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segunda-feira, 2 de abril de 2012

São Camilo: um marco na história do Amapá (Parte1)

Texto de PEDRO DE PAULA RODRIGUES  
publicado no jornal DIÁRIO DO AMAPÁ, de 21/06/2005.
Fachada do Hospital São Camilo: obra filantrópica do italiano 
que se apaixonou por Macapá e sua gente. (Foto: Samuel Silva/2005)
 São Camilo: um marco na história do Amapá
Legado de Marcello Cândia

Concebido e construído pelo Dr. Marcello Cândia - um leigo italiano com profundas ligações com a Igreja Católica, o hospital teve sua construção iniciada no dia 26/01/1960, com a colocação da primeira pedra da obra, em terreno comprado de terceiros por Marcello Cândia, localizado na antiga Rua Rio de Janeiro (atualmente Rua Dr. Marcelo Cândia), entre as avenidas FAB e Almirante Barroso, no bairro Santa Rita, até então um local ermo, inóspito e tomado por mato e lixo, cujas ruas ainda eram tímidas e mal traçadas e sem qualquer camada asfáltica.
O arquiteto do Hospital São Camilo foi Fúlvio Giuliano, um jovem voluntário da Igreja católica apadrinhado por Marcelo Cândia, que jamais recebeu qualquer tipo de pagamento durante a construção do São Camilo: chefiou a equipe de operários durante toda a obra, consumindo os inseparáveis charutos e pagando do próprio bolso doses de bebidas aos pedreiros em dia de sábado, conforme depoimentos de pessoas que acompanharam a construção do hospital, como o Padre José Busato, que revela: "Quando decidiu ser Padre, o Dr. Cândia financiou todos os estudos de Fúlvio Giuliano, em Belo Horizonte, e, uma vez ordenado, transformou o Dr. Cândia em seu padrinho de Missa."
Na época, Macapá ainda não produzia materiais de construção, fato que encarecia  e até mesmo inviabilizava as obras realizadas no ex-Território, tanto que até então apenas dois prédios de médio porte haviam sido construídos na capital: o Colégio Amapaense e o Pensionato, localizados, respectivamente, na Av. Iracema Carvão Nunes (em frente à Praça da Bandeira) e na Av. Mendonça Furtado (nos fiundos da antiga Igreja da Matriz, posteriormente Igreja São José). Durante a construção do Hospital São Camilo, cinco anos depois da explosão de sua fábrica, em Milão (Fábrica Italiana de Ácido Carbônico), depois de sua participação na II Guerra Mundial, mais exatamente no período de 1941 a 1943, e após fundar a Escola de Medicina para missionários, na Itália, (em 1950), Marcello Cândia foi deixando de lado a vida de industrial e se dedicando aos pobres, principalmente do Amapá e do Pará, concentrando suas obras sociais em marituba, com a construção da Colônia de Marituba - que passou a cuidar dos hansenianos, e na construção do Hospital São Camilo, tanto que na Itália passou a ser apelidado de "Doutor Macapá".
   
  Imagens retiradas do livro "MARCELLO dei lebbrosi" de Piero Gheddo.

"Você não pode compartilhar o Pão do Céu, se você não compartilhar o pão da terra".  
Escrito na parede de sua casa (Fonte: centrocandia.it)

"Eu não sou nada. Eu sou apenas um humilde instrumento da Providência
Frase de Cândia (Fonte: culturacattolica.it)

