As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Nossa Casa de Cultura e Cidadania e o movimento cultural com ribeirinhos

"A vida deve ser uma constante educação." 
Gustave Flaubert 
"As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor.
Aprendemos palavras para melhorar os olhos."
Rubem Alves
Frases que revelam a importância e o alcance do saber em nossas vidas. Neste mundo de ideologias, transformações e culturas profundamente arraigadas - gerações seguidas de  acertos... ou erros - somente à luz e persistência da educação podemos inserir uma nova visão de mundo em nossa sociedade. Estamos em época de dar um basta ao descaso e   descompromisso à falta de zelo com o ambiente em que vivemos. Há coisas que estão em nosso alcance, há atitudes que podem ser tomadas, há pessoas carentes de amparo e há exemplos a serem conhecidos e divulgados. 
É nesse contexto que quero falar um pouco do Movimento Nossa Casa de Cultura e Cidadania, há algum tempo (desde 2008) levando conhecimento e oportunizando a leitura, em comunidades ribeirinhas e isoladas, pelos interiores desse nosso Amapá. O movimento, não sem razão também chamado de Pororoca Cultural, tem à frente como idealizadores os arte-educadores JONAS BANHOS e RITA DE CÁCIA (mochileiros da cultura, incentivadores das artes e semeadores dos princípios da educação ambiental).
Educadores com  objetivos de visitação a essas comunidades  carentes e esquecidas do Poder Público e que já estiveram realizando atividades culturais em outros Estados, sempre com a proposta de semear transformações (com a distribuição de livros, incentivo e trabalho para a formação de bibliotecas comunitárias, oficinas de reciclagem, desenho, pintura, poesia, cinema educativo e muito mais... sempre com a busca por novas dinâmicas e oportunidades educativas, o que geralmente acaba surgindo também na participação voluntária de pessoas convidadas). 
"Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo,
os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." 
(Paulo Freire)
A Biblioteca Comunitária Barca das Letras é o ponto de encontro e saída para estas jornadas culturais no Amapá. Está aberta à visitação lá no Bairro do Laguinho, na Av. Ernestino Borges - Nº 567 (entre ruas General Rondon e Eliezer Levy).
Que bom seria se outras bibliotecas comunitárias como esta existissem em outros bairros de Macapá. Qualquer cidadão têm a liberdade de chegar, escolher uma publicação e levar, sem também esquecer de devolver né. Mas olha aí.... este é um bem comunitário, por isso os idealizadores (Sr Jonas e Dona Rita) procuram também a conscientização dos visitantes  no sentido de conservá-la, algo que deve partir de todos. Qualquer doação é enriquecedora e bem-vinda. Dá uma aparecida por lá!!! Afinal, não vistes já aquela frase: um país se faz com homens e livros (Monteiro Lobato, moçada!!).
"Mudar é difícil mas é possível"
Paulo Freire
Esse aí é o Jonas, quando o conheci, em preparativos para a jornada cultural realizada no final de agosto e início de setembro, em comunidades ribeirinhas do Macacoari. Me foi estendido um convite e tive a grata satisfação de participar da última neste ano.

Já essa nega maluca aí é a Rita, também muito popular entre a criançada, na realização do projeto. Foi com estes dois malucos (pelas boas causas) que, entre os dias 11 e 15 de novembro, fui para o Município de Itaubal do Piririm. Na bagagem, além do mala chamado Rogério Castelo (lá da Biblioteca da SEMA-AP), foram levados muitos livros e disposição também.
Este ano foram arrecadadas 5 mil publicações em campanhas de apoio do SEBRAE e da Escola Conexão Aquarela, em Macapá. Uma equipe do SEBRAE se deslocou também conosco até a comunidade de Carmo do Macacoari.
"Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra,
no trabalho, na ação-reflexão"
(Paulo Freire)

