As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sala de Literatura Amapaense

Nem sempre é possível atingir os objetivos, mas continuo no projeto de registro aéreo das ruas de Macapá...
...Afinal, essa é uma cidade em crescimento e verticalização...
...e a cada ano temos uma visão diferente na paisagem urbana.
Lenta e sistematicamente transformada para sempre.
Macapaense esperto sacou que as fotos anteriores foram registradas do Teatro das Bacabeiras, com a Rua São José em destaque!
 Fácil! Não há erro. O teatro é voltado para o Rio Amazonas...
...Com a Igreja São José e Biblioteca Pública Elcy Lacerda atrás. Falando nela ...esse meu apego por bibliotecas... tem novidade por lá! Soubestes? Vamos conhecer... 
Ah, antes mais uma homenagem às artes no Amapá. Essa é uma visão do cenário anterior a construção do atual edifício da biblioteca, na arte de Ronaldo Picanço (conheça e acompanhe outras de suas obras NESTE LINK).

Vamos adiante!!!!!

Durante a II FLAP (Feira de Livros do Amapá) a Biblioteca Pública Elcy Lacerda abriu as portas de um novo ambiente para pesquisas... e hoje referência para a classe estudantil.
Apresento-vos a Sala da Literatura Amapaense!
Verdadeiramente se devia um espaço mais específico a literatura local, resumido antes a seção sobre o Amapá na Sala de Consultas.
 
Além da produção mais antiga, encontramos textos com referências de assuntos buscados com regularidade pela classe estudantil: bairros, municípios, cultura, turismo, etc e tal.
Estou frequentando essa sala periodicamente e me dedicando a leitura de algumas obras. Algo desperto por um interesse, uma curiosidade e um objetivo. O de conhecer melhor meu estado, seja em um livro científico ou nos devaneios dos versos e viagens da prosa. 

Aí encontramos obras como "Amapacanto" de Alvaro Cunha. Discorre sobre o Amapá em vários aspectos: rios, florestas e amor por essa terra. Interessante que o autor, poeta e pesquisador, usou um pouco do conhecimento científico na construção de alguns versos. Não identifiquei o ano de publicação, mas a edição é da década de 80. Veja mais AQUI e AQUI.

Alguns versos da obra. Um canto dos encantos deste canto
exaltado em Amapacanto!

"O Brasil não sabe
que há bacias de sal
e coral
no rio Oiapoque
Não sabe em quais 
extensos litorais
e canions florestais
e vales minerais
as águas do Araguari
vagam
e desaguam
 
O Brasil não sabe
que abalo sísmico
fraturou a crosta
e ordenou a falha
geológica
que talha
a tortuosa lógica
da calha
a equilibrada dispersão da malha
dos rios Caciporé
Jari e Vila Nova 
De onde o Flechal
o Cunani, o Uaçá
o Calçoene
descendo o peneplano
(saberá o Brasil
o que é peneplano?)
até cingirem as águas
do oceano
o Brasil não sabe
O Brasil não sabe nem 
o quanto é grande
o rio Amapá Pequeno 
e que sendo assim
o rio Cupixizinho
não iria também
fazer por menos
Mas eu sei
Amapá
nós dois sabemos
todos os rios
que somos e vivemos
Amapari
Maracá
Mapaoni
Iratapuru
Cajari
 Matapi
Macarri
Maruanum
Amapá Grande
Mutum
Sucuriju
Tartarugal
Falsino
Cupixi
Macacoari
Mapari
e Aporema
rios que excedem
ao mapa da memória
rios que não cabem
na planta
de um poema"

Obs: As fotos que ilustram são de rios amapaenses e fazem parte do acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA.

Ei, conheces esse romance indianista da Literatura Amapaense? "Niranaê" foi publicado em 1997 e mistura ficção e história do Amapá. O autor, Edgar Rodrigues, assim o referenciou: 
"O que representa Niranaê no contexto da história do Amapá? O autor uniu a história à ficção. O fato histórico é a chegada de Vicente Pinzón ao Oiapoque, com três naus. Uma delas naufraga, morrendo todos os tripulantes. O autor ressuscita um dos tripulantes, de nome Mário Hernandez, natural de Castela, que escapou de ser devorado por jacarés. Salvo pelo feiticeiro Itanhaê, este, com a ajuda dos bravos guerreiros tucujus, conduziu Hernandez à ocara principal.Os primeiros contatos entre o europeu e os índios foram estranhos, mas Mário Hernandez conseguiu granjear a amizade com os habitantes da costa amapaense, ao ponto de se tornar marido de Niranaê, índia robusta e de beleza rara, prometida de Tupã, e filha do bravo guerreiro Itaraê. O resto é com o leitor!" (Texto de Edgar Rodrigues)
Ficou curioso? Ah... O autor disponibilizou, aos interessados, a obra neste link:   

