As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Monumento Marco Zero do Equador e o Equinócio

Foto: Rogério Castelo
Macapá é a única capital do Brasil cortada pela linha do Equador. Assim, parte da cidade está no Hemisfério Norte e a outra no Sul.

Foto: brasilazul.blogspot.com
Em referência, foi construído o Monumento Marco Zero do Equador, no qual é possível observar o instante de ocorrência do Equinócio (através da projeção da sombra do obelisco, que se alinha com a linha imaginária do equador).  
Há divergências quanto a localização exata do equador, já vi estudiosos dizerem que o monumento está na posição certa e outros que contestam isso. Oras, um impasse fácil de se resolver com ajuda da tecnologia. Não sou estudioso da área e acredito que está bem localizado, conforme me mostrou técnico da área com ajuda de instrumentação.  Eu, leigo, me convenci disso.
Foto: Templos do Futebol
A linha do equador divide também o campo no Estádio Zerão (Milton Corrêa),  no momento fechado e em reforma (faz um bom tempo). Olha lá no fundo o Marco Zero alinhado com o meio de campo! 
Segundo dizem, em 2014 ficará à disposição como Centro de Treinamento e, quem sabe, realiza-se algum amistoso ou treinamento com alguma equipe envolvida na Copa. Isso aí é mais um sonho de políticos (ávidos por promoção), pois o investimento precisa ser muito alto... mais que apenas reforma de um estádio. Investimento por investimento, há necessidades muito mais gritantes e urgentes em Macapá. É o que penso.
Foto: Rogério Castelo
Na outra ponta do Marco Zero temos a Av. Equatorial, também dividida pela linha do equador.
Seguindo esta reta (a linha do equador) você chega ao Rio Amazonas, não muito distante deste ponto. Isso inspirou uma música de Zé Miguel (conhecido artista local e atual Secretário de Cultura) do "endereço" de Macapá. A música diz: "...na esquina do rio mais belo, com a linha do equador..."
Foto: alcilenecavalcante.com.br
Até os anos 80, o marco do equador era representado de forma muito modesta. Havia apenas uma linha na rotatória mostrando isso.  Quanta desconsideração e ignorância ao marco geográfico e astronômico havia... Basta pensar que para os povos antigos (como os caldeus, fenícios, astecas, maias, incas e egípcios) a posição que o Sol ocupava na linha do horizonte tinha uma grande importância para o dia-a-dia deles. Os rumos de muitas sociedades era determinado pelo movimento solar e início das estações. O calendário e contagem do ano baseava-se nisso. Aqui mesmo no Amapá, existiram civilizações que construíram uma série de monumentos antigos lá para as bandas de Calçoene, Ferreira Gomes, etc. Nunca ouviste falar? É que o povo antigo era cheio de crenças e rituais que faziam para que tivessem boas safras e boas coisas com o início das estações... uma forma de atenuar as expectativas e centralizar pensamentos positivos para o porvir. Até estas festas mundanas, que chamam de carnaval, tem origens nisso. Rapaz... tinha até uns figuras malucos que faziam sacrifícios humanos em nome disso (em algumas sociedades antigas era assim). E o Natal também, antes de ser cristianizado pelo Império Romano, era uma festa em homenagem a deuses relacionados às estações do ano. Transformar festas pagãs em festas religiosas (sincretismo), foi uma estratégia ideológica de expansão do império. 
Lembrar desta época me remete aos anos de 1982/83, quando estudava no Castelo Branco, no Bairro do Trem, e um professor - Educação Física - fez uma aula de atletismo  com uma corrida da escola até o equador. Af!!! Quase que não chego lá!!!
Hoje encontramos um belo monumento, localizado a 2 km do centro da cidade, que apresenta um obelisco de 30 metros de altura com uma abertura circular no topo. Enigmática para muitos. Sabes o significado disso?
Foto: Marcomede
O equinócio é uma manifestação em que os raios do sol incidem diretamente sobre a Linha do Equador e, no monumento, projeta-se uma elipse de luz sobre o marco da linha imaginária. O sol duas vezes ao ano faz a passagem entre os hemisférios, determinando as estações, e o equinócio é o ponto em que está cruzando a linha do equador. Mas olha aí, isso ocorre por causa do movimento de Translação da Terra e não, como se crê popularmente, "o sol se mexendo daqui para lá". Nesse período, os dias e as noites têm igualmente 12 horas de duração em todo o planeta (a palavra "equinócio" em latim significa "noites iguais" ou ainda “dia igual a noite”). A ocorrência desse fenômeno se dá em dois momentos: em março (Equinócio da Primavera - inicia a primavera no Hemisfério Norte e o Outono no Sul) e em setembro (Equinócio de Outono - o contrário).

