As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

terça-feira, 7 de junho de 2011

MUNICÍPIO - Laranjal do Jarí (Parte 2 - Características)

Mapa do Município de Laranjal do Jarí (Fonte: SEMA-AP 2006)
Em 1987, foi criado o Município de Laranjal do Jarí, através da Lei Federal  7.639, de 17/12/1987, desmembrado do Município de Mazagão. Em 1988, ocorreram as primeiras eleições municipais.
LEI Nº 7.639, DE 17 DE DEZEMBRO DE 1987
(Publicada no D.O.U de 18/12/1987)
Autoriza a criação de municípios no Território Federal do Amapá, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1º Ficam criados, no Território Federal do Amapá, os Municípios de Ferreira Gomes, Laranjal do Jari, Santana e Tartarugalzinho.
§ 1º Os limites da área de cada município criado por esta Lei serão fixados em decreto do Poder Executivo.
§ 2º Só a lei poderá alterar os limites da área do município, fixados nos termos do § 1º deste artigo.
Art. 2º A instalação dos municípios criados por esta Lei far-se-á com a posse do Prefeito e da Câmara Municipal, após a realização simultânea das eleições municipais em todo o País.
Art. 3º Os municípios criados pelo art. 1º desta Lei continuarão pertencendo à circunscrição judiciária do Município de origem, até que lei especial disponha sobre a criação das respectivas circunscrições judiciárias.
§ 1º A receita tributária ou originária, arrecadada na área dos novos municípios, será neles aplicada, para efeito da execução do plano anual local.
§ 2º A prestação de contas dos Prefeitos, referente a cada exercício que preceder a instalação dos municípios, será feita ao Conselho Territorial.
§ 3º As contas do exercício imediatamente anterior ao da instalação dos municípios serão submetidas, no prazo de 30 (trinta) dias, da data de sua instalação, ao julgamento das Câmaras de Vereadores, eleitas simultaneamente com a dos demais municípios dos Territórios.
Art. 4º O Tribunal de Contas da União, logo que solicitado pela Secretaria de Planejamento e Coordenação da Presidência da República, disporá sobre as quotas do Fundo de Participação, quando devidas aos municípios criados na conformidade desta Lei.
Art. 5º Salvo as exceções previstas nesta Lei, aplicam-se, aos municípios criados pelo art. 1º, as disposições da Lei nº 6.448, de 11 de outubro de 1977.
Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 17 de dezembro de 1987; 166º da Independência e 99º da República.
JOSÉ SARNEY
 João Alves Filho

SITUAÇÃO GEOGRÁFICA
Está localizado na região ocidental do Amapá, na divisa com o Estado do Pará.
É banhado, predominantemente, pelo rio Jarí e, em pequena porção, pelo rio Cajari.
A sede do município localiza-se na margem esquerda do rio Jarí, em frente à cidade Distrito de Monte Dourado (PA). Foto: Heraldo Amoras.
Limita-se com: Norte (Suriname, Guiana e Oiapoque), Leste (Pedra Branca e Mazagão), Sul (Vitória do Jarí) e Oeste (Pará).

Grande parte de sua extensão são áreas protegidas ou que fazem parte de Empreendimentos (Fonte: Laranjal do Jarí, realidades que devem ser conhecidas - Edição GEA/IEPA/SETEC 2004)
Laranjal do Jarí: Terra das castanheiras,
do PARNA Tumucumaque e cachoeiras
As áreas de Preservação ou de Empreendimentos são:

  • Parte da Terra Indígena do Tumucumaque: Na porção noroeste do Município. A maior parte da terra indígena pertence ao Estado do Pará. 
  • Parque Nacional (PARNA) Montanhas do Tumucumaque: Os rios Jari e Oiapoque são as principais vias de acesso natural à referida área, mas a presença de inúmeras cachoeiras e corredeiras constituem sérios impedimentos à franca navegação.
  • Terra Indígena Waiãpi: O ambiente natural dominante é de floresta de terra firme, recortada por rios e igarapés. 
  • RDS do rio Iratapuru: É um dos principais pólos de extração da castanha-do-brasil do Estado.
  • Parte da Estação Ecológica do Jarí: Na porção centro-sul do Município.
  • RESEX do Rio Cajarí: No extremo sul do Município.
  • Assentamento Agroextrativista do Rio Maracá: Assentamento do INCRA
  • Propriedade da Jari Celulose (JARCEL)
  • Gleba Patrimonial Urbana/Assentamento: Essas terras incluem os perímetros da sede municipal e o Assentamento Maria de Nazaré Mineiro. 
Artesanato e índios Waiãpi