Outra sugestão, obra encontrada também por lá, é o livro de Decleoma Lobato Pereira. Olha o nome: "Entre mãe-do-mato, cobra grande, botos e mocós: uma aventura no Bailique". Sugestivo para conhecer  um pouco mais sobre lendas e cultura do amazônida, na região do Bailique. A obra é de 2005 e no prefácio encontramos a seguinte exposição de Fernando Canto: 
"A forma que Decleoma usou para transmitir os conhecimentos de suas pesquisas às crianças neste seu primeiro livro me parece um instrumento pedagógico de extraordinária eficácia. A personagem narradora, na sua curiosidade infantil, tateia um mundo sempre novo, cava descobrimento e se vislumbra com os acontecimentos e fazeres da região do Bailique (que aqui representa um arcabouço cultural amazônico), ouvindo narrativas, observando fatos e aprendendo coisas, que só estando lá, no meio daquelas longínquas comunidade é possível. Tudo neste belo livro tem a leveza de um balé, balé líquido, diria, das ondas que levam e trazem os encantos sob a música do vento e o aplauso dos açaizais iluminados pelo sol oceânico do Amapá."
Há muito para se ver e conhecer. Não te digo que gosto de tudo que vou encontrando, mas muito do que vou conhecendo vou também gostando. Que nem o poema a seguir:

Nossa Terra...

"Nossa terra tem bacabeiras
Que dá vinho bom para se tomar
Temos peixes em abundância 
Quem quiser, é só pescar

Nosso céu tem um linha
Que divide o imenso azul
De um lado, fica o Norte
E do outro, fica o Sul

Se ficar aqui sozinho
Não sentirei solidão
Nossa terra tem folclore
Que só de pensar, dá emoção

Nossa terra tem Fortaleza
Como inúmeras histórias pra contar
Tem a praça Beira-Rio
Tem a Praia do Araxá
Nossa terra tem Bacabeiras
Que dá vinho bom pra se tomar

Não permita Deus que isso
Tudo mude por aqui
Pode vir gente de fora
Mas que seja para construir
Coisas que aqui não há
Na terra das bacabeiras
No Estado do Amapá."

Onde será que já vimos algo similar a isso!? Ah... Está claro que é uma referência à Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.  Diz-se por aí, palavras de Manuel Bandeira, que o Gonçalves, ainda que não tivesse escrito mais nada, já teria seu nome marcado na História pela beleza e importância do poema (escrito em julho de 1843, em Coimbra, Portugal). Só lembrar que está presente na letra do Hino Nacional e foi inspiração para a paráfrase (vai buscar no dicionário o que é isso!) de outros escritores (Casimiro de Abreu, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Murilo Mendes, etc e tal). Os versos acima foram a homenagem ao Amapá na inspiração e paráfrase de Besaliel Rodrigues, encontrados em "Nossa Terra...", de 1996. Tá lá na Sala...


Há muita literatura para se conhecer... Façamos o seguinte, "das antigas" faço referência a mais um livro para se dar uma espiada...

A Água Benta e o  Diabo, de Fernando Canto (2ª Edição - 1998). Olha a capa desta edição, o que te sugere? Percebemos os contornos das portas da Igreja de São José com um grupo do Marabaixo se apresentando diante dela. Boa sacada! É disso que trata a obra... um estudo histórico-antropológico que coloca frente a frente as ideologias da Igreja Católica, com seu posicionamento de dominância e não aceitação de alguns rituais da manifestação popular do Marabaixo, e a resistência dos participantes em manter sua identidade e tradição. Dessa situação, no passado, ocorreram alguns episódios importantes que são descritos e analisados pelo autor, que apresentou também as seguintes referências em seu blog: "O livro e o título foram inspirados numa declaração de Dom Aristides Piróvano (ao Fernando) no decorrer de uma entrevista para jornal: Folclore é folclore, religião é coisa séria e não podemos misturar as duas coisas. A igreja não é contrária à diversão do povo, mas não se pode misturar água benta com o diabo." (Veja mais sobre a obra AQUI).