Foto: Rogério Castelo
Devido a estação chuvosa, o equinócio de março foi batizado como Equinócio das Águas, que se justifica pelo aumento do nível das águas favorecido pela atração astral. O início do ano, até um pouco além de março, costuma ser chuvoso nestas terras amazônidas.
Além dos moradores da capital amapaense, o fenômeno costuma atrair estudiosos e turistas de várias partes. Neste ano tivemos a programação entre os dias 20 a 24/03/2012,  ocorrendo apresentações musicais, gincana com escolas, feira e apresentações culturais do Marabaixo e Escolas de Samba.
Fui lá no evento e - opinião de um cidadão - percebi que não estava à altura da importância e cuidado que deveria ser dispensado pelo Poder Público. Aqui no Amapá, existe uma divergência e rivalidade política entre os atuais gestores da Prefeitura de Macapá e do Governo do Estado, que acaba se refletindo, explicitamente, em muitas obras e benfeitorias que poderiam ser potencializadas por um comum acordo. Este evento merece melhor atenção... Triste ir lá e ver stands muito pobres diante da enormidade de riquezas e possibilidades culturais e educacionais que poderiam apresentar de nosso Amapá.

Meus amigos, isso é só um pouco deste patrimônio amapaense:
O Monumento Marco Zero do Equador em Macapá
Foto: Rogério Castelo
Lugar aberto à visitação pública, com seu amplo terraço para observações, espaço para show, salão para exposição e loja para venda de produtos artesanais. 
Foto: Rogério Castelo
Falando nisso, encerro esta postagem apresentando-vos a lojinha artesanal onde conheci a Dany, que foi muito receptiva e simpática na oportunidade de conhecê-la. Veja aí um pouco da: 
 
 Um material simples e muita criatividade são capazes de gerar belas coisas 
nas mãos de artistas.
 "A arte de um povo é um reflexo autêntico de sua mentalidade." 
Jawaharlal Nehru
"A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte."
Mahatma Gandhi
É lá no meio do mundo!

Também não poderia deixar de registrar 
a arte expressa nestes quadros que vi no Monumento.
 
Não sei o nome do quadro, lá no bar, mas faz referência ao Marabaixo. O autor é REGI (2002).
Precisa falar que é o surf na pororoca no Rio Araguari? Esse quadro é gigantesco e ocupa toda uma parede em uma das salas. O autor é WAGNER RIBEIRO (2005).
Pra quem não conhece, é um cenário no Curiaú. O quadro tem as mesmas descrições do anterior.

Até uma próxima pessoal!!!!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Biblioteca Ambiental da SEMA-AP em 2012

2012 ainda está às portas e, como continuidade à sua missão de difundir a educação ambiental, a Biblioteca Ambiental da SEMA-AP, em Macapá, está com fôlego novo e deu as boas-vindas a seus novos funcionários.
 Rosa Dalva  
(Gerente do NIDA / SEMA-AP)
 Marcelo Pinho 
(Bibliotecário - UFPA)
   "A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo.” 
Merleau-Ponty
Imagens do acervo
 "Não são nossas habilidades que revelam quem realmente somos, são as nossas escolhas." 
Harry Potter e a Câmara Secreta
... E mais ilustrações, falo como cidadão, do acervo 
de nossa Biblioteca Ambiental na SEMA-AP
A reciclagem de lixo é uma ação das mais importantes para a questão ambiental.
 
"Há momentos que precisamos reciclar o ambiente, as amizades 
e até mesmo a forma com que encaramos a vida."
Raphael Michael
Temos que nos conscientizar que o lixo é nossa responsabilidade sim! 
 Isso porque temos a ingênua postura de que o que se joga no lixo não é mais problema nosso!
Aí está a equipe da Biblioteca, em atividade de arte-reciclagem.
 Ação elaborada pela gerente Rosa Dalva.
 
Artesanato confeccionado para ornamentação na biblioteca.
Reciclar é o meio mais fácil de continuar sobrevivendo 
livre dos lixos do mundo.
"É preciso também reciclar a rotina 
para que não sejamos engolidos pelo mecanismo do habitual."
Rosicleide David
"Reciclar constantemente informações para transformá-las em novos conhecimentos 
é um princípio elementar."
Carlos Roberto Sabbi

A moçada atual da Biblioteca é:
  • Rosa Dalva
  • José Clementino
  • Marcelo Pinho
  • Nelsiana Teixeira
  • Manoel das Graças
  • Maycon Tosh
  • Aline Pinheiro
  • João Batista
  • José Denilson
  • Kylza Sena
  • Rogério Castelo

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Maycon Tosh (Perdido sem ela)

Faz parte do CD "Religião", lançado recentemente em Macapá e disponível na Banca do Dorimar, Banca do Ceará e Tok Discos. A obra mostra o rock e romantismo, sem esquecer os temas sociais,  com a identidade de Maycon Tosh. 
Vídeo gravado no programa "Câmera Livre", do jornalista Luiz Trindade, na BAND-AP (Março/2012).