HIDROGRAFIA
O Município de Laranjal do Jarí está inserido, quase que integralmente, na bacia hidrográfica do rio Jarí, com exceção da parte sul, que é de domínio do rio Cajarí.
Os rios mais importantes são:
  • Rio Jari: Um dos principais afluentes do Rio amazonas, separa os Estados do Pará e Amapá. É vital para a integração de sua sede com sua porção norte, de difícil acesso. Serve também de hidrovia entre o município e localidades do Pará e Amapá.
  • Rio Iratapuru: Banha a porção central do Município.
  • Rio Cajari: É importante pela área em sua volta, onde estão localizadas unidades de conservação agrofloresta.
                                           VEGETAÇÃO
 Floresta de Terra Firme e Floresta de Igapó
  • Floresta Densa de Terra Firme: Predomina no Município
  • Campos Inundáveis: Na porção sul, em áreas deprimidas e constantemente alagadas.
  • Floresta de Igapó: Porção sul, margeando os rios.
  • Floresta de Várzea: tem árvores de médio porte e palmeiras.
CLIMA
Enchente em 2011
Predominantemente tropical chuvoso, sem verão nem inverno. A temperatura média anual nãop difere tanto dos demais municípios, com Máxima 40º, Média 32,2º e Mínima 23º C. O município possui um regime pluviométrico marcado por duas estações bem definidas, uma de período chuvoso e outra seca. Em 2011 as chuvas do início do ano foram as mais intensas dos últimos 20 anos.

ACESSO

Por via aérea: utilizando o aeródromo de Monte Dourado (PA), servido por vôos diários de empresas regionais. Laranjal do Jari conta com uma pista de pouso, situada na área urbana, usada por aeronaves que servem os garimpos de ouro da região.

Foto: Rogério Castelo (2010)
Por via terrestre: utilizando a estrada BR - 156, não pavimentada, de 265 Km que liga à capital, Macapá. Esta rodovia está em péssimas condições, principalmente na temporada das chuvas (início do ano). 

Em 2011, o tráfego foi até interrompido por alguns dias. Atualmente está em processo de construção a ponte sobre o rio Jarí, que interligará o Amapá ao país (Finalmente!!). 

Já existe um ramal entre os Municípios de Laranjal e Vitória do Jarí (não conheço as condições...). Antes, para se deslocar a esse município vizinho, tinham que atravessar para Monte Dourado e, no lado paraense, pelo Munguba atravessar para Vitória do Jarí.

A estrada precisa de investimentos pela precariedade. Passa por várias pontes em pequenos rios, algumas estão em péssimo estado.

Atravessa área protegida, onde se avistam muitas castanheiras no entorno, e fica estreita em alguns pontos, onde passa praticamente um carro de cada vez. 

Por via fluvial: utilizando o Rio Jari, através de linhas regulares para Macapá, Belém e Santarém, entre outros destinos. 
A linha fluvial Macapá-Monte Dourado foi cenário de uma das maiores tragédias  na Amazônia : o naufrágio do "Novo Amapá "(em 1981). Esse assunto será tratado em outro momento.

Entre Laranjal do Jarí e Monte Dourado a travessia é feita por balsa (passe livre) e catraias (voadeiras, onde o custo está em torno de 3 reais, assim era em 2010 quando fui ao Município). Nos anos oitenta (1984/85) quando morei em Monte Dourado, existiam alguns barcos também na linha (como o "Burra Preta").

Quando será o término desta ponte? Não sei... Mas é propaganda de vários políticos. De fato, será um grande avanço ao Estado do Amapá. Só que.... Convenhamos... Ponte com estrada ruim não combina mesmo.

