
- Que a obra de Janary Nunes seja uma cartilhacívica para todos os brasileiros (Deputado Adail Morais - 18/02/1954)
- Ataque efetivo por parte do governo aos principais problemas do povo (Luiz Leão - 1954)
- Sob a linha do Equador firmam-se os alicerces de novo Estado brasileiro (Morel M. Reis)
- O Amapá no domínio da saúde pública e da educação (Pereira Filho)
- Opiniões sobre o Amapá (João Batista Ferreira de Souza - 13/07/1949)
- Todo o Brasil está convosco (Deputado Eduardo Duvivier)
- Discurso pronunciado pelo Deputado Plínio Cavalcante por ocasião do jantar dançante oferecido no Macapá Hotel aos deputados e jornalistas que visitam o Território, em 24/07/1947
- O governador de Goiás, entrevistado em Belém, fala sobre o Amapá
- Opinião de estudiosos - Evolução de um território (Nunes Pereira - "Folha do Norte", 14/09/1950)
- O Amapá está realizando a maior experiência  de saúde pública (Marcolino Candau)
- A questão é querer ("A Província do Pará", 19/11/1947)
- Oposicionista que sempre fui (Deputado Lino Machado, 16/08/1947)
- Entrega do projeto de lei elaborado pela Comissão de Valorização da Amazônia (Deputado Agostinho Monteiro - 12/07/1947)
- Não por palavras, mas por ações (Deputado Domingos Velasco - 05/07/1947)
- Documentário Impressionante (Arthur Cezar Ferreira Reis, 09/11/1946)
- O Território Federal do Amapá visto através de observações do Dr. Paulo Antunes ("Folha do Norte")
- Saudação do professor... (Professora Aracy Montalverne, 01/03/1951)
- Verdadeiro exemplo ao Brasil (Jornal "Castelo", 05/11/1953)
- Manganês do Amapá (Parecer do Conselho de Segurança Nacional, 08/06/1953)
- Manganês do Amapá (Parecer do Estado-Maior das Forças Armadas, 02/06/1953)
- Manganês do Amapá (Parecer do Estado-Maior do Exército, 02/06/1953)
- Manganês doAmapá (Parecer do ministério das Relações exteriores, 02/06/1953)
- Palestra pronunciada pela Professora Maria José Pontes aos alunos da escola isolada de "Queimada", Município de Macapá, por motivo da passagem do aniversário natalício do Excelentíssimo Senhor Capitão Janary Gentil Nunes, 1º Governador do Território Federal do Amapá (01/06/1948)
- Prodígio do esforço humano (Carlos Lacerda - "Tribuna da Imprensa", 28/06/1955)


Como se observa o livro tem uma coletânea de textos antigos (reportagens, discursos, relatos e documentos... alguns são extremamente utópicos, ideológicos, idealistas e marketeiros) que revelam um pouco das impressões e aspirações sobre o Amapá em seus anos de Território recém-criado. O livro foi também de caráter autopromocional.

"Amapaenses! Vamos reconquistar a confiança no Amapá - terra onde a Pátria começa. E trabalhemos, ombro a ombro, com o mesmo pulsar do coração, para uma nova etapa de lutas, de vitórias e de prosperidade. Vamos, sem demora, criar o Estado do Amapá" (Janary Nunes, 1962)

"Seguindo as palavras de Cristo que nos mandam amar uns aos outros, os amapaenses caminham, empolgados pela mística do Amapá, para fazer em breve do seu Território um vigoroso Estado da Federação Brasileira" (Janary Nunes)

"... É esse o homem que vai ao Amapá pedir votos. É o criador pedindo algo à criação" (João Malato)

"Se milagre há no Território do Amapá, este é o milagre do espírito público que o Governador soube infundir a todos os seus habitantes." (Raul Pila)

"A cidade está dotada de excelente serviço de abastecimento d'água e de esgotos" (Deputado Carlos Luz, em discurso na Câmara, 18/09/1950)

"Pois esta terra amadurece para a prosperidade e para a glória, sob o impulso de uma dedicação... Amapá deve orgulhar o Brasil" (Dr. Vargas Neto, 25/03/1951)

"Deus, porém, que é brasileiro, coroou por fim a fé bravia de Janary e lhe ofertou como prêmio da sua tenacidade e patriotismo, os dez milhões de toneladas de manganês, base rela do progresso econômico da região" (Deputado Menotti Del Picchia, 25/01/1954) 

"O Amapá de hoje deixa ver as linhas do Brasil de amanhã" (Valdir Niemayer)

Nas páginas finais encontramos um pequeno álbum de imagens.
 São 15 fotos históricas sobre Janary Nunes.

