As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

sábado, 21 de abril de 2018

Revista ICOMI Notícias Nº 12

Edição publicada em Dezembro de 1964 com os seguintes destaques:
- Festejos de Natal em todos os setores.
- Divisão de Obras conserva e acrescenta: conservar o feito e construir o mais que for necessário.
- Repete-se com êxito a "Operação Férias Coletivas": segundo ano em que a empresa concede férias a mais de 800 funcionários nas vilas, das mais diversas categorias funcionais, ficando apenas os necessários à continuação de serviços essenciais tanto da parte operativa como das instalações sociais.
- A primeira criança nascida no Hospital de Serra do Navio.
- Funcionários do mês: Barnabé Bahia / Oswaldo Ildefonso dos Santos - "Malagueta".
- Dia do Mestre: as homenagens prestadas ao professorado de Vila Amazonas e Serra do Navio no dia 15 de outubro de 1964.
- Os primeiros passos para um grande empreendimento: sobre os preparativos para a construção e instalação da BRUMASA (Brunynzeel Madeiras S.A), planejada para a fabricação de compensados de madeira para o mercado nacional e para exportação.
- O craque do mês: Moacir Fernandes Pereira (Mussuim - jogador do Santana).


Imagens da edição:

A primeira criança nascida no Hospital de Serra do Navio
Dias após a inauguração do Hospital de SN, em Agosto de 1959, a senhora Maria Gomes de Araújo, esposa de José Gonçalves de Araújo, foi a primeira gestante a utilizar os serviços da maternidade, internando-se para dar à luz ao robusto pimpolho Hermelino. O nome, escolhido pelos pais do recém-nascido, representava uma homenagem ao então Chefe da Divisão de Saúde da Companhia no Amapá, Dr. Hermelino H. Gusmão, assim como os agradecimentos sinceros à excelente assistência que tivera a senhora Maria de Araújo.
O gerente da empresa naquela época, Dr. Daniel Sydentricker, autorizou à Contabilidade a abertura de uma caderneta no Banco da Lavoura, em favor do menino, tão logo chegou ao seu conhecimento o fato. Na foto, Hermelino com cinco anos de idade.
(Texto extraído da revista)
Número de canto pelas alunas Marina Helena, Suzana e Roane da Escola de Vila Amazonas, na festa realizada na sede social do Santana Clube em comemoração ao Dia das Crianças.
Divisão de Obras na construção de novo pavilhão na Escola de Vila Amazonas.
Motoniveladora e trator em operação à margem da Avenida Amazonas, nos preparativos para a instalação da BRUMASA.
 Cerimônia de Primeira Comunhão de crianças em Santana.
Indígenas da região do Oiapoque, abordagem para a próxima edição.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

A importância da Biblioteca Pública Estadual Elcy Lacerda - 73 anos em Macapá (Texto de Paulo Tarso)

Uma das instituições educacionais e culturais mais tradicionais do Amapá completa 73 anos de existência. Afinal, são mais de sete décadas de funcionamento contínuo. Nela já atuaram, como gestores, nomes importantes da educação e da cultura do nosso Estado (Lauro Chaves, Aracy de Mont’Alverne, Ângela Nunes, dentre outros), pessoas que deixaram sua marca e que hoje são relembradas pelo muito que contribuíram com várias gerações de alunos que passaram pela Biblioteca, seja fazendo pesquisa ou lendo obras literárias, biográficas, ensaios, manuseando jornais, revistas e outras publicações.


Fundada em 20 de abril de 1945, desde então a Biblioteca vem cumprindo seu papel como entidade que abriga um valioso acervo responsável pela formação educacional de milhares de pessoas e de suporte à pesquisa. Aberta das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira, sempre recebeu os estudantes e a comunidade com muita atenção. Seus funcionários, a maioria oriundos da SEED, têm experiência e treinamento para orientar, apoiar e encaminhar todos os usuários aos locais mais adequados a cada tipo de pesquisa que se faz necessário, da mais simples à mais complexa.
Atualmente, em pleno século XXI, a Biblioteca está cada vez mais sintonizada com as demandas da modernidade, sendo um dos points mais frequentados por escolas, entidades culturais e educacionais, associações, Academia de Letras, professores em busca de mestrado e doutorado e alunos de todos os níveis que  encontram o espaço adequado para suprir as suas necessidades num mundo em que o conhecimento e a pesquisa ocupam cada vez mais um lugar relevante.