SOLOS

Na área do município predominam latossolos amarelos relacionados aos terrenos ditrítico- argiloso do Terciário e ao Grupo Barreiras.
Manchas de solos hidromófiicos gleysados ocorrem associados aos terrenos quaternários de deposição fluvial.
A área de sede do Município de Laranjal do Jari é coberta, segundo o projeto RADAM (1974), por solos classificados com Latossolos Vermelho Amarelados Distróficos friáveis, bastante porosos e permeáveis com estrutura pouco desenvolvida, fertilidade natural baixa.

 ATRAÇÃO TURÍSTICA
O Rio Jari possui diversas cachoeiras, mas, a principal é a de Santo Antonio, considerada uma das mais belas do Brasil, muito visitada nos finais de semana.
Com aproximadamente 30 metros de altura, se constitui num dos mais belos monumentos naturais da Amazônia.
 Cachoeira de Santo Antônio (1976)
Foto do acervo da Biblioteca da PMM
Está situada no Rio Jari, fazendo limite entre os Estados do Amapá e Pará.

     Tem uma precipitação de 2000 mm/ano, ao atingir o maior volume d'água.

Formada por processos vulcânicos ocorridos há milhares de anos. 
As maiores quedas chegam a  uma altura de 30 metros.

A Cachoeira de Santo Antônio é uma das mais belas paisagens naturais do Brasil.
Se for lá.... não deixe de levar muito repelente, você sabe o que é "pium"?

EVENTOS CULTURAIS
(São informações pesquisadas na net, não conheço pessoalmente)

Os festejos em junho (dia 13) a Santo Antonio, padroeiro do lugar. E ainda o Festival da Castanha-do-brasil, realizado pelas cooperativas, onde se pode conhecer e saborear as diversas iguarias preparadas com o produto. 

CARNAVALE JARÍ – evento realizado no carnaval com a apresentacão de várias bandas musicais.

Carnavale 2011 (Fotos do http://www.laranjaldojari.ap.gov.br/)

LARANJAL VERÃO – programação de lazer no mês de férias.
Laranjal Verão 2010 (Fotos do laranjaldojari.ap.gov.br)

FESTIVAL DA CASTANHA-DO-BRASIL – é a representação da Reserva Extrativista do local, comemora-se em 2011 em 3 e 4 de junho (Vila do Maracá - Mazagão), com muitas iguarias feitas da castanha, biscoitos, doces, tortas e comidas. Os produtores são da região sul do Amapá (Mazagão, Vitória e Laranjal do Jari).


FORROZÃO - Festa junina
Forrozão 2010 (Fotos do http://www.laranjaldojari.ap.gov.br/)

FESTIVAL DO AÇAÍ - A 1ª edição do Festival do Açaí aconteceu em 2007, como produto do Programa Açaí da Amazônia, iniciativa do Governo do Estado do Amapá em parceria com a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), que beneficiou 48 trabalhadores extrativistas do açaí dos Estados do Pará e Amapá e que revelou a área do Vale do Jari como grande potencial econômico para o Amapá em relação ao fruto do açaí.  Ao longo dos anos o sucesso de público e de movimentação econômica do festival oficial no calendário do município de Laranjal do Jari só tem aumentado, sendo aguardado com ansiedade pela população. 

Outros atrativos do festival são as gincanas que vão desde a prática de colheita, como a subida no açaizeiro, até a disputa de quem consegue beber mais açaí.Ocorre também o desfile e atrações musicais. Festival do Açaí 2010 (Fotos do laranjaldojari.ap.gov.br)
Hoje o Festival do Açaí é um evento que gera ocupações temporárias, emprego e renda para trabalhadores e empreendedores de Laranjal do Jari, Vitória do Jari, Monte Dourado (PA) e até mesmo de Macapá. 
Rainha da Expovale
EXPOVALE JARÍ - É um evento turístico, social, cultural e econômico. Visa o fomento e o fortalecimento da atividade econômica da Região Sul do estado, aproximando os segmentos econômicos, através do contato direto entre produtores, consumidores e fornecedores de máquinas, equipamentos, serviços e insumos agrícolas, além de propiciar lazer e entretenimento seguro à população do Vale do Jari.