 
PERDIDO SEM ELA
(Maycon Tosh)

Eu no mundo tão perdido 
E deseperado pra te encontrar 
Você apareceu do nada, 
Deusa maia, uma mulher com poder 
Em tudo me mudar 
Como descrevê-la com palavras? 
Sua pele clara, como a lua cheia prateada, 
Um jeito tão meigo 
Um temperamento forte 
Você está perto dos meus olhos, 
Do meu coração, mas distante 
De minhas mãos 
Ela é um sonho para mim, 
Ela é tudo para mim 
Eu me sinto perdido 
Sem ela

São Camilo: um marco na história do Amapá (Parte1)

Texto de PEDRO DE PAULA RODRIGUES  
publicado no jornal DIÁRIO DO AMAPÁ, de 21/06/2005.
Fachada do Hospital São Camilo: obra filantrópica do italiano 
que se apaixonou por Macapá e sua gente. (Foto: Samuel Silva/2005)
 São Camilo: um marco na história do Amapá
Legado de Marcello Cândia

Concebido e construído pelo Dr. Marcello Cândia - um leigo italiano com profundas ligações com a Igreja Católica, o hospital teve sua construção iniciada no dia 26/01/1960, com a colocação da primeira pedra da obra, em terreno comprado de terceiros por Marcello Cândia, localizado na antiga Rua Rio de Janeiro (atualmente Rua Dr. Marcelo Cândia), entre as avenidas FAB e Almirante Barroso, no bairro Santa Rita, até então um local ermo, inóspito e tomado por mato e lixo, cujas ruas ainda eram tímidas e mal traçadas e sem qualquer camada asfáltica.
O arquiteto do Hospital São Camilo foi Fúlvio Giuliano, um jovem voluntário da Igreja católica apadrinhado por Marcelo Cândia, que jamais recebeu qualquer tipo de pagamento durante a construção do São Camilo: chefiou a equipe de operários durante toda a obra, consumindo os inseparáveis charutos e pagando do próprio bolso doses de bebidas aos pedreiros em dia de sábado, conforme depoimentos de pessoas que acompanharam a construção do hospital, como o Padre José Busato, que revela: "Quando decidiu ser Padre, o Dr. Cândia financiou todos os estudos de Fúlvio Giuliano, em Belo Horizonte, e, uma vez ordenado, transformou o Dr. Cândia em seu padrinho de Missa."
Na época, Macapá ainda não produzia materiais de construção, fato que encarecia  e até mesmo inviabilizava as obras realizadas no ex-Território, tanto que até então apenas dois prédios de médio porte haviam sido construídos na capital: o Colégio Amapaense e o Pensionato, localizados, respectivamente, na Av. Iracema Carvão Nunes (em frente à Praça da Bandeira) e na Av. Mendonça Furtado (nos fiundos da antiga Igreja da Matriz, posteriormente Igreja São José). Durante a construção do Hospital São Camilo, cinco anos depois da explosão de sua fábrica, em Milão (Fábrica Italiana de Ácido Carbônico), depois de sua participação na II Guerra Mundial, mais exatamente no período de 1941 a 1943, e após fundar a Escola de Medicina para missionários, na Itália, (em 1950), Marcello Cândia foi deixando de lado a vida de industrial e se dedicando aos pobres, principalmente do Amapá e do Pará, concentrando suas obras sociais em marituba, com a construção da Colônia de Marituba - que passou a cuidar dos hansenianos, e na construção do Hospital São Camilo, tanto que na Itália passou a ser apelidado de "Doutor Macapá".
   
  Imagens retiradas do livro "MARCELLO dei lebbrosi" de Piero Gheddo.