Biblioteca Elcy Lacerda ao lado da Igreja de São José (Foto: Rogério Castelo)

A Biblioteca conta com um acervo de aproximadamente 60 mil itens, entre livros, CDs, DVDs, revistas, panfletos, jornais (inclusive os primeiros jornais que circularam no Amapá, desde 1895 – no caso o Pinsônia) e os seguintes espaços: Sala Amapaense (livros e documentos com assuntos e temáticas do Amapá e da Amazônia); Sala Afro-indígena; Sala do Ensino Médio e Superior (que serve também como local de estudos e pesquisas); Sala Circulante (com obras literárias nacionais e estrangeiras disponíveis para leitura e empréstimo domiciliar); Sala de Artes; Sala Infanto-juvenil (que conta com o Grupo de Contadores de Histórias) e duas Salas com Jornais e Periódicos (com destaque para a Sala de Obras Raras); uma Sala de Braille e a Reserva Técnica (onde os livros são recebidos e distribuídos às salas).
A Biblioteca Estadual Elcy Lacerda é um espaço aberto, dinâmico, efervescente, muito democrático e o mais representativo das ações educacionais e culturais do Amapá. Seu atual gerente é o professor e escritor José Queiroz Pastana, que pela segunda vez ocupa o cargo.
(Texto: Paulo Tarso Barros, escritor, editor do blog Literatura no Amapá, professor e funcionário há 14 anos da Biblioteca)

Parabéns! Quem ganha é o povo amapaense!

Mais informações da Biblioteca Pública Elcy Lacerda em:

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Revista ICOMI Notícias Nº 11 (1964)

Edição de Novembro de 1964. Destaques para:
- Um hotel sobre rodas na mata: reportagem sobre o "Trem de Acampamento", uma unidade que alojava a equipe do 2º Distrito Ferroviário, composta de 40 homens encarregados de manter em boas condições de tráfego o trecho entre Porto Platon e Serra do Navio (cerca de 90 km).
- Embaixador Gordon no TFA: sobre a passagem do embaixador dos EUA, Professor Lincoln Gordon.
- Os segredos da manutenção - dia e noite em atividade para manter equipamento em forma: abordagem sobre o Departamento de Manutenção nos setores que compreendem o complexo industrial da ICOMI.
- Desenvolvimento do Amapá: sobre a criação do IRDA (Instituto Regional de Desenvolvimento do Amapá).
- ESG renova visita: sobre a visita de turma da Escola Superior de Guerra na ICOMI.
- Funcionários do mês: Antônio Gomes de Souza / Paulo da Costa Reis.
- O craque do mês: Jonathas Lopes Soeiro de Souza (jogador do MEC).


Imagens da revista:

O pessoal vai ao trabalho. Na foto à esquerda, a partida pela manhã para os diferentes trechos da Via Permanente, onde cada grupo tem sua tarefa a desempenhar. À direita, jantar no restaurante do "Trem do Acampamento". O Almoço era servido no local de trabalho.
Aproveitando parada normal, entra em ação a turma do abastecimento, lubrificação e manutenção no campo.
Desfile de vestidos de noiva no Aero Clube de Macapá em 1964. A partir da esquerda: Ivany Lima, Maria Zagalo, Graça Viana e Altair Coutinho.
Igreja Católica em Serra do Navio.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Coleção Sítio do Picapau Amarelo - Monteiro Lobato 5

Opa! Não é hoje o Dia Nacional do Livro Infantil? Sim, sim, em homenagem ao nascimento de Monteiro Lobato, quem começou a dar atenção especial a este segmento no nosso país. Vou deixar em registro algumas resenhas sobre a fabulosa coleção do Sítio do Picapau Amarelo. É uma lembrança, e apenas isso, sobre obras que precisam ser redescobertas pelas turminhas, seja no meu Amapá ou outro canto qualquer do Brasil.