Janary com a primeira equipe de governo
Janary Nunes e equipe em atividade governamental pelo interior do Amapá.

Parte do dircurso da Professora/Historiadora Maura Leal.

A obra pode ser consultada no acervo da

sábado, 2 de junho de 2012

CENAS DE MACAPÁ: O Muro da Escola Padre Dário

A Escola Padre Dário foi fechada pela Secretaria Estadual de Educação (SEED) devido aos problemas na infraestrutura. Desde 2011 já não funciona.
O prédio pertence à Diocese de Macapá e fica ao lado 
da Igreja Nossa Senhora da Conceição (Bairro do Trem).
Agora é lugar de mato alto e abandono... No dia que fui lá estava assim
Encontramos ainda no muro uma arte que já tem vários anos. São motivos religiosos, feitos na época que essa escola exercia seu papel na formação de cidadãos (foram mais de 50 anos). 

Olha aí o muro, na Avenida Odilardo Silva.
Os desenhos que julgo mais representativos são:
Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava. (Marcos 10:13-16)
Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele.
(Mateus 3:16)
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
João 14:6
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
João 14:6
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
João 14:6
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
João 14:6
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:6)
Vejo aí um desenho estilizado do teto da
nova Catedral de São José com o Monumento Marco Zero.
 Eu e a minha casa serviremos ao Senhor. (Josué 24:15)
Riscos para uns, nada para outros...
Retrata também a fé de muitos.
"A boca fala do que o coração está cheio"
(Lucas 6:45)
Fonte de Consulta:

Quadro de R. Peixe no Palácio do Setentrião - Macapá


Para saber um pouco mais deste grande artista veja os links:
"Um pioneiro do samba e das artes plásticas no Amapá"
"R. Peixe, o mestre esquecido"
"Macapá retratada na tela mágica de R. Peixe"

Veja Também:

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Homenagem à Isabelly Castelo (Apresentação da Cia de Dança Coaracy Nunes - 31/05/2012)

A Cia de Danças Coaracy Nunes, dirigida e coreografada por Lilian Monteiro, trouxe ao público o espetáculo MÃE TERRA, que apresentou a interpretação coreográfica dos principais elementos da natureza. É um espetáculo que abrange um conceito atual, a desumanização das relações, trata do cotidiano das pessoas e da rotina diária que faz com que entremos em um ritmo frenético e individual (que nos distancia do outro e de nós mesmos cada vez mais rápido). O espetáculo foi apresentado por 100 bailarinos entre turmas iniciantes, iniciados, intermediários e avançados, na noite de 31/05/2012 no Teatro das Bacabeiras.


Na 1ª parte foi apresentada Mãe América (destacando-se elementos naturais como: fogo, água, terra, arco-íris, minerais, plantas, açaí, ribeirinhos, animais, etc) e na 2ª parte foi apresentada a Mãe África (destaque ao marabaixo, açucena, povos da floresta, o negro, capoeira, etc).


O Projeto de Dança na Escola Coaracy Nunes existe há 20 anos e mais de 2000 crianças e jovens já passaram por este projeto. No entanto, como a dança exige um desenvolvimento pessoal, cada pessoa interpreta-a de uma forma com o seu próprio significado. A dança para as crianças/jovens é tão importante quanto falar, contar ou aprender outras habilidades. Diante desta afirmação, percebe-se que o universo artístico-educativo presente na dança justifica sua presença na escola como agente transformador de práticas corporais a serem vivenciadas e refletidas no cotidiano.
Algumas imagens do evento em uma homenagem 
à Isabelly Castelo, minha sobrinha. 


  Parabéns Isabelly!

 

quinta-feira, 31 de maio de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ: Pedrinhas (Parte 3 - A Foz do Canal das Pedrinhas)

Imagens da foz do Canal das Pedrinhas (registradas em 03/03 e 19/05/2012). Observar este canal nos faz refletir e entender um pouco sobre o impacto do crescimento desorganizado das cidades. Vemos uma situação de falta de infraestrutura e degradação ambiental.