Das "obras mais recentes" são bem interessantes os livros de Joseli Dias, que foram divulgados na II FLAP e disponibilizados na sala...
Joseli Dias (de vermelho) divulgando seus livros na FLAP 2013
 Coleção Amapá Cordel
Trata de fatos históricos artísticos, turísticos e culturais do Estado do Amapá através da Literatura de Cordel, opção do autor como forma de interação e proximidade com o leitor, uma vez que a musicalidade da rima alcança um maior interesse (Descrição nos livros).

Ah... Deixei também uma contribuição à sala (que retirei do acervo da Biblioteca SEMA, com autorização da Gerência, e de meu acervo pessoal). 
Livros sobre o Amapá que devem ser conhecidos.
"Macapá Querida", organizado pelo Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva. Constitui-se em um álbum de fotografias históricas da cidade. 
Veja duas delas.

 
 
Imagens como estas me inspiram hoje a querer registrar também o crescrimento e transformações de minha cidade... Tenho fotografado muita coisa (que divulgo aos poucos no blog) e, no momento, o registro mais recente é o da Rua São José.
Rua São José - Centro de Macapá (Foto: Rogério Castelo - 12.12.2013)
Agradeço ao Magnu's Plaza Hotel a oportunidade do registro. Contatos AQUI
O que levei de meu acervo para a Sala foi...

"História dos Batistas no Amapá", de Corina Araújo. Obra lançada em 15/11/2013. A autora é amapaense e pioneira na Igreja Batista, acompanhando sua história desde a inauguração da Primeira Igreja Batista no Amapá (PIB) em 31/07/1955, ocasião também de sua conversão. É um relato histórico dos batistas, que iniciaram o trabalho por aqui em 1952 com a vinda do engenheiro ferroviário Fábio de Azevedo Oliveira (brasileiro naturalizado norte-americano membro de Igreja Batista em Carolina do Norte nos Estados Unidos) que chegou ao Ex-Território para trabalhar na estrada de ferro da ICOMI e iniciou também uma história de outros caminhos, maiores e mais importantes, o da Igreja Batista Amapaense.
 
Eita! São histórias que me despertam sempre a curiosidade... A obra também tem fotos de muitos pioneiros da Igreja Batista no Amapá. Por essas e outras deixei um exemplar na Sala. Graças a Deus!!

Destaque também na Sala para os painéis sobre alguns autores ilustrando o recinto. Como o de Aracy Miranda de Mont'Alverne.
Professora, foi nossa primeira poetisa e publicou as obras Luzes da Madrugada (1986) e Arquivo do Coração (1997).



A Palma da Vitória

Nos labirintos dos caminhos desta vida
palmilhamos, muitas das vezes,
indecisos e medrosos,
na incerteza do desconhecido,
na esperança de um novo amanhecer
que nos traga coragem e fé
naquilo que sonhamos.
Pensar em desistir é  covardia,
pois a luta se renova dia a dia
e a força sempre surge alvissareira
guiando nossos passos à meta desejada.
Pensamos então nos frutos a colher,
nas flores que iremos receber,
ao terminar a persistente jornada,
E, quando um belo dia
a aurora surge linda,
pintando o horizonte
com as cores do arco da esperança,
bate forte em nosso coração
o aviso da bonança,
na realização dos nossos sonhos,
elevando a alma aos píncaros da glória.
É quando recebemos, radiantes,
na hora da conquista,
em nossas mãos, 
a Palma da Vitória!

A autora foi uma das homenageadas na FLAP deste ano, com a Sala sendo denominada (na duração da Feira) com seu nome.
Teve até uma estátua em sua homenagem...
Ih, rapaz... Conheço esse bicão aí estragando a foto da estátua da Aracy!!!

 
 
...E é assim a Sala dos Autores Amapaenses! Com muitas obras locais para se conhecer e pesquisar... Visite, leia e julgue você a importância!!!