"Você não pode compartilhar o Pão do Céu, se você não compartilhar o pão da terra".  
Escrito na parede de sua casa (Fonte: centrocandia.it)

"Eu não sou nada. Eu sou apenas um humilde instrumento da Providência
Frase de Cândia (Fonte: culturacattolica.it)

Um pouco da história do hospital

A construção do hospital São Camilo teve a duração quase de dez anos. Nesse período, Marcello Cândia se revezava entre Macapá, Marituba e Milão, cidade italiana onde passou grande parte da vida, depois do seu nascimento em Pórtici, então um vilarejo de Nápoles, terceiro filho de um rico casal de industriais, Camilo Cândia e Luísa Mussato.
O "Doutor Macapá" fixou-se definitivamente na então capital do ex-Território em junho de 1965, logo depois que foi homenageado, no Vaticano, com o título de "Missionário".
A inauguração do Hospital São Camilo - então o maior e mais bem equipado hospital privado do norte do País - foi bastante concorrida, com a presença do governador, General Ivanhoé Gonçalves Martins, acompanhado de todo o seu Secretariado (incluindo o prefeito João de Oliveira Cortes, que na época era nomeado pelo governador), do deputado federal Janary Gentil Nunes, do Juiz de Direito da então Vara Única do Território do Amapá, Dr. José Clemenceau Pedrosa Maia, e até mesmo do então presidente do Amapá Clube - que era uma espécie de coqueluche da época.
Também compareceram, à inauguração do Hospital Escola São Camilo e São Luiz, o bispo prelado de Macapá, Dom Aristides Piróvano, amigo pessoal do Dr. Marcelo Cândia desde o ano de 1952. Dom aristides morreu na Itália, em 03/02/1997.
Fim da "Era Cândia" - Em 08/07/1980, o Papa João Paulo II visita a Colônia de marituba, faz um pronunciamento histórico aos hansenianos do mundo e beija na testa o Dr. Marcelo Cândia, em agradecimento ao que chamou de "exemplares e pioneiros serviços religiosos, sociais e de caridade prestados à população da Amazônia", sendo agraciado, em 1982, com o "Prêmio Feltrinelli" e, no ano seguinte, no dia 12/02, foi-lhe outorgado em cerimônia presidida pelo próprio prefeito, no teatro "La Scala" com a Medalha de Honra ao Mérito da cidade de Milão, mesmo ano em que escreveu, em co-autoria com o Padre Mário Gerlim, o livro "Onde estão os nossos irmãos hansenianos?". O livro tinha o objetivo confessado de sensibilizar os brasileiros no sentido de fortalecerem a causa em defesa dos hansenianos.
Depois de tantas homenagens e do lançamento do livro - considerado como uma espécie de despedida - o "Doutor Macapá" morreu no dia 31/08/1983, após permanecer internado durante um mês numa Clínica de Pavia, na Itália, onde recusou tomar qualquer tipo de medicamento ao tomar conecimento que era doente terminal (câncer no fígado), aos 67 anos de idade.
No leito de morte chegou ao Dr. marcelo Cândia a notícia da aprovação oficial da "Fundação Dr. Marcello Cândia", que até os dias atuais ajuda milhares de famílias pobres em todo o mundo, inclusive em Macapá. Logo depois da morte, quando seu corpo recebia a visita de milhares de amigos, na cidade de Milão, chegou do vaticano a nomeação oficial da escolha do "Doutor macapá" como "Conselheiro Pontifício para o Sínodo dos Bispos", indicação do próprio Papa João Paulo II. Conforme muito bem descreve o Padre José Busato, em sua obra "Dr Marcello Cândia - um santo entre nós", editado pela Fundação Padre PIO, 2003, página 13: "Esta comunicação deve tê-la recebido de São pedro...".
O construtor e fundador do Hospital São Camilo e São Luiz foi declarado pelo Papa João Paulo II, "Servo de Deus" e "Empresário dos Pobres", porque deixou de ser rico para aliviar o sofrimento da fome em todo o mundo, abraçando a causa de Madre Teresa de Calcutá, de quem era amigo pessoal.
Canonização - Dois anos  depois de sua morte, em dezembro de 1985, a Editora "De Agostini", da Itália, publicou a biografia de Marcello Cândia, escrita pelo jornalista missionário Padre Piero Gheddo, que, a pedido da família e da Fundação Dr. Marcello Cândia, foram publicados 45 mil exemplares em cinco edições. A biografia, retratada pela obra, teve repercussão pelo mundo e foram feitos pedidos de canonização.
O ápice do pedido de canonização ocorreu pós celebração da missa do 4º aniversário de morte (31/08/1987), quando amigos de Cândia pediram que alguém se interessasse pela Beatificação, levando a Fundação Dr. Marcello Cândia (em 11/11/1987) a pedir oficialmente a abertura do Processo. O Vaticano iniciou o processo de beatificação em 12/01/1991.