FONTE:  

laranjaldojari.ap.gov.br 
Plano de Desenvolvimeno Local, Integrado  Sutentável de Laranjal do Jarí (DLIS/1999) 
Biblioteca Ambiental da SEMA/AP (Macapá)
Revista Perfil dos Poderes (Estado do Amapá) - Edição 2006 
zonadozico.blogspot.com
noticiadoamapa.blogspot.com

segunda-feira, 6 de junho de 2011

PRIMEIRO HABITANTE DE LARANJAL DO JARÍ

Pesquisando sobre o Município de Laranjal do Jarí, encontrei esta reportagem que fala do primeiro habitante. Um texto interessante, pois retrata a realidade da época: a migração intensa causada pelo Projeto Jarí, o crescimento populacional obrigando a busca por residência e as tentavivas da empresa de controlar os moradores que vinham em busca de novas perspectivas. 
O texto foi extraído da publicação "O Poder Municipal do Amapá no Novo Milênio" de 2002.

Salustiano Alves dos Santos (Seu Salú)

Foi exatamente no dia 20 de janeiro de 1954 a chegada de seu Salú, um cearense de Tianguá, a Belém do Pará. Tinha 33 anos quando veio num navio do Loyde Brasileiro denominado "Cuiabá" e que tinha sido tomado da Alemanha durante a II Guerra Mundial. De Belém veio direto para o Jarí na lancha "Cajarí" e não recorda quantos dias durou a viagem. Foi morar na cachoeira de Santo Antônio e fichou na Jarí Portuguesa. Passou pouco tempo pois não aguentou os insetos, principalmente um tal de "pium". Demitiu-se e foi para Macapá. Achou a cidade parada e, como estava "endinheirado", resolveu bater asas. Foi parar em Manaus onde montou uma oficina de ourives (antiga profissão no Ceará). Mas pegou uma tremenda malária que o escorraçou do Amazonas. Entrou no navio "Sobralense" e veio novamente para o jarí, pois alguma coisa o chamava pra lá. Casou-se em 1957 com Maria Benedita e com ela teve cinco filhos, um já falecido. Foi morar na Padaria e começou a fazer marretagem na orla do Rio até Macapá. Neste mesmo ano foi nomeado Comissário de Polícia de Padaria e trabalhou durante 10 anos. Trazia os presos de voadeira para para Jarilândia. Teve muito trabalho. Era aventureiro de todas as partes e todos pensando em ficar rico. A bebida corria solta e sempre tinha confusões. Demitiu-se e foi trabalhar de carpinteiro na Conterpa. Os portugueses venderam a Jarí para os americanos (Daniel Ludwig) e em outubro de 1968 seu Salú instala-se em Laranjal do Jarí exatamente onde fica a travessia da balsa, no início da Tancredo Neves. A Conterpa foi embora e Salú foi trabalhar na Jarí como mestre-de-obra.

Seu Salú
(primeiro habitante de L. do Jarí)
"Tinha só uma casinha de burros do seu Militão. Dias depois o comissário Benjamim de Jarilândia trouxe do outro lado o Sr Benedito Gama, para fazer uma casa deste lado porque ele não tinha onde morar. Ainda hoje (reportagem do ano 2002) ele tem um comércio no mesmo local. E a história registra Benedito Gama como primeiro morador da cidade, quando na realidade eu, Salustiano Alves dos Santos, fui o primeiro morador de Laranjal do Jarí. Em 1969 houve uma invasão geral e Jarí revoltou-se e mandou derrubar todas as casas, mas me respeitaram. Mas em 1970, diante de nova invasão a Jarí queimou todas, até a minha. Nos remanejaram para o outro lado na vila "Pau Roliço", mas ninguém foi. Fiz nova casa e novamente derrubaram. Me zanguei. Deixei Benedita aqui e fui à Macapá com o coronel Gentil, Secretário de Segurança, e relatei a história. Ele veio pessoalmente na minha casa, pediu uma mesa, sentou-se e liberou o lugar", relata Salú.