Itaubal do Piririm é um dos jovens municípios do Amapá (criado em 1992), tem população em torno de 5 mil habitantes e localiza-se na divisa com o município de Macapá (na parte oriental do Estado). A rede hidrográfica é constituída por rios e igarapés, sendo banhado ao NORTE pelos rios Piririm e Jupati, ao SUL pelo rio Amazonas, a OESTE pelo rio Macacoari e a LESTE pelo rio Amazonas. O clima predominante é o tropical chuvoso e o acesso sé dá por via fluvial e terrestre (diga-se aqui que muitas das estradas de acesso a comunidades interioranas do município estão em más condições, principalmente em época chuvosa).
As principais comunidades são: Aracu, Bom Sucesso, Cristo Libertador, Curicaca, Carmo do Macacoari, Cobra Capim, Cacau, Foz do Macacoari, Inajá, Igarapé Fundo, Igarapé Novo, Ilha da Pedreira, Ipixuna Grande, Itaubal do Piririm, Jupati, Uruá, Ramal do Adonias, Rio Jordão, São Miguel, São Tomé do Macacoari, São Raimundo do Macacoari, Pescado ,Puraquê e Pau Mulato. 
Conversa mole prá boi dormir: o nome do município "Itaubal" origina-se de uma árvore presente na região (Itaúba), já "Carmo do Macacoari" é uma homenagem à N. Srª do Carmo e o "Macacoari" vem da presença de macacos que eram muito avistados ao se navegar o rio, era macaco ali... macaco aí... daí foi um pulo para redundar em "macacoari" (informações repassadas pela diretora Edilene da escola local do Carmo).                                                
Visitamos, na seguinte ordem, as comunidades de: Carmo do Macacoari, São Tomé e Foz do Macacoari.
Olha aí Carmo do Macacoari! Comunidade tipicamente interiorana, distante cerca de 120 km de Macapá. Há muitas crianças no lugar e, reconhecendo a chegada da van com os educadores Jonas e Rita, recebem-nos com alegria e já vão em busca de informações do que se realizará. Vi relatos de  que aguardam com muita expectativa, principalmente nas proximidades dos dias marcados para a chegada. Essa comunidade tem recebido há 3 anos o projeto e acredito que as primeiras sementes da educação ambiental já germinam em muitos. 
... E mais um pouco de Carmo! Veja aí o rio Macacoari, é um desses rio encantados. Na altura de Carmo não é largo, com águas claras e uma biodiversidade incrível. Navegando pelo rio, tive oportunidade de presenciar pássaros, quelônios, macacos e um encantador encontro com muitos botos. A região ainda é bem preservada, tem um ninhal e a presença histórica do Quilombo de Conceição do Macacoari, mas estes não deu para conhecer. Carmo do Macacoari, como toda comunidade do interior, tem seus atrativos e necessidades de melhorias pelo Poder Público.
"Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde,
um cego que guia, um morto que vive." (Padre Antonio Vieira)