Conheça mais da Literatura Amapaense em

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Leandro Marques (Calibre 66)

Rap Gospel com um pouco das histórias dos livros de Gênesis e Êxodo. Faz parte do CD "O Poder da Palavra", de Leandro Marques, lançado recentemente pela Graça Music.
O rapper Leandro Marques trabalha com jovens e em missões no Rio de Janeiro. Sua obra, com base no HIP-HOP, mescla influências do black, do rock, e do samba, usando como pano de fundo a cultura do subúrbio carioca. Uma mensagem de amor e fé, sem perder o tom crítico e questionador. Fonte: shop.ichtuseditorial.com


 

E aí guerreiro?Já leu a tua Bíblia hoje?
Ô cara! Não li ainda não!
Ih cumpadi! Tá brabo pro teu lado heim!
 Aí, pra você que não gosta de ler Bíblia olha só essa aqui!
Amanheceu... já tô ligado, 6 da matina, tô preparado
Vou na pressão, que o ponteiro é que nem bala, senão me atraso, o relógio não para.
Esse corre-corre massacra a gente, que mal dá tempo de escovar os dentes.
Eu me visto, eu me calço, eu me olho, eu tô pronto. Cadê o ônibus? Já tô no ponto.
Mas a mochila tá mais leve que o normal... Ih Neguinho! Não é um bom sinal!
Eu abro, eu olho. Cadê? Esqueci no barraco minha espada do poder.
Lá vem o coletivo... Hã-hã esquece! Não vou sair sem a peça que me fortalece.
Mesmo se todo dinheiro do mundo eu tivesse, meu ouro é a palavra de Deus que me enriquece
Tô na batalha, eu sou guerreiro, não saio sem minha arma, tô com ela o tempo inteiro
Pro meu inimigo o pior pesadelo, mas é refúgio pra quem tá no desespero.
Por isso eu a levo por onde eu vou, sai pra lá com essa heresia, com esse caô.
Está escrito, você não leu? Se não gostou o problema é teu!
Se tira, mudar, acrescentar, adulterar, se prepare para as contas com o Autor acertar
"Apologeta" eu, do Deus Eterno
Porque o poder não vem de um terno, nem do pregador que se esgoelava
Vem das Escrituras, vem da Palavra
Guarde este calibre 66, são o número de livros escritos só pra vocês
Escrito por homens inspirados pelo Pai
Puxa tua Espada e levanta agora irmão, vai 
Tua Palavra é dez, Lâmpada pros meus pés
Se ela eu guardar, se ela eu seguir, sei nunca vou cair
Começa com o Gênesis, a criação , a primeira mulher e o primeiro homem, Adão
Um vacilão que deixou o pecado entrar na Terra, deu mole pro diab... Começa a guerra
Mas o nosso Deus não ficou parado, chamou Eva e mandou um recado:
"A serpente te enganou, te pregou uma peça, mas deixa quieto, Eu tenho uma promessa
Do filho, do filho, do filho do teu filho vai nascer um cara "sinistro" que Eu vou dar o poder
Pra pisar na serpente, pra vencer o pecado, Estou falando é do meu filho amado."
Eva viajou, não dava pra entender, deixa mais pra frente, muita coisa ainda vai acontecer Nasceu Abel, era fiel, tinha Caim, pelo contrário o maluco era ruim
Tão ruim que matou o próprio irmão, primeiro homicídio, total escuridão
O mundo se corrompeu, só tinha mané, Deus ficou irado e mandou chamar Noé:
"Vem cá meu peixe, sei que tu é esperto, tu me conhece, Eu sou o arquiteto
Vamos fazer um navio esse é meu plano divino: fechado, lacrado, tipo submarino
A chuva vai cair, a Terra vai inundar, eu vou te proteger, você vai me honrar"
Noé obedeceu, não era burro, choveu, choveu, choveu, choveu pra burro
A água cobriu tudo, morreu geral, só sobraram Noé, sua família e um casal de cada bicho, cada animal
O arco da aliança aparece no final
A família cresceu, se espalhou, não teve jeito o pecado voltou
O cheiro de vacilação chegou no céu, 
Deus detonou com a Torre de Babel, que pra Ele é de papel
Desse jeito não dava, o homem quer ser forte, mas a força está na Palavra
 Tua Palavra é dez, Lâmpada pros meus pés
Se ela eu guardar, se ela eu seguir, sei nunca vou cair
  O homem piorou, só tinha vacilão, 