Fonte: Exceto as frases e ilustração GIF, o texto foi publicado
 no Jornal DIÁRIO DO AMAPÁ, de 21/06/2005.

Acredito que toda pessoa do bem deve ser uma inspiração, pois o homem nasceu para fazer isso... é nato se Deus está verdadeiramente entronizado em nosso coração. Só não sou favorável a ver o bem nas pessoas como uma coisa para canonizar, isso é coisa dos homens. O bem deve ser nato e vivê-lo é uma qualidade que Deus quer inspirar em todos nós. Basta olhar e viver com ele.
 
  Material pesquisado na Biblioteca SESC-Centro
em Macapá.


A quem interessar, são fontes de consulta:
porta-retrato-ap.blogspot.com.br

sábado, 31 de março de 2012

O BiblioSESC Amapá (Parte 2)

"Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar! 
O livro caindo n’alma 
É germen - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar."
   
Castro Alves (Trecho de O Livro e a América)

A reportagem pode ser vista no acervo da Biblioteca SEMA em Macapá.
Vídeo da Record-AP, em  14/03/2012, exibida no Telejornal AP NO AR
(Reportagem de ELIDIANE AMARAL e imagens de CARLOS ALCÂNTARA)

No vídeo é mostrado:

- A Biblioteca volante desenvolve atividade de responsabilidade social, incentivando a comunidade a ter acesso à leitura.
  
- A cada dia um novo bairro, dos dez selecionados, recebe a visita do projeto.
  
- Quando todos tiverem sido beneficiados com o acervo, retornam-se as tividades pelo primeiro bairro já contemplado, iniciando assim novos ciclos de visitas.
  
- "No nosso acervo o foco é a literatura porque o objetivo é incentivar a leitura. Dos 80% de literatura, 40% é infanto-juvenil, pois sabemos que a criança acostumada a ler desde pequena vai se tornar um leitor adulto" (Bernadete Calandrini - Bibliotecária do SESC-AP e Coordenadora do BiblioSesc)
  
- Na ocasião das visitas, os usuários podem emitir a Carteira da Biblioteca, que permite fazer empréstimo dos livros.
  
- Os livros ficam sob a responsabilidade do leitor por um período de duas semanas, prazo necessário para que o BiblioSesc retorne ao bairro.
  
- "Acho muito importante... dá para aprender muita coisa" (Raiane Monte - Estudante)

- "Me chama a atenção a ler e aprender..." (Andryo Lucas - Estudante)
  
- "Gosto de ler as histórias em quadrinhos.." (Jonas Costa - Estudante)
  
- "É muito louvável essa parceria, essa vinda do caminhão do BiblioSesc para perto da escola, para o ambiente onde o aluno possa ter esse contato direto com o livro... com a produção literária" (Ronan Almeida - Diretor da Escola Estadual Profº Antonio Ferreira Lima Neto, no Parque dos Buritis)

sexta-feira, 30 de março de 2012

"Nossa História - Empresas, Instituições e Personalidades" (Yuri Bezerra)

Nesta quinta-feira (29/03/2012) ocorreu o lançamento de mais um livro em Macapá. Obra de cunho histórico, enfatizando o ramo empresarial nesta cidade e estado. 
"Nossa História - Empresas, Instituições e Personalidades", de Yuri Bezerra, apresenta um relato, ainda que sintético, do surgimento e desenvolvimento de algumas empresas, instituições e personalidades que fazem história no Amapá.
  
Yuri Delamare da Costa Bezerra é amapaense, publicitário, fundador da Lux Comunicação (Empresa na Área de Comunicação e Marketing) e Diretor de Marketing da Associação Comercial e Industrial do Estado do Amapá (ACIA) no biênio 2012/2013.


O livro tem 240 páginas e divide-se em quatro partes distintas:

- Empresas: Traz o relato da história de 15 empresas. O autor mostra a origem, fundação, personagens destas histórias e atual situação. 

- Instituições: 07 instituições (história, missão e situação). São elas: ACIA (Associação Comercial e Industrial), ADAAP (Associação dos Distribuidores e Atacadistas), AMAPS (Associação de Supermercados), FECOMERCIO/AP (Federação Comercial), FIEAP (Federação Industrial), SEBRAE e Tribunal de Justiça do Amapá.

- Personalidades: A critério do autor, apresentação de 10 personalidades empresariais.

- Crônicas: Esta parte abrange quase metade do livro e representa uma série de 74 crônicas de Carlos Bezerra. Textos com uma abordagem a assuntos diversos, recheados de humor, reflexões e considerações. Crônicas que proporcionam uma boa leitura.