Atualmente (ano 2002), ele mora no Bairro do Agreste, na Rua Bom Pastor e tem muitas histórias para contar, é só ir lá e conferir.

domingo, 5 de junho de 2011

MUNICÍPIOS - Laranjal do Jari (Parte 1 - Informações Gerais)

Mapa Wikipédia (2011)

O Município de Laranjal do Jari foi criado pela Lei Federal 7.639 de 17/12/1987 e está localizado ao sul do estado do Amapá.

É o terceiro município mais populoso e fica em frente a Cidade de Monte Dourado (Pará), separado pelo Rio Jari, por cerca 243 metros. 



 Brasão das Armas, Bandeira e Hino do Município
(Símbolos cívicos criados pela Lei 004 de 11/01/1995)
I

Eu,
Almirante Bravio,
Sobre o leito do rio,
Deito-me ao luar.
Trago
Em mãos, lunetas mil,
Vislumbro desafio,
De guerreiros do mar.
Mas,
carrego em minha nau,
Um grande capital,
Ávidos capitães.
Rompo todas as barreiras.
Límpidas cachoeiras,
As mais lindas irmãs.
É a fé
Que remove montanha!
É a fé
Que interrompe rojões!
Enfrento qualquer desafio.
Sois doze estiletes,
Impávidos cadetes.
                                   
Eis que falo,
Por minha terra amada
Tudo podes,
Quando Deus é por ti,
Lutando, avante, sem temer!
Armado para vencer
Marchando até o fim
 II


Minhas mãos
São calosas, perfil
De trabalho hostil
Nessa terra voraz.
Vertendo do peito
Castanhas do Brasil.
Trazer cada vez mais,
"O pão da vida", ao cais.

Eis que falo,
Por minha terra amada.
Tudo podes,
Quando Deus é por ti.
Lutando, avante, sem temer!
Armado para vencer
Marchando até o fim.

Eis que falo,
Por minha terra amada.
Tudo podes,
Quando Deus é por ti
ei de honrar teu cetro com amor!
Darei minha vida aqui.
Te amo, Jari!



Letra e Música:
Elaine de Araújo Pereira
Laranjal do Jarí, já foi parte do município de Mazagão. Localiza-se a margem esquerda do rio Jari, que separa o Estado do Amapá ao do Pará, a 212 km da capital Macapá. 
Mapa do Município (SEMA-AP/2004)

Daniel Ludwig (1897-1992)
Idealizador do Projeto Jari    





A implantação do Projeto Jari, pelo arquimilionário Daniel Ludwig (que despertou a ira dos nacionalistas na década de 60), provocou intensa migração na região. A notícia de que a Companhia Jari Florestal e Agropecuária Ltda, seriam implantadas pelo homem mais rico do mundo, não poderia ter outro final: super-população. Era um projeto megalomaníaco, grandioso demais para um país de desempregados e para um Estado, que poucos conheciam, no coração da Amazônia. A notícia atravessou a fronteira. Precisavam de mão-de-obra para tocar o projeto de florestamento de pinus/eucalipto. 
A cidade nasceu com o povoado do "Beiradão", formado por palafitas em longo trecho das margens do rio Jari (conhecida como a maior favela fluvial do mundo), com todas as mazelas sociais, agravadas pela violência e pela prostituição. Se você for por lá, a população não gosta do nome "Beiradão", pois evoca a uma época de miséria e sub-desenvolvimento. Foto do arquivo da SEMA-AP (1998)
Vista da fábrica do Projeto Jari (às margens do rio Jari, no lado paraense). O projeto idealizou a construção de algumas vilas para os trabalhadores: Munguba, São Miguel e Monte Dourado. Com a migração intensa, no lado amapaense em frente ao Munguba (onde está a fábrica) formou-se o Beiradinho e em frente à Monte Dourado, surgiu o Beiradão. Hoje, Municípios de Vitória do Jarí e Laranjal do Jari, respectivamente.
Você sabia que parte da fábrica veio em balsas? Isso naturalmente chamou a atenção e despertou sonhos de desempregados numa época difícil, por todo o Brasil. Vinha gente de todo lugar e os trabalhadores eram temporários, sem os amparos trabalhistas. Sem onde ficar, atravessaram a fronteira que divide o Amapá e o Pará  (a travessia era feita em "catraias" em menos de 5 minutos) e foram invadindo as beiradas. Levantando palafitas ao longo do rio e aquecendo a caldeira de migração e descontrole no estado.
Não havia nenhum tipo de saneamento. "O rio trazia e o rio levava tudo de volta". Só em 1980 é que a CAESA (Companhia de Água e Esgoto do Amapá) chegou para "destemperar" a barrenta água do rio Jari, consumida in natura pelos milhares de moradores.
A situação nos setores saúde e segurança foram agravando os problemas sociais, o desemprego, a violência, a prostituição, o tráfico de drogas, a pistolagem, o garimpo e uma série de situações deixaram os Governos do Amapá e Pará com os cabelos em pé. Era um pedaço do inferno dividindo os dois estados entre a cruz e a espada.
Laranjal do Jarí foi conhecida outrora como a maior favela fluvial do mundo. Os casebre e palafitas se estendiam por vários metros às margens do rio Jari.



