As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

ICOMI Notícias Nº 24 (1965)

Edição publicada em Dezembro de 1965. 

Entre os destaques:
- O Amapá amanhece para um ano novo: celebra os projetos alcançados na empresa e apresenta metas para o novo ano.
- Um conto de Natal:  texto do escritor mineiro Aníbal Machado.
- 1966: ano de implantação da BRUMASA: reportagem curta, destacando o potencial amapaense para o empreendimento e planejamentos.

 Algumas fotos da edição:
Crianças vendo teatro na escola.
Apresentação do consagrado pianista Oriano de Almeida no Cine Amazonas.  
Comitiva do Colégio Gentil Bittencourt, de Belém, em visita às instalações da ICOMI.
O velho rebocador "Leão", que pelo menos uma vez por mês ia até a Ponta do Céu, no Curuá, levando mantimentos para os trabalhadores do rádio-farol, responsável pela segurança dos que entravam no Rio Amazonas.
Igreja de São José de Macapá em registro noturno.
Visão geral da área onde seria implantada a BRUMASA

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Juliana Sinimbú

Juliana Sinimbú representa renovação da música popular brasileira no Pará. A afeição ao samba de raiz, a bossa nova e a canção popular ganham força na sua juventude, em sua interpretação doce e sofisticada, e na sua ousadia. Ousadia que reside no intercâmbio com outras linguagens, com outros artistas, outros estilos musicais, mas que se identificam com a sua juventude. Está dentro de um movimento de vanguarda contemporâneo que há de chamar atenção, vindo do Pará , vindo da Amazônia. Juliana é universal e representa muito bem a sua tribo.
(Fonte: last.fm)


Imensidão
(Juliana Sinimbú e Raidol)
Amor
Tu enloqueceu a minha cabeça
E botou fogo no meu coração
Fazendo meu suor escorrer de mansinho
Vem trazendo o teu mar pra minha imensidão
E quando tu me banhas feito água de mar
E as estrelas que saem desse teu olhar
Tua risada bonita pra me acalmar
E esse corpo gostoso que eu vou me encostar
Amor
Tu enloqueceu a minha cabeça
E botou fogo no meu coração
Fazendo meu suor escorrer de mansinho
Vem trazendo o teu mar pra minha imensidão
Oooh-oh-oh, ooooh-oh-oh, oh-oooooh, oooooooh-oh
Sei que toda manhã eu quero te acordar
Em qualquer dos caminhos eu vou te buscar
Foi esse teu calor que me fez delirar
Me dá…

Louca Saudade
(Tony Brasil)
Já faz um tempo que a gente não se vê
Mas seu mundo é aqui ... junto de mim
Tem tanta coisa que eu quero te dizer
Vem meu bem, vem me ouvir

O meu coração está tão louco 
E eu já nem sei o que fazer
Com essa saudade que insiste 
Em me maltratar

O tempo passa e eu não posso esquecer
Você mora em mim ... e a solidão
Bate na porta e está querendo entrar
Vem meu bem, em me ouvir

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Contos que lhe conto (César Bernardo de Souza)

Nesta obra, misto de contos e crônicas, o autor reuniu narrativas cuja temática vão de temas amazônicos, passando pelas memórias e reminiscências de sua terra natal Volta Grande.
Há muita sutileza nas narrativas
que ora são publicadas nessa coletânea, como poderá ser percebida pelos leitores. O estilo chama bastante atenção, pois é através de uma técnica que lhe é inerente que ele consegue superar os desafios de contar uma história aparentemente linear e, através de níveis de tensão intercalados, vai urdindo a trama e capturando a atenção do leitor, que se envolve inteiramente no corpus do texto.  
PAULO TARSO



Título: Contos que lhe conto
Autor: César Bernardo de Souza
Editora: Tarso
Ano: 2017
Páginas: 158  