Destaque também para as fotografias de Paulo Uchôa, ilustrando ricamente a obra.
O evento foi no auditório do SEBRAE, em Macapá.
Agradeço ao autor disponibilizar um exemplar 
para o acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA-AP 

Veja uma das crônicas do livro.

O SAPO DA PRAÇA BARÃO
(Carlos Bezerra)

Há muitos anos, havia na Praça Barão do Rio Branco, um sapo. Esclareça-se que não era um sapo qualquer. Era um senhor sapo. Um sapo rotundo. Provavelmente, o maior do mundo.
Pois não é que, como tantas outras coisas neste Amapá, que já teve de tudo um pouco, o sapo sumiu! E sumiu pra nunca mais voltar. Se voltou, ninguém sabe, ninguém viu.
Talvez meus poucos leitores estejam estranhando a súbita saudade que me deu de um sapo. Não outro sapo, repito, mas este sapo.
Acontece que o sapo em referência , como se diz em linguagem burocrática, ficava bem em frente à antiga agência dos Correios, situada na Praça Barão, e era feito de cimento. Não o Barão, mas o sapo, esclareça-se.
Era uma escultura. Sem muito valor artístico é verdade, mas depois de um tempo, até mesmo um sapo de cimento pode ser cultura. Se o bumbum da Carla Perez é cultura, por que não o sapo da Praça Barão? E agora, pergunto de modo um tanto quanto sherlokiano: onde andará o sapo da Praça Barão? Dolorosa interrogação, porque duvido que alguém saiba.
A mesma pergunta poderia ser feita para tantas coisas que sumiram, ou na esteira do sapo, ou quem sabe, por uma porta do tempo, para outra dimensão sequer suspeitada ainda, como o farol da Fortaleza de São José e os leões de bronze do antigo Fórum.
Os atuais leões são muito parecidos, mas não são originais. Quem sabe, são clones em gesso dos leões de bronze? Que sei eu de clones e de leões que perderam a sua masculinidade? Estes são leões pouco sérios, porque perderam nas mãos de algum escultor beato, eu disse beato, aquele penduricalho anatômico, na maioria das vezes inservível, que a maioria dos homens carrega apenas para fazer peso.
Na esteira do sapo e dos leões de bronze, foram-se também a palmeira que ficava no centro da Praça Barão; os coqueiros que ficavam em frente ao antigo Fórum; os prédios antigos, varridos pelo vento da modernidade, misturado com a burrice patogênica dos que sempre nos governaram; o chafariz da Praça Veiga Cabral, e tantas outras coisas que fizeram com que Macapá, um dia fosse chamada de "A cidade joia da Amazônia".
Hoje, não somos mais uma joia. Quando muito, uma bijuteria. Própria das zonas francas da vida. 
Convém não esquecer que, tudo indica, tenha sumido, também na esteira do sapo, dos leões, do farol, da palmeira e dos coqueiros, a nossa antiga vergonha na cara, a nossa honestidade intrínseca, o nosso modo misto de altivez e simplicidade, a nossa fé de que um dia as coisas poderiam ser bem melhores.
Tudo foi embora. Não se sabe como nem para onde. Um dia iremos nós também. 

O Livro é:
Título: Nossa História - Empresas, Instituições e Personalidades
Autor: Yuri Delamare da Costa Bezerra
Editora: Edição do Autor
Páginas: 240
Ano: 2012
ISBN: 978-85-60072-06-4
Temas: História de Sucesso / Amapá / Empresas / Crônicas

Veja também:
Lançamento do livro NOSSA HISTÓRIA, de Yuri Bezerra (Reportagem SBT-AP 30/03/2012)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Poluição na Orla de Macapá (Parte 2) - Jornal Folha do Amapá / 2002

"Barquinho" - Desenho de Eva Clarisse
Mais uma artista colaboradora a serviço da Educação Ambiental
Na semana do Dia Mundial da Água (22/03) muitas ações de conscientização são desenvolvidas para a preservação e uso racional dos recursos hídricos. É de praxe as atividades nas escolas, universidades, praças, ruas, etc. As entidades governamentais relacionadas ao meio ambiente estão, geralmente, à frente encabeçando algum projeto. Em Macapá tivemos o "Olha a Orla", idealizado pela SEMA, que objetivou chamar a atenção da sociedade para a limpeza de nossa orla. Que bom seria se todos compartilhassem deste mesmo olhar de responsabilidade com o meio ambiente e tivessem mais atitudes de educação ambiental.  Aqui, às margens do maior rio do mundo, nesta terra das águas amazônidas - cobiça do mundo - é impressinonate e triste ver o descaso de muitos com a preservação de nossos rios. A orla de Macapá, mesmo sendo limpa por uns, acaba retornando à condição de lixeira para outros. Isso é um costume arraigado profundamente em muitos, que deve e precisa ser mudado. Acredito que a simples observância de ações solidárias ao princípio "lixo no lugar certo" já seria suficiente para manter em boas condições a saúde ambiental de nossa orla. Sem também esquecer que, sem a ação efetiva da prefeitura em disponibilizar lixeiras e recolher o lixo, muita coisa terá sido, praticamente, em vão. O mesmo se aplica a continuidade de ações de conscientização em todos os setores da sociedade e, principalmente, às ações de todos nós (os agentes das mudanças).

