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quinta-feira, 7 de março de 2019

Índios e Explorações Geográficas (Boanerges Lopes de Sousa, 1955)


Título: Índios e Explorações Geográficas
Autor Boanerges Lopes de Sousa (Marechal)
Editora: Ministério da Agricultura - Conselho Nacional de Proteção aos Índios
Ano: 1955 (1ª edição)
Páginas: 178

O livro tem relatórios de viagens realizadas pelo Marechal Boanerges Lopes de Sousa, colaborador de Rondon, com estudos geográficos na década de 1920. 
Está dividido em 4 partes:

1ª Parte - "Explorações Geográficas na Região do Alto Rio Negro" - contribuição para o 9º Congresso de Geografia, realizado em 1942.

2ª Parte - "Uma viagem ao Oiapoque" - tema de uma conferência em que Boanerges conduz o leitor do porto de Belém (Pará) até o de Clevelândia, no Rio Oiapoque, proporcionando-nos excelentes informações do contexto de época.

3ª Parte - Constituída por palestras e conferências em que o autor aborda aspectos concernentes à proteção e assistência a povos indígenas. 

4ª Parte - Exposição sucinta de trabalhos da Comissão Rondon no Sul de Mato Grosso, na construção de linhas telegráficas. E uma homenagem ao Marechal Rondon pela Sociedade Brasileira de Telecomunicações, em 1954.

Veja AQUI o Sumário completo da obra.

Na parte referente ao Amapá (página 78 à 120), apresentada em Conferência realizada em 23/11/1942 pelo Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, extraí algumas imagens e texto interessantes.

No desembarque em Macapá, as carroças cooperam no transporte dos passageiros.
"...Chegada a Macapá... O navio ficou à distância. O porto é pior que o de 'Chaves'. A praia é extensa e rasa, de leito coberto de lama endurecida. Para o desembarque, recorre-se ao serviço de carroças, puxadas por muares; estas se adentram pelo mar, ao encontro das canoas, para receber os passageiros e as bagagens.
É um espetáculo interessante e um tanto cômico esta baldeação das canoas para as carroças e o acesso ao ponto de desembarque. Poder-se-ia evita-la construindo um trapiche para atracação dos vapores, mas isso demanda estudos especiais, porque são fortes os ventos que sopram do norte e a ação demolidora do mar, acossado pelo vento, faz a costa recuar, dia a dia, o que é agravado pelo fluxo e refluxo das marés. A cidade bicentenária já perdeu algumas ruas, recuando cerca de quatrocentos metros para o interior. Entre os edifícios que desapareceram com o efeito da erosão, cita-se o Hospital Militar da antiga guarnição."
Pedra do Guindaste.
"Uma testemunha da costa de outrora é a 'Pedra do Guindaste', um bloco de argila tão endurecido que ali permanece cerca de 500 metros afastado do cais de proteção contra a ação hidro eólica. Contam que foi ali que os portugueses desembarcaram para construir a Fortaleza."
O 'Cassiporé' atracado no pátio de Santo Antônio ou Vila Oiapoque... 
Na outra margem, a Vila 'Saint George'.
"... O 'Cassiporé' lançou ferros no porto da Vila Oiapoque, também conhecida por 'Demonti' ou 'Ponta dos Índios', seu primitivo nome. É o primeiro povoado brasileiro da fronteira e nele o Governo instalou um Posto Fiscal e o Estado do Pará, uma Coletoria...
... Em frente à povoação, está situada a Vila Saint George, de aspecto bizarro, com algumas casas em estilo chinês, cobertas de zinco umas, de palha outras e onde se agita uma população de cerca de 600 almas, de crioulos e de mestiços de franceses... O comércio é ativo e muito procurado pelos viajantes brasileiros. Saint George é servido por dois vapores que fazem viagens quinzenais diretas para Caiena, no Atlântico."
O porto de desembarque em Clevelândia.
"Afinal, Clevelândia à vista!
... Cleveland ou Clevelândia foi fundada em 1922, no governo de Epitácio Pessoa, com o objetivo de fixar as populações do baixo Oiapoque, criando e incrementando naquela região privilegiada para agricultura os produtos da lavoura e mesmo da pecuária. Destinava-se a abastecer a região e a prover o Destacamento Militar da Fronteira...
O hospital de Clevelândia.
"Clevelândia... Dispunha de uma estação de rádio, de excelentes casas para a administração e escritórios, de uma escola e de várias casas para seus funcionários. Possui ainda um ótimo hospital, que, no momento, não agasalhava um só doente, e de uma hospedaria para imigrantes...
...Tudo havia sido previsto para o desenvolvimento da Colônia... As terras foram loteadas e teriam produzido e fomentado a riqueza desejada se a fatalidade não houvesse conspirado contra os seus destinos e a falta de firmeza e de tenacidade da administração pública não lhe tivesse paralisado a vida."
Esquema do Itinerário de Inspeção da Fronteira (1927)
Boanerges Lopes de Sousa foi um dos eficientes colaboradores de Rondon, servindo na Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas (Comissão Rondon) no período de 1910 a 1922; foi chefe de Estado Maior do Marechal Rondon na Inspeção de Fronteiras (Comissão organizada no governo do Presidente Washington Luiz); e entre outras atribuições, também foi Presidente do Conselho Supremo de Justiça Militar e integrou o Conselho Nacional de Proteção aos Índios, do qual, durante 9 anos, foi um dos mais estudiosos e dedicados membros. Os trabalhos que apresentou no decorrer do longo período que serviu sob a chefia de Rondon estão consubstanciados em minuciosos relatórios contendo valiosa documentação ilustrada com mapas, fotografias e dados estatísticos, os quais merecem ser divulgados.