O Picapau Amarelo (1939)
Sabe aquele filme do Shrek, em que seu pântano é invadido por personagens fabulosos a convite do Burro? É o que acontece neste livro, quando o Pequeno Polegar leva a mesma turma para morar no Sítio. Ah, pelo menos pediu autorização para Dona Benta, né! 
Aleatoriamente acabei acertando algo. O livro se passa depois do Poço do Visconde, minha última leitura da série, quando ficaram ricos com o petróleo e aproveitaram a bufunfa para comprar terras nas cercanias. E esse é o primeiro destaque, por conta da engenhosidade da Emília para comprar a terra dos vizinhos. Sagaz, a maluquinha! Só lendo para entender...
Daí em diante temos uma série de pequenas aventuras na interação da galerinha com personagens das Fábulas. Histórias curiosas, inusitadas e divertidas, abrangendo também famosos da Mitologia Grega e Literatura Universal.
Vale os registros do Dom Quixote e suas alucinações com o mago Fresnom; a narrativa de Belerofonte sobre o embate com a Quimera; a turma do Sítio enfrentando terríveis piratas liderados pelo Capitão Gancho; e a gula do Sancho Pança (pau a pau com a do Rabicó). Opa! E tem mais coisas ainda para diversão na leitura.
Lobato novamente valorizou as fábulas e mitologia em apresentação do tema para tenros leitores, naquela dinâmica de conhecer e brincar com as descobertas. Para o autor, não basta expor, é interessante também uma intimidade interativa. 
Tem coisa que não curti e vou registrar. No início da obra há uma abordagem sobre mitos e ficção, onde o autor subtende seu ateísmo. É só uma observação de minha parte, que ajuda a pontuar o que conheço sobre o Lobato. E vamos em frente que acabou não, moçada! Tem mais aventura ainda...
As histórias continuam em plano curioso de liberdades surreais. Entre elas:
- Capitão Gancho perde o Hiena do Mares para a turminha, que o reforma como o Beija-Flor das Ondas. Eita! O pirata tenta revidar com a ajuda de valentões que conhecera na venda do turco Elias, e vão por aí as maluquices...
- Tia Nastácia apaixonada! Ah, só não se explica pelo que, evidenciando-se a paixão como um sentimento de êxtase. O fato resultou de artimanha da Emília com flechas do Cupido.
- O casamento de Branca de Neve com o Príncipe Codadade, e nova visita de crianças, ávidas por conhecer a turminha.
Termina com um mistério, o desaparecimento de Tia Nastácia, mas isso é assunto para o próximo livro: O Minotauro.
É a essência da obra, passando a percepção de descobertas e interação curiosa com o mundo da leitura.