A proximidade entre as casas sempre foi um fator de risco incendiário. Na história da cidade ocorreram alguns grandes incêndios, como o desta foto em 2006 (Foto do pepemattos.zip.net)
Os problemas de saúde se agravavam. Vieram os programas emergenciais. Agravados pelas doenças, consequências naturais pela forma de vida. A violência começou a ocupar o parco espaço nos improvisados leitos dos postos de saúde.
Foto Arquivo SEMA-AP (1998)
O governo investiu em todos os setores. Era difícil controlar o incontrolável. Laranjal do Jari ganhou contornos de cidade e parte do centro foi alterada. Com a crise da Companhia Jari, a economia do município foi para debaixo das palafitas. 
Em 2011 um grave problema enfrentado foi a cheia do rio Jari. Neste ano as águas subiram acima do normal atingindo uma elevação de cerca de 3 metros no início do ano. Várias famílias ficaram desabrigadas, sem água tratada e em risco de proliferação de doenças. Foto do nocaleidoscopiodalilian.blogspot.com
Atualmente, Laranjal do Jari é a 3ª maior economia do Estado do Amapá e um dos municípios mais próspero. De ricas belezas naturais e com um grande potencial de desenvolvimento socioeconômico e turístico. Dentre os eventos culturais locais destaca-se o "Festival da castanha", realizado no mês de maio, onde se pode conhecer e saborear as diversas iguarias preparadas com o produto.
Dados do Município
Características
Nome oficial
Município de Laranjal do Jarí
Lei de criação
7.639, de 17 de dezembro de 1987
Limites
Norte: Guiana Francesa e Suriname
Sul: Vitoria do Jari,
Leste: Mazagão, Pedra Branca do Amapari
Oeste: Almerim (Pará)
Área
31.170,3 km²
População (IBGE 2010)
39.805 habitantes (recenseada e estimada)
Distância da capital
212 km
Produção
Extração mineral, madeira e castanha
agricultura de subsistência, e em maior proporção o comércio varejista
Transporte
Rodoviário, fluvial e aéreo
Aeroporto
04 campos de pouso reconhecidos pelo DAC
Clima
Tropical chuvoso
Eleitores20.752
Temperatura
Média entre 23 a 40°C
Atração turística
Cachoeira de Santo Antônio e passeios de "catraia"
FONTE:  
ibge.gov.br 
laranjaldojari.ap.gov.br 
Plano de Desenvolvimeno Local, Integrado  Sutentável de Laranjal do Jarí (DLIS/1999)
Biblioteca Ambiental da SEMA/AP (Macapá)
Revista Perfil dos Poderes (Estado do Amapá) - Edição 2006 
OBS: Algumas informações estão desatualizadas. É interessante, para quem busca dados estatísticos, que se pesquise o site IBGE Cidades.