SUGESTÃO
BIBLIOTECA AMBIENTAL DA SEMA EM MACAPÁ

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Lurdinha (Rui do Carmo)

O primeiro romance escrito por Rui do Carmo. As 140 páginas desta narrativa linear, escrita em terceira pessoa, convidam o leitor a acompanhar a vida da personagem-título. 
O narrador começa apresentando Lurdinha, uma garota de 14 anos, moradora de um vilarejo em Barcarena (PA) no ano de 1950, que sonha estudar e se tornar professora. Ela recebe a proposta do comandante Salim para viajar a Belém, onde trabalhará nos afazeres domésticos em sua residência e onde também poderá estudar. Os pais de Lurdinha consentem e ela parte para a capital paraense, rapidamente criando um vínculo de amizade com a esposa do comandante. Tudo corre conforme o planejado até que a jovem retorna à casa paterna para férias de verão e conhece Oswaldo. A partir de então, muitas são as reviravoltas que ocorrem em sua vida até os 75 anos. 
A narrativa demonstra um grande trabalho de pesquisa histórica ao mencionar produtos e empresas há muito extintos. Percebe-se também uma idealização do ribeirinho e da vida no interior em trechos como: 
'Esta relação com a natureza faz do caboclo amazônico um sujeito sem grandes preocupação e não se ouve falar em pai que por algum fútil motivo, bater em um filho, quebrou a casa ou surrou a mulher, coisas de cidade grande' (pag. 29)."
Fonte: Wikipédia

Título: Lurdinha
Autor: Rui do Carmo
Editora: Gráfica e Editora Cometa
Ano: 2005
Páginas: 140

Romance de Rui do Carmo com o protagonismo de Lurdinha. A história acompanha sua trajetória de vida num hipotético retrato sobre o interior paraense, em recorte temporal entre as décadas de cinquenta a oitenta.
Os capítulos são curtos e a trama não tem grandes aprofundamentos, caracterizando-se por passagens de tempo em que destaca-se a constância da personagem ante as adversidades. Algo relacionado a posicionamentos de fé e propósito de vida (ser professora).
Três momentos tem maior atenção. O romance se inicia na década de 1950, quando encontramos Lurdinha adolescente, no município de Barcarena, cultivando sonhos com os estudos e convivendo com realidade de dificuldades e desafios. O texto é um tanto idílico sobre a vida interiorana (em particularidades que reconheço e gosto de ler) e o autor destaca sempre uma breve descrição de época. O desafio aos estudos é a maior ênfase.
Alguns desdobramentos importantes e encontramos Lurdinha na década de 1970, na vida adulta em realidade comum de: casamento muito jovem, vários filhos, viuvez e dramas familiares que o autor misturou com o contexto de época, direta ou indiretamente, abordando a ditadura, prisão e perseguição política, garimpo e prostituição, frustrações e morte precoce de filho.
Na década seguinte (1980), a maturidade, sugestionando-se percepção de ideais valorosos e dignos de inspiração, explícitos numa constância de vida decidida e revigorada pela fé - a história de Lurdinha.

