As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"Crônicas Selecionadas" - Oton Alencar

Ô gente boa! Olha aí mais uma dica da Literatura Amapaense, dessas para se curtir num canto sossegado. Quem sabe numa boa baladeira... Opa!

Pr. Oton Alencar
O livro da vez é Crônicas Selecionadas, de Oton Alencar, que traz uma coletânea de mais de 150 crônicas publicadas no jornal Diário do Amapá.  Textos com temas diversos, variando entre o curioso, divertido e edificante, resgatados de uma história de 13 anos de colaboração do autor com o jornal.  A obra foi lançada em Macapá em 10/10/2014 e tem uma abordagem de leitura muito agradável.
Oton Miranda de Alencar é Pastor Presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Macapá "A Pioneira" e este é seu terceiro livro.

Título: Crônicas Selecionadas
Autor: Pr. Oton Miranda de Alencar
Editora: Inove
Ano: 2014

Páginas: 416
ISBN: 978-85-66343-08-3

Tema: Crônicas Cristãs
 
As crônicas estão organizadas em seis categorias:

Gostei muito da primeira parte (Crônicas Hilárias) com suas histórias e causos surpreendentes. É cada coisa meu mano! De rir e chorar. Citando algumas: "A velhinha que não queria mergulhar" (sobre um batismo em dia frio); "O menino que quebrou a formalidade do culto" (como diria o Chapolim Colorado: Não contavam com minha astúcia!); "A vingança maldilta" (quando o Asiel deu uma de Pedro Malazartes); "A cadeia que fechou por falta de preso" (vem à mente as agruras de Odorico Paraguaçu em O Bem-Amado); "O médico que aprendeu a se comunicar" (bem que poderia ter lido o livro de Cléo Araújo & Maria Zenaide Araújo para não ficar buiando) e "Essas entendem de Copa do mundo" (show!). O fator surpresa está no talento do autor em apresentar certas personalidades através de uma hipotética entrevista, como a do folclórico Vicente Matheus (para quem saca um pouco da história do futebol) e do encontro deste com o Lula. Falando nele, já pensou como seria um diálogo dele com o Sócrates, aquele da Filosofia... Liberdades literárias que o livro nos brinda e diverte.

As entrevistas continuam no foco do autor na parte das Crônicas sobre Personalidades. É dessa forma que fala sobre Freud, Machado de Assis e Luis Gama (intelectual negro nos tempos do Brasil escravocrata). A entrevista com Mônica Lewisky foi a que me chamou mais a atenção, com a história fluindo como um conto de sedução e entrega aos impulsos da paixão.
"Amor gignit amorem." "Ut amoris amabilis esto." "Dicere quod puduit scribere iussit amor." Ei! Nada de mais! Estou apenas citando algo que vi nos textos sobre Freud, que enviava frases latinas para sua amada, Martha Bernays, e esta gostava de colecioná-las. Estas são algumas. A propósito, as frases dizem: O amor gera amor. Quem quer amar deve ser amável. O amor nos aconselha a escrever o que nãoousamos dizer em palavras.

Nas Crônicas Líricas os textos são introspectivos, com reflexões e devaneios sobre felicidade, paz, cotidiano, contemplação da natureza e saudosismo. Ilustrando: "Quando a esperança torna-se desesperança" é um belo texto de valorização da vida. Em detalhes, às vezes, desapercebidos como dádivas que recebemos. "...Quando a esperança torna-se desesperança o sussurrar envolvente da brisa, torna-se uma tempestade que tudo açoita, tudo destrói..."

Nas Crônicas Religiosas, me chamaram a atenção os textos "Mulheres sem Nome" e "Entrevista com Pôncio Pilatos". A primeira fala de mulheres famosas na Bíblia que não tiveram o nome revelado, mas suas ações foram impactantes, e a segunda fala de escolhas. Ambas trazem uma reflexão sobre posicionamento e consequências de nossos atos. Também humildade (Lembra a história da mulher adúltera nos evangelhos? Aquela em que Cristo calou os hipócritas dizendo que se alguém tivesse sem pecado que atirasse a primeira pedra? Apesar de muitos acreditarem ser Maria Madalena, ela está anônima na Bíblia, e essa história é uma lição que precisa ser revista por todos nos dias atuais.

As Crônicas de Memórias lembram histórias da infância e juventude do pastor (vida estudantil, visitas a cidades onde morou e a lugares extraordinários, como o Monte Sinai e Mar vermelho). Citam também Macapá de outros tempos.
Vale uma conferida em "Justas Lembranças", que é uma homenagem e pequena biografia do pastor Otoniel Alencar, que fez um trabalho abençoado de 32 anos na Assembleia de Deus nesta terra. A congregação que participo (Bete Seã) foi fundada em seu ministério como a primeira da denominação.

O livro encerra com Crônicas Selecionadas. Textos bonitos e poéticos, destacando-se "O Livro", "O meu tributo ao livro" e "Os direitos do leitor", que são uma declaração de amor ao estudo e leitura.

Legal a obra e, em sua valorização, penso que deveria ter prefácio, introdução ou alguma apresentação em suas capas ou orelha como referencial ao leitores. Mas tudo tem um propósito e a ausência disso valorizou o fator descobertas no fluir da minha leitura. Fiquei impressionado com a versatilidade do pastor e também com uma vontade imensa de conhecer sua biblioteca particular, citada em algumas crônicas.

Gostei e recomendo para os amigos.