Um pouco da história do hospital

A construção do hospital São Camilo teve a duração quase de dez anos. Nesse período, Marcello Cândia se revezava entre Macapá, Marituba e Milão, cidade italiana onde passou grande parte da vida, depois do seu nascimento em Pórtici, então um vilarejo de Nápoles, terceiro filho de um rico casal de industriais, Camilo Cândia e Luísa Mussato.
O "Doutor Macapá" fixou-se definitivamente na então capital do ex-Território em junho de 1965, logo depois que foi homenageado, no Vaticano, com o título de "Missionário".
A inauguração do Hospital São Camilo - então o maior e mais bem equipado hospital privado do norte do País - foi bastante concorrida, com a presença do governador, General Ivanhoé Gonçalves Martins, acompanhado de todo o seu Secretariado (incluindo o prefeito João de Oliveira Cortes, que na época era nomeado pelo governador), do deputado federal Janary Gentil Nunes, do Juiz de Direito da então Vara Única do Território do Amapá, Dr. José Clemenceau Pedrosa Maia, e até mesmo do então presidente do Amapá Clube - que era uma espécie de coqueluche da época.
Também compareceram, à inauguração do Hospital Escola São Camilo e São Luiz, o bispo prelado de Macapá, Dom Aristides Piróvano, amigo pessoal do Dr. Marcelo Cândia desde o ano de 1952. Dom aristides morreu na Itália, em 03/02/1997.
Fim da "Era Cândia" - Em 08/07/1980, o Papa João Paulo II visita a Colônia de marituba, faz um pronunciamento histórico aos hansenianos do mundo e beija na testa o Dr. Marcelo Cândia, em agradecimento ao que chamou de "exemplares e pioneiros serviços religiosos, sociais e de caridade prestados à população da Amazônia", sendo agraciado, em 1982, com o "Prêmio Feltrinelli" e, no ano seguinte, no dia 12/02, foi-lhe outorgado em cerimônia presidida pelo próprio prefeito, no teatro "La Scala" com a Medalha de Honra ao Mérito da cidade de Milão, mesmo ano em que escreveu, em co-autoria com o Padre Mário Gerlim, o livro "Onde estão os nossos irmãos hansenianos?". O livro tinha o objetivo confessado de sensibilizar os brasileiros no sentido de fortalecerem a causa em defesa dos hansenianos.
Depois de tantas homenagens e do lançamento do livro - considerado como uma espécie de despedida - o "Doutor Macapá" morreu no dia 31/08/1983, após permanecer internado durante um mês numa Clínica de Pavia, na Itália, onde recusou tomar qualquer tipo de medicamento ao tomar conecimento que era doente terminal (câncer no fígado), aos 67 anos de idade.
No leito de morte chegou ao Dr. marcelo Cândia a notícia da aprovação oficial da "Fundação Dr. Marcello Cândia", que até os dias atuais ajuda milhares de famílias pobres em todo o mundo, inclusive em Macapá. Logo depois da morte, quando seu corpo recebia a visita de milhares de amigos, na cidade de Milão, chegou do vaticano a nomeação oficial da escolha do "Doutor macapá" como "Conselheiro Pontifício para o Sínodo dos Bispos", indicação do próprio Papa João Paulo II. Conforme muito bem descreve o Padre José Busato, em sua obra "Dr Marcello Cândia - um santo entre nós", editado pela Fundação Padre PIO, 2003, página 13: "Esta comunicação deve tê-la recebido de São pedro...".
O construtor e fundador do Hospital São Camilo e São Luiz foi declarado pelo Papa João Paulo II, "Servo de Deus" e "Empresário dos Pobres", porque deixou de ser rico para aliviar o sofrimento da fome em todo o mundo, abraçando a causa de Madre Teresa de Calcutá, de quem era amigo pessoal.
Canonização - Dois anos  depois de sua morte, em dezembro de 1985, a Editora "De Agostini", da Itália, publicou a biografia de Marcello Cândia, escrita pelo jornalista missionário Padre Piero Gheddo, que, a pedido da família e da Fundação Dr. Marcello Cândia, foram publicados 45 mil exemplares em cinco edições. A biografia, retratada pela obra, teve repercussão pelo mundo e foram feitos pedidos de canonização.
O ápice do pedido de canonização ocorreu pós celebração da missa do 4º aniversário de morte (31/08/1987), quando amigos de Cândia pediram que alguém se interessasse pela Beatificação, levando a Fundação Dr. Marcello Cândia (em 11/11/1987) a pedir oficialmente a abertura do Processo. O Vaticano iniciou o processo de beatificação em 12/01/1991.

Fonte: Exceto as frases e ilustração GIF, o texto foi publicado
 no Jornal DIÁRIO DO AMAPÁ, de 21/06/2005.

Acredito que toda pessoa do bem deve ser uma inspiração, pois o homem nasceu para fazer isso... é nato se Deus está verdadeiramente entronizado em nosso coração. Só não sou favorável a ver o bem nas pessoas como uma coisa para canonizar, isso é coisa dos homens. O bem deve ser nato e vivê-lo é uma qualidade que Deus quer inspirar em todos nós. Basta olhar e viver com ele.
 