Chegamos em Carmo do Macacoari no início da tarde e os primeiros trabalhos consistiram em distribuir os livros às crianças. Nas imagens vemos o Telecentro de Cultura Nossa Casa, encontramos aí uma biblioteca comunitária e um espaço destinado à realização de eventos educativos (desenho, pintura, educação ambiental, etc). O centro está sob responsabiblidade da Srª Raimunda, moradora local. A van da foto faz o transporte para a comunidade (cerca de 1:3oh, ou menos, quando a estrada está em boas condições) sendo motorista o Sr Othon.
Ao contrário de outros anos, em que se focou a construção da biblioteca comunitária, neste ano o objetivo foi estimular o gosto e apego pelos livros com a formação de bibliotecas individuais. Incentivou-se também a troca de publicações entre os leitores e uma futura doação a biblioteca comunitária.
Na distribuição das publicações, os livros, revistas, folhetos, quadrinhos e textos foram espalhados em uma lona multicolorida e os jovens leitores e moradores foram convidados a conhecer e escolher. Frente a intensa procura, foi estipulado um número de 20 publicações para cada visitante. Houve a presença de mais de 100 pessoas, entre crianças, adolescentes, estudantes, professores e moradores locais. A equipe de apoio do SEBRAE ajudou também neste momento.
Sempre em evidência o estímulo: à leitura, à conservação dos livros, à busca por novas coisas com a troca e à visão de se enriquecer a biblioteca comunitária com a doação futura dos mesmos livros.
Conheci também uma dinâmica em educação ambiental muito bacana. As crianças são convidadas a construir com os arte-educadores um grande varal, onde o lixo local é coletado e exposto. Recebem pintura (frases sobre lixo e lixeira são estimuladas)  e deixam uma impressão impactante no final a quem observa. Seja pela curiosidade que despertam ou desconforto de alguns em ver aquele lixaral pendurado. No contexto as crianças vão sendo educadas e estimuladas a cuidar do ambiente.
Foi construído também um desses varais no balneário da cidade. Lembrete, em um lugar de bonito ambiente, a se preservar e cuidar melhor da natureza. As gerações seguintes agradecem! Bem como a saúde ambiental... hoje!!!
"Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre."
(Paulo Freire)
... E à noite tem o cineminha! Rapaz, isto é algo extremamente aguardado pelas crianças. Marcamos a hora e algumas já esperam na porta da casa bem cedo. A proposta é passar filminhos educativos e há sempre a solicitação por animações relacionadas às lendas e Turma da Mônica, principalmente do Chico Bento. Acredito ser uma identificação coletiva e subconsciente com os temas. As animações são uma excelente fonte educativa. As crianças dessa comunidade foram muito receptivas, mesmo a um seleto Dom Casmurro como eu, ou ainda, Sr Caladão. 
Nos dias 11 e 12/11 as atividades foram estas que narrei, em Carmo do Macacoari. Na foto (dia 13) a trupe está embarcando para a distante comunidade ribeirinha de São Tomé (ih... foram cerca de 3 h de viagem). Como descrevi antes, o rio vai oferendo uma grande oportunidade de ver coisas incríveis... como o encontro com botos, algo corriqueiro ali, mas inédito para cabocos sem essa vivência ribeirinha. Vi um monte, só que minha máquina fotográfica me deixou na mão. Vemos na foto Gregor Samsa (chapéu verde), Rita, Jonas e o Sr Zé Picanço no barco (um dos mestres, naquela região, da navegação fluvial). O outro ribeirinho não identifiquei o nome.
"O importante da educação não é o conhecimento dos fatos, mas dos valores."
(Dean William R. Inge)    
Esta é São Tomé do Macacoari! Comunidade ribeirinha em uma das muitas curvas do rio Macacori (3 h de barco partindo de Carmo). O rio neste trecho já não é aquele de águas claras e estreito de onde saímos. Já vai assumindo as características de rio com muitos sedimentos, com águas  daquele marrom característico do rio Amazonas - onde deságua - e vai ficando mais largo até a foz. O ambiente é bem preservado e o ribeirinho tem no pescado seu principal alimento (exemplo disso foi presenciar a chegada de um pequeno barco e o piloto, no porto mesmo, jogar a linha e "puxar" quase em seguida um grande peixe chamado "Filhote".... jantar garantido). Essa comunidade não é  grande e teve fundação recente, uma forma de atrair mais atenção  da Administração Pública para suas necessidades... o que para um é difícil, para muitos torna-se mais fácil. Cada comunidade tem suas características e nesta, talvez pelo trabalho ser mais recente, os moradores foram um pouco mais esquivos. Essa vida ribeirinha é sempre um mar de contrastes, onde vamos temos sempre a oportunidade de conhecer e aprender novas coisas... ali não foi diferente. Alguns adolescentes chegaram e o que procuraram de imediato foram livros de poesia... creio ser resultado de sementes que foram plantadas e estimuladas. Um pouco de oportunidade e grandes coisas podem ser descobertas ou surgirem (este ano, para quem não sabe, três meninas do Estado do Amapá foram as primeiras colocadas em um concurso nacional de histórias... olha aí, na vida ribeirinha também temos muitos talentos... só estimular e dar oportunidades). Trabalhos como este devem receber todo reconhecimento merecido e apoio.
Em São Tomé estivemos uma parte do dia (13/11)... novamente a mesma dinâmica de distribuição de livros. A criançada foi direto nos gibis, principalmente da Turma da Mônica e de um familiar Chico Bento, enquanto alguns adolescentes procuraram romances, aventuras e poesias.
Apesar do pouco tempo que passamos, a comunidade recebeu um grande número de publicações.
"É claro que meus filhos terão computadores, mas antes terão livros."  
(Bill Gates)
"A leitura de um bom livro é um diálogo incessante:
o livro fala e a alma responde."
(André Maurois)
Esta é a Biblioteca Comunitária de São Tomé do Macacoari. Nestes interiores a energia elétrica é distribuída das 17 às 22h, ou seja, não encontramos a influência direta da televisão. A biblioteca oportuniza uma boa fonte de leitura na rotina do ribeirinho.
 "A leitura especializada é útil, a diversificada dá prazer."
(Sêneca)
"O importante é motivar a criança para leitura, para a aventura de ler."
(Ziraldo)
E assim foi nossa passagem em São Tomé. Descemos o rio, após o almoço, em direção a Foz do Macacoari... uma nova história. Mais 3h de viagem e a disposição de aprender com eles e compartilhar um pouco mais do fundamental encanto da literatura. 
"O amor é uma intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam. Cada um tem o outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro.” Paulo Freire
No final da tarde do dia 13/11 chegamos em Foz do Macacoari, última comunidade ribeirinha percorrida nesta jornada. Um povo hospitaleiro, com sua ciência peculiar de vida ribeirinha e de grande receptividade ao projeto. Como  esperava... lá estou eu vendo aquela criançada bonita, recebendo com carinho os educadores Rita e Jonas, se informando das novidades previstas e de coração aberto para boas sementes. Acredito que gestos de acolhida são incentivo e entusiasmo à realização de trabalhos em lugares tão distantes como este, desconhecidos até de muitos amapaenses.
"Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes."
(Paulo Freire) 
Olha como a comunidade é isolada! Essa foto construí no Google Earth e a imagem refere-se ao ano de 2001, mas as coisas não se alteraram muito. No detalhe vemos um grande prédio branco - era uma fábrica de palmito que já não existe mais. Também as águas avançaram em uma boa parte da margem a direita, bem na foz. Ora, oras... aí chegaram também muitos livros e foram realizadas atividades culturais com as crianças... tudo bem recebido.
"A educação sozinha não transforma a sociedade,
sem ela tão pouco a sociedade muda."
(Paulo Freire)
E aqui está Foz do Macacoari! Tipicamente ribeirinha... com suas passarelas e povo acostumado a uma rotina diferente, é uma outra realidade... Energia limitada, pescado presente na mesa (um peixe fresco que pescam rotineiramente lá pelas altas horas da madrugada), das criações de subsistência, da confecção do azeite de andiroba, das retretis e sentinas... retreti e sentina???,  da necessidade de aprimoramento na educação ambiental, do extrativismo do açaí (meu amigo pense em um tomador de açaí... tens daquelas tigelas de colocar feijão na mesa, pois é... é a "cuia" de tomar açaí de alguns -"o cabra enchi inté as buca... fora a repitoca"), e de muito mais... Um povo que me deu oportunidades de muito aprendizado. Às vezes, me perguntam como é ali e digo que são sábios em sua ciências. Conhecem a fauna e flora local, as características do rio - oportunidades, encantos e perigos - são mestres na navegação fluvial, na farmacêutica natural,  no lidar com situações inesperadas frente o rio e mais... nessa indomável, misteriosa, encantadora, desconhecida, isolada, discriminada, triste, alegre, preservada, destruída, amada, odiada, esquecida, enganada, imponente, forte, frágil,  necessitada de assistência, sofrida e abençoada Amazônia destes torrões do  Amapá... domínios ribeirinhos.
"Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade." (Paulo Freire)
Percorri tudo que pude por lá e aqui mais uma janela mostrando essa comunidade ribeirinha.
"A educação é um processo social, é desenvolvimento.
Não é a preparação para a vida, é a própria vida."
(John Dewey)
Você que nunca foi em uma comunidade ribeirinha, veja que a vida por lá é bem simples... mas não sem dificuldades... não é um mar de rosas. A Amazônia tem suas dádivas e também suas intempéries (chuvas, cheias, distância, endemias... só um povo forte e adaptado para conviver com tudo... ah, mas é tudo difícil mais para quem não é de lá mesmo). A casa em destaque é um posto de saúde (a assistência médica é vez por outra e quando se faz presente, vem ribeirinhos desta e de outras comunidades - o atendimento acaba acontecendo na escola). A árvore em destaque deixei por apresentar um ninhal de japim... tem muito desse pássaro por lá.
"A educação é a higiene do espírito,
assim como a higiene é uma verdadeira educação do corpo."
(Paolo Mantegazza)
Esta é a escola da comunidade e fica um pouco afastada, no final de uma grande passarela. Com um pouco de exageros - sou muito ruim em cálculos - vou dizer que tem uns 800 metros e segue rodeada da imponente Amazônia (estes termos de exaltação à Amazônia não são novos e gosto de usar... uma homenagem, de um narrador furreca, à citações de grandes escritores - como Euclides da Cunha - que escreveu em À Margem da História: "a Amazônia selvagem sempre teve o dom de impressionar a civilização distante"). Durante um tempo não soube o porquê do "isolamento" da escola e depois entendi que seu porto fica em um lugar estratégico onde a vazante das marés não afeta tanto. Para esta escola chegam estudantes em embarcações de outras localidades também, alguns moram do outro lado do rio. Percorrendo estes locais "suzinho" vi muitas coisas encantadoras... até um grande pássaro que ficou me encarando bem de pertinho e sem medo, mesmo olhando a minha cara... identifiquei depois como uma Matinta-perera... MATINTA-PERERA!!!! MEU JESUS QUERIDO!!! Rapaz, acho que me encantou!!! pois estou ficando cada vez "mais avoado nos meus sonhos" e muito mais apaixonado por estas terras ribeirinhas do Amapá.
Eu não disse que encontrei a matinta...
"A educação desenvolve as qualidades, não as cria."
(Luc de Clapiers Vauvenargues)
Imagens do acervo da Biblioteca Comunitária da Foz. São duas salas no que sobrou das instalações de uma antiga escola. Os livros podem ser emprestados e a biblioteca está sendo conservada pela Kelly.
"Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida
a partir da leitura de um livro."
(Henry David Thoreau)
... E Foz tem tambêm seus problemas de trânsito.
Atenção! Atenção! Senhores e autoridades ribeirinhas da Foz. O pau torou e estropiou a passarela que vai para a escola. Por favor comparecer no local para cortar o pau e liberar o canal. Epa! Acho que isso não soou lá muito bem, né? Mas os meus camaradas da Foz são gente boa e não vão ligar para essa tirada sem graça do Gregor Samsa.
 "Amar a leitura é trocar horas de fastio
por horas de inefável e deliciosa companhia."
( John F. Kennedy )
Espera lá! Já não vejo beleza aqui... é uma imagem comum também na minha cidade Macapá... na sua também.... e em todo lugar onde há pessoas que ainda não entenderam a importância, responsabilidade, bem comum, dever e atitude nada difícil de se preservar o meio ambiente. Entre os ribeirinhos não é diferente. Oras... uma lata como essa, feita em um lugar muito distante, que viajou e navegou um monte de horas para chegar, não pode se aposentar da sua vida de lata passando uns 200 anos enfeiando, sujando e querendo destruir esse lugar. É preciso um trabalho de conscientização e educação ambiental. Ah.... é hora de falar um pouco do trabalho educativo do Jonas e Rita na Foz do Macacoari.  
"A leitura é a viagem de quem não pode pegar um trem."
( Francis de Croisset )
A chegada se deu no início da noite de 13/11 e exibimos algumas animações.
A garotada viaja nestas histórias.
 Pipoca no cinema?
Que nada... O ribeirinho tem outra opção bem mais familiar
"Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!"
(Paulo Freire)
Nesta velha escola, desativada, encontramos a Biblioteca Comunitária nas salas restantes.  Nela desenvolveram-se atividades de educação ambiental. 
"A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida."
(Sêneca)
Bem-vindos ao admirável mundo da leitura!
Como em outras comunidades, novamente a distribuição de livros e incentivos para a formação de mini-bibliotecas particulares, conservação, troca e doação à Biblioteca Comunitária. Muitas crianças e adolescentes compareceram, numa busca prazerosa por quadrinhos, poesias, aventuras, revistas... alguns até bem seletivos, como o Sr Martinho (figura bem conhecida e com grande conhecimento da navegação naquele rio), este procurava "O mundo de Sofia" de Jostein Gaarder e citou outras obras lidas de cunho filosófico. Você já leu "Assim falou Zaratustra" de Nietzsche? Pois então.... é um dos livros de cabeceira do singular ribeirinho. Providenciei-lhe a obra que procurava, aguardando sua visita na Biblioteca SEMA em Macapá.
"A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor."
(António Vieira)
 
