"Durante seis meses, Gilberto Dimenstein investigou a rota do tráfico de
meninas na Amazônia, viajando pelo submundo da prostituição infantil. O
resultado é um livro que dá a sensação de estar diante de um filme de
suspense policial. Cada passo da investigação e relatado com detalhes,
mostrando como foi possível encontrar traficantes e um cativeiro de
meninas-escravas protegidos pela selva amazônica. Uma reportagem
investigativa com repercussão dentro e fora do Brasil." Descrição no livro
Título: Meninas da Noite - A Prostituição de Meninas-Escravas no Brasil
Autor: Gilberto Dimenstein
Editora: Ática
Ano: 2000 (16ª edição)
Páginas: 165
Tema: Sociologia, Prostituição Infantil, Amazônia
Autor: Gilberto Dimenstein
Editora: Ática
Ano: 2000 (16ª edição)
Páginas: 165
Tema: Sociologia, Prostituição Infantil, Amazônia
A obra é de 1992, mas a realidade apresentada, apesar dos anos que se passaram, é algo que persiste na sociedade.
Contextualizando, o livro traz uma reportagem investigativa sobre a prostituição infantil na Amazônia, passando por várias cidades no Norte, Nordeste e Centro-Oeste em um período de seis meses, com a metodologia de encontrar as adolescentes dando voz ao que vivenciavam. A abordagem não se prende a referenciais teóricos em sociologia, os relatos das meninas são provocativos a essa percepção nas causas e consequências.
Entre as causas, evidenciam-se fatores como a desestruturação familiar (violência, ausência dos pais, conflitos gerados pelo alcoolismo, conivência com a corrupção no lar); o abandono do poder público em garantir direitos essenciais (como a educação e proteção) e a falta de oportunidades em um cenário de carências diversas, suscetível a ação de aliciadores.
Nas consequências, a constatação de uma realidade que escraviza e destrói (física e emocionalmente), predispondo desdobramentos para o tráfico de mulheres, drogas, violência, gravidez precoce, abortos, doenças e mortes.
Os relatos chocam, falando de venda de crianças pelos pais, leilões de virgindade e impunidades diversas, envolvendo também elementos da esfera governamental.
O que me pareceu mais melancólico foi a visão de mundo forçada nas meninas, que muitas vezes resumem nesse meio a única forma de sobrevivência.
Há coisas deprimentes sobre exploração e o objetivo do livro é instigar a transformação do impacto, na sociedade e autoridades, em ações contra essa realidade.
O livro tem acervo fotográfico, com imagens que falam por si mesmas ao contrastar a inocência da infância com a perversidade do mundo da prostituição.
Registro também uma observação que chamou minha atenção, sobre a Amazônia ser conhecida internacionalmente em movimentação contra a sua devastação, mas ser pouco conhecida quanto a vidas devastadas que nela habitam,
Do ponto de vista sociológico, é uma obra importante de ser difundida e conhecida. O conhecimento expresso é ainda realidade presente e não se restringe ao cenário de cá.
O que não me pareceu coerente (aspecto que não concordei) é que o autor, no ponto de vista histórico, baseou algumas conclusões em considerações pejorativas, irreais com a verdadeira identidade dos fatos. Não por ser amapaense, pois reconheço a realidade descrita, mas fazer redução do antigo Beiradão (hoje Laranjal do Jari) como cidade criada para fornecer mulheres para o Projeto Jari é desconhecer e ignorar a história e chega a ser até mesmo um tanto irresponsável. É como dizer que as favelas foram criadas para o tráfico e que todo brasileiro é malandro (em face da visão pejorativa no exterior). Não se trata de bairrismo, pois a mesma observação em relação a realidade dos fatos também aplico a Rondônia, que teve sua economia e desenvolvimento associados, em sua maior parte, ao tráfico de drogas no registro do autor. Não é o aspecto principal do livro, mas achei importante expressar no que quero guardar em percepções sobre a obra.
Leitura importante, principalmente pelo tema ainda ser presente, seja na Amazônia, seja no país como um todo: a prostituição infantil.
Contextualizando, o livro traz uma reportagem investigativa sobre a prostituição infantil na Amazônia, passando por várias cidades no Norte, Nordeste e Centro-Oeste em um período de seis meses, com a metodologia de encontrar as adolescentes dando voz ao que vivenciavam. A abordagem não se prende a referenciais teóricos em sociologia, os relatos das meninas são provocativos a essa percepção nas causas e consequências.
Entre as causas, evidenciam-se fatores como a desestruturação familiar (violência, ausência dos pais, conflitos gerados pelo alcoolismo, conivência com a corrupção no lar); o abandono do poder público em garantir direitos essenciais (como a educação e proteção) e a falta de oportunidades em um cenário de carências diversas, suscetível a ação de aliciadores.
Nas consequências, a constatação de uma realidade que escraviza e destrói (física e emocionalmente), predispondo desdobramentos para o tráfico de mulheres, drogas, violência, gravidez precoce, abortos, doenças e mortes.
Os relatos chocam, falando de venda de crianças pelos pais, leilões de virgindade e impunidades diversas, envolvendo também elementos da esfera governamental.
O que me pareceu mais melancólico foi a visão de mundo forçada nas meninas, que muitas vezes resumem nesse meio a única forma de sobrevivência.
Há coisas deprimentes sobre exploração e o objetivo do livro é instigar a transformação do impacto, na sociedade e autoridades, em ações contra essa realidade.
O livro tem acervo fotográfico, com imagens que falam por si mesmas ao contrastar a inocência da infância com a perversidade do mundo da prostituição.
Registro também uma observação que chamou minha atenção, sobre a Amazônia ser conhecida internacionalmente em movimentação contra a sua devastação, mas ser pouco conhecida quanto a vidas devastadas que nela habitam,
Do ponto de vista sociológico, é uma obra importante de ser difundida e conhecida. O conhecimento expresso é ainda realidade presente e não se restringe ao cenário de cá.
O que não me pareceu coerente (aspecto que não concordei) é que o autor, no ponto de vista histórico, baseou algumas conclusões em considerações pejorativas, irreais com a verdadeira identidade dos fatos. Não por ser amapaense, pois reconheço a realidade descrita, mas fazer redução do antigo Beiradão (hoje Laranjal do Jari) como cidade criada para fornecer mulheres para o Projeto Jari é desconhecer e ignorar a história e chega a ser até mesmo um tanto irresponsável. É como dizer que as favelas foram criadas para o tráfico e que todo brasileiro é malandro (em face da visão pejorativa no exterior). Não se trata de bairrismo, pois a mesma observação em relação a realidade dos fatos também aplico a Rondônia, que teve sua economia e desenvolvimento associados, em sua maior parte, ao tráfico de drogas no registro do autor. Não é o aspecto principal do livro, mas achei importante expressar no que quero guardar em percepções sobre a obra.
Leitura importante, principalmente pelo tema ainda ser presente, seja na Amazônia, seja no país como um todo: a prostituição infantil.
Se você quiser consultar e ter seu parecer, concordando ou não com o que referenciei, o livro está disponível para consultas (para a galera em Macapá) na Biblioteca Ambiental da SEMA-AP.