  Material pesquisado na Biblioteca SESC-Centro
em Macapá.


A quem interessar, são fontes de consulta:
porta-retrato-ap.blogspot.com.br

segunda-feira, 19 de março de 2012

A Fortaleza de São José de Macapá (Parte 5 - Vídeo 230 anos em 2012)

É hoje o aniversário de 230 anos 
do mais emblemático monumento histórico
do Estado do Amapá.
Foto: Rogério Castelo
Reportagem de Evandro Luiz exibida no "Amazônia TV" em 17/03/12

Os pontos abordados foram:
  • A Fortaleza de São José é a maior edificação militar portuguesa do Período Colonial.
  • Foi construída para defender as terras brasileiras da invasão dos inimigos pela foz do Rio Amazonas.
  • Serviu também para para reabastecer com alimentos e munição os aliados.
  • Foi edificada com uma praça central, baluartes pentagonais, alojamentos para militares, armazém, hospital e a Capela de São José.
  • A edificação se tornou o principal monumento histórico do Amapá e atrai visitantes de diversas partes do país.
  • Recebe em média 3.500 turistas por mês.
  • Na época da edificação o trabalho pesado foi realizado por índios e negros (mão de obra escravizada), eles eram responsáveis pelo transporte e beneficiamentos das pedras naturais utilizadas na construção das muralhas, na produção de telhas e tijolos.
  • O Forte foi edificado em alvenaria de pedra e cal na margem esquerda do Rio Amazonas. 
  • A obra teve início em 1764, mas foi inaugurada ainda incompleta em 19 de março de 1782.
  • Em 1950 foi tombada pelo patrimônio histórico nacional.
  • No início da década de 1990 teve início o processo de revitalização.
  • O monumento ganhou mais destaque na paisagem urbana de Macapá e a população ganhou um novo espaço de lazer (Lugar Bonito)
"Um povo sem passado é um povo sem história 
e a Fortaleza é nosso maior baluarte"
(Depoimento no vídeo)
 
 
 
 Fotos: Rogério Castelo

Mais informações em:

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Museu Sacaca (Parte 3 - Cronologia)

"Um templo da cultura e da ciência amazônica. Representa o conhecimento de nossos povos (índios, seringueiros, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, pescadores), a luta por um desenvolvimento sustentável, por nossas tradições e cultura." (Folder GEA-2012)

O Museu Sacaca (CPM/Museu Sacaca - Centro de Pesquisas Museológicas Museu Sacaca) é uma instituição cultural e científica - em Macapá - subordinado ao IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá). Está localizado em uma área de cerca de 12 mil metros quadrados (no Bairro do Trem, nas proximidades do Canal do Beirol) e, além de divulgar as pesquisas realizadas pelo IEPA, por meio de exposições e atividades didáticas, destaca-se pelo circuito expositivo a céu aberto representando os povos amazônicos no Amapá (ribeirinhos, indígenas, castanheitros, etc). (Informação do Wikipédia)
Fonte: IEPA

Visualizar Museu Sacaca em um mapa maior

"Templo dos povos da floresta", esta é a denominação do museu veinculada em propaganda institucional do GEA (Governo do Estado do Amapá).

"A vida só se compreende mediante um retorno ao passado,  mas só se vive para diante."   (Soren Kierkegaard - filósofo e teólogo dinamarquês)
O museu, com a concepção de desenvolvimento sustentável, foi oficialmente estabelecido durante o mandato de Capiberibe no Governo do Estado (1997). Entretanto, o acervo remonta às décadas de 1960 e 1970. 
Vamos conhecer um pouco da história do Museu Sacaca, que foi assim construída na linha do tempo (as informações, em sua maioria, foram retiradas do folder distribuído na reinauguração/2012 e Revista MUSAS/2007):
  • 1965 - O Governador General Luiz Mendes da Silva, por meio do Decreto 04/1965, criou o Escritório Comercial e Industrial do Amapá. Entre suas incumbências estava a instalação do Museu Industrial e Comercial, destinado a manter uma exposição permanente e elucidativa dos produtos regionais. Administrado pelo químico Waldemiro Gomes, o acervo de pesquisas contava com fibras, sementes e plantas medicinais.  O Museu passou por várias alterações de nome, endereço e missão, até que em 1988, foi denominado Museu de Plantas Medicinais Waldemiro de Oliveira Gomes.
Década de 1960: Foto1 - Exposição de produtos no Museu Industrial e Comercial / Foto 2 - Waldemiro Gomes com estudantes (Fotos do Acervo do Museu Sacaca publicadas na Revista MUSAS/Nº 03/2007)
    