Deus então acionou Abraão, sua arma secreta infiltrada em  Ur com seus parentes
"Mete o pé daí, vaza pro Ocidente, vai pra uma terra que eu vou te mostrar, 
Você e sua família Eu vou te abençoar
Como nos céus as estrelas enchem a imensidão, tua semente vai encher esse mundão"
Por isso que eu digo sou filho de Abraão, sou filho da promessa
Dessa geração que leva fé num Deus vivo, crê nas palavras escritas neste livro
O tempo passou, Isaque nasceu, Abraão foi chamado amigo de Deus
Pois ao monte Moriá levou seu filho pra ser sacrificado como um novilho
Era Deus dizendo pra você e pra mim: "Na cruz do calvário será assim"
Mas disse a abraão: "Tá liberado, tu é dos meus, teu filho será poupado"
Isaque conheceu Rebeca, nasceu Jacó, pai de José, braço de Faraó
José era safo, virou governador, os sonhos do rei do Egito interpretou
A fome chegou, José tava preparado, bolou um plano, era treinado
Treinado no deserto e na escravidão, aprendiz da vida, rato de prisão
 Seus dias de dor ensinaram-lhe a pensar, nenhuma vaca magra iria derrotar o guerreiro hebreu
Que de sua terra saiu, ainda pivete pra longe partiu vendido pelos próprios manos, por ciúme
Mas na vida, nêgo, a gente é que nem vaga-lume
Quando você tá apagado todo mundo te vende, te pisa, te trai, te moe
Não compreende que um dia o Senhor vai te honrar, tua luz vai acender, 
Iluminar o mundo inteiro e aí virão pedir arrego com o pires na mão
Daí então Deus te prova, não seja vingativo 
O perdão, a graça e o amor são macetes deste livro 
Tua Palavra é dez, Lâmpada pros meus pés
Se ela eu guardar, se ela eu seguir, sei nunca vou cair
No Egito o povo de Deus ficou preservado, mas o tempo passou e se acomodaram demais
Deus permitiu que o sofrimento fosse evoluindo, pra verem que era hora de sair saindo
Voltar pra terra para a nação que um dia o Senhor prometeu a Abraão
Quem se esquece da promessa sofre como um cão, cai no laço do chifrudo da escravidão
Mas deus não esquece, Ele é fiel,lembrou do povo de Israel
Aí Faraó! Toma cuidado que o que é teu está guardado
O rei do Egito, que de bom não tinha nada, mandou passar o cerol na garotada
Mas Joquebede, serva de deus, mandou num cesto pro mangue Moisés o hebreu
A princesa encontrou o moleque no rio, levou pra casa e criou como um filho
Tinha tudo regado, vida de playboy, nunca sentiu na pele como ser escravo dói
Um dia Moisés foi dar um "rolé", marcava um "10" e viu um mané
Um covardão metendo a mão no seu irmão
Na confusão "pow, pow" quebrou o malucão
Meteu o pé pra Midiã, se malocou, 40  anos como pastor
Pensou que ninguém iria lhe encontrar, pensou errado, Deus está em todo lugar
No Monte Horebe a sarça ardeu e lá do meio Deus falou:
"Moisés Sou Eu, Eu Sou o que Sou e a parada é assim, de agora em diante tu trabalha pra Mim,
Volta pro Egito e diz pra aquele nó cego do Faraó que a casa caiu,
Diz pra aquele prego liberar meu pessoal, senão Eu vou detonar geral"
O resto vocês já sabem, Moisés voltou, falou, profetizou, mas o rei não escutou
E se ferrou, perdeu, perdeu! Faraó o que tens não é mais teu.
O povo saiu do Egito voado.O exército de Faraó morreu afogado
O nome de Jeová foi exaltado.Miriã cantou lá do outro lado:
"Só o Senhor é Deus, Só o Senhor é Deus!
Cantemos com muita alegria dizendo que só o Senhor é Deus!"
A história é enorme e mal começou, mas preciso vazar, meu tempo acabou
Te conto depois sobre as leis, juízes, profetas, reis... Maravilhas de Deus!
Maravilha é a Bíblia Sagrada e toda a família estudando, orando e meditando 
Aprendendo de Deus e praticando
Já mandei o meu logos e prometo no disco 2 vem a continuação
Enquanto isso se alimente da palavra, irmão
E cante comigo de novo esse refrão:
Tua Palavra é dez, Lâmpada pros meus pés
Se ela eu guardar, se ela eu seguir, sei nunca vou cair


GRAÇAS A DEUS POR TUDO!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O Arpão e o Anzol (Pescadores da Vila do Sucuriju)

O documentário “O Arpão e o Anzol” foi produzido pelo antropólogo Carlos Emanuel Sautchuk e integra a tese de doutorado em Antropologia Social de mesmo título, apresentada à Universidade de Brasília (UnB) em dezembro de 2007. 
O vídeo mostra as pescas do PIRARUCU e da GURIJUBA na VILA SUCURIJU, comunidade ribeirinha no estuário do rio Amazonas, litoral do Amapá, onde a pesca artesanal é a principal atividade econômica. Vemos as características do local e os processos de captura dos pescadores (marítimos e laguistas) com ênfase às técnicas, experiência, equipamento e ao paralelismo entre a inserção na atividade e a influência no modo de construção da pessoa.

Ficha Técnica:
Roteiro: Carlos Emanuel Sautchuk / Jaime Sautchuk
Locução e Direção: Carlos Emanuel Sautchuk
Imagens: Carlos Emanuel Sautchuk / Geraldo A. Vales / Geaney Santana Gonçalves / Patrícia Pinha
Edição: Marcelo Santos
Duração: 6 minutos
Ano: 2007
Vídeo com legenda em inglês compartilhado do canal Youtube IRIS DAN/Unb
Informações apresentadas:
 
A comunidade (Imagens retiradas do vídeo)
- A Vila do Sucuriju (Distrito do Município de Amapá) tem 520 habitantes (2007) e fica na região do estuário do Rio Amazonas, no Cabo Norte, litoral do Amapá. Apresenta uma área de 16.700 ha localizada na margem direita do rio Sucuriju, próximo à foz. Limita-se a leste com o oceano Atlântico, e a oeste com a Reserva Biológica do Lago Piratuba. A distancia, em linha reta, é de 120 km de Amapá e 220 km de Macapá. O acesso de barco é difícil e, dependendo das condições climáticas e da maré, pode ser de 18 horas (saindo de Cutias do Araguari), ou de até 20 horas (saindo de Amapá).  
Mapa: Sautchuk (2007)