Leitura fluida, porém, sem abordagens de maior complexidade, valorizando, basicamente, idealismo na vida.
Fonte: SKOOB


Sugestão de leitura na
Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá (AP)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Encantos Encontros: Poemas e Contos (Leacide Moura e Iramel Lima)


Título: Encantos Encontros: Poemas e Contos 
Autoras: Leacide Moura e Iramel Lima
Editora: JM Editora Gráfica
Ano: 2008
Páginas: 80

O livro tem autoria de duas professoras amapaenses, apresentando contos e poesias. 

Leacide Moura traz poesias entre a Amazônia idílica (exaltando encantos com entusiasmo singelo e bonito) e a maturidade feminina (expressa em devaneios, introspecções e desejos). A segunda vertente é o destaque, como no poema sensual "Uno". 
Os contos tem humor leve e jovial, como o da visita de um boto do Sudeste à Amazônia (gosto dessas abordagens surreais, instigantes em minhas buscas).

Iramel Lima traz a Amazônia em contexto de valorização indígena nas poesias e maior parte dos contos, que se expressa na linguagem e mitologia. Destaque para o conto "Os neuróticos", ilustração amorosa interessante, em que a construção em comunhão é substituída por uma desconstrução egoísta (fórmula para o desamor).

O livro foi publicado em 2008 e, no aspecto editorial, faltou tornar a parte de cada autora mais distinta. Pode parecer, pelas capas duplas e inversão das páginas, mas a identificação está muito sutil e confusa para o leitor.


Em Macapá, a obra pode ser apreciada na 
Biblioteca Pública Elcy Lacerda.

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Hoje, 04/02/2019, Macapá completa mais uma primavera: 261 anos! Cidade abençoada, que estimo com suas virtudes variadas e falta delas também. Minha amada terra, meu lar! Que a benção transformadora do Senhor esteja sempre em ti!

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Mazagão: a cidade que atravessou o Atlântico (Laurent Vidal)

1769. Na fortaleza portuguesa de Mazagão, situada no noroeste da África, Marrocos, cercada pelos mouros, os moradores se irmanavam num movimento incomum. Para estes 1642 habitantes, a data ficará gravada com fogo na memória de cada um, apesar desta praça, desde 1509 sob a posse da Coroa portuguesa, já ter passado pelas mais dolorosas privações. Durante 260 anos, as sucessivas gerações de moradores, vivendo isolados do restante do continente, numa fortaleza debruçada sobre o mar, ao qual se ligavam por uma estreita porta, haviam sido fustigadas pelo isolamento, pela fome, pelas epidemias, pelos conflitos internos, mas também pelo tédio e pela inércia, todos subprodutos da sua reclusão. Mas nada se comparava ao que estava para acontecer. Apesar de todas as dificuldades, ao longo dessa longa jornada, haviam sempre resistido bravamente. 
Nesse livro, como Homero, inspirado pela musa da História, Laurent Vidal nos revela, de maneira brilhante e instigante, os destinos de Mazagão, uma cidade-odisseia que atravessa o Atlântico.
(Trecho do artigo de Júnia Ferreira Furtado, disponível NESTE LINK)



Informações da obra
Título: Mazagão: a cidade que atravessou o Atlântico
Autor: Laurent Vidal
Ano: 2008
Páginas: 294