LENDAS DO AMAPÁ - A BACABA

Luta de Bacabá com Catamã. O índio enfrentou
o feiticeiro para livrar sua tribo...
Contam as lendas que na Serra do Tumucumaque existia a tribo dos Badulaques, pequena e fraca, sem muitos guerreiros e cujo chefe, cacique Cabaíba, preferia viver em paz sem invadir as terras de outras tribos. Era considerada uma tribo sem valor e por isso não participava do Grande Conselho das tribos.

Um dia a desgraça se abateu sobre todas as tribos da serra. Poucos se lembravam da grande batalha travada entre o deus Tupã e Catamã, a entidade do mal. Contavam os anciãos que, na batalha, tinha sido devastada uma grande área além da Serra do Tumucumaque e que a luta entre o bem e o mal durara muitas luas até que Tupã, usando de toda sua magia, conseguira aprisionar Catamã no topo da serra por um período de cem anos.

Diziam ainda os anciãos que depois desse tempo de guerra, a fome e a doença atingiriam as tribos, prenunciando a volta de Catamã, que tentaria reerguer seus domínios por toda a terra, mas que um guerreiro, nascido em tribo pequena, se sobressairia dentre todos os seus irmãos em caçadas e lutas, podendo vencer o mal e lançá-lo novamente à sua prisão. Os prenúncios da desgraça chegariam quando Catamã já tivesse cumprido três terços de seu exílio, e assim ocorreu.

Primeiro uma grande doença se abateu sobre as tribos. O mal atacava principalmente os pés e as mãos, impossibilitando os guerreiros, assim como mulheres e crianças, de se locomoverem. Logo não puderam mais segurar o arco e a flecha para caçar e centenas morreram de fome.

Depois vieram as guerras. Tribo contra tribo. As mortes se sucedendo e as nações indígenas enfraquecendo-se cada vez mais. Na época também a tribo dos Badulaques foi atingida e muitas mulheres morreram. Tarirã, uma das esposas do cacique Cabaíba, estava grávida de muitas luas e o cacique temia que fosse atingida pelas pragas ou morta pelas lanças dos guerreiros inimigos. Numa noite Tupã foi até o cacique e em sonhos disse-lhe:
- Teu filho será um bravo. Irá se sobrepor à todos os guerreiros e se chamará Bacabá. Somente ele poderá livrar a nação do mal e destruir para sempre a encarnação da perversidade.
 
PARNA Montanhas do Tumucumaque
Por três noites os membros da tribo dançaram, agradecendo a dádiva de Tupã. Duas luas depois nasceu o menino, que cresceu e foi treinado nas mais diversas práticas de combate, assimilando com incrível facilidade os ensinamentos dos pajés e anciãos. Manejava o arco e a flecha como se tivesse nascido para caçar. Sua grande vitória foi quando o conselho o designou chefe de todas as nações indígenas.

As maldições de Catamã continuavam. Certa noite um feiticeiro apareceu na forma de um feroz cachorro do mato e entrando na tenda do chefe matou Tarirã, que já se encontrava em idade avançada. Pela manhã o corpo da índia foi encontrado dilacerado e Bacabá, furioso, entoou seu canto de morte, que atravessou os vales. Estava iniciado o confronto.

Pela manhã, Bacabá reuniu-se com o Grande Conselho, anunciando que iria enfrentar Catamã no topo da serra. O pajé, tocado pelo deus Tupã, deu-lhe um saquinho de couro contendo a mistura de muitas ervas, que deveria ser jogada no olho da divindade, tornando-a cega. Depois de despedir-se de seus irmãos de sangue, Bacabá armou-se de uma lança, arco e seus apetrechos de guerra e saiu no rumo da serra. Quando alcançou o topo, a figura de um imenso cachorro do mato atravessou-lhe à frente. A fera, com olhos injetados de sangue investiu contra o índio, iniciando uma batalha. Embaixo, milhares de guerreiros assistiam a tudo. Tupã proveu Bacabá de poderes para fazer frente à divindade do mal e o local da batalha transformou-se em uma imensa clareira. Contam os índios mais velhos que a contenda foi terrível. Durante duas noites o confronto prosseguiu e depois o silêncio foi total. Os guerreiros, temerosos, esperavam que o vencedor se manifestasse. O silêncio, no entanto, reinava no cume da Serra do Tumucumaque.

... e da sepultura de Bacabá nasceu a bacabeira
O cacique Cabaíba reuniu seus bravos e subiu à serra, seguindo os rastros de destruição, até que sobre um amontoado de pedras encontraram um imenso cachorro, com os olhos arrancados e uma lança cravada no peito. A seu lado o corpo do guerreiro, dilacerado pelas garras e dentes do monstro. Bacabá venceu, mas a façanha lhe custou a vida. Seu corpo foi sepultado ao lado da mãe, em um cortejo que reuniu milhares de guerreiros, todos lhe prestando a derradeira homenagem.

Muitas luas se passaram até que o cacique Cabaíba, sentindo a perda do filho, foi vê-lo. No local onde tinha sido sepultado, havia, por benevolência e homenagem de Tupã ao mais bravo guerreiro da face da terra, uma palmeira solitária com as folhas em forma de lanças, da qual sobressaíam-se flores de cor branco-amarelo e frutos pequenos avermelhado-escuros. O chefe Cabaíba recolheu os frutos e mandou as mulheres da tribo fazerem um vinho que chamou de bacaba. Da bacabeira, de caule forte, como os braços do guerreiro,são feitos arcos e lanças, que, dizem as lendas, serem abençoados por Tupã.
  
Fonte: Texto extraído do livro "Amapá, cultura, poesia e tradição" de Maria Vilhena Lopes & Deisse GemaqueValente Andrade / Edição de 1997).

sábado, 4 de junho de 2011

BIBLIOTECAS - A Biblioteca da Prefeitura Municipal de Macapá

As bibliotecas têm, ao logo da história, importante papel na difusão do conhecimento. Sem esses centros, boa parte do saber não se propagaria e teria se perdido em algum momento.
Os livros são importantes tanto para a formação cultural como a formação de uma pessoa como cidadã, e é na biblioteca, em meio a todos os livros que um mundo diferente é descoberto pelas crianças, adolescentes e adultos.
Monteiro Lobato expressou bem, em sua célebre frase, a importância das bibliotecas para a sociedade:
"Um país se faz
com homens e livros"
Por mais opções e comodidade que a internet ofereça, nada melhor que ter em mãos o livro para a leitura e estudo. A internet também não faz parte da rotina da maioria dos brasileiros.
Aqui em Macapá, poucas são as bibliotecas. Uma das opções,  ainda pouco conhecida por grande parte da classe estudantil e sociedade em geral, é a Biblioteca da Prefeitura Municipal de Macapá, junto com a Coordenadoria Municipal de Cultura.

Sua localizaçao é no Bairro Central, na esquina da Rua Eliezer Levi com Av. Mendonça Furtado, próximo ao Cemitério Nossa Senhora da Conceição.
Google Mapas (2011)
Está aberta à visitação de segunda à sexta-feira:
Das 8 às18 h.
O prédio é modesto e  precisa de alguns reparos, principalmente na iluminação.
Apesar do espaço pequeno, a biblioteca tem um rico acervo na área de história, cultura e literatura.
Encontramos uma coleção de textos e fotos antigas que fazem um resgate da história desta cidade e estado.

Seria muito importante que a biblioteca tivesse um computador e scanner para  a digitalização dos textos e fotos. Documentos que podem desaparecer nas páginas amarelas do tempo.
O acervo também é vasto na literatura e obras infanto-juvenis. Destaque para a cultura amapaense.

 Exemplares da coleção de fotos do acervo.

 Acervo Infantil e Literatura

Este é o Flexa, responsável pela Biblioteca. Com ele trabalha uma equipe de 06 pessoas.
Para os amantes da literatura, olha aí um prato cheio...digo, uma estante cheia!!!

Esta é a Biblioteca da PMM, um importante centro da cultura de Macapá e do Estado do Amapá.