Vídeo editado por R. Castelo
(Disponível na Biblioteca SEMA)
 Imagens do dia 19/05/2012
 Essa é uma realidade bem próxima ao "meio do mundo".
Rapaz! Encontrei uma embarcação de familiares que faz linha para os interiores.
Macapá e suas particularidades.
A FOZ É ASSIM...
Fotos de Rogério Castelo & Gregor Samsa

Veja também os links:

terça-feira, 29 de maio de 2012

Pintura em Azulejos (James Sales)

Esse é um pequeno mostruário da obra de James Sales, artista plástico que desenvolve sua arte em azulejos. São pinturas retratando cenários históricos, turísticos, paisagens amazônicas, lendas ou temas personalizados, utilizando-se de técnicas  com tinta óleo, verniz e uma boa dose de sua criatividade. O rapaz participou da 10ª Semana dos Museus,  mostrando sua arte na Fortaleza de São José de Macapá. 

 

É uma obra interessante, bonita e para singular ornamentação.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Laranjal do Jari (Reportagem exibida no Fantástico sobre a perseverança de uma professora para que um projeto de seus alunos fosse exposto nos EUA)

O Fantástico exibiu em 27/05/2012 uma matéria em Laranjal do Jari sobre o trabalho da professora Elizabete Rodrigues, que batalhou para que um projeto de seus alunos fosse apresentado em feira científica no Rio Grande do Sul e nos Estados Unidos. A reportagem mostra também um pouco do cotidiano e dificuldades deste município.


Reportagem de 27/05/2012

Os pontos abordados no vídeo foram:

Em uma comunidade pobre, no extremo norte do Brasil, uma professora supera as maiores adversidades, vende bolo na rua, para realizar um sonho dos alunos. Um projeto que levou meninos talentosos mais longe do que eles jamais imaginaram.

A primeira distância Elizabete atravessou aos 6 anos. Foi de balsa, do Pará, onde nasceu, para o Amapá, cidade de Laranjal do Jari. Foi atrás de um sonho.

“O pessoal diz assim: ‘por que você não sonhou com outra coisa?’ Eu digo não. É meu sonho desde criança. Eu já nasci e eu já dizia para minha mãe que eu queria ser professora. É só o que sei fazer”, diz a professora Elizabete Rodrigues.

Desde pequena, para ir à escola, ela passava pelo bairro das Malvinas. Não sabia que aquele bairro a levaria mais longe do que imaginava.


Uma parte da cidade nasceu quando uma fábrica abriu e os trabalhadores acharam que o melhor lugar para morar seria na beira do rio. Eles construíram um bairro inteiro sobre palafitas e casas que ou não tem parede de fundo ou têm um janelão que intensifica o contato com a natureza. Só que não demorou muito para que essa natureza reclamasse a ocupação desordenada. Hoje cerca de 20 mil pessoas vivem na região. São gerações e gerações de famílias em constante estado de alerta.


Sem coleta de lixo, ele fica por ali mesmo. E, quando chove, é difícil de a água escoar.Todo ano, final de abril começo de maio, há enchentes. E, quando abre o sol nas Malvinas, o problema é outro: incêndios. As casas são muito coladas, todas de madeira. Quando acontece um acidente elétrico, ou vaza gás, o fogo se alastra rápido.


Enchentes e incêndios. Foi sempre assim. Desde quando Elizabete estava na escola até quando passou no vestibular para matemática, quando finalmente se tornou professora da mesma escola em que estudou quando criança, ela começou a ter ainda mais contato com o povo ribeirinho.


“Sempre que acontecem grandes e pequenas enchentes eles tiram as pessoas lá da parte baixa e a escola acaba sendo abrigo para eles”, conta a professora.


Elizabete resolveu então tocar um projeto. Juntou três alunos e, com questionários, foram saber quais as principais dificuldades que viviam o povo das Malvinas.


“Constatamos que as pessoas não querem sair de lá muitos motivos. Já que eles não querem sair, resolvemos amenizar a situação deles”, relata.


No quintal de casa eles inventaram uma engenhoca que poderia diminuir enchentes e incêndios. É um biodigestor. Um recipiente lacrado, feito com duas caixas d´agua. Encheram de lixo e esgoto.


“Durante cerca de 15 a 25 dias, ele produziria o gás metano, e esse gás seria distribuído através de tubulações pra população”, explica o estudante Adymailson dos Santos.


Eles fizeram o esquema no computador. E testaram um modelo, que realmente funcionou. Filmaram: ficaram tão empolgados com a descoberta que começaram a inscrever o projeto em feiras de ciências pelo Brasil todo.


Conseguiram uma vaga na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia, no Rio Grande do Sul. O problema era chegar até lá. Um amigo, comovido com a história, que resolveu ajudar.


“Eu não poderia ficar de fora. Tinha que dar uma força”, conta Joel Silva Santos.


Em Novo Hamburgo (RS), eles apresentaram o projeto, que foi eleito um dos melhores. Por isso, ganharam uma viagem para os Estados Unidos, para participar de uma das maiores feiras de ciências do mundo.


“Fiquei paralisada, não conseguia sair da cadeira”, diz Elizabete.


Mas logo a euforia acabou. Os Estados Unidos estavam mais longe do que eles imaginavam. Uma empresa disse que ia pagar as passagens, mas do resto eles teriam que cuidar.


“Visto, você vai ter que correr atrás, passaporte, você vai ter que correr atrás. E aí eu perguntava: como é que eu vou fazer isso?”, lembra.


De volta a Laranjal do Jari, fizeram o que puderam: bolo em casa para vender na praça: “Dizia para os meus alunos: prometo para vocês que vocês irão, pode ser até que eu não vá, mas vocês irão”.


E ainda havia a barreira da língua. Elizabete tirou do próprio bolso o dinheiro para pagar aulas de inglês para todos. Mas só podia pagar dois meses do curso. A solução foi encontrada por um professor.


Ele traduziu para o inglês a apresentação do projeto, palavra por palavra. E depois, gravou no celular de cada um para que eles pudessem praticar em qualquer lugar.


Na semana passada, eles estavam com o texto decorado em Pittsburgh, na Pensilvânia. Eles ganharam medalhas, um diploma da marinha americana. E um exemplo pra vida.


“Sempre diziam ‘desistam, isso aqui não é para vocês’. E ela sempre nos incentivando, dizendo ‘não desistam, sigam o sonho de vocês’. Eu não tinha noção da profissão que queria seguir, mas depois de conhecer ela eu disse: quero ser professor”, Adymailson dos Santos. 



Professora e alunos da equipe BioJari, projeto que foi apresentado nos EUA. 
(Click no link, e veja informações adicionais e interessantes
 que não foram exibidas no Fantástico).

sexta-feira, 25 de maio de 2012

"A Noite dos Cristais" (Luís Fulano de Tal)

A Fortaleza de São José de Macapá é um lugar envolto em muitas histórias. 
Essas paredes foram levantadas a custo de muito sofrimento e escravidão
Não dá para caminhar por ali e não pensar nisso. De noite então... 
Essas grades já foram presídio em Macapá em épocas mais recentes, 
e se prestaram também ao papel de porões da ditadura.
... É o entra aí não!! Esse lugar evoca dor, angústia, injustiça, morte... 
Não percebes?
É na noite que o terror cresce no coração dos solitários propensos a isso. Mais de uma vez estes portões se apresentaram a mim, como um convite macabro à minha curiosidade aguçada em perceber mais de perto os horrores que se desenrolaram entre estas masmorras frias, escuras e testemunhas de dores. Tá doido! A sensação de claustrofobia de dia já é grande, alvará de noite. Até essa capela tem um clima pesado... enquanto uns rezavam, outros sofriam. Ah! Prefiro entender as coisas pelas pesquisas e nos livros, como este que foi lançado neste dia. O programa Fantástico vai exibir uma série sensacionalista e essa fortaleza será um dos cenários... Isso será no segundo semestre deste ano.
 Uma névoa de aflição paira no ar... 
Cada canto custou um preço alto e desumano.

Olha meus amigos, deixa eu situar as coisas. Caminhar na Fortaleza só pode nos horários de visitas, acompanhado dos guias. Essas imagens foram feitas mediante autorização. É que na bela noite de 18/05/2012 ocorreu um importante evento cultural na Fortaleza: o lançamento do livro "A NOITE DOS CRISTAIS" de Luís Fulano de Tal. O local foi muito propício à programação (no contexto da 10ª Semana dos Museus). Nas páginas deste livro encontramos relatos da escravidão em uma Bahia do século XIX. Testemunho de uma triste e injusta página da história, tal qual a sensação capaz de nos transmitir cada canto deste forte.

LEITURA SUGERIDA
"Eis o livro. Concebido, gerado e parido... A pesquisa foi feita entre junho e dezembro, no vácuo da greve dos professores de 93. De janeiro a março de 94, em pleno verão, escrevi o libelo. Êxtase. Foram os dias mais exuberantes de minha vida: lia, ria, escrevia e chorava. Parto difícil, a fórceps, de noite, chovendo, sozinho, e no escuro. Nasce o rebento..."