Na visão idealizada por uma criança, 
um rio de águas límpidas... remanso de tranquilidade e beleza natural. 
Realidade futura?
(Desenho de Eva Clarisse)
No presente... uma natureza sedimentar, 
potencializada pelas ações despreocupadas de quem usa o rio como lixeira... 
insensíveis ao compromisso de responsabilidade ambiental, 
aqui na orla de Macapá. 
(Fotos: Arquivo SEMA-AP)

Vasculhando os arquivos da Biblioteca Ambiental da SEMA-AP encontrei esta velha reportagem de um jornal de 2002 (Folha do Amapá). Texto "velho" na data, mas "atual" no assunto tratado. Realidade que se mantem até hoje. O texto é de Rita de Cássia e fotos de Val Fernandes.

Orla de Macapá prejudicada pela ação da natureza

Paisagem da frente da cidade está sendo modificada pelo assoreamento, 
originando uma nova visão das margens do Amazonas

A "Folha" vem mostrando em várias edições casos de assoreamento que estão ocorrendo em todo o Estado do Amapá. É o caso da Região dos Lagos e do Pacuí, onde o baixo nível da água está causando prejuízos ao meio ambiente, dificultando a pesca e abrindo valas que transportam terra aos lagos e rios. No caso específico da Região dos Lagos, os búfalos estão abrindo canais entre os lagos e a água salgada do Oceano Atlântico. Agora, a bola da vez, ou melhor, a local da vez é a orla de Macapá, mais precisamente a área que compreende os bairros Santa Inês, Perpétuo Socorro até o Canal do Jandiá. São quilômetros de paisagem que aos poucos perdem as suas características naturais, dando origem a uma nova visão das margens do Rio Amazonas.
Francisco Oliveira e pescador, tem 39 anos, navega há sete e lembra como era a paisagem da cidade. "Dava para ver todas as luzes da cidade quando a gente vinha aportando na frente dela. Agora o mato cobre quase tudo, ficou estranho".  
O  Rio Amaazonas em determinado ponto de sua extensão fica localizado numa região considerada a mais vasta área de terras baixas do Brasil, chamada Planície Amazônica, entre o Planalto das Guianas, ao Norte (norte do Amapá-Oiapoque) e o Planalto Central, ao SuI. Todos os sediimentos (terra, argila, madeira, cipós, árvores, cascas, vegetais, etc) provenientes desses terrenos altos deságuam no Rio Amazonas.
Barco aguarda 
a maré  encher
 para atracar
"A cidade de Macapá está inserida nas terras baixas. Por isso, ela é uma área típica de deposição desses sedimentos. Esses detritos são carregados desde as cabeceiras do Rio Amazonas, na Cordilheira dos Andes, onde recebe o nome de Maraño, até a sua foz, no Oceano Atlântico", explica a geógrafa Rosana de Farias, professora da Universidade Federal do Amapá.
Em Macapá, esses sedimentos estão se depositando na orla da cidade, gerando verdadeiros entulhos nas margens do rio. São árvores, plantas, toras de madeira, cascas e principalmente terra. No caso de Macapá, por haver uma barreira de concreto, esses sedimentos acabam sendo depositados, jogados nas margens. Diferente de aproximadamente cinco anos atrás, quando a visao da frente da cidade podia ser apreciada sem o impedimento de vegeetação alguma, hoje pode-se notar a presença de verdadeiras "florestas" criadas ao longo do percurso Santa Inês-Canal do Jandiá. São metros e metros de mata que fecha, em alguns pontos, totalmente a visão da praia. 
No Igarapé das Mulheres é possível perceber a dimensão do assoreamento, hoje tem entre 5m e 6m.
Poluição visual

