As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Ilha de Santana (Parte 4 - Comunidade Cachoeirinha)

Retornando à Ilha de Santana em 29/09/2012. Quanto mais vou, mais me entusiasmo pela possibilidade de descobertas e aprendizagem, principalmente sobre os ribeirinhos. Suas histórias e cotidiano me atraem e inspiram em entender as minhas origens. Venho também de uma família que um dia viveu essa vida ribeirinha às margens do Rio Jacarezinho (Pará) mais de meio século atrás.  
Imagem do Porto de Santana, sempre movimentado com o vai e vem dos passageiros. É gente saindo, gente chegando, citando interiores do Amapá e Pará que nunca tinha ouvido falar, o ribeirinho trazendo suas produções (camarão, açaí, banana, peixe e muito mais), gente assando peixe, catraieiros disputando passageiros, vendedores ambulantes, movimento no rio... ladrão de olho na bolsa, necessidades clamando por intervenções, saneamento precário, deposição de lixo (epa!!! melhor parar com as descrições)... Em um destes dias meus amigos Gregor Samsa e Dimas mais uma vez se arrancaram para a Ilha de Santana.
 Olha o Porto do Açaí (nosso ponto de saída) mostrando o resultado da ampliação da rampa, realizado na semana passada. Os barcos chegam se batendo, numa desordem organizada, e - opinião de um cidadão - acredito que a construção de mais uma rampa é perfeitamente viável e  necessária.
Esse é o Lucas, jovem morador da Ilha que, como muitos outros, é piloto de catraias usadas na travessia. Foi o guia do "Comandante Araújo" em nossa 3ª excursão, desta vez margenando pela Comunidade de Cachoeirinha. Percorremos uma parte, parando em dois pontos conhecidos.
Todas as impressões aqui descritas resultam de informações obtidas na oralidade e de observações, sem formalidades, com simples objetivo de mostrar o lugar. Vou sempre com este propósito e meu amigo Dimas levantando informações mais precisas pra publicar em uma revista.
A Comunidade de Cachoeirinha, segundo informações locais, se inicia no Igarapé Paula e se estende até o Recanto da Aldeia. O Igarapé Paula refere-se ao trecho do rio entre a Ilha de Santana e a Ilha Mucuim. Tem pouco mais de 700 m de comprimento (informação do Google Earth) e profundidades médias de 3 a 10 m (informação retirada de uma carta náutica pesquisada na Biblioteca SEMA-AP, em Macapá).
O Rio Amazonas é de muita sedimentação, percebendo-se a formação de bancos de areia no igarapé, principalmente na maré vazante, podendo até encalhar pequenos barcos (como nos mostra a imagem, em que o jovem está com água pelo joelho bem no meio do canal). Lembrei das estórias sobre submarinos por aqui... algo, falo como leigo extremo, de grande impossibilidade frente o que vemos.

E vamos nós!! Passando pelo Igarapé Paula... Lá está a Ilha Mucuim!! É um nome que não é conhecido no lugar (como já informei, fiz o levantamento e confirmação em dois mapas pesquisados na Biblioteca SEMA-AP). O povo costuma chamá-la de ilhazinha mesmo. Ainda vou descer lá... O local é de várzea e inundado periodicamente. Imagino que aquela grande lançante que teve no início do ano (que muitos acreditam que foi a maior que já teve na história de Macapá) por aqui deve ter deixado tudo no fundo (veja como foi esta lançante AQUI).  
Nota de 06/10/2012 - Encontrei (em Macapá) alguns ribeirinhos que chamam a ilhazinha de Maruim e os mapas referenciam Mucuim. Fico com o registro dos mapas.
...Encontramos nela algumas casas isoladas e um pequeno núcleo na parte voltada para o Igarapé Paula, todas com essa característica de palafita. Um cenário típico que vamos encontrar também em toda a Comunidade de Cachoeirinha.
...Mais umas imagens da passagem pelo Igarapé Paula.
Sou um pirata singrando o Amazonas! Vou me apoderar de toda cultura que puder...
Finalmente, para sair do Igarapé Paula, o registro de um pescador... Deve ter muito peixe, pois esse canal é passagem rotineira de botos...
... Eu não duvido não, infelizmente não vi nada e quem me contou foi Seu Wilson, que lá dá frente da casa dele fica só de butuca espiando as paragens por aqui. Olha lá ele!
Sigamos nossa viagem pela Comunidade de Cachoeirinha...
Parte do mapa  Canal de Santana (Mapa da Marinha do Brasil - 1982). 
Mapa Google Earth (2012)
Havia citado que paramos em dois pontos. O primeiro foi onde se localizou um orfanato (apesar de já não existir há muito tempo, essa área ainda é assim denominada). O lugar tem sua importância na história do Município de Santana. 