 "Educação é aquilo que fica depois que você esquece o que a escola ensinou."
(Albert Einstein)
Os educadores vão trabalhando a educação ambiental em atividades de desenho e pintura com as crianças. Uma das ações consiste em recolher lixo nas redondezas e transformá-los em obras de arte, através da pintura. Essas ações são bem recebidas e a criançada vai soltando a criatividade nas artes, sempre com o foco para a preservação ambiental.
Olha aí a Gabi...
 
"Todo o homem recebe duas espécies de educação:
a que lhe é dada pelos outros, e, muito mais importante,
a que ele dá a si mesmo."
(Edward Gibbon)
... Só artista!
E a galeria de artes vai se formando,
o lixo se transformando,
as crianças se educando,
e a comunidade melhorando.
Assim seja!!!!
Mais um pouco da produção dos jovens artistas.
Esse aí é o "Mudo", assim chamado na região. Um dos pilotos de embarcação que nos transportou em algumas comunidades.
...E foi assim meus amigos, de comunidade em comunidade, navegando por esse encantador rio chamado Macacoari, com os livros, os desenhos, os filminhos, as pinturas, a visão de boas coisas e a mente aberta para a aprendizagem, que estivemos nestes dias semeando um pouco da educação ambiental e do apego à leitura, entre essas crianças e jovens ribeirinhos.... no Município de Itaubal do Piririm, em comunidades do rio Macacoari, no Estado do Amapá. Lugares desconhecidos de muitos, ricos em sua cultura e necessitados de mais e melhores ações da Administração Pública.

Veja aí um vídeo, feito e postado pelo Jonas, mostrando a partida de uma família de ribeirinhos após receberem livros.

É... hoje não tem só açaí e peixe na mesa!!!!


Neste outro vídeo, vemos a chegada de livros em Foz do Macacoari. A criançada recebeu com entusiasmo e ajudou muito no transporte. Gregor Samsa se acabou para carregar um pouquinho... ô moleza!! Eita! criançada animada e de dar entusiasmo!!!!
Bem na foz! Daqui prá frente a grandiosidade do rio Amazonas, quatro horas de navegação para o desembarque em Macapá (na orla do Perpétuo Socorro em 15/11), muito aprendizado e satisfação por conhecer e participar deste projeto... penso que deveria ser mais divulgado e receber mais apoio.... Não sei como nenhum cineasta - destes documentaristas - ainda não o descobriu e documentou. São tantas histórias, tantos contrastes e tanto a se revelar de um Amapá pouco conhecido.
"Nada melhor pode dar um pai a seu filho do que uma boa educação."
(Textos Islâmicos)
Agradeço ao Jonas e Rita a oportunidade e as muitas pessoas que conheci e me ensinaram grandes coisas... como o Sr Zé Picanço, Dona Raimunda, Seu Martinho, Dona Creuza, o Mudo, etc... especialmente às crianças. Para vocês, eu tiro o meu chapéu!

Fontes para essa postagem:

- Biblioteca Barca das Letras
- Mochileiro Tuxaua
- Wikipédia: Itaubal do Piririm
- DLIS (Itaubal do Piririm/2002): Doc do acervo da Biblioteca SEMA em Macapá
- Canal Youtube Nossa Casa de Cultura

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Meninas amapaenses ganham prêmio nacional em literatura

Meninas do Amapá foram premiadas em um projeto do Governo Federal  chamado "Contadores de Histórias Encantadas" (uma ação educativa dirigida aos professores e alunos de 4º e 5º anos de Ensino Fundamental). As mesmas foram as primeiras colocadas na Região Norte, em um concurso cultural  que teve a participação de 9 mil alunos e seus 1.137 professores e professoras. 