  • 1970 - Waldemiro Gomes assume o Museu Histórico e Científico Joaquim Caetano da Silva.
      O nome do Museu é uma homenagem ao médico e diplomata gaúcho Joaquim Caetano da Silva, autor da obra L’Oyapoc et L’Amazone, de fundamental importância na elaboração da defesa efetuada por José da Silva Paranhos Júnior (Barão do Rio Branco), que definiu a favor do Brasil as terras do contestado franco-brasileiro.
      • 1974 - Criado o Museu de História Natural Ângelo Moreira da Costa Lima, sendo o pesquisador Reinaldo Damasceno seu primeiro diretor. O museu tinha como linha de estudos a entomologia (estudo dos insetos), flora e aves. A inauguração do Museu deu-se em 06 de janeiro de 1974, já no endereço onde funciona hoje o Museu Sacaca. É importante ressaltar a parceria firmada entre o Museu Costa Lima e o Museu Goeldi – cujo diretor era Miguel Secffe –, no sentido de formar a primeira coleção de animais taxidermizados. Criado também o Centro de Ciência do Amapá (CECITA) para estudo da fauna amapaense.
      Angelo Moreira da Costa Lima foi um médico (nascido no RJ), entomologista e pesquisador brasileiro cujo trabalho fundamentou os estudos da entomologia agrícola brasileira. É considerado um dos maiores entomologistas brasileiros.
      • 1980 - Unificados os Museus Joaquim Caetano da Silva e Ângelo Moreira da Costa Lima. 
      • 1983 - Incorporado pela Coordenadoria de Ciência e Tecnologia da Secretaria Federal do Amapá o Museu Ângelo Moreira da Costa Lima.
      • 1985 - Inaugurado o Campus de Pesquisa da Fazendinha.
       
      • 1988 - Criado o Museu de Plantas Medicinais Waldemiro Gomes para realizar pesquisas com a flora medicinal (o nome foi idealizado pela pesquisadora Maria Alice Ramalho em homenagem a um dos maiores pioneiros em plantas medicinais do Amapá, de quem foi assistente. O Museu Costa Lima se dedicava a estudos da fauna.
       
      • 1991 - Criado o Instituto de pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), no Governo de Annibal Barcellos, que absorveu o Museu de História Natural Costa Lima e o Museu de Plantas Medicinais Waldemiro Gomes. Passou a gerenciar também o Campus de Pesquisa da Fazendinha. Os museus têm o corpo técnico e os acervos – nas  áreas de zoologia, antropologia e de plantas medicinais - ampliados. 
      • 1995 - Os museus incorporados ao IEPA são fechados, para reformas e reestruturação das exposições.
      • 1997 - O Museu do IEPA passa a se chamar Museu do Desenvolvimento Sustentável e foi reaberto em 10/04/1997 no governo de João Capiberibe. A nova exposição passou a ser mais interativa e representativa dos resultados alcançados pelas pesquisas do IEPA. Foi criado um espaço externo para exposições que, futuramente, seria ampliado na grande exposição a céu aberto que é hoje o Museu Sacaca.
      • 1999 - Em 20/09/1999, pelo Decreto (GEA) Nº 2396, o Museu passou a ser denominado MUSEU SACACA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, em homenagem ao Sr. Raimundo dos Santos Souza, o Sacaca, considerando a sua contribuição para a população amapaense, por seu trabalho na área da medicina natural e por ser um grande representante das tradições culturais do Estado do Amapá. 
       
      • 2002 - Ampliação do Museu Sacaca do Desenvolvimento Sustentável com a inauguração da Exposição a Céu Aberto. O  museu foi reinaugurado em 05/04/2002 com o nome atual: "Centro de Pesquisas Museológicas Museu Sacaca" - CPM/Museu Sacaca. O museu foi inaugurado usando parte das instalações da sede do IEPA em Macapá,  no terreno ao lado (até então um espaço alagado e tomado pelo mato).  Foi trabalhado e transformado na exposição a céu aberto. A idéia de um museu que representasse as comunidades tradicionais do estado, tão rico em diversidade cultural, com representações de índios, ribeirinhos e castanheiros, era um projeto realmente ousado e com uma concepção museológica inovadora. 
      Este recorte de Jornal (O Liberal - 06/01/2000) mostra a ampliação do Museu Sacaca e construção do ambiente para a exposição a céu aberto. O texto é de Jorge Cesar.
      Jornal O Liberal, de 06/01/2000
       A inauguração foi alardeada intensamente pelas mídias e contou com a presença de jornalistas de outros estados (Agência Estado, Diário de São Paulo, Jornal O Dia-RJ, Jornal do Brasil-RJ e Revista ISTO É), além da presença do professor da UFRJ na área de museologia - Mário Chagas - e da doutora baiana, consultora do projeto do museu - Maria Célia. O evento, também com seu cunho eleitoral, marcou a transferência de Capiberibe do cargo efetivo de governador (08 anos) à vice-governadora Dalva Figueiredo, para concorrer ao Senado. (Informação do Jornal O Liberal, de 10/04/2002, em artigo escrito por Aroldo Pedrosa). É muito interessante ver como a história vai sendo descrita nos jornais, descobrimos cada coisa! Veja no recorte do jornal citado: Capiberibe em discurso utópico, Dalva de Oliveira metafórica ("...quem nasceu na floresta, nadou nos rios e igarapés, não tem medo de atravessar as cachoeiras. Nós vamos atravessar as cachoeiras juntos!...") e um ferrenho defensor de Capi e então Prefeito de Macapá, João Henrique. A viúva de Sacaca também fez seus agradecimentos em discurso na inauguração. Tá tudo aí no jornal...
      Jornal O Liberal, de 10/04/2002

      • 2004 - Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, na área Arte e Cultura, para o Museu Sacaca. 
      O "Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente" é um tributo de reconhecimento do MMA a pessoas ou entidades que trabalham em defesa do meio ambiente e em benefício de experiências bem-sucedidas de desenvolvimento sustentável na Amazônia.
      Portaria do MMA com os vencedoresdo Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente - 2004 (D.O.U de 15/12/2004).
      O "Prêmio Cultura Viva" tem por objetivo mobilizar, reconhecer e dar visibilidade a práticas culturais que ocorrem em todo o território brasileiro, de modo a favorecer o conhecimento da riqueza e da diversidade cultural do país.
      • 2008 - Exposição a Céu Aberto fechada para o público em decorrência da falta de estrutura. Por ser um Museu a céu aberto,  parte de seu patrimônio (sem receber manutenção adequada) ficou bastante danificado pela ação do tempo e cupins.
      • 2008/2009 - Prêmio Darcy Ribeiro, do Ministério da Cultura. 
      O Prêmio Darcy Ribeiro tem por objetivo incentivar e premiar as práticas relacionadas a ação educativa em museus.   
      Veja como foram as premiações nestes anos: 
      D.O.U de 14/05/2008

      Foi premiado em 3º lugar em 2008, com o projeto "Aprendendo no Museu". A instituição recebeu o valor de R$ 4 mil (Fonte: MINC - 2008).  
      A proposta do projeto "Aprendendo no Museu" é fazer com que na prática os estudantes aprendam a valorizar e preservar o patrimônio histórico cultural do Amapá, a partir dos espaços culturais e pedagógicos existentes no Museu Sacaca.
      D.O.U de 15/05/2009 

      Premiado como 2º colocado em 2009 com com o projeto "Nas trilhas do conhecimento – Comunidades e Cientistas Protegem juntos a Biodiversidade do Amapá". Recebeu o valor de R$ 10 mil (Fonte: MINC - 2009). 
      Exemplo de painéis expostos no projeto "Nas Trilhas do Conhecimento" sobre os segredos da fitoterapia, a partir do projeto de tratamento com plantas medicinais desenvolvido pelo IEPA. (Fonte: Apresentacão Museu Sacaca - Núbia Ferreira)
      • 2008/2009 - Finalista no Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade (Categoria Educação Patrimonial), do IPHAM, novamente com o projeto Nas Trilhas do Conhecimento.
      O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, que leva o nome de um dos fundadores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, busca justamente destacar brasileiros e instituições que perceberam a importância de proteger opatrimônio do Brasil.


      Projeto indicado em 2008/2009 - Fonte: IPHAM - relação de finalistas
      • 2009 - Prêmio Pontinhos de Cultura/Ludicidade, do Ministério da Cultura, com o Projeto Leitura e Ciência. O projeto ganhou o reconhecimento do MINC e foi agraciado com recursos de R$ 18 mil. Segundo a coordenadora, Ana Claudete, o dinheiro foi investido na construção de um parque infantil e o restante na compra de materiais lúdicos para as crianças (Fonte da informação: noticiasdaamazonia.com.br e correaneto.com.br).
        O Prêmio Ludicidade é destinado à promoção de iniciativas culturais voltadas para a infância e adolescência, disponibilizando material adequado e pessoal qualificado para realização de atividades lúcicas e educativas voltadas a esse público.
        • 2010 - Finalista no Prêmio Vivaleitura, do Ministério da Cultura, com o Projeto Leitura e Ciência (trabalho desenvolvido pelo IEPA com atividades  voltadas à conscientização das criança para os valores ambientais, visando a compreensão da realidade do nosso Estado, através de leitura, teatro e brincadeira educativas no espaço do Museu Sacaca).
          É uma  iniciativa - do Ministério da Educação (MEC), do Ministério da Cultura (MINC) e da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, com patrocínio da Fundação Santillana. Objetiva estimular, fomentar e reconhecer as melhores experiências que promovam a leitura.
           Veja um texto sobre o Projeto Leitura e Ciência:
          Fonte: Catálogo Vivaleitura 2010
          • 2011 - Retomada do processo de revitalização e ampliação dos espaços do Museu Sacaca.
          • 2012 - Em 03 de fevereiro, véspera de aniversário de Macapá, ocorreu a reabertura para visitação pública. Foi um evento aguardado com entusiasmo pela população. Mas isso, é assunto para uma próxima enrolaçã.... opa! Digo, postagem.
          "A Exposição a Céu Aberto está apresentada em uma área onde o visitante pode observar diversos aspectos naturais da região, caminhando por trilhas ecológicas formadas por pedra, água, madeira e areia. Além disso, as exposições são contextualizadas por meio de equipamentos com programas multimídia que estão disponíveis nos diversos espaços expositivos, destacando os aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos e religiosos dos diversos grupos que estão representados no Museu." (Texto de Maria Célia Teixeira Moura Santos no artigo OS MUSEUS E A BUSCA DE NOVOS HORIZONTES)
          Jornal Participação - Ano I - Nº 13 - Fevereiro/2012
           
          Esta é um pouco da história do Museu Sacaca.
          Venha conhecer!!!
          Av. Feliciano Coelho, 1509
          Bairro do Trem - Macapá (AP)
          Fone: (96) 3212-5363
          Entrada franca
          Terça a Domingo
          Referências Consultadas:
          Veja também:

          domingo, 12 de fevereiro de 2012

          Museu Sacaca (Parte 2 - História de Sacaca - Vídeos)

          O nome do museu é uma homenagem a Raimundo dos Santos Souza, mais conhecido como "Sacaca", curandeiro local de grande importância para a difusão da medicina natural junto à população amapaense. Nascido em 21/08/1926, casado com dona Madalena Souza, a primeira Miss Amapá, foi pai de 12 filhos.
          Residente do bairro do Laguinho, sempre atendeu aos moradores com sua medicina fitoterápica, conhecimentos estes adquiridos com os pais e aprimorados com estudos de pesquisadores internacionais. Discípulo do cientista Waldemiro de Oliveira Gomes, com quem trabalhou no Laboratório Químico do Território Federal do Amapá e no Museu Industrial. Partiu em 1999, quando