Está localizado em área de terreno mais elevado e, como ouvi muita história, fui na expectativa de encontrar alguma edificação antiga (ou ruínas).
...Encontramos uma bem modesta e o calçamento do que foi uma edificação maior. É hoje uma área particular e resumo as imagens a isso.
Sou apenas um observador, sobre a história do orfanato consulte o Memorial Santanense, de Emanoel Jordanio, AQUI e AQUI.
Ei turma, subam logo e vamos adiante!!
Daí para frente, navegamos encontrando um cenário que vai permanecendo o mesmo. Casas isoladas intercaladas por mata nativa e açaízais.
São abastecidas com energia elétrica e, ao contrário do que pensei, a interligação entre os moradores é por via fluvial mesmo. Nenhum dos que foram entrevistados citou caminhos de uso eventual entre as moradias que não fosse por embarcações.
O terreno é muito úmido, bem característico de várzea.
Por isso o movimento no rio, seja nas catraias ou em canoas com rabetas.
É uma rotina que vão se acostumando desde cedo. Não é nada comum para mim atravessar o rio em canoa tão pequena que parece que vai afundar, como vi algumas vezes. O ribeirinho é habituado e acidentes não são frequentes.
...Só não se descuidar com os bancos de areia, principalmente na maré vazante!
Toda casa tem sua embarcação (catraia, casco, barquinho, puc-puc) que o ribeirinho cuida com zelo e vaidade, mostrando um amplo conhecimento pelas peculiaridades e navegação (também desde cedo). Lá eu sei o que é um motor dois tempos daquilo, quatro entradas daquilo outro, partida fulano de tal, etc.
Supõe-se que em uma área menos antropizada a presença de animais silvestres seja maior. Destes, avistamos apenas algumas aves (por falta de oportunidade). Moradores informaram que a presença de animais (caça) têm diminuído.
...Passando por um pequeno núcleo de casas onde avistamos uma capela (N. Srª de Nazaré). Não identificamos se este local tem algum nome conhecido, mas está dentro da Comunidade de Cachoeirinha.
... Avistamos o Estaleiro Santa Edviges.
Em 2010 houve uma ação do Ministério Público do Amapá para que os estaleiros de Santana oferecessem melhores condições de regularização empregatícia (Veja aqui). Segundo noticiado, nestes empreendimentos a informalidade é algo frequente, seja por opção ou por desconhecimento.
... Apontando para nosso destino final em nossa terceira excursão pela Ilha de Santana, também a primeira fluvial (pela Comunidade de Cachoeirinha). Não representa o ponto de limite final desta comunidade.
Chegamos na Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré. Foram aproximadamente 25 minutos de barco, partindo do Porto de Santana, pelo Rio Amazonas.
A escola originou-se de uma ONG (há 13 anos), formada por uma comunidade familiar, e há dois anos passou a ter caráter estadual.
Atende mais de 200 alunos, distribuídos nos turnos da manhã e tarde, sendo transportados pelo revezamento de 12 catraias. Sente só  a criatividade no nome de algumas delas: Milagre de Jesus, Vitória-Régia, Jardim do Édem, Milagre de Nossa Senhora, Ruanny e Raylanne, O Bem Amado, Capitão Lucas, Comandante Queiróz, A Paz do Senhor, Seis Irmãos, Cinco Netinhas, etc.
Encontramos duas edificações na área escolar, esta é a mais antiga, que representou durante muito tempo a única escola de ensino fundamental na Comunidade de Cachoeirinha.
A edificação já não comporta mais as salas de aula. O espaço é usado para eventos, como nos ilustra a imagem, onde se festejou o aniversário de uma aluna. Os objetivos e desejo dos responsáveis pela escola é que aqui se construa uma quadra, que representará um ganho extremo aos educandos daquela comunidade. Escola precisa de espaço de lazer e para atividades esportivas, principalmente as de ensino primário. A quadra teria essa dimensão e, para se concretizar, requer bastante investimentos. Algo que certamente será de caráter histórico e de desenvolvimento no lugar.
...Imagens das proximidades, vendo-se o terreno típico de várzea amazônida... destacando-se entre os açaizais um singular e rudimentar campinho.
São histórias na Amazônia, em lugares distantes, alojados nas curvas do rio... tão possíveis de melhorias e do alcance da ação governamental... quando se tem visão e compromissos... com a educação, com o ribeirinho... com o cidadão. 
 Vamos agora conhecer a nova edificação da escola.
Aqui está! Bem ao lado da antiga! É maior e com melhores acomodações para os alunos.