Veja a reportagem da TV-Record (AP), de 10/11/2011, NESTE LINK

O nome das meninas, suas escolas, professoras e, principalmente, o título de suas produções (que serão publicadas junto com demais vencedores em um livro) estão a seguir.
Região Norte
1° lugar - Aluna: Sandra Oliveira Ferreira
                 História: “Homem-cobra”
                 Professora: Cilene de Lima
                 EE Profª Josefa Jucileide Amoras Colares (Macapá)
  
                 • Aluna: Samara do Nascimento
                 História: “Chico e o rei dos peixes”
                 Professoras: Cilene de Lima / Gercilene Vale
                 EE Profª Josefa Jucileide Amoras Colares (Macapá)
  
                 • Aluna: Kássia de Oliveira Brito
                 História: “O Esperto”
                 Professora: Judinete do Socorro Alves de Souza
                 EMEF Mª de Nazaré Souza Mineiro (Laranjal do Jari)

Fonte da Consulta: historiasencantadas.com.br
Parabéns às meninas! 
Viva o Amapá! 
Viva a literatura! 
Viva a cultura

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O Arquipélago do Bailique (Distrito de Macapá)

Mapa: Bailique (CAACES - 2000)
O Arquipélago do Bailique - Distrito de Macapá - é composto por oito ilhas (Bailique, Brigue, Curuá, Faustino, Franco, Igarapé do Meio, Marinheiro e Parazinho) onde residem cerca de 7 mil habitantes distribuídos em pouco mais de 40 comunidades. 
Destas ilhas duas não são habitadas: Ilha do Meio e Parazinho, onde está situada a Reserva Biológica do Parazinho (área de proteção integral que desenvolve um importante projeto de preservação de quelônios da Amazônia - Projeto Q-AMA). 
O ecossistema é constituído de florestas de várzea, campos naturais, igarapés, manguezais e praias (IEPA, 2004). 
Dista cerca de 185 km da capital Macapá, com acesso pelo rio Amazonas. 

Fotos: Pôr-do-sol no Bailique (Geysa Moura) / 
Ribeirinho (http://www.geopolitica.freewebpages.org/)

A vegetação do arquipélago nas margens dos rios é constituída, na sua maioria, de aturiás, siriubas e tabocas.
 Adentrando, encontra-se arbóreas de diferentes espécies, das quais destacam-se açaízeiros, ucuubeiras, andiroba e pau-mulato
Mapa: extensaobailique.blogspot.com

Encontramos nas ilhas planícies fluviais inundáveis, constituídas por uma sedimentação mista: marinha e fluvial. Parte das ilhas estão sujeitas à inundações, ocorrendo nas margens um processo contínuo de erosão com queda frequente de barrancos, provocado pelas marés e correntes. A terra dos barrancos normalmente é depositada nas costas de outras ilhas e nos canais fluviais, causando novas formações.
O rio Amazonas, ao longo de milhões de anos, vem despejando em sua foz uma enorme quantidade de sedimentos, construíndo e remodelando os arquipélagos no litoral do Amapá. Desta forma, o Bailique está em contantes transformações.
Os rios mais importantes da região são: Amazonas, Araguari e Gurijuba. A viagem para o Bailique é conhecida pelos "banzeiros" enfrentados. Encontramos  duas estações : a chuvosa (inverno, de janeiro a junho) e a seca (verão, de julho a dezembro). Apesar desta estação seca a área possui uma precipitação anual de aproximadamente 2.500mm.
Fotos diversas do Bailique (IEPA).
A parte mais alta das ilhas e que apresenta melhor drenagem encontra-se ao longo das margens dos rios e igarapés, oferecendo condições para exploração agrícola.
As ilhas possuem vasta rede hidrográfica, representada por rios, igarapés e água do mar. Devido a sua localização, as ilhas estão sujeitas a ação das marés e da pororoca. (Fotos: CAACES e IEPA)
Várias atividades econômicas são desenvolvidas pela população do Arquipélago, dentre as mais expressivas podemos destacar a pesca, extrativismo vegetal, construção naval, agricultura de subsistência, comércio, apicultura e pecuária. (Fotos: CAACES)
A atividade da pesca é exercida o ano todo, no entanto, a pesca da gurijuba obedece um período de defeso (parada da pesca), baseada na época de desova da espécie. A pesca de igarapé se intensifica no período de verão, assim como a pesca do camarão, cuja safra começa no mês de maio e estende-se até dezembro. A produção de pescado e camarão é expressiva, com grande potencial. A frota pesqueira da Ilha de Bailique é composta por 03 tipos de embarcações: a canoa, o barco de pequeno porte e o barco de médio porte, vistos nas fotos (PESCAP).
 Trapiche da Vila Progresso em Bailique, 
local de desembarque de pescado (Foto de Rúbia Vale)
Vila Progresso é a principal vila do Arquipélago, onde encontramos alguns órgãos públicos (RURAP, SEMA, CORREIO, IMAP, IEF, Batalhão de Polícia Ambiental, além do Banco Bradesco, Caixa Econômica e outros empreendimentos). Informação do extensaobailique.blogspot.com 
A pesca na região é a principal fonte econômica, sendo predominantemente artesanal. Os pescadores costumam fazer viagens de até 30 dias. A espécie alvo é a dourada, mas outras espécies são também valorizadas: pescada branca, piramutaba, gurijuba, cação, apaiari, jeju, mapará, tainha, filhote - para quem não sabe este último é também chamado de piraíba, um dos monstros fluviais da Amazônia e muito apreciado na culinária... já ouviu falar de isca de filhote? -  e etc.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mensageiras da Luz, Parteiras da Amazônia - Parteiras do Amapá (Vídeo)

Cartaz do filme
Documentário de Evaldo Morcazel (2003) sobre o cotidiano das parteiras do Amapá, abordando temas como miscigenação, religiosidade, ecologia, técnicas de parto e muito mais. Um importante retrato da ação e importância destas mulheres na Amazônia, a muitas gerações. São donas-de-casa, pescadoras, agricultoras e extrativistas de castanha, que deixam seus lares para auxiliar as parturientes a dar à luz. Recebem como pagamento um pouco de milho ou outro cereal, uma galinha caipira ou até mesmo uma pequena quantia que pode variar de R$ 10 a R$ 40. Mas muitas se recusam a receber qualquer tipo de pagamento, pois acreditam terem sido escolhidas por Deus para a arte de "puxar barriga" e "pegar menino".



Mensageiras da Luz -Parteiras da Amazônia é um documentário 
que focaliza a vida das parteiras tradicionais  
do Estado do Amapá.


Parteira da Amazônia 
(Foto: Stephanie Pommez)
O documentário entrevista mulheres de comunidades indígenas do Oiapoque, no norte do Estado, em povoados caboclos, também na comunidade negra de Curiaú, antigo quilombo na periferia de Macapá, e ainda no arquipélago de Bailique, na foz do rio Amazonas. Como são as técnicas tradicionais de cada uma dessas comunidades? Como são as rezas, preces, simpatias e cantorias religiosas? Quais medicamentos, ervas e ungüentos são utilizados nessas regiões e em outros povoados do Amapá? 



O vídeo pode ser visto na Biblioteca SEMA em Macapá.

Mãe Luzia, o primeiro "doutô" da região

Texto de Edgar Rodrigues publicado no Informativo GEA
(Jornal Participação - Ano 1 - Nº. 6 - Setembro / 2011).
Mãe Luzia foi uma mulher surpreendente. Descendente de escravos, ela tornou-se a mãe de várias gerações de moradores de Macapá. Suas mãos de parteira tradicional receberam, para a vida, milhares de crianças nascidas no período que vai do início da Intendência de Macapá aos anos iniciais do Território do Amapá. Seu nome cristão era Francisca Luzia da Silva. Nasceu em Macapá em 9 de janeiro de 1854, e faleceu em Macapá, aos 100 anos, em 24 de saetembro de 1954.
Livro de Joseli Dias
O título de "Mãe Luzia" foi-lhe dado pelo coronel Coriolano Jucá, intendente (espécie de prefeito) de Macapá em 1895, que a convidou para trabalhar como parteira, com remuneração de um salário, da Intendência de Macapá.
Também lavadeira, Mãe Luzia passava boa parte do dia curvada sobre a tina de água, nos coradouros (espécie de varais feitos de talas, onde eram colocadas as roupas, após lavadas para serem "coradas" pelo sol equatorial"), manipulando, com maestria, os pesados ferros de engomar que funcionavam pelas brasas de carvão. 
Morava no "Formigueiro", localizado atrás da Igreja de São José, e sempre foi visitada pelas autoridades do Amapá, em busca de conselhos, entre elas o próprio governador Janary Nunes.
Formigueiro (Foto Biblioteca PMM)
Quando lavava as roupas, Mãe Luzia costumava sentar à moda de seus ancestrais, às vezes com os seios expostos, porque "um filho de parto" sempre lhe pedia o peito. Ao receber uma autoridade local, vestia uma bata branca, sempre bem engomada.
Foi casada com Francisco Secundino da Silva, um jovem também filho de escravos, que por força política de Mãe Luzia chegou aos postos de comandante da Guarda Nacional e vereador de Macapá. Ao falecer em 1954, seu sepultamento antecedeu um grande cortejo popular pelas pelas principais ruas da cidade, seguido de um luto de três dias nas repartições públicas.
Mãe Luzia inspirou artistas de todas as áreas, que em versos eternizaram sua coragem e dedicação. Entre eles, o de Álvaro da Cunha:
Mãe Luzia
(Álvaro da Cunha)

Velha, enrugada, cabelos d'algodão
Fim de existência atribulada, cuja
Apoteose é um rol de roupa suja
E a aspereza das barras de sabão.

Mãe Luzia! Mãe Preta! Um coração
Que através dos milagres de ternura
Da mais rudimentar puericultura
Foi o primeiro doutor da região.

Quantas vezes, à luz da lamparina,
Na pobreza do catre ou da esteira,
Os braços rebentando de canseira, 
Mãe Luzia era toda a medicina.

Na quietude humílima do rosto
Sulcado de veredas tortuosas,
Há um clamor profundo de desgosto
E o silêncio das vidas dolorosas.

Oh, brônzea estátua da maternidade:
Ao te encontrar curvada e seminua,
Vejo o folclore antigo da cidade
Na paisagem ancestral da minha rua.

Jornal GEA (Set/2011)

sábado, 5 de novembro de 2011

Dia Nacional da Coleta de Alimento em Macapá (2011)

O Dia Nacional da Coleta de Alimentos (este ano em 05/11) está em sua 3ª edição em Macapá. Com o apoio do SESC, todo alimento arrecadado será distribuído entre entidades cadastradas no programa. Desde 2006, esse ato acontece simultaneamente em várias cidades brasileiras e representa um gesto de caridade, convidando as pessoas que estão fazendo suas compras em supermercados a doar alimentos. Uma boa iniciativa e exemplo que deveria ser repetido outras vezes. 



"Então também estes perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
Ao que lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a um destes mais pequeninos, deixastes de o fazer a mim." - Mateus 25:44-45

O Dia Nacional da Cultura Brasileira

Hojé é o Dia Nacional da Cultura Brasileira! 

A data foi instituída através da Lei Federal Nº 5.579, de 15 de maio de 1970, em homenagem ao nascimento de Rui Barbosa (que nasceu em 05/11/1849). Você não sabe quem é o tal Rui Barbosa? Veja se algo soa familiar nas frases seguintes:

"A força do direito deve superar o direito da força."

"Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!"

"O homem que não luta pelos seus direitos não merece viver"

"A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade."

"De tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra, desanimar-se de justiça e ter vergonha de ser honesto”

"Três âncoras deixou Deus ao homem: O amor à Pátria, o amor à liberdade, o amor à verdade. Cara nos é a Pátria, a liberdade, mais cara; mas a verdade, mais cara de tudo. Damos a vida pela Pátria. Deixamos a Pátria pela liberdade. Mas à Pátria e a liberdde renunciamos pela verdade. Porque este é o mais santo de todos os amores. Os outros são da terra e do tempo. Este vem do céu e vai à Eternidade..."

Estas são frases de Rui Barbosa, intelectual, jurista, político, jornalista e, não sem razão, considerado um dos mais importantes intelectuais da História do Brasil. Também foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras (onde foi presidente entre 1908 e 1919). Na II Conferência da Paz, em Haia (1907), notabilizou-se pela defesa do princípio da igualdade dos Estados. Sua atuação nessa conferência lhe rendeu o apelido de "O Águia de Haia" e teve papel decisivo na entrada do Brasil na I Guerra Mundial (isso não é algo que admiro, mas partiu de seu princípio de luta pela liberdade). Basta conhecer mais uma de suas frases: "A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é o maior elemento da estabilidade".
Este é Rui Barbosa e foi em homenagem a ele a instituição da data. 
(Fonte de consulta: Wikipédia)
Nesse país, miscigenado e de mistura multifacetada, há  várias manifestações culturais em todos os cantos. Cultura são todas as manifestações e peculiaridades presentes na vida humana. Olha, dizer que alguém não tem cultura é antropologicamente incorreto, você sabia?! As pessoas podem não ser do jeito que desejamos, mas todas manifestam suas expressões culturais, boas ou não.
No Estado do Amapá, como não é diferente, temos várias expressões culturais. Identidade de um povo, saber popular, encantos desta terra, onde a maior expressão é o Marabaixo.
Ressalto neste dia um projeto - o Sarau da Confraria Tucujus - que tem acontecido toda sexta-feira no Formigueiro (atrás da Igreja de são José). 
Além de exposições (quadros, fotografias, textos, artesanato, venda de CDs regionais e alimentos) tem se caracterizado também por apresentações da música amapaense, como Osmar Jr, Grupo Pilão, Juliele, entre outros e, claro que não faltaria, as apresentações do tradicional marabaixo.
Ontem (04/11) dei uma conferida lá no que havia e deu para prestigiar as apresentações do marabaixo, Osmar Jr e Grupo Pilão.
Hoje é o Dia Nacional da Cultura... não quero entrar no mérito e trâmites da questão.... mas tomara que os artistas amapenses, em um todo, tenham algo a mais sempre por celebrar.