Registro no SKOOB
A obra amplia o conhecimento sobre Mazagão e sua história em detalhes pouco conhecidos. Vemos o contexto vivenciado na cidade em Marrocos, fatores determinantes para a mudança e os passos que se somaram até a vinda de várias famílias para o Amapá. As informações foram pesquisadas nos três continentes envolvidos, evidenciando-se aspectos históricos, políticos, sociológicos, econômicos, geográficos e culturais do século XVII.
Leitura rica em percepções, descobrimentos e reflexões que podem servir de paralelo no estudo das cidades em fluxo migratório na atualidade, uma das propostas ressaltadas. O autor procura desmistificar muita coisa que se estabeleceu e, à luz dos fatos apresentados, instiga a criticidade em história com episódios impactantes.
Registrando algo mais específico, a Mazagão de Marrocos é apresentada em suas características físicas (onde se destacava a imponência das muralhas que chegavam a 14 metros de altura), a importância como entreposto para Portugal, a instabilidade política e a insatisfação que despertava entre os povos no Marrocos, além do cotidiano estabelecido.
Destaca-se o fato de, na prática, ser uma cidade prisão, onde Portugal enviava exilados e condenados em estratégia política com desfaçatez. Ocorreram episódios de fome e epidemias devido rupturas comerciais, quando Portugal fora atingido por terremoto e sofreu com pressões da Espanha e França, redirecionando o foco político para a colônia brasileira.
Uma das partes mais interessantes está na política de remanejamento, em que os governantes portugueses articularam algo que os exaltava como salvadores e também vencedores da tensão estabelecida na África. Porém, o povo se sentia abandonado e sofria graves consequências com os conflitos crescentes no interior e exterior da cidade.
As estratégias políticas escusas estão presentes também na articulação da vinda para a Amazônia, quando os mazaganenses foram encorajados pelos governantes como soldados da fé e teriam a dádiva de evangelização entre os povos nativos em um novo mundo. 
Algo que nunca tinha ouvido falar: Laurent Vidal relata arbitrariedades contras famílias na vinda para a colônia, que incluiu abusos e assassinatos.
Na chegada ao Brasil o livro tece considerações da passagem por Belém, onde podemos destacar que o remanejamento para Nova Mazagão, ao contrário do que aconteceu nos deslocamentos anteriores, em bloco, dessa fez foi redirecionado em unidades familiares, em uma espera de até sete anos. Transposição feita através de canoas gigantescas, que comportavam cerca de 50 pessoas em trajeto por igarapés que durava em média 10 dias.
A nova localidade logo recebeu status de vila e teve caracterizações peculiares, assumindo outra identidade da Mazagão africana, destacando-se o isolamento, a identidade mestiça, insatisfações e conflitos pelas dificuldades enfrentadas, clima hostil à população desconhecedora da realidade, episódios de fome, fugas em massa de indígenas e escravos afrodescendentes, saída de muitos mazaganenses deixando para trás familiares, declínio crescente pela escassez de mantimentos e enfrentamento de endemias amazônicas. O autor referencia que no século XIX assumiu a identidade quilombola e uma nova cidade assumiu maior importância nas proximidades, Mazagão Novo em 1915, restando a antiga localidade a lembrança como Mazagão Velho.
Na parte final há descrição da Festa de São Tiago, festejo popular na mistura de religiosidade e paganismo. Os principais momentos são citados e as impressões do autor mostram uma valorização ilusória, pois tanto a Mazagão africana, quanto a Mazagão amazônida tiveram histórias de derrotas e declínio, iludidas em política que inflava os ânimos e encobria a realidade através da religiosidade.
Estas e outras informações enriquecem o livro, com ilustrações diversas. 

Percurso das canoas entre Belém e Nova Mazagão (ilustração do livro).


Em Macapá, está disponível para consultas
na Biblioteca Pública Elcy Lacerda
e Biblioteca Ambiental da SEMA.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

HISTÓRIA DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO AMAPÁ (Revista de EBD)

Há 101 anos nascia a Assembleia de Deus no Amapá, a primeira igreja evangélica amapaense, fundada pela iniciativa pioneira e determinada de um pequeno grupo em 27/06/1917, em culto presidido pelo pastor Manoel José de Matos Caravela. História com desdobramentos abençoados, que servem hoje de inspiração para a congregação estabelecida, estudada em Revista de Escola Dominical no ano passado. A edição é valorosa no resgate histórico, com várias ilustrações do contexto.

Lições estudadas
01) Como tudo começou
02) O poder de uma visita
03) A fundação da igreja no Amapá
04) Os primeiros pastores fixos
05) O 1º templo é construído
06) As décadas da consolidação
07) A caminho do interior
08) A igreja cresce pelos departamentos
09) Os jubileus: Prata, Ouro e Diamante
10) Heróis anônimos
11) O legado da família Alencar
12) A igreja mãe e suas filhas ministeriais
13) A geração do centenário

Na elaboração, a supervisão editorial foi feita pelo Pr. Oton Miranda de Alencar e os comentários pelo Pr. Besaliel Rodrigues, que presidiu uma comissão histórica, entre membros e apoiadores, composta por: Gedielson Oliveira, Áurea Tito, Leiliane Bruce, Kelly Rodrigues, Cláudio Roberto, Carlos Laerte, Mércia Vanessa, Anderson Oliveira, Iaci Pelaes, Gesiel Oliveira, Odete Penafort e Aroldo Vasconcelos.