Existe uma outra escola nas proximidades (ainda vou chegar lá) e, em virtude disso, a Secretaria de Educação (SEED) orientou que a Escola N. Srª de Nazaré atenda os alunos do 1º ano à 8ª série (podendo atender também o EJA/Fundamental, se tiver demanda) e a Escola  Levindo Alves atenderá somente o Ensino Médio regular (isso passou a vigorar desde 2011). Fonte da informação: santanadoamapa.zip.net
Esta é a parte detrás, apresentando bebedouro, forro de PVC, iluminação florescente e ornamentação ao estilo de escola primária.
Vamos gente! vamos entrando! São as salas de aula...
São oito recintos (05 Salas de Aula, Sala de Leitura, Direção e Secretaria). Infelizmente chegamos em um dia em que os alunos não estavam em sala de aula 
...Estas não são grandes e mostraram-se conservadas e organizadas. Não vi indícios de depredação, como encontramos frequentemente em escolas públicas... uma suposta valorização frente aos desdobramentos que têm que viver para estudar, são exemplos:
- Locomoção de barco (ida e vinda);
- Menos oportunidades de acesso à internet;
- Sala de leitura com pouquíssimos livros;
- Recursos pedagógicos limitados;
- Eventuais atraso em pagamentos aos profissionais;
- Ausência de quadra para esportes;
- Isolamento entre as casas
- Carência de material didático
- Proximidade da escola com um estaleiro. Em um primeiro momento, as salas me pareceram bem isoladas.

A merenda escolar, segundo a Srª Célia, não faltou até o momento (um direito que deve obrigatoriamente se cumprir sempre).
Como a escola não estava em dia letivo, organizamos esta turma para ilustrar: Lucas, Gregor Samsa e a Professora Célia, a quem agradecemos a boa receptividade.
"Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina."
(Confúcio)
 Opa, opa!!! Gostei do primor que dedicaram às portas!!!
...mas esta minha montagem não faz justiça ao belo trabalho e acabou  meio esdrúxula... não parece?... é...
O banheiro da escola é uma construção em alvenaria (azulejado por dentro e por fora), com água corrente de caixa d'água, fossa séptica e passarela em alvenaria bem próxima à escola. 
Em 01/03/2012 a TV-AP exibiu uma matéria (no Amazônia TV) mostrando o atraso no início das aulas. O vídeo é interessante por mostrar imagens do local e algumas peculiariedades desta escola na Comunidade de Cachoeirinha, além de algumas de suas dificuldades (Reportagem: Gilberto Pimentel - Imagens: Inival Silva). Esse vídeo pode ser visto também no acervo da Biblioteca SEMA-AP.

Agora vamos conhecer a Sala de Leituras.
A exemplo das outras salas, é um espaço pequeno e também bem organizado e cuidado. Apresenta um tapete central. É uma proposta interessante para leituras com crianças, mas como sala de consultas ou pesquisas (sei que estamos em uma realidade com outras oportunidades) seria ideal e legal mesmo umas mesas para a turma.
A maior parte são livros didáticos.
As obras de leituras diversas (infantis, infanto-juvenis, dicionários, revistas, coleções...) são pouquíssimas. As que meu amigo mostra são da Série Vagalume (uma coleção que tem mais de 30 títulos com temas diversos - aventura, mistério, ecologia, sociologia, história, etc - que podem ser importantes ferramentas para exercício da leitura). Quando era estudante me afeiçoava tanto a ela, lendo sempre nas oportunidades que encontrava na sala de leitura da minha escola. Na nossa realidade ribeirinha aqui, é uma pena não encontrarmos nem 10 títulos.
Alguns dos livros disponíveis. As obras circulam entre os estudantes em uma oferta muito limitada...
Uma parte é resultado de doações, daí ter encontrado obras de edições bem antigas. Além de necessitar de maior atenção governamental, penso que deveriam fortalecer nas escolas o investimento em obras da Literatura Amapaense, algo que já vi tratarem em encontros literários e assumirem compromissos... desde tempos atrás.
Para terminar nossa visita na escola... bem nas proximidades encontramos também mais um estaleiro. É o Milagre de São Benedito.  Se você foi na Expofeira 2012 (na Fazendinha) e viu a exposição de uns barcos no início da rua paralela aos currais, saiba que eram criações deste empreendimento aqui. O dono, Sr Messias, reside há 47 anos na Ilha e foi um dos fundadores da escola. 
...É hora de voltar. Sinto-me mais uma vez gratificado pelas coisas que vou vendo e descobrindo neste grandioso rio que é o Amazonas. O povo, seu cotidiano, seus mistérios e características. Esse porto aí que nos parece tão alto, é o porto da escola... em determinadas épocas do ano as águas se elevam até a altura do assoalho, podendo até ultrapassá-lo.