Foto: Patrícia Pinha
- Ela situa-se na foz do RIO SUCURIJU, que está sob influência das grandes marés da região e é completamente percorrido pela pororoca.
Pororoca no Rio Sucuriju (Foto publicada pelo IEPA)
Veja mais imagens dessa pororoca em youtube/JEsivaldoS
Não tem a força da que ocorre no Rio Araguari mas é igualmente impressionante
- A PESCA é a única atividade produtiva e de subsistência. Através do sistema de crédito por aviamento o pescado é revertido na farinha consumida localmente.
- A AGRICULTURA e a PECUÁRIA são limitadas pela inundação das águas marinhas. Também por isso as construções são todas elevadas do solo e ligadas a uma passarela.
Passarelas na Vila de Sucuriju (Foto de FELISBERTO)
Passarelas na Vila de Sucuriju (Foto de Anderson Batista)
- Situada numa região de manguezais sob influência marítima, a água para consumo é obtida das chuvas. Durante o inverno as caixas d'água são abastecidas e na estiagem, de agosto a dezembro, é distribuída uma cota semanal de 30 litros por pessoa.
O fornecimento de energia e obtenção de água potável são problemas que a comunidade enfrenta a anos. Quer conhecer um pouco mais disso? Veja o que foi noticiado no jornalismo local.
Em 2012: Reportagens sobre as dificuldades da comunidade e as expectativas junto aos governantes (Record-AP em Nov/2012 e TV-AP em Nov/2012)
Em 2013: Como estará a comunidade... (Reportagem da TV-AP em Março de 2013)
- Conforme a história local, a vila surgiu no início do século XX quando, a partir de uma promessa feita a N. Srª de Nazaré, uma cobra grande abriu a embocadura do rio antes obstruído. Este acontecimento é celebrado todos os anos na festa da padroeira com missas, bailes e jogos.
Foto de Hélio Pennafort publicada no Facebook por Paulo Tarso
Até a década de 1920, no lugar onde hoje é a Vila Sucuriju, havia apenas algumas feitorias, que eram utilizadas, durante as temporadas de pesca no mar, por pescadores que vinham sobretudo do Arquipélago do Bailique. Os "Antigos" habitantes da região ficavam no Lago, vindo à costa apenas para vender o peixe e comprar alimentos. 
(Trecho do livro "Esse rio abriu da noite pro dia", de Carlos Sautchuk) 
- No mito de origem reúnem-se na vila dois tipos de pescadores especializados: os pescadores MARÍTIMOS, que atuam na costa, e os LAGUISTAS, que atuam nos lagos.
Pescador Laguista e Pescadores Marítimos (Imagens retiradas do vídeo)
- O lago é uma região de manguezais e campos alagados onde os laguistas habitam em palafitas e se deslocam em canoas a remo para efetuara a pesca. O pirarucu é o peixe mais buscado e sua captura é efetuada com um arpão (ponta em metal conectada a uma haste em madeira e ligada ao laguista por uma linha).
- A água dos lagos é escura, por isso o pescador atinge o peixe normalmente sem ve-lo. Ele se orienta apenas pelos sinais que seu movimento provoca na superfície, como as ondulações, as borbulhas e o buio (momento em que o pirarucu vem a tona para respirar).
O arpão (Ilustração retirada da tese de Sautchuk - 2007)
- A captura é uma espécie de jogo com o peixe, considerado esperto e velhaco. O laguista age silenciosamente evitando ser percebido por ele. 
O laguista (Imagem retirada da tese de Sautchuk - 2007)
Pirarucu (Quadro de Herivelto)
- Mas, se o pirarucu parte em fuga, a relação se transforma numa perseguição. Na interação de pessoa a pessoa que estabelece com o peixe, o laguista considera o arpão parte primordial de seu corpo. Quando o arpão se introduz no peixe a canoa é levada e o laguista usa o tato na aproximação do animal.
Pescador e Pirarucu (Quadro de Gibran Santana)
- Ele mata o peixe numa atitude respeitosa que continua na sua preparação e consumo. Na verdade é o peixe que se entrega e consente a própria morte. O sucesso e mesmo a existência do laguista são profundamente influenciados por essa interação.
- O pescador costeiro se considera um elemento do barco. Sua capacidade se mostra na coordenação com os "camaradas" e objetos a bordo como as cordas, o motor e o próprio convés em movimento. O principal desse objetos é o anzol, pois ele captura o peixe no fundo, mas pode também fisgar o próprio pescador.  Para capturar a gurijuba (peixe característico do estuário do Amazonas) centenas de anzois estão conectados a uma linha de cerca de 2 km. Ligado também a ancoras e boias este aparelho é chamado também de ESPINHEL. 
Esquema da pescaria com espinhel.
Ilustração retirada do trabalho "A Pesca na Ilha do Bailique", de Rúbia Vale (2010)
- Antes de posicionar o espinhel no fundo tudo é conectado a linha e os anzois são cuidadosamente ordenados. No momento em que a maré assume um fluxo determinado a "linhada" começa. Nessa atividade de coordenação precisa entre a correnteza, o motor e os objetos dos pescadores a tarefa mais importante é a de jogar os anzois ao mar. Mantendo a ordem e tendo em média menos de um segundo para lançar cada anzol o pescador lida com a possibilidade da linha ser tracionada e movimentar os anzois, que podem então fisgá-lo. Para se defender ele porta uma faca na cintura com a qual pode cortar a linha e se desconectar do sistema mecânico que o levaria ao fundo.
"Puxar a linha" é uma tarefa obrigatória e significativa a bordo, implicando em modificações dolorosas ao engrossar as mãos. (Imagem e informação: Sautchuk)
- Para colher a linha o pescador deve ter as mãos grossas, uma das transformações corporais que o torna capaz de inserir-se plenamente no serviço a bordo. A incerteza sobre a captura da gurijuba não é atribuída ao peixe ou ao pescador, mas às entidades do catolicismo popular local. A principal preocupação para o pescador e o que orienta seu comportamento é a disposição para integrar-se à dinâmica a bordo.
- Além de formas diferentes para captura o uso do arpão e do anzol envolve modos particulares de configuração dos pescadores. São diferentes as capacidades corporais, as relações com o ambiente e as formas de aprendizado e de sociabilidade.

A postagem é uma descrição do vídeo com informações obtidas nas seguintes fontes:

- Livro "Esse rio abriu da noite pro dia", de Carlos Sautchuk (ACT Brasil - 2006)