O Minotauro (1939) 
Conheci essa obra através da antológica série do Sítio do Picapau Amarelo versão anos 70. A percepção era de uma história de terror, assustadora para a garotada em cada aparição do monstro que, mesmo com uma figura super tosca, dava um medão por conta do suspense potencializado em perseguições no famoso labirinto, imagens obscuras e trilha sonora cabulosa, genial neste quesito. Curioso que na versão do segundo milênio, que também acompanhei, a história não teve o mesmo impacto.
Comparativamente ao livro há algumas diferenças e a principal é o foco. No seriado o Minotauro era o principal personagem no desenrolar da história, e no livro o destaque maior é a Grécia, em uma viagem de descobertas e curiosidades.
Os Picapaus (designação que Lobato dava para a turma do Sítio) embarcam no Beija-Flor das Ondas (o navio confiscado e reformado do Capitão Gancho) para resgatar Tia Nastácia, que fora raptada na festa de casamento do Príncipe Codadade com Branca de Neve, quando houve a invasão de monstros das fábulas em episódio descrito no livro anterior (O Picapau Amarelo).
Quem gosta dessa obra certamente manifesta algum interesse na visão da Grécia antiga, porque a maior parte (cerca de 90%) trata disso, em aspectos históricos e mitológicos.
A parte específica sobre o Minotauro, para quem tem a imagem construída pelo seriado, desaponta um pouco. Além de rápida, não enfatiza a questão do terror. É bem assim... Será que conto? Nããããão! Leia o livro. 
Particularmente, gostei mais da parte histórica, expressa no encontro da turma com personagens famosos, como Péricles, Fídias, Sócrates e Sófocles (respectivamente, destacados como estadista, escultor, filósofo e dramaturgo). Esse desenrolar tem o protagonismo de Dona Benta, que dá show em curiosidades para o leitor.
Há questões interessantes, tipo, a cultura grega ter influenciado o desenvolvimento da modernidade. Essa importância Lobato destacou para os tenros leitores.
Olha que sensacional! Em certo momento de diálogo com Péricles (famoso pela liderança e oratória), o estadista fala de liberdade como uma das coisas de maior valorização entre os gregos. O povo é livre para suas escolhas. A sagaz Dona Benta observou então que muito do conceito de liberdade expressa na vontade do povo resulta da capacidade de manipulação de seus líderes. O que seria a vontade do povo, muitas vezes é consequência daquilo a que está sugestionado, reproduzindo, no final das contas, o interesse dos líderes. Povo livre, manobrado para algo que subtende interesses escusos. Mas rapaz! É exatamente o que vemos hoje, onde está escancarada a tal democracia em nosso Congresso como um grupo fechado de corruptos manipulando as coisas a seu favor, fingindo que encarnam a vontade do povo. Não é o que esses mafiosos estão fazendo? E o que os interesses de certos líderes manobraram para que fosse deflagrado no mesmo ano de publicação desse livro?
A velhinha (falo com carinho) embala o conceito de liberdade, também, chamando a atenção para o sistema de escravidão que existia naquele povo, desmistificando o que eles atribuíam como sociedade perfeita.
E por aí vão os encontros, com direito a momentos um tanto hilários, na admiração dos gregos pelos milagres de nossa modernidade, como uma simples caixa de fósforos, quando existia uma lenda hiperdramática de como o fogo chegou aos homens.
Há reflexões sobre a profundidade do conhecimento, sobre a valorização das artes, sobre o progresso aflorar em aspectos miraculosos e em paralelo ocorrer a degeneração de certas coisas... No plano prático, se exemplifica numa conquista da Ciência e uso aterrador, para a maldade.
Enfim, gostei e me diverti bastante com essa parte. Ah, e tem certas curiosidades desconhecidas. Não sabia que Péricles tinha uma anomalia na cabeça, que fazia com que fosse alongada e por isso suas reproduções (pintura e escultura) o mostravam sempre com um elmo. Pesquisa aí no Google Imagens se duvidar.
A parte da mitologia é protagonizada pelo Pedrinho, em interação aventureira. O destaque desse momento vai para história de Hércules, mas Lobato dá só um gostinho no tema, pois isso será tratado em outra obra. Não gostei muito dessa parte e preferia que o protagonismo fosse encabeçado pela Emília em suas mirabolantes curiosidades e posicionamentos. Seria mais legal!
Estranhei o Lobato não ter dado destaque para Visconde, que quase não gastou seu conhecimento. Ficou na sombra de Dona Benta. Melhor assim, porque a velhinha é mais sagaz e o Visconde manobrável demais. Pergunta para a Emília se não... 
Essa é a obra. Olha o que Lobato contava para as crianças!
Devaneando um pouco, fugindo do contexto do livro, ainda fico imaginando como seria extraordinária uma viagem que o autor fizesse com os Picapaus pela Literatura Bíblica. Eita! Mas o homem tinha outra escolha de vida...
Gostei bastante da leitura e vou atrás da adaptação em quadrinhos.

Legal que podemos encontrar essas obras na maioria das bibliotecas públicas. Assim acontece em Macapá com a nossa Biblioteca Elcy Lacerda.  Visite e descubra as fabulosas criações de Monteiro Lobato.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Revista ICOMI Notícias Nº 09 (1964)

A edição foi publicada em Setembro de 1964. Destaques para:
- Amapá - 21 anos: artigo de J. S. Marinho Nunes.
- Entusiasmo "Bandeirante": o ingresso da juventude.
- Clubes são ponto alto: Santana e Manganês são centros onde floresce vida social.
- Porto em destaque: operação inédita e recordes no TFA.
- Personalidade mundial em saúde pública propõe intercâmbio: Prof. Timothy D. Baker, da Escola de Higiene e Saúde Pública da Universidade de Johns Hopkins (Baltimore - EUA), universalmente reputada no campo de Medicina.
- Funcionários do mês: Benedito Arcângelo dos Santos - "Prezado" / Nadir Leite da Fonseca
- A craque do mês: Maria Galiléia da Silva Lino (jogadora de voleibol).

Imagens da revista

Bandeirantes de Serra do Navio visitando o Porto de Santana, em uma de suas excursões ao outro extremo de nossas instalações industriais. A confraternização entre as jovens é um dos aspectos mais salientes da benéfica prática do bandeirantismo, o que se verifica no Amapá com elogiável intensidade.
Numerosos clubes internos disputam campeonatos organizados pelo SEC e MEC, em campos como o que vemos na foto, dotados de todas as condições para a prática do futebol, incluindo iluminação para pelejas noturnas.
Chegada do Papai Noel em Serra do Navio.
Cartazes usados em campanha de promoção da saúde em Serra do Navio e Vila Amazonas. A campanha era coordenada pela Divisão da Saúde e usava a figura do Zé Latadelixo com slogans educativos, ilustrados pelo artista José Luiz da Silva Pereira.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Imagens de Serra do Navio nos tempos da ICOMI no TFA (Vídeo de Harife Viégas, 2018)




Olha que legal! Um vídeo com fotos antigas de Serra do Navio, elaborado por Harife Viégascom bela trilha sonora e as seguintes informações:

- A Vila de Serra do Navio foi construída como uma company town (cidade da empresa) pela ICOMI (Indústria e Comércio de Minérios) no antigo Território Federal do Amapá (T.F.A.) entre os anos de 1956 e 1961.
- Projetada por Oswaldo Arthur Bratke, o traçado das vias respeitou a topografia do terreno e as construções adaptaram a arquitetura moderna brasileira às condições climáticas da floresta amazônica.
- Em 1988 o Amapá foi elevado à categoria de Estado, Serra do Navio tornou-se município em 1992 e a ICOMI encerrou suas operações de mineração no Amapá em 1997.

Oche! Lembrar da querida Serra do Navio, em seus áureos tempos, embalando a nostalgia em cenas do cotidiano com essa música (Percy Faith - Theme from A Summer Place)... Não, me mata logo do coração!

domingo, 15 de abril de 2018

Revista ICOMI Notícias Nº 08 (1964)

Edição publicada em Agosto de 1964. Registrando alguns destaques:
- Canal Norte, benéfica realidade: história de um grande feito e realidade de benefícios à Amazônia.
- Na foz do Amazonas guiando navegantes: vivendo na Ponta do Céu para manter constante o radiofarol.
- Instala-se a COPRAM (Companhia Progresso do Amapá) visando o progresso.
- Funcionários do mês: Raimundo Gemaque de Jesus / Antenor Froes de Carvalho.
- Técnicos invadem floresta para defender a saúde: reportagem sobre o convênio da ICOMI com o Instituto Evandro Chagas.

Imagens da revista:

Pátio de estocagem no Porto de Santana.
Vista aérea do Canal Norte do Rio Amazonas nas proximidades de Santana.
Jardim da Infância na Escola de Serra do Navio. A professora IDA Rossi (Chefe do Departamento de Educação) havia solicitado a "ICOMI Notícias" que estas imagens fossem publicadas com o seguinte texto: "As mãos realizam atividades, mas também precisam de ajuda. Cuidado, atenção e carinho não devem faltar para auxiliá-las. Quando os trabalhos ficam prontos, sentimos que foi fácil. Durante todo o tempo, estão em nossas mentes ideias e pensamentos que nos podem ser úteis."
Baile no Manganês.

sábado, 14 de abril de 2018

Os Mineiros da Floresta (Adalberto Paz, 2014)

Em meados da década de 1940, no extremo norte do país, iniciavam-se os preparativos para a instalação do primeiro projeto de exploração mineral industrial na Amazônia. Este empreendimento relacionava-se com as diretrizes políticas, econômicas e estratégicas estabelecidas durante o Estado Novo para várias regiões do país tidas como periféricas e atrasadas em relação aos centros dinâmicos da economia nacional. Dessa forma, segundo o discurso oficial, a exploração das jazidas de manganês na região de Serra do Navio, situadas no interior do Território Federal do Amapá, criaria as condições necessárias para o desenvolvimento dessa importante área de fronteira, ao mesmo tempo em que contribuiria para a formação de uma verdadeira "civilização equatorial". Contudo, a implantação dessa nova sociedade exigiria a reestruturação dos padrões de sociabilidade vigentes entre uma população basicamente voltada para o extrativismo. Assim, os impactos sobre essa organização social e as diversas transformações ocorridas naquele território, entre as década de 1940 e 1960, são analisados tomando como referência a montagem daquele complexo mineral-exportador, que se destaca por ter projetado duas company towns no interior da floresta amazônica, com as quais a empresa Indústria e Comércio de Minérios S.A. pretendia obter um tipo específico de trabalhador e de família, formando comunidades orientadas por princípios de harmonia entre capital e trabalho.
(ADALBERTO PAZ)