Correm por estes cantos algumas histórias, ouvi sobre umas lendas que até então não conhecia. Barcos fantasmas existem em vários cantos do mundo, como lenda e descrições em convictas afirmações. Aqui neste canto do Rio Amazonas não sabia que existia também destas narrativas... Ribeirinhos me contaram, não como lenda, mas como um suposto encontro. Uns se referiram como um destes barcos de motor comuns na comunidade e outros citaram uma embarcação à vela... mas enfim, uma nau navegando sem ninguém.
Na tênue manhã ou cair na noite, quando solitários navegam por este rio-mar...cuidado! muito cuidado! Espia se não te segues uma singular e desconhecida embarcação... não é de teus amigos, não é de ninguém que conheças, como ninguém também é o que se avista a bordo... Cuidaaaado! Segue adiante ou desvias. É o barco fantasma, a procura de tripulantes... bem podendo ser... a tua aaaaaaallllllma! (pensa agora naquela gargalhada do Vincent Price no final do clip Thriller de Michael Jackson). 
A lenda mais conhecida da Amazônia, a do boto, por ali não tem força na crendice não. Muito pelo contrário, o povo (refiro-me a uns pescadores com quem conversei) tem uma relação de raiva com o dito. Pois, se no passado era o alvo da culpa das safadezas alheias que resultavam em gravidez, por ali tem fama de matreiro e ladrão. Isso porque rouba os peixes nas redes que os pescadores estendem e acabam rasgando também, coisa que muitos acreditam ser proposital. Ouvi até coisas do tipo (casos isolados que vou registrando): o governo tem que diminuir e acabar com parte deles. Pois bem, assim é a relação e cotidiano de muitos ali.
Tem maior força lendária uma que nunca tinha ouvido falar, a de um fogo ou raio que de repente sai da água ou terra e se projeta para o céu. Essa é nova para mim e mais de um ribeirinho me contou. Mas que coisa! De onde será que surgiu esta!? Quando algo ganha força, é facilmente crível entre o povo e, com a soma das histórias e mentes predispostas a acreditar, vão as lendas se manifestando e perdurando. Égua, tu é doido!!! Fogo para o céu? Mas como será que surgiu isso? O que os camaradas que testemunharam podem realmente ter visto? Me contaram na convicção de que é tudo verdade. Tem também um outro relato de como esta lenda se manifesta, que é comum em diferentes localidades (eu mesmo ouvi quando criança e ribeirinhos a descrevem de maneira parecida), mostra uma bola de fogo correndo sobre a água.  Imagine o cenário... já viu como é escuro o rio a noite? Nem vemos as ilhas e a noite se apresenta com toda sua beleza estrelar. No rio, onde um vento frio sopra com força, de repente o caboclo vê aquela bola de fogo, com velocidades acima da de qualquer embarcação, se apresentar no rio, percorrendo grandes distancias, em um resplendor ao longe... também causador de uma estranha sensação de medo do desconhecido. Isso é algo que está no relato de muitos... mais ou menos como descorre este texto. Tu duvidas?
Uma outra lenda que teve força popular no passado por aquelas bandas, foi a da Cobra Sofia. É que qualquer sucuri maior que viam logo a associavam a esta lenda... quando não, a chamavam de cobra grande. Por isso os mais antigos dizem às gerações novas e céticas de hoje... um dia eu vi a Cobra Grande... um dia vi a Cobra Sofia... e, diante da incredulidade, às vezes dizem coisas assim: vocês são novos e têm que viver muito ainda para aprender. Pensamos logo nas lendas criadas como algo ultrapassado, mas os antigos associavam a um misticismo não vigente hoje... na verdade são coisas do plano ambiental.  Nos tempos áugeos da lenda, diziam que na escuridão tinha olhos gigantescos como faróis na escuridão, que cresceu tanto que foi se enterrar  e por isso ninguém mais a viu... diziam também que está adormecida e que se mexer, de tão grande o tamanho, vai toda a cidade para o fundo. Já ouvi relato de que uma vez se mexeu e de repente abriu-se um buraco que levou toda a água... em seguida brotou a água com uma força e ímpeto para alagar tudo.
A Cobra Sofia é descrita em muitos textos, como o de Joseli Dias no livro Mitos e Lendas do Amapá. Veja AQUI. Aproveito para divulgar também a lenda da Cobra Norato. Veja AQUI e AQUI.
... o povo ribeinho e suas histórias, que eu tanto aprecio conhecer...
E assim chegamos ao fim da nossa terceira passagem pela Ilha de Santana (minha e de meu amigo Dimas). Lembrando que, muitas outras informações foram colhidas para serem publicadas em uma revista, assim que possível.

Até uma próxima e me perdoem os moradores
se me distanciei muito da verdade em qualquer ponto.
Conheça as Bibliotecas de Macapá!
Compartilhe também seus conhecimentos!
Contribua para a divulgação dos fatos e faces deste nosso Amapá!

Veja também: