As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ilha de Santana (Parte 2 - Imagens)

Veja os detalhes do mapa AQUI.
Na história do Município de Santana (AP), encontramos as informações de que a cidade foi fundada por ordem de Mendonça Furtado (governador do Grão-Pará e Maranhão) em homenagem a Santa Ana, de quem os europeus eram devotos. Os primeiros habitantes foram moradores de um agrupamento populacional na Ilha de Santana, localizada em frente, à margem esquerda do rio Amazonas. Eram portugueses, mestiços paraenses e índios Tucuju, comandados pelo português Francisco Portilho de Melo (um contrabandista de pedras preciosas e escravos, que fugia das autoridades fiscais paraenses em decorrência de comércio clandestino que exercia). Portilho tornou-se aliado e cooperador de Mendonça Furtado. Ué!!? Pense comigo... Se o homem era foragido de autoridades por crimes detectados, como se explica o fato de se tornar parceiro da principal autoridade na região? Ah meus caros... é o jogo de interesses que desde sempre é o que importa aos governantes. Está aí a ilustração de um toma lá, dá cá. Portilho, para limpar a sua barra, dava informações sobre a Amazônia - que conhecia muito bem - e fornecia mão-de-obra barata que o governador necessitava para a construção da Fortaleza de São José de Macapá. De sua aliança com Mendonça Furtado obteve o título de Capitão do então povoado de Santana. (Fonte: biblioteca.ibge.gov.br / amapadigital.net

A llha de Santana está separada por um braço do Rio Amazonas, apresenta locais de beleza cênica e tem população em torno de 3 a 5 mil habitantes. (Fonte: santanadoamapa.spaceblog.com.br)
A travessia se dá rapidamente por meio de catraias (puc-puc para muitos) encontradas no Porto de Santana, com duração de menos de 10 minutos (para ser exato, é mais ou menos a metade deste tempo... vi no Google Earth que o rio tem a largura, entre a Ilha e o Porto de Santana, em torno de 600 a 800 metros em toda a extensão).  O fluxo das catraias vai até a noite e custa R$1,50 ou pouco mais que isso.
No Porto de Santana encontramos contrastes que não passam desapercebidos a qualquer observador, falo como cidadão. É um local de grande importância ao Amapá (que começou a se desenvolver principalmente com as instalações da antiga ICOMI nas décadas de 50, 60...), porta de entrada e saída para vários interiores e com trânsito constante de navios de diferentes lugares.
Em vário pontos, especialmente onde atracam as pequenas embarcações dos ribeirinhos, as condições mostram-se precárias, com vielas sem planejamento, passarelas deterioradas, deposição de resíduos e insalubridade explícita. Estou apenas descrevendo as impressões... Vá lá, conheça e tire suas conclusões. Reconhecendo-se a importância e representatividade do local, seja por ação de qualquer esfera governamental responsável, não deveríamos encontrar um quadro com melhor infraestrutura?
Veja AQUI
Não por acaso tivemos este ano incidentes com o muro de arrimo, conforme mostrou a reportagem da TV-AP em 08/08/2012. Dois barcos foram empurrados pela maré contra o muro e destruídos, no mesmo dia. O vídeo pode ser visto na Biblioteca SEMA-AP.
Dia 13 de setembro, para quem não conhece as terras amapaenses, é a data de criação do Território do Amapá (em 1943). Um feriado com desfile comemorativo e honrarias de direito... Data propícia para conhecer algo mais deste, hoje, estado desde 1988. Se mandou o Gregor Samsa para a Ilha de Santana... Começou bem, teve a boa oportunidade de avistar um boto bem próximo ao porto. Costumam transitar ali atraídos pelos peixes.
Fui pela entrada onde encontramos a igreja, acredito que é a principal no lado de frente para Santana. É aí que encontramos uma pequena vila, com duas partes distintas.
Esta é a parte com as quadras definidas, onde localizam-se a escola, o posto de saúde e a igreja. A rua, na parte inicial próxima ao porto, é recoberta por paralelepípedos e as demais são de chão batido mesmo. Com certeza, de acordo com a época do ano, os moradores têm suas queixas quanto a poeira ou lama... também reividicações proporcionais ao crescimento deste distrito. A rede de energia vem de Santana e a água utilizada é proveniente de poços amazonas.
Esta é uma reportagem do jornal A Gazeta, de 21 a 27/11/2003. É uma fonte para estudo comparativo do desenvolvimento local. No texto observamos, comparativamente, coisas que se alteraram e outras que permanecem inertes, referentes às dificuldades e reividicações dos moradores da Ilha de Santana. Material disponibilizado para consultas na Hemeroteca da Biblioteca SESC-Centro em Macapá.
Olha aí a Igreja de Santa Ana e parte de uma pracinha bem na frente! Parece ser um point no lugar, pois vemos uns quiosques. As condições de conservação não são das melhores no momento, tanto no lado da praça, quanto no da igreja.
Escola Estadual Osvaldina Ferreira da Silva. Foi reinaugurada em 2006, com 17 salas de aula e capacidade de atender cerca de 600 alunos do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. 
Para conhecer o histórico da escola na Ilha veja em memorial-stn.blogspot.com.br (AQUI) e (AQUI). O blog é administrado por Emanoel Jordanio e constitui-se em uma ótima fonte de estudos sobre o Município de Santana. 
A professora Osvaldina Silva, que dá nome a escola desde 1996, foi uma educadora que atuou nesta região na época do Território do Amapá. Podemos conhecer melhor quem foi no blog osvaldinaferreiradasilva.blogspot.com.br, administrado pela professora Janete Santos, uma de suas filhas.
O Posto de Saúde local presta serviços ambulatoriais. Uma vez na semana encontramos consulta médica, no âmbito de clínica geral. Qualquer necessidade de atendimento mais especializado tem que ser procurado em Santana ou Macapá.
... Falando de saúde, vi que não existe coleta de lixo. Os moradores juntam o próprio lixo gerado e queimam, quando não descartam ao léu. Em uma cultura de alto consumo de descartáveis como a nossa, dá para imaginar que isso pode se transformar em um problema de saneamento público em breve. Acredito que o lixo gerado tem que entrar no planejamento e avaliação de qualquer vila, povoado ou cidade. Na nossa realidade sabemos que as coisas surgem, na grande maioria, sem planejamento, porém, na administração este  não pode estar ausente. Se não, só se estará ignorando uma situação que cedo ou tarde surtirá efeitos com muito mais impactos. 
A população apresenta também um bom número de evangélicos, algo comum nos interiores, como se observa pela quantidade de igrejas, algumas com edificações muito simples.
 
...Mais uma igreja evangélica, em um ponto de terreno elevado. Em frente a ela encontramos este sinalizador ou farol, que é como o povo o denomina. Não deu para levantar informações mais que isso, mas está aqui mostrado  e certamente tem sua representatividade na história da Ilha.
Na população encontramos também uma grande parcela de jovens e, o que quero ressaltar nestas linhas, a exemplo do que é comum encontrar também pelos interiores, muita gente começa a formar família quando bem jovens mesmo. O sujeito com a jaca é  o Dimas, ocasionalmente viajamos juntos conhecendo lugares do Amapá e, ao contrário de mim (que mostro as coisas no campo da informalidade e até banalidade), está reunindo informações mais substanciais para publicar em uma revista sobre a História do Amapá. O primeiro número está para sair. 
Voltando às minhas mesmices... está na safra da jaca na Ilha e é agradável caminhar em algumas ruas sentindo um aroma agridoce emanando de muitos quintais.
Eita! Um dia também já fui menino sentado à beira do caminho com uma jaca só para mim! Lembrei de Casimiro de Abreu e o célebre "Meus Oito Anos". Não conheces!? Procure na net e dê a si mesmo um momento nostálgico de felicidade e higiene mental! Para mim é sempre um renovo.
Este é seu Zé Palheta, morador antigo da Ilha, octogenário e - como muitos outros - vindo da região de ilhas do Pará para firmar morada no lugar. É conhecedor de muitas histórias e estórias desta terra. Essa foi a primeira vez que fui na Ilha e, para uma próxima visita, vislumbro a possibilidade dele me contar uma lenda do lugar, assunto que me atrai muito.
Imagens diversas da vila, onde vemos a simplicidade do lugar.
Dá para notar uma das necessidades urbanística do local, não dá?
Uma cena bem simples e cotidiana.
Essa via margeia o Rio Amazonas.
...Longe do furdúncio das cidades,
sem algumas comodidades,
 assumindo outras dificuldades...
 
Encontramos também investimentos... Vemos algumas casas em melhores condições estruturais e uma fábrica de polpa de frutas. Ah... Então por isso encontrei plantações de acerola! Me falaram até de um Festival da Acerola, mas isso só posso falar melhor (embromation) quando conhecer e ver a extensão, representatividade e como se desenrola.
...E é isso meus amigos! Esta é a Ilha de Santana, com suas peculiaridades...
...na parte da vila nos arredores da Igreja de Santa Ana.
Olha aí um mapa da vila, para não se perder!
Como havia falado, a outra parte distinta da vila localiza-se no entorno de uma passarela principal, de pouco mais de 300 metros. O cenário é bem peculiar.
Esta é a entrada para a parte das passarelas, na vila.
...Agora sim! Um cenário tipicamente de comunidades ribeirinhas.
As casas estão distribuídas nas imediações da passarela, separadas por açaízais ou vegetação de várzea... algo bucólico, interiorano... uma face do Amapá ribeirinho...
...Às margens do Amazonas, no vento de açaízais...  
Tem até um pequeno igarapé adentrando esta parte, sob a passarela.
Saindo destas imagens idílicas... Os moradores locais têm suas dificuldades. Saneamento básico por exemplo, a água é de poços e usa-se ainda as retretes como sanitários... Numa área de várzea isto é bem agravante. 
Um dos portos alternativos, em conexão com a passarela.
Visão de uma pequena ilha nas imediações. É ocupada e parte dela é inundada pela maré.
Uma equipe de ciclistas fazendo trilha na Ilha, são os mesmos lugares aqui descritos.
(Vídeo de Andreew Lima)
São simples observações... Há muito o que se ver e aprender. Ainda vou no outro lado da Ilha...  Onde será que ficam as grandes sumaúmas? A Ilha de Santana tem muitos contrastes e mistérios... Será que existe mesmo um tal forte perdido que nunca encontraram? Uns dizem isso, nem sei se é verdade... Vou dar a volta de barco na Ilha, vou conhecer mais este Amapá que nunca vi.

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