Em alguns pontos é possível verificar o empilhamento de toras de madeira, que dão ao lugar urn aspecto de lixeira. Esse fenômeno pode ter sido causado exclusivamente pelo curso normal da natureza.
A nova paisagem não agrada a muitos moradores da orla. Alguns cogitam a hipótese de que o govemo, juntamente com a prefeitura e os orgãos responsáveis pelo meio ambiente, façam uma, digamos, capinação das margens. Porém, eles não levam em consideração, ou talvez não tenham conhecimento de que essas alterações do meio ambiente são um processo natural, ao qual não é permitido o impedimento pelo homem, pois junto com elas são atraídos espécies animais e a formação de uma nova cadeia alimentar.
O acúmulo de sedimentos vem transformando a frente da cidade. A paisagem não agrada moradores da orla, que sugerem a capinação da margem.
 Um caso à parte

Quem vai ao Igarapé das Mulheres pode perceber que lá, além da ação da mãe natureza, o homem tem contribuído, e muito, com o assoreamento do local. É comum encontrar (quando a maré está seca), no leito do rio, bagaços de cana-de-açúcar, madeira e todo o lixo que os ambulantes e moradores jogam no local. Ou seja, a área está aos poucos virando uma lixeira pública. O local onde os barcos atracam está aterranndo aos poucos. Nota-se visivelmente a diferença. Antes o ramal tinha aproximadamente nove metros de profundidade, hoje não passa de cinco ou seis metros. 
MONTAGEM DE ALEXANDRE SOBRE FOTO DE VAL FERNANDES
Por estar inserida nas terras baixas, Macapá é uma área típica de depósito de sedimentos formados por terra, argila, madeira, vegetais, cascas,etc.

 Problemas econômicos

No caso do Jandiá, o assoreamento está causando o estreitamento do canal e a dirninuição do nível da água. Isto beneficia apenas a passagem de catraias, embarcações pequenas e prejudica outras. Segundo informações de moradores, a Prefeitura e a Secretaria Estadual de Transportes executaram várias escavações no lugar. Dizem ainda que antes as embarcações podiam entrar no canal mesmo com a maré vazante, agora, é preciso deixar a maré encher para ter acesso ao canal.
Rosana de Farias explica que "o assoreamento pode inclusive gerar urn problema econômico. Porque é por alí, pela entrada do Canal do Jandiá, no Igarapé das Mulheres, no Santa Inês, que são escoados vários produtos como frutas, verduras, pescados. Esses locais, com pouca profundidade, permitem a entrada apenas de barcos de pequeno porte".

Aprendendo com a prática

Antonio Rodrigues, 46 anos, é um entre os muitos pescadores que atracam sua embarcações no canal do Igarapé das Mulheres. Proveniente do município de Chaves, no Pará, há vinte anos vem a Macapá para vender peixes, frutas e farinha, e levar daqui mercadoria para sua família. Mesmo com pouca instrução, ele demonstra conhecer a problemática do Rio Amazonas. A bordo de seu barco denominado Nativa, ele faz seu relato:
"As praias empurram toda essa terra para cá (Igarapé das Mulheres), tem muita maresia, muita correnteza, aí vai aterrando essa área onde os barcos ficam. O lixo que jogam aqui ajuda tambem a aterrar o lugar, são atravessadores, o pessoal do bairro, todo mundo joga lixo. Aí a água vai diminuindo o nível, a terra vai crescendo. A água ainda cresce, mas não é como antes. Isso aqui era fundo, não tinha muito lixo. Eu acho que isso ja aterrou mais dois metros. Antes, na maré seca, a gente podia entrar aqui sem nenhum problema, a água não falhava. Hoje tem que se esperar a maré encher, a gente fica lá fora na praia, esperando encher para poder sair e chegar aqui pela preamar. Todo o ano sai a escavação aqui. Eles cavam uns quatro a cinco metros, mas não dura muito tempo. Dentro de três a quatro meses, volta tudo como antes".
CURIOSIDADES

• O assoreamento leva à formação de vegetação típica de áreas alagadas e de grande porte, é o que se pode verificar por toda a orla da frente da cidade. 

• As águas do Rio Amazonas são denominadas de águas brancas, mas na realidade são águas de cor amarelada, como o Huang-hu, na China. Isso ocorre devido aos sedimentos típicos do Rio Amazonas, que carrega grande quantidade de argila. 

• A Bacia Amazônica é tambem chamada de Bacia Sedimentar, devido a grande quantidade de sedimentos que são depositados ao longo do rio.

• As margens são áreas de deposição desses sedimentos.
Fonte:  Jornal Folha do Amapá - 26/01 a 01/02 de 2002
O texto foi pesquisado nos arquivos da

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