Sumário:
     Contos
     - O recado de Eutáquio
     - O empresário que sumiu na internet
     - Hospital
     - Os conselhos do Boquinha
     - Diamanteiro
     - Convencimento
     - Calcinha furada
     - Cárcere Senza Ferro 
     - Raízes de Fartura
     Crônicas
     - Inconfidência Nacional 
     - Ilhinha
     - Zabela é de morte
     - Mmaarrcciinnhhaa!!!!
     - Dilma peito de aço
     - O meu caso de amor
     - Aposentadoria animal
     - Amores inexistentes
     - Vacas e bois... em Volta Grande
     - Como vota Vossa Excelência?
     - Meu espírito igovernável
     - Ministro César Bernardo
     - A surra do mineiro!!!
     - Cão, música e china
     - Naquele tempo?
     - Cansados de viver
     - Sementes de dor
     - O ECA cuida das crianças das "Cracolândias"?
     - O boi que paga o pato

César Bernardo, mineiro radicado no Amapá desde os anos 70, é conhecido como excelente comentarista, com posicionamentos instigantes, especialmente pelo conhecimento em diferentes áreas, resultante em algumas importantes obras científicas para o Amapá. Aspectos que também se refletem nas crônicas e contos desse livro. 
O texto é envolvente, construindo-se em lembranças, crítica social, homenagens e devaneios em situações diversas, extraindo aprendizagens e reflexões de fatos testemunhados ou direcionados a uma mensagem.
Dos contos, nove ao todo, gostei principalmente de O empresário que sumiu na internet e Os conselhos do Boquinha. No primeiro, uma curiosa ilustração das vicissitudes e armadilhas do mundo digital, em drama cômico de realidade comum. No segundo, a aprendizagem em árdua experimentação, subentendendo a oportunidade de reflexão e conclusão antes de equivocado caminho.
As crônicas são curtas, somando dezenove, a maioria caracterizada como momentos inusitados ou introspectivos vivenciados pelo autor, sempre com fundamentação crítica. Deixo em registro Sementes da dor, um texto singelo, poético, emotivo, numa homenagem a jovem amigo vitimado pelo câncer. O autor é também conhecido por lutas, esclarecimentos e mobilizações nessa área.

Bela obra!  

sábado, 3 de agosto de 2019

O Rio Jari no curso da história (Cristovão Lins)


Cristovão Lins dá mais uma vez importante contribuição para a história amapaense, principalmente no Vale do Jari, como bom escritor, pesquisador e conhecedor do passado do Amapá. Suas pesquisas sobre Daniel Ludwig resgatam uma dívida não só nossa, mas do Brasil, para com um homem que investiu nesta região, tida um sonho, e foi um pioneiro cujo exemplo merece nossa eterna gratidão.
Neste livro Cristovão Lins renova seu conceito de historiador e grande nome da nossa literatura, que honra o Amapá e enriquece as letras nacionais.
(José Sarney)

Título: O Rio Jari no curso da história
Autor: Cristovão Lins
Editora: Daudt Design Editora
Ano: 2015
Páginas: 132

Sumário:
Parte 1 - Breve História da Amazônia
     Capítulo 1: Formação e características da região
     Capítulo 2: Os primeiros tempos das terras do Grão-Pará (1616-1751)
     Capítulo 3: O segundo período colonial (1751-1820)
     Capítulo 4: A Amazônia do Século XIX
     Capítulo 5: Os empreendimentos pioneiros do Século XX
Parte 2 - A região do Jari
     Capítulo 6: Os povos indígenas da região
     Capítulo 7: O império extrativista de José Júlio de Andrade
     Capítulo 8: A Vila São Francisco de Iratapuru
     Capítulo 9: O polêmico "Projeto Jari"
Parte 3 - A UHE Santo Antônio do Jari
     Capítulo 10: Histórico do empreendimento
     Capítulo 11: O projeto da usina
     Capítulo 12: Características técnicas
     Capítulo 13: A construção da usina
Parte 4 - Os Estudos Ambientais
     Capítulo 14: O Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
     Capítulo 15: Características das áreas de influência da usina
     Capítulo 16: O Plano básico Ambiental (PBA)
     Capítulo 17: As melhorias nas vilas da redondeza

Sobre o Autor:
Natural de Monte Alegre (PA), o escritor e historiador Cristovão Lins é autor de outras importantes obras sobre a região amazônica, como:
- Amazônia: as raízes do atraso
- Jari: 70 anos de História 
- Amazônia: História, Lendas e Crônicas de Monte Alegre
- A Jari e a Amazônia
 
A região do Jari, entre o sul do Amapá e norte do Pará, é caracterizada por riqueza de bens naturais, historicamente exploradas em fases com peculiaridades e representatividade regional.

Este livro tem proposta interessante, cujo objetivo revela-se promocional à Usina Hidrelétrica de Santo Antônio do Jari, recentemente instalada e em operação. Vemos o processo licenciatório, perspectivas, etapas estabelecidas e desenvolvidas, a tecnologia de funcionamento (que preservou a lendária e belíssima Cachoeira de Santo Antônio da destruição total), caracterizações do lago formado e outras informações correlacionadas ao meio ambiente e população local, como o remanejamento de ribeirinhos para nova vila.

O que torna o livro interessante, além do parecer elucidativo sobre a usina para o público em geral, é o contexto onde se insere essa história. O autor, através de valorosa pesquisa, resgata a história regional, pontuando particularidades representativas de cada momento, onde percebemos ponto crítico de resolução fundamental, referente a carência energética.

A maior parte do livro aborda aspectos históricos da Jari, desde a ocupação colonial, destacando as fases do coronel José Júlio de Andrade (marcada principalmente pelo extrativismo da castanha no início do século 20), a fase dos investidores portugueses (entre as décadas de 1940 e 1960, também marcada pelo extrativismo, em processos não racionais, como a valorização da indústria do couro através da caça predatória) e a fase de Daniel Ludwig, que adquiriu a administração entre 1967 e 1982, instalando megaempreendimento denominado Projeto Jari (com múltiplos investimentos, em especial, a implantação da fábrica de celulose no final da década de 1970).
Na atualidade, o Grupo ORSA administra a fábrica e, ao longo dessa história, percebemos mudança de modelo extrativista para valorização tecnológica a partir de Ludwig, onde o déficit energético contribuiu para insucessos e essencial instalação da usina.
O processo mostrou-se árduo e outra parte importante está no paralelo entre as metas do projeto, sob administração de Ludwig, e a resistência do governo militar brasileiro. História com desdobramentos curiosos. D
estaque para instalação da fábrica, sem paralelos no mundo, com 87 dias de navegação em balsa, oceânica e fluvial, do Japão ao porto da vila Munguba.

A obra é ricamente ilustrada, apresenta encadernação luxuosa em capa dura, riqueza de informações, constituindo-se em valora fonte de pesquisas sobre a história da Jari.


Algumas ilustrações do livro:
Grupo de índios amazônicos pescando e cozinhando à beira do rio.
(Gravura de autor desconhecido)
Inteiramente construída no Japão, a fábrica de celulose foi transportada por 28 mil quilômetros até a Amazônia. (Acervo EDP)
 Vista aérea dda cidade de Monte Dourado, tendo ao fundo a comunidade de "Beiradão", atual Município de Laranjal do Jari.(Foto: Loren McIntyre)

 Vista aérea da fábrica de celusose e a unidade de força, tendo ao fundo a comunidade "Beiradinho" (1980), atual Municípiuo de Vitória do Jari. (Foto: Loren McIntyre)
A Vila São Francisco de Iratapuru era a primeira base de apoio para a coleta dos produtos da floresta. (Acervo EDP)
Estruturas originais da Vila Santo Antônio da Cachoeira e as novas construções implantadas em 2001. (Acervo EDP)
 Vista panorâmica da nova Vila São Francisco do Iratapuru. (Acervo EDP)
Com 1.500 metros de comprimento, o vertedouro da UHE Santo Antônio do Jari é um dos maiores do mundo em extensão. (Fonte: Pequi Filmes Ltda - EPP)
 A Usina Hidrelétrica de Santo Antonio do Jari.(Fonte: Pequi Filmes Ltda - EPP)

UMA SUGESTÃO DE LEITURA DA
 BIBLIOTECA AMBIENTAL DA SEMA EM MACAPÁ