Mais informações sobre a igreja em

quarta-feira, 30 de maio de 2018

História de Marabá (Maria Virgínia Bastos de Mattos, 2013)

Este livro é um trabalho feito com a determinação de quem pretende socializar o conhecimento do que ocorreu e ocorre na região de Marabá, desde os primórdios de sua ocupação até os dias atuais. E começa bem: pela história dos remanescentes indígenas que ainda resistem neste mesmo espaço. Depois vem o 'branco', e a mistura de povos e atividades como a extração do látex do caucho e da castanha-do-brasil, o garimpo de diamantes, de cristal de rocha, de ouro, de ferro, de cobre. Interesses e fatos vários se dilaceram na Guerrilha do Araguaia, na abertura de estradas, no fortalecimento da pecuária e extração de madeira. Grandes e pequenos disputam e se digladiam por terra e lugar ao sol. (Gutemberg Guerra)

 
Literatura Paraense
Título: História de Marabá
Autora: Maria Virgínia Bastos de Mattos
Editora: Fundação Casa da Cultura de Marabá - FCCM
Páginas: 190
Ano: 2013 (2ª edição, revisada e aumentada)

Sumário
01) Primeiros habitantes
02) A ocupação pelo homem 'civilizado'
03) O Burgo do Itacaúnas e a descoberta do caucho
04) Marabá, primeiros tempos: da origem a 1920
05) Marabá, de 1923 a 1940
06) O ciclo da castanha-do-pará
07) Garimpos de diamantes e de cristal
08) Os anos de 1940 e 1950, os 'Soldados da Borracha': nova fase de exploração do caucho
09) A posse da terra e o incremento da pecuária
10) Chegam as estradas... e tudo começa a mudar
11) A Guerrilha do Araguaia
12) Serras dos Carajás
13) Conflitos fundiários: posseiros, grileiros e fazendeiros
14) Crescimento urbano de Marabá até 1960
15) As enchentes
16) Serra Pelada: muito ouro, poucos ricos
17) A década de 1980
18) Conflitos e organização no campo
19) Alguns acontecimentos da década de 1990
20) A indústria siderúrgica
21) Outras indústrias metalúrgicas
22) Os anos 220 a 2013
23) Violência e impunidade, os desafios do século XXI
24) Riquezas naturais
25) Datas importantes da História de Marabá
26) Marabá: o hino, a bandeira e o escudo

Não conheço Marabá, município paraense, mas me interesso pela leitura sobre as cidades na Amazônia, em suas histórias e peculiaridades. Dá para estabelecer contrastes e paralelos, que apontam aspectos comuns na ocupação da região em políticas no trato com o ambiente, população e exploração dos recursos naturais.
Encontrei esse livro por acaso em uma sala de leitura e logo me entusiasmei pelo passeio em suas páginas.
A impressão que tinha se confirmou em relação à obra, que mostra em primeiro momento os povos indígenas, descrevendo em seguida a chegada dos colonizadores, conflitos, estabelecimento de cultura extrativista, exploração em larga escala de recursos naturais e impacto ambiental.
A questão indígena é bastante conflituosa e a autora traz relatos de embates que praticamente dizimaram algumas populações. Alguns desses relatos são apresentados como barbárie e tornaram-se mais evidentes a partir da década de 1920, quando iniciou a construção da Estrada de Ferro Tocantins.
No extrativismo, o destaque foi para a extração do látex do caucho e exploração da castanha-do-brasil (prefiro esse nome). Os grandes empreendimentos se estabeleceram na exploração mineradora de diamante e ferro, destacando-se o empreendimento em Carajás. Repete-se o cenário comum na Amazônia de empreendimentos em grandes latifúndios, conflitos no campo, exploração da mão de obra com salários mal remunerados, pressão sobre o meio ambiental e reversão de poucas benfeitorias locais em relação à riqueza explorada.
Nas peculiaridades da região, a fundação de Marabá foi em 1898, quando houve o estabelecimento de um barracão comercial no ponto de encontro entre os rios Itacaiúnas e Tocantins. O barracão tinha por nome Marabá, como uma homenagem ao poema de Gonçalves Dias. Esse aspecto geográfico é representado na bandeira municipal. Em 1913 o município foi oficializado.
A história mostra conflitos que tiveram repercussão mundial, como o massacre de trabalhadores sem terra em Eldorado em 1996. A autora ressaltou que os dados mais recentes do IBGE, na época de lançamento do livro (2013 - 2ª edição), apontam o município como um dos mais violentos do país (4º), principalmente em relação ao campo e à delinquência juvenil. A origem estaria nas impunidades na esfera da justiça, fiscalizações precárias e policiamento deficiente.
Segundo a abordagem, é uma região com muito potencial de riquezas naturais, mas também com muitos conflitos, exploração pouco sustentável e desenvolvimento desigual para a região em relação à riqueza explorada.
Aspectos que a leitura faz perceber, evidenciados pela autora (também estudiosa de História e bibliotecária).
Penso que faltou referências para a parte cultural da região. Certamente tem coisas sensacionais para descoberta e leitura.
Um registro final, o livro é uma segunda edição, atualizada pela autora em celebração ao centenário do município em 2013.
Valeu a leitura! Gostaria de descobrir mais coisas e quem sabe um dia visitar a região.

Marabá (Pará). Vista frontal da cidade e sua orla no encontro dos rios Itacaiúnas e Tocantis. (Foto: Ricardo Teles, estraída de portalcanaa.com)

Em Macapá, a obra pode ser consultada 
na Biblioteca Ambiental da SEMA 
e na sala de pesquisas 
do Museu de Arqueologia e Etnologia do IEPA.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Revista ICOMI Notícias Nº 21 (1965)

Edição 21, publicada em Setembro de 1965. Destaques para:
- Terra fértil, a agricultura no Amapá é caminho para o progresso:  enfatiza que as terras amapaenses suportariam grandes empreendimentos, a serem desenvolvidos pela COPRAM e BRUMASA.
- Operação Rio Amapari: sobre parceria da empresa com ribeirinhos, em exemplo de dinamização de setores econômicos em região não desenvolvida.
- Leandro Tocantins encontra a casa ecológica no Amapá: texto apresentado em conferência sobre a Amazônia (realizada em Belém e Manaus), registrado na obra 'Região, Vida e Expressão', do professor e pesquisador Leandro Tocantins.
- Amapá sempre alerta: relato da viagem de grupo de escoteiros amapaenses ao Rio de Janeiro, para participar do I Jamboree Pan-Americano.
- Madeira, riqueza nova para o país: enfatiza a riqueza florestal amapaense e a importância da instalação da BRUMASA para promover desenvolvimento.
Como se observa, edição meticulosa na propaganda institucional. 

IMAGENS DA EDIÇÃO
Encontro de escoteiros do Amapá com os de Minas Gerais (ICOMI - ICOMINAS), no Rio de Janeiro, por ocasião do I Jamboree Pan-Americano. 
 Ilustração da Operação Amapari.
 Ribeirinhos do rio Amapari.
 Ilustração da Operação Amapari.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Revista ICOMI Notícias Nº 20

Edição de Agosto de 1965, destacando:
- Mais minério, mais divisas - exportar minério é enriquecer o Brasil: a reportagem fala da exportação do minério de Serra do Navio (estimada em 800 mil toneladas anuais), dando ênfase aos "royalties", impostos e salários vultuosos que seriam revertidos para o Território Federal do Amapá.
- A hora antes do amanhecer: continua a série sobre os municípios do TFA apresentando Mazagão, em breves aspectos históricos e econômicos. Nada falaram sobre a Festa de São Tiago, o que acredito ser um lapso grande.
- O Mistério da Amazônia Misteriosa - um simples problema de confiança: texto enfático a necessidade e importância de exploração da Amazônia. O autor inicia a abordagem citando o romance de Gastão Cruls (A Amazônia Misteriosa), que é uma ficção científica publicada em 1925, insinuante a segredos e experimentações esdrúxulas na região. O que se desejava, na revista, era mostrar que os segredos amazônicos são suas potencialidades e os investimentos propostos só promoveriam o desenvolvimento, numa forma de desmistificar qualquer visão negativa.
Lembro aos amigos que me limito em descrever o que a revista apresentou. 
ALGUMAS IMAGENS:
Ilustração ao desenvolvimento proposto na Amazônia. 
 Mulheres do Mazagão dançando o Sairé.
 Mazagão Velho.
Largada para a "I Volta de Serra do Navio" (1965), prova com 5 mil metros.