"Dedico estes escritos aos excluídos, despossuídos e outros idos do Brasil"

"Só de raiva escrevo com amor"

(Luís Fulano de Tal)


Eis o autor:
"... A minha infância foi ouvindo histórias. O pessoal do Nordeste mantem uma tradição dos contadores de histórias. Sentava-se para ouvir, através da mãe, dos avós, tios... Esse foi o grande iniciador e estimulador desta coisa toda... Essa oralidade, essa coisa de contar histórias..."    
(O autor, sobre sua origem como escritor)
Luís Fulano de Tal (é isso mesmo!!!) é o pseudônimo adotado pelo literato Luís Carlos de Santana. Pernambucano de origem humilde, nasceu em 1959 e graduou-se em Letras pela USP, onde fez também mestrado em História Social. Hoje, além de autor premiado e consagrado, é também professor da Rede Municipal (lecionando Literatura Brasileira/Portuguesa, Redação/Criação de Texto e Língua Francesa) com experiências no ensino fundamental, superior e cursinhos pré-vestibulares.
"Um autor promissor que toma a sério não só o seu tema nuclear, 
de inegável interesse social, como também o ofício do escritor, 
para quem o trabalho da linguagem é um prazeroso dever." 
(Alfredo Bosi)

O livro
Conta a história do negro Gonçalo Santanna, um brasileiro que nasceu na primeira metade do século XIX. A obra é baseada em suas memórias, a partir do manuscrito encontrado em Caiena (Guiana Francesa) por um estudante também negro, brasileiro. O autor descreve a escravidão, relata costumes da época, o tráfico na África e personagens comuns do cotidiano em Salvador (Bahia). Em janeiro de 1835, estoura uma rebelião de escravos chamada Revolta dos Malês comandada por negros de orientação islâmica, conhecidos como malês. O movimento idealizou a libertação dos prisioneiros e também foi contra a opressão e intolerância religiosa. Na tentativa de alcançar seus ideais objetivaram a invasão  de casas, do forte, engenhos e tomar a cidade. 
"...Os escravos que participavam do conluio riam à socapa. Era ardentemente desejado o momento em que invadiriam as casas senhoriais... quebrariam as louças... sim... sim... o lustre da sala... os penduricalhos... um trabalhão pra limpar... ah... sim... a cristaleira... copos e jarras... delicados desenhos... finos contornos. Ah... certo... as taças!... com vinhos cor de sangue... as festas... as haras... os negócios... apoteose do brilho e esplendor. Sim... sim... e os bibelôs de nhanhã... Aquela seria conhecida na história como a noite dos cristais, não foi."

(Trecho do livro "A Noite dos Cristais" de Luís Fulano de Tal) 
 Ilustração do confronto (Fonte: jornalfolhapopular.blogspot.com.br)
O movimento foi violentamente reprimido e cerca de dois mil negros encontraram seu destino sob a repressão portuguesa: mortos ou enviados às galés (em prisão perpétua ou o mínimo de quinze anos). Houve também punições públicas. O menino Gonçalo, narrador, cita essa repressão e a forma como os negros foram tratados... Sua avó foi uma das vítimas. Para pagar as perdas do Império, Gonçalo é vendido como escravo para um engenho em Pernambuco, sendo escravo por dez anos. Foge para a Guiana, onde inicia o manuscrito de que nos conta o estudante brasileiro. Segundo o autor, esse manuscrito, posteriormente, foi tomado por autoridades guianenses e provavelmente destruído. 
"...Resolvi botar tudo no papel antes que esquecesse."
(Luís Fulano de Tal)

O livro foi escrito e publicado em 1994 e esta edição, agora lançada em Macapá, é de 1999. Vale dar uma conferida, muitos a consideram literatura infanto-juvenil (pelo fato de ser contada na ótica de um menino), porém, a obra transcede isso e se constitui em um relato histórico sobre a escravidão.
Gregor Samsa prestigiando o autor no lançamento da obra em Macapá.
O Historiador Hermano Araújo assim o apresentou no lançamento em Macapá: 
"O livro é de importante contribuição para o processo de construção da identidade social e cultural. Combate o racismo e o preconceito e busca pela valorização do humano, reconhecendo a igualdade dos diferentes seres que constituem o nosso povo, O POVO BRASILEIRO."

Eis algumas imagens do evento:


Edição: R. Castelo 2012

Fontes de Consultas: