As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A Ilha de Santana (Parte 3 - Impressões)

“Com a liberdade, as flores, os livros e a lua,
quem não é capaz de ser perfeitamente feliz?”
(Oscar Wilde)
A Ilha de Santana é uma fonte de estudos e descobertas interessantes, que muito me atraem. Ando entusiasmado em conhece-la e assim,  no dia 22/09/2012, fui novamente no lugar.
Mais uma vez com o Dimas, jornalista e admirador desta terra onde mora há dois anos. Vou com minha sede de descobertas, divagando nestas postagens banais - com acertos e erros - um pouco sobre este Amapá que até então não conhecia. Ele com o firme propósito de publicar as impressões em uma revista e literatura de cordel, que faz com muita propriedade.
A saída se deu do Porto do Açaí, que me pareceu o mais procurado - em todo o Porto de Santana - para a travessia rumo a Ilha. Tanto que, na volta, vimos um pessoal trabalhando arduamente para ampliá-lo.
Visão do porto (ou rampa) principal na chegada na Ilha.
Carro, só através de balsa como esta. O terreno nesta parte é mais elevado... tem isso sua importância, não esqueça.
Como havia falado... a pracinha em frente à igreja é mesmo um point no lugar, de encontros de amigos, etc e tal.
Mais uma visão da Igreja de Santa Ana, mostrando também seu interior. É tudo muito simples, com as paredes laterais ilustradas com quadros representativos da Via Sacra. O padre mora em Santana e, segundo moradores, é indiano (Padre Premoli Pulioindi).
O prédio é novo e foi inaugurado em 26/07/2004.
Nesta segunda visita, diante das dificuldades apresentadas, resolvemos trilhar os mesmos lugares, fortalecendo as informações obtidas, o que foi muito produtivo.  
Em minhas conjecturas (escrevo na informalidade de um observador curioso, pois não sou nem jornalista, nem historiador, nem professor, especialista, nem coisíssima nenhuma) preciso reconsiderar alguns pontos:
- O serviço de distribuição de água e de coleta de lixo oficialmente existem no lugar, mas são tão precários e ausentes que é como se não existissem (palavras de um morador)... Fica o elas por elas.
Aí estão imagens que falam por si mesmas. O cidadão abrindo mais um poço amazonas para abastecimento de água residencial e os montes de incineração, que é como o povo se vira com o lixo produzido.
E assim...
... Encontramos um cenário na Ilha parecido com o que vemos em nossas principais cidades (Macapá e Santana), onde a educação ambiental não é algo muito praticado. Some-se a isso a precariedade na infraestrutura e, infelizmente, a cidade vai ficando assim... Veja AQUI uma reportagem da TV Record local sobre isso... para pensar e mudar...
- A Festa da Acerola de fato acontece no distrito, sem muitos alardes (muita gente em Santana nem conhece) e realizou-se no final de semana  dos dias 14, 15 e 16 de setembro. Ô lástima!!! Por um equívoco meu acabei perdendo... Mas ocorreu nas imediações da escola, com venda de iguarias, desfile de misses e a festança sendo embalada pelo som das aparelhagens de som (diz aí se não estrondou o tecnobrega nas caixas!!!). É uma festa nova (tem cerca de 6 anos) que, certamente, fortalece a identidade cultural daquela região e que teria maior amplitude - este é um terceiro ponto que quero reconsiderar - se a Fábrica de Polpa de Frutas funcionasse.
A Ilha concentra um número de pequenos agricultores de frutas e hortaliças (organizados em uma cooperativa) e a expectativa é de agregar valor ao produto, principalmente com o selo do Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura, a ser proporcionado pela fábrica. A produção, que é escoada in natura para a feira municipal de Santana, seria beneficiada em polpa, néctar, geléia e licor, gerando mais renda aos agricultores (Fonte: chicoterra.com)
- A fábrica existe desde 2003, foi reinaugurado o prédio reformado neste ano pela Prefeitura de Santana (em 11/08/2012)   e até hoje nunca funcionou - recebendo investimentos de R$ 254.136,90. As plantações de acerola que encontramos seriam para abastece-la e as expectativas são altas, proporcionais ao descontentamento - no momento - pelo não funcionamento. Sabe como é... obra pública parada é sempre causa de insatisfações.
Pé de jaca carregado, na Ilha.
Pé de carambola carregado, na Ilha.
...e a fábrica de polpa de frutas ainda fechada.
Então, escoamento da produção para a Feira Municipal de Santana.
Mais umas imagens da escola e a placa de reinauguração, em Abril de 2006. O distrito tem uma outra escola (municipal), mas ainda não cheguei lá.
Os alunos estão cortando um dobrado, com aulas direto nos sábados, devido a greve dos professores no I Semestre. Um embate entre Governo Estadual e Sindicato dos Professores onde os maiores prejudicados foram os estudantes. O ano letivo foi comprometido e as aulas avançarão até o ano que vem, em Macapá, Santana, na Ilha e em todo o Amapá.
O prédio do Posto de Saúde também é novo, sendo inaugurado em 04/02/2012.
Preciso reconsiderar também que as consultas médicas (apenas na Clínica Geral), no momento, atendem duas vezes por semana. O serviço de odontologia é também em duas vezes semanais, como se vê nos informes no Posto.
O Posto Policial é que não está nas melhores condições, localizado entre os dois prédios reformados recentemente. Um tripé importante na sociedade: educação, saúde e segurança pública. A Ilha já não tem aquela vida pacata como se supõem e, com o crescimento populacional, tem aumentado também  os problemas na segurança. Investimentos são necessários, não apenas na restauração de prédios.
Opa, opa... estou exagerando nas banalidades... não me importo, vou lá para conhecer esse cotidiano mesmo...
  
Com as eleições municipais a vila está cheia de bandeiras políticas e os militantes são muitos. Os dados oficiais mostram um número de 1614 eleitores aptos, distribuídos em 5 seções na Escola Osvaldina F. Silva (dados dos TRE/AP - neste link)
Sobre a parte inicial da vila (centro), uma informação levantada, muitos moradores a denominam de bairro Cobra Sofia (é o que disseram, não é nada oficial... será que me enganaram? Referiam-se em tom de brincadeira...) Eu sei que, no lado de Santana tem um lugar com esse nome, já no lado da Ilha... parece ser especulação, mas resolvi registrar assim mesmo.
Outra dúvida minha refere-se a via principal, que se inicia no porto ou rampa. Muitas referências na net a denominam Av. Peter Van Shupberg (referência a um dos primeiros madeireiros na região), paralelamente, as placas de numeração nas casas a denominam Av. Santana. Vou procurar o agente distrital e me certificar sobre isso.
E aí mano!!! Tudo firmeza?
A passarela (lá para a parte esquerda de quem sai da rampa, em uma região mais baixa e de várzea) tem o nome de Rua Dr. Ulisses Guimarães e segue a via mais alta, saindo da ponte, com este nome também.
Alguns moradores antigos a denominam com outro nome também (certamente, nome fadado ao esquecimento entre as novas gerações que o Dimas mostrará na sua revista). 
Depois da passarela, encontramos o Bairro ou Vila Brasília. O nome deste pequeno bairro tem também suas motivações, mas  deixo para o Dimas nos contar estas histórias... esta e outras mais contadas por moradores antigos. Sempre é um prazer ouvir narrativas sobre um passado que vai sendo esquecido.
Na Vila Brasília encontramos moradores antigos, como Seu Zé PalhetaDona Sebastiana, espiando aí na janela com seus netos... e o intruso Gregor Samsa. Fiquei de ver uma lenda com o Zé Palheta

É uma pessoa simples, que nos conta as coisas com entusiasmo, indo de uma história a outra rapidamente. Mora na Ilha desde 1978 e mostrou-se sempre "virado" em favor da família (9 filhos), aprendendo a conhecer o plantio e melhores culturas para o lugar... enfim, um homem preocupado com as coisas de seu viver diário, objetivo... que não dá muita bola para lendas não... diz saber apenas aquilo que quase todos sabem sobre este tema. Nada disso Seu Zé Palheta! Suas histórias são recheadas de elementos que repassam uma crendice antiga formadora de verdadeiras lendas!  Até chegarem ao seu conhecimento foram gradativamente sendo aparadas pela sabedoria popular e também , aquilo que ela não explica, pelo seu misticismo.
Seu Zé Palheta  nos contou histórias que mais parecem causos, certamente se tornarão mais atraentes no texto de um bom jornalista e, principalmente, no estilo rocambolesco dos cordéis... propostas do Dimas. Nota-se um pouco de mistura de fatos novos e  desconhecidos com a sabedoria do ribeirinho. Oras... pense em uma época de grande isolamento, onde nem eletricidade tinha, com informações superficiais e uma natureza muito mais impactante, por si mesma, cheia de histórias (Seu Palheta informou sobre sucuris e jacarés que eram encontrados nas proximidades, conta história de anta atravessando o rio.... eu não duvido do homem). Pois bem, some-se a isso algo inédito para o povo como... submarinos alemães da segunda guerra transitando pelo Canal de Santana (são boatos que existiram). Foram histórias assim que conheceu de moradores antigos quando veio morar... histórias que tinham, em razão dos fatos descritos, um impacto maior no povo e por muito tempo perduraram como verdadeiras lendas entre as gerações passadas neste lugar... também perdidas no conhecimento da maioria das novas. Ah! sobre este fato veja uma postagem interessante neste link. O homem contou também coisas suas que mais pareciam de Pedro Malasartes, passei um bom tempo ouvindo-as... e o Seu Zé Palheta ainda dizia não saber muita coisa!! Oras... Muito obrigado Seu Zé! Um dia que estiver bem mirabolante vou tentar escrever uma estória baseado em relatos assim, onde verdade pode ser mentira e mentira pode ser verdade.
Ah! Finalmente tirei duas dúvidas... 
A primeira refere-se ao nome da pequena ilha à frente da Ilha de Santana, é a Ilha Mucuim. A ilustração acima é uma parte da Carta Náutica sobre o Canal de Santana (Levantamento da Marinha do Brasil - 1982 / pesquisado na Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá).
Parte de mapa encontrado no EIA/RIMA da MMX - Terminal de Santana/2006
... A ilha está em crescimento, o Amazonas é o maior artesão entre os rios.
A segunda refere-se ao nome do braço do Rio Amazonas entre a ilha e a parte continental. É denominado na literatura de Canal de Santana (aff! Difícil de deduzir não...  menos para o bocó aqui!).  No RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) da Revitalização do Setor Portuário de Santana (Volume II - Junho de 2003) encontramos o seguinte texto (separei algumas coisas):
O Canal de Santana constitui um prolongamento do canal do norte do Rio Amazonas com largura variável entre 500 a 8oom e profundidade mínima de 10m... Apesar da forte influência amazônica, o canal dispõe de características próprias no tocante a hidrodinâmica e à utilização fluvial. A Ilha de Santana funciona como uma barreira geográfica impedindo que as ondas geradas em alto mar atinjam o porto de Santana... Estudos da velocidade de corrente verificada no canal indicam que sua ação não provoca grande erosão nas margens do canal nem dificulta a navegação, fazendo com que ele  apresente larguras praticamente constantes. Contudo, verificam-se sinais de assoreamento junto a faixa do cais do porto de Santana prococado pelo transporte de sedimentos, o que demanda obras de drenagem e manutenção periódicas de pequeno volume.
Este material foi pesquisado no acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá.
Na parte final da Rua Dr. Ulisses Guimarães encontramos um núcleo familiar de irmãos nascidos na Ilha (Família Aguiar) que têm uma produção caseira de artesanato com reciclagem.
Casa mostrando um típico cenário no interior: a devoção e simplicidade.
Outra coisa que - às vezes - encontramos, é a presença de animais... estes aí eu admirei bem de longe... não dá para ser excessivamente confiante quem não tem este convívio. A melhor forma de preservação é ter respeito por seu seu espaço em seu habitat, seja domesticado ou silvestre.
Seu Wilson Aguiar (na rede) e Dona Maria, no comando da produção do artesanato, junto com Keila e Jeferson.
Alessandra Sousa, Ruan, Vitória (Ô menina sabida! Nos mostrou tudo por lá com entusiasmo e simpatia) e Dona Tereza, todos envolvidos com a produção artesanal. 
O trabalho para alcançar metas estabelecidas é um exemplo para todos nós. No momento estão confeccionando coroa de flores para o Dia de Finados (2 de novembro). Esperam atingir um número de 120 a 150. Objetivo traçado...empenho para alcançar!
Um dos irmãos desta representativa família da ilha  santanense - Mateus Coutinho Aguiar - também natural da Ilha, é um aventureiro mundo afora (desde 1975) sendo um dos detentores de recorde mundial como andarilho (com mais de 20 mil km percorridos). No momento, está em preparativos em Macapá para mais uma excursão à Europa. Se quiser conhecer as aventuras deste singular amapaense veja:


Contatos por:
E-mail: mateuspeestrada2004@ibest.com.br
Fone: (96) 8801-6703  /  (91) 9292-4770
Fim da rua Dr. Ulisses Guimarães, mais para frente temos notícias de um orfanato... local para visitações futuras. Há centenas de coisas para ver e aprender.
Como observador minhas impressões tem seus equívocos, mas é tudo com admiração por este lugar. Um morador me disse que a cidade tem duas partes distintas e assim é denominada por muitos: cidade alta e cidade baixa. O que conheci até aqui está no núcleo da cidade alta. No nício da postagem até disse que no porto o terreno vai se elevando (exceto na parte das pontes, que é terreno de várzea).
Minha expectativa é também chegar no outro lado da ilha, lá gravaram parte do filme Tainá 3 e encontramos também o Recanto da Aldeia.
Há também uma notícia circulante da construção de um porto para escoamento de soja. Um grande empreendimento que terá seus impactos em toda a ilha (ambientais, na economia, na população , na infra-estrutura, no tráfego de pessoas, embarcações, etc), da qual preciso de maiores informações para não me equivocar nas simples considerações (haja vista a importância e expectativas criadas). Quem sabe não começo mostrando as imagens de onde se construirá.
Esta ilha é pequena em tamanho mas sempre oferece grandes possibilidades de observações e aventuras... Assim foi em minha segunda excursão.
Visão da Ilha de Santana pelo Porto do Açaí. Quando entram no Canal de Santana os navios são auxiliados por rebocadores, só assim para efetuarem algumas manobras.
Visão do Porto de Santana, avistando-se também parte da Ilha Mucuim.
Ô vidão heim!? Eu também viveria aí só na tranquilidade espiando a paisagem numa baladeira! Brincadeira, a rotina na Ilha é muito mais que isso e requer uma boa dose disposição e labuta. Olha o caso dos agricultores... requer dedicação para algumas culturas pois, segundo relatos, a terra não é favorável para uma porção delas (a não ser como cultura de subsistência)... mas é algo que pode ser contornado com persistência e conhecimentos, daí meu respeito pelo povo empreendedor e trabalhador no lugar. 

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Veja também:

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

La Bibliothèque du Centre de Langue et Culture Française Danielle Mitterrand (Macapá - 2012)

A Biblioteca do Centro Estadual de Língua e Cultura Francesa Danielle Mitterrand, em Macapá, apresentada por Joelma Sousa (Diretora).


 Apresentação: Maycon Tosh
Edição: Rogério Castelo
Macapá - Amapá - Brasil - 2012

O Centro foi inaugurado em 29/01/1999, com a presença da homenageada, a ex-primeira-dama francesa Danielle Mitterrand (que foi muito conhecida pela atuação em favor de causas sociais).
Localiza-se na Rua Independência, Nº 87  - Bairro Central - Macapá/Amapá (ao lado de outro importante ponto da francofonia no Amapá: O Centro Cultural Franco-Amapaense)
Alguns pontos apresentados por Joelma Sousa são:
- A escola tem 1819 alunos do 1º ao 7º nível, 23 professores e 48 funcionários (setembro/2012);
- Utiliza o Método Taxi e funciona em 3 horários;
- A biblioteca apresenta livros de difícil obtenção, sendo muitos originados de doações;
- São obras de cunho didático, pedagógico, gramatical e de literatura, entre outras;
- É procurada também por alunos de outras escolas que estudam o francês e está à disposição para consultas.
 "Lecture est bonne pour la santé."
(Maycon Tosh)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ilha de Santana (Parte 2 - Imagens)

Veja os detalhes do mapa AQUI.
Na história do Município de Santana (AP), encontramos as informações de que a cidade foi fundada por ordem de Mendonça Furtado (governador do Grão-Pará e Maranhão) em homenagem a Santa Ana, de quem os europeus eram devotos. Os primeiros habitantes foram moradores de um agrupamento populacional na Ilha de Santana, localizada em frente, à margem esquerda do rio Amazonas. Eram portugueses, mestiços paraenses e índios Tucuju, comandados pelo português Francisco Portilho de Melo (um contrabandista de pedras preciosas e escravos, que fugia das autoridades fiscais paraenses em decorrência de comércio clandestino que exercia). Portilho tornou-se aliado e cooperador de Mendonça Furtado. Ué!!? Pense comigo... Se o homem era foragido de autoridades por crimes detectados, como se explica o fato de se tornar parceiro da principal autoridade na região? Ah meus caros... é o jogo de interesses que desde sempre é o que importa aos governantes. Está aí a ilustração de um toma lá, dá cá. Portilho, para limpar a sua barra, dava informações sobre a Amazônia - que conhecia muito bem - e fornecia mão-de-obra barata que o governador necessitava para a construção da Fortaleza de São José de Macapá. De sua aliança com Mendonça Furtado obteve o título de Capitão do então povoado de Santana. (Fonte: biblioteca.ibge.gov.br / amapadigital.net

A llha de Santana está separada por um braço do Rio Amazonas, apresenta locais de beleza cênica e tem população em torno de 3 a 5 mil habitantes. (Fonte: santanadoamapa.spaceblog.com.br)
A travessia se dá rapidamente por meio de catraias (puc-puc para muitos) encontradas no Porto de Santana, com duração de menos de 10 minutos (para ser exato, é mais ou menos a metade deste tempo... vi no Google Earth que o rio tem a largura, entre a Ilha e o Porto de Santana, em torno de 600 a 800 metros em toda a extensão).  O fluxo das catraias vai até a noite e custa R$1,50 ou pouco mais que isso.
No Porto de Santana encontramos contrastes que não passam desapercebidos a qualquer observador, falo como cidadão. É um local de grande importância ao Amapá (que começou a se desenvolver principalmente com as instalações da antiga ICOMI nas décadas de 50, 60...), porta de entrada e saída para vários interiores e com trânsito constante de navios de diferentes lugares.
Em vário pontos, especialmente onde atracam as pequenas embarcações dos ribeirinhos, as condições mostram-se precárias, com vielas sem planejamento, passarelas deterioradas, deposição de resíduos e insalubridade explícita. Estou apenas descrevendo as impressões... Vá lá, conheça e tire suas conclusões. Reconhecendo-se a importância e representatividade do local, seja por ação de qualquer esfera governamental responsável, não deveríamos encontrar um quadro com melhor infraestrutura?
Veja AQUI
Não por acaso tivemos este ano incidentes com o muro de arrimo, conforme mostrou a reportagem da TV-AP em 08/08/2012. Dois barcos foram empurrados pela maré contra o muro e destruídos, no mesmo dia. O vídeo pode ser visto na Biblioteca SEMA-AP.
Dia 13 de setembro, para quem não conhece as terras amapaenses, é a data de criação do Território do Amapá (em 1943). Um feriado com desfile comemorativo e honrarias de direito... Data propícia para conhecer algo mais deste, hoje, estado desde 1988. Se mandou o Gregor Samsa para a Ilha de Santana... Começou bem, teve a boa oportunidade de avistar um boto bem próximo ao porto. Costumam transitar ali atraídos pelos peixes.
Fui pela entrada onde encontramos a igreja, acredito que é a principal no lado de frente para Santana. É aí que encontramos uma pequena vila, com duas partes distintas.
Esta é a parte com as quadras definidas, onde localizam-se a escola, o posto de saúde e a igreja. A rua, na parte inicial próxima ao porto, é recoberta por paralelepípedos e as demais são de chão batido mesmo. Com certeza, de acordo com a época do ano, os moradores têm suas queixas quanto a poeira ou lama... também reividicações proporcionais ao crescimento deste distrito. A rede de energia vem de Santana e a água utilizada é proveniente de poços amazonas.
Esta é uma reportagem do jornal A Gazeta, de 21 a 27/11/2003. É uma fonte para estudo comparativo do desenvolvimento local. No texto observamos, comparativamente, coisas que se alteraram e outras que permanecem inertes, referentes às dificuldades e reividicações dos moradores da Ilha de Santana. Material disponibilizado para consultas na Hemeroteca da Biblioteca SESC-Centro em Macapá.
Olha aí a Igreja de Santa Ana e parte de uma pracinha bem na frente! Parece ser um point no lugar, pois vemos uns quiosques. As condições de conservação não são das melhores no momento, tanto no lado da praça, quanto no da igreja.
Escola Estadual Osvaldina Ferreira da Silva. Foi reinaugurada em 2006, com 17 salas de aula e capacidade de atender cerca de 600 alunos do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. 
Para conhecer o histórico da escola na Ilha veja em memorial-stn.blogspot.com.br (AQUI) e (AQUI). O blog é administrado por Emanoel Jordanio e constitui-se em uma ótima fonte de estudos sobre o Município de Santana. 
A professora Osvaldina Silva, que dá nome a escola desde 1996, foi uma educadora que atuou nesta região na época do Território do Amapá. Podemos conhecer melhor quem foi no blog osvaldinaferreiradasilva.blogspot.com.br, administrado pela professora Janete Santos, uma de suas filhas.
O Posto de Saúde local presta serviços ambulatoriais. Uma vez na semana encontramos consulta médica, no âmbito de clínica geral. Qualquer necessidade de atendimento mais especializado tem que ser procurado em Santana ou Macapá.
... Falando de saúde, vi que não existe coleta de lixo. Os moradores juntam o próprio lixo gerado e queimam, quando não descartam ao léu. Em uma cultura de alto consumo de descartáveis como a nossa, dá para imaginar que isso pode se transformar em um problema de saneamento público em breve. Acredito que o lixo gerado tem que entrar no planejamento e avaliação de qualquer vila, povoado ou cidade. Na nossa realidade sabemos que as coisas surgem, na grande maioria, sem planejamento, porém, na administração este  não pode estar ausente. Se não, só se estará ignorando uma situação que cedo ou tarde surtirá efeitos com muito mais impactos. 
A população apresenta também um bom número de evangélicos, algo comum nos interiores, como se observa pela quantidade de igrejas, algumas com edificações muito simples.
 
...Mais uma igreja evangélica, em um ponto de terreno elevado. Em frente a ela encontramos este sinalizador ou farol, que é como o povo o denomina. Não deu para levantar informações mais que isso, mas está aqui mostrado  e certamente tem sua representatividade na história da Ilha.
Na população encontramos também uma grande parcela de jovens e, o que quero ressaltar nestas linhas, a exemplo do que é comum encontrar também pelos interiores, muita gente começa a formar família quando bem jovens mesmo. O sujeito com a jaca é  o Dimas, ocasionalmente viajamos juntos conhecendo lugares do Amapá e, ao contrário de mim (que mostro as coisas no campo da informalidade e até banalidade), está reunindo informações mais substanciais para publicar em uma revista sobre a História do Amapá. O primeiro número está para sair. 
Voltando às minhas mesmices... está na safra da jaca na Ilha e é agradável caminhar em algumas ruas sentindo um aroma agridoce emanando de muitos quintais.
Eita! Um dia também já fui menino sentado à beira do caminho com uma jaca só para mim! Lembrei de Casimiro de Abreu e o célebre "Meus Oito Anos". Não conheces!? Procure na net e dê a si mesmo um momento nostálgico de felicidade e higiene mental! Para mim é sempre um renovo.
Este é seu Zé Palheta, morador antigo da Ilha, octogenário e - como muitos outros - vindo da região de ilhas do Pará para firmar morada no lugar. É conhecedor de muitas histórias e estórias desta terra. Essa foi a primeira vez que fui na Ilha e, para uma próxima visita, vislumbro a possibilidade dele me contar uma lenda do lugar, assunto que me atrai muito.
Imagens diversas da vila, onde vemos a simplicidade do lugar.
Dá para notar uma das necessidades urbanística do local, não dá?
Uma cena bem simples e cotidiana.
Essa via margeia o Rio Amazonas.
...Longe do furdúncio das cidades,
sem algumas comodidades,
 assumindo outras dificuldades...
 
Encontramos também investimentos... Vemos algumas casas em melhores condições estruturais e uma fábrica de polpa de frutas. Ah... Então por isso encontrei plantações de acerola! Me falaram até de um Festival da Acerola, mas isso só posso falar melhor (embromation) quando conhecer e ver a extensão, representatividade e como se desenrola.
...E é isso meus amigos! Esta é a Ilha de Santana, com suas peculiaridades...
...na parte da vila nos arredores da Igreja de Santa Ana.
Olha aí um mapa da vila, para não se perder!
Como havia falado, a outra parte distinta da vila localiza-se no entorno de uma passarela principal, de pouco mais de 300 metros. O cenário é bem peculiar.
Esta é a entrada para a parte das passarelas, na vila.
...Agora sim! Um cenário tipicamente de comunidades ribeirinhas.
As casas estão distribuídas nas imediações da passarela, separadas por açaízais ou vegetação de várzea... algo bucólico, interiorano... uma face do Amapá ribeirinho...
...Às margens do Amazonas, no vento de açaízais...  
Tem até um pequeno igarapé adentrando esta parte, sob a passarela.
Saindo destas imagens idílicas... Os moradores locais têm suas dificuldades. Saneamento básico por exemplo, a água é de poços e usa-se ainda as retretes como sanitários... Numa área de várzea isto é bem agravante. 
Um dos portos alternativos, em conexão com a passarela.
Visão de uma pequena ilha nas imediações. É ocupada e parte dela é inundada pela maré.
Uma equipe de ciclistas fazendo trilha na Ilha, são os mesmos lugares aqui descritos.
(Vídeo de Andreew Lima)
São simples observações... Há muito o que se ver e aprender. Ainda vou no outro lado da Ilha...  Onde será que ficam as grandes sumaúmas? A Ilha de Santana tem muitos contrastes e mistérios... Será que existe mesmo um tal forte perdido que nunca encontraram? Uns dizem isso, nem sei se é verdade... Vou dar a volta de barco na Ilha, vou conhecer mais este Amapá que nunca vi.

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