Título: Os mineiros da floresta: modernização, sociabilidade e a formação do caboclo-operário no início da mineração industrial amazônica
Autor: Adalberto Paz
Editora: Paka-Tatu
Ano: 2014
Páginas: 244
Sumário:
Cap. 1 - De caboclo a operário: origem e constituição da mão de obra industrial amapaense (1943-1949)
Cap. 2 - Conflitos e sociabilidades em uma fronteira de mineração industrial (1950-1959)
Cap. 3 - Uma cidade operária no interior da floresta (1960-1964)

Um parecer simples

Estudos sobre a ICOMI são instigantes no Amapá, pela representatividade histórica. Em geral, o assunto desperta empatia em quem vivenciou o período de atividades da empresa. Como também estou nesse grupo entusiasta, o livro proporcionou leitura interessante e prazerosa, caracterizando-se pelo direcionamento sociológico numa visão ao homem em sua realidade e cotidiano antes e após a instalação da empresa. Esse olhar aponta impactos sociais, na economia regional, na urbanização, na modernização, no crescimento demográfico e na especialização do trabalhador.
A obra resultou de um trabalho acadêmico em História, de Adalberto Paz, e foi lançada oficialmente em 2014 em Macapá, abrangendo um recorte temporal entre as décadas de 1940 e 1960, período de instalação e construção da infraestrutura da empresa, assentando-se em documentos e entrevistas que proporcionaram a percepção em três momentos.

Na primeiro, o autor analisa o contexto regional pré ICOMI, onde vemos isolamento, cultura de subsistência e economia baseada no extrativismo. Nesse cenário destacavam-se o seringueiro, garimpeiro e castanheiro, enfatizando-se o modelo econômico exploratório a que estavam sujeitos e a realidade de época em alguns estudos de caso. A cidade de Macapá também é visitada, evidenciando-se nos estudos uma marginalização no cotidiano e desenvolvimento.
O autor resgata a história da ICOMI desde as primeiras descobertas de minério de ferro em Vila Nova, que recebeu prospecção de outra empresa no início da década de 1940, mas não foi levado adiante quando se colocou em paralelo o elevado custo para exploração com os lucros finais. O governador do TFA buscava no potencial natural um meio para desenvolvimento local (quando assumiu o recém-criado Território Federal em 1943) e, ciente da história secular de garimpagem e das potencialidades, abriu concurso para descobertas na área de mineração. É aí que se insere a história de Mário Cruz e o achado das pedras de manganês no rio Amapari. Daí para a frente a história vai se desenrolando com outros aspectos interessantes no estabelecimento da empresa.


Escola de Serra do Navio (ao centro), em 1951. À esquerda, na beira do rio, observa-se a movimentação de pessoas em torno do armazém da mina (Figura 5 - página 95 do livro).
O segundo momento mostra transformações provocadas na região, em relação aos trabalhadores e no processo de modernização de Macapá. Algo que se ressalta é a disciplina que era exigida e monitorada na realidade da companhia em Serra do Navio e Vila Amazonas. Segundo o texto, a modernização da capital foi subsequente às carências da mineradora (como hotel, vila operária e infraestrutura para atender os primeiros trabalhadores). O capítulo apresenta também estudo de caso, de situações diversas em Macapá e Santana, atrelados a um comportamento cultural em paralelo à realidade estimulada pela empresa. Curioso destaque para o caso envolvendo os marinheiros de um navio estrangeiro no Porto de Santana, que tinham costumes estranhos à terra, resultando numa tragédia. Coisas que ficam em paralelo para ressaltar a filosofia que a ICOMI implantou.

Na parte final, a vivência nas company towns. Interessante o processo de modernização dos trabalhadores, que tiveram oportunidades de fazer cursos ou aprender na prática o manuseio de máquinas de última geração na época. A disciplina e organização nas vilas era também um contraponto à realidade amazônica associada à mineração.

Enfim, um livro envolvente e muito legal para se conhecer e entender um pouco do entusiasmo de quem conheceu e vivenciou o que representou a ICOMI nos áureos tempos. Ressalte-se que o livro excede as informações aqui apresentadas e a ICOMI é um campo de estudos com pontos positivos e negativos em sua trajetória no Amapá.


Leia também o parecer de Jessica Marinho
Livro conta a história de operários que atuaram na exploração de Manganês em Serra do Navio NESTE LINK.


A obra está disponível para consultas em Macapá na
Biblioteca Pública Elcy Lacerda e
Biblioteca Ambiental da SEMA-AP.