Esse livro é precioso na Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá. Espia só...
"Descreve, analisa e critica todo o processo de criação, desenvolvimento e implantação do núcleo urbano da Vila de Serra do Navio, no Amapá.
A partir da descoberta do manganês na região em meados dos anos 50, o autor investiga em detalhes as questões ligadas ao urbanismo, à arquitetura, aos materiais e à construção de uma cidade nova na selva amazônica.
Completa o texto o capítulo OPINIÕES E COMENTÁRIOS, onde aparecem avaliações recentes de pós-ocupação as quais atestam ainda hoje a qualidade do espaço urbano e arquitetônico construído há mais de 30 anos."
BENJAMIN ADIRON RIBEIRO (Informação retirada do livro, contextualizada para o início da década de 1990)
Autor: Benjamin Adiron Ribeiro
Editora: PINI
Ano: 1992
Páginas: 110
Tema: Arquitetura, Planejamento Urbano, Serra do Navio, História
Registro no SKOOB, em 28/04/2017
A obra foi publicada na década de 1990 com um olhar na história, peculiaridades, inspirações e projeção da Vila de Serra do Navio, enquanto construção impactante e diferenciada no cenário amazônico.
Algo que se destaca é o belo acervo de imagens (fotos, desenhos, plantas), ilustrativo da proposta inovadora e minuciosa na inserção do homem na região. Percebemos planejamentos contemplativos ao bem estar, à vida social, à segurança, à educação, à aclimatação, ao conforto, à praticidade, entre outros aspectos numa série de pequenos detalhes, às vezes, de simplicidade espantosa, mas com resultados práticos harmoniosos e muito positivos aos objetivos traçados.
Exemplificando, as ruas secundárias (entre as principais que contornavam
a vila) foram planejadas mais largas e sinuosas visando o lazer das
crianças.
As casas, embora alinhadas, tinham fachadas diferenciadas em
formas e cores, buscando-se ruptura com um cenário que inspirasse
monotonia; privilegiou-se as venezianas na arquitetura diante das
condições climáticas; muitas casas tinham algumas paredes que não se
encontravam com o teto no ambiente interno, favorecendo a ventilação;
entre outras coisas.
Interessante que o projeto não visou apenas a arquitetura urbanística,
mas também a idealização de móveis para as construções e a vida social.
O livro está dividido em cinco parte:
Em O manganês no Amapá, o autor resgata de forma sucinta um histórico da região (da descoberta do manganês à instalação da vila) e também o andamento das concessões contratuais (o primeiro foi assinada em 1947, com a concessão mineral para a ICOMI; o segundo, de 1953, previa a construção do porto em Santana; e o terceiro, também assinado em 1953, estabelecia a construção da ferrovia). O capítulo encerra com breve cronologia sobre esses eventos. Não posso deixar de registrar um pequeno erro. Nas sucessivas referências à cidade de Santana o autor cita a localidade como Porto de Santana.
Em Informações Básicas o aspecto valorizado é o estudo para a construção da vila, que abrangeu o contexto ambiental, social e econômico da região.
Planejamento, Projeto e Construção é o capítulo mais extenso, com riqueza de imagens e projeções para a vila nos aspectos levantados, sejam estruturais ou urbanísticos, em proveitosos detalhes.
A quarta parte mostra Opiniões, Comentários e Controvérsias. Depoimentos diversos sobre a vila. Foi Raquel de Queiróz, entre as declarações, quem citou a ICOMI como um milagre amazônico, e o encerramento dessa parte mostra um debate nas perspectivas iniciais para a construção (o confronto de ideias entre vila definitiva e acampamento provisório; cidade planejada em paralelo à cidade espontânea; comunidade fechada e comunidade aberta; adensamento demográfico e serviços urbanos; plano diretor e planejamento urbano). Segundo o texto, o que imperou foi a maleabilidade em ir construindo e adaptando, sem se estabelecer um rigoroso e pomposo plano para ser seguido com rigor.
Em Conclusões o autor tenta chegar a um consenso no que motivou sua
pesquisa no olhar sobre a Vila de Serra do Navio: As perspectivas de
vida, em diferentes classes sociais, são melhores em comunidades urbanas
planejadas? (resposta sujeita a critérios de avaliação subjetiva, mas a
organização foi ressaltada); A quem caberia a responsabilidade e a
iniciativa de providenciar o planejamento das comunidades urbanas? (o
autor dissertou sobre ações conjuntas); Qual o papel do arquiteto no
planejamento urbano? (consenso sobre uma visão privilegiando diferentes
fatores, como se estabeleceu em Serra do Navio).
Acredito que para todos os moradores serranos dos áureos tempos da ICOMI a obra seja saudosista e preciosa. Morei em Serra do Navio entre os anos setenta e oitenta e a lembrança e experimentação de tudo que vivi foi realmente diferenciada. As coisas só funcionavam dentro de um planejamento e harmonia entre autoridades e sociedade civil. Sem isso, como hoje, se estabeleceu a ruína e descaracterizações constantes.
Autor: Benjamin Adiron Ribeiro
Editora: PINI
Ano: 1992
Páginas: 110
Tema: Arquitetura, Planejamento Urbano, Serra do Navio, História
Registro no SKOOB, em 28/04/2017
A obra foi publicada na década de 1990 com um olhar na história, peculiaridades, inspirações e projeção da Vila de Serra do Navio, enquanto construção impactante e diferenciada no cenário amazônico.
Algo que se destaca é o belo acervo de imagens (fotos, desenhos, plantas), ilustrativo da proposta inovadora e minuciosa na inserção do homem na região. Percebemos planejamentos contemplativos ao bem estar, à vida social, à segurança, à educação, à aclimatação, ao conforto, à praticidade, entre outros aspectos numa série de pequenos detalhes, às vezes, de simplicidade espantosa, mas com resultados práticos harmoniosos e muito positivos aos objetivos traçados.
Ruas largas e pavimentadas |
Casas diversas, sem muretas ou gradis. |
Móveis desenhados pelo arquiteto e oficinas com artesãos treinados pela ICOMI. |
Vila Serra do Navio |
As imagens também trazem um contraste espetacular entre a modernidade
que se estabelecia e o entorno impactante da floresta. Por isso há
declarações peculiares, como a vila ser um milagre na floresta ou uma
ilha na Amazônia.
Macapá era uma pequena mancha urbana na vastidão amazônica. |
O contraste também se estabelece em paralelo à
realidade do cenário amapaense e amazônico.
Benjamin Adiron Ribeiro (Autor do livro) |
Em O manganês no Amapá, o autor resgata de forma sucinta um histórico da região (da descoberta do manganês à instalação da vila) e também o andamento das concessões contratuais (o primeiro foi assinada em 1947, com a concessão mineral para a ICOMI; o segundo, de 1953, previa a construção do porto em Santana; e o terceiro, também assinado em 1953, estabelecia a construção da ferrovia). O capítulo encerra com breve cronologia sobre esses eventos. Não posso deixar de registrar um pequeno erro. Nas sucessivas referências à cidade de Santana o autor cita a localidade como Porto de Santana.
Em Informações Básicas o aspecto valorizado é o estudo para a construção da vila, que abrangeu o contexto ambiental, social e econômico da região.
Planejamento, Projeto e Construção é o capítulo mais extenso, com riqueza de imagens e projeções para a vila nos aspectos levantados, sejam estruturais ou urbanísticos, em proveitosos detalhes.
A quarta parte mostra Opiniões, Comentários e Controvérsias. Depoimentos diversos sobre a vila. Foi Raquel de Queiróz, entre as declarações, quem citou a ICOMI como um milagre amazônico, e o encerramento dessa parte mostra um debate nas perspectivas iniciais para a construção (o confronto de ideias entre vila definitiva e acampamento provisório; cidade planejada em paralelo à cidade espontânea; comunidade fechada e comunidade aberta; adensamento demográfico e serviços urbanos; plano diretor e planejamento urbano). Segundo o texto, o que imperou foi a maleabilidade em ir construindo e adaptando, sem se estabelecer um rigoroso e pomposo plano para ser seguido com rigor.
Oswaldo A. Bratke (Autor do Projeto) |
Acredito que para todos os moradores serranos dos áureos tempos da ICOMI a obra seja saudosista e preciosa. Morei em Serra do Navio entre os anos setenta e oitenta e a lembrança e experimentação de tudo que vivi foi realmente diferenciada. As coisas só funcionavam dentro de um planejamento e harmonia entre autoridades e sociedade civil. Sem isso, como hoje, se estabeleceu a ruína e descaracterizações constantes.
Todas as imagens foram retiradas do livro,
que está à disposição para consultas
na Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá - Amapá.
que está à disposição para consultas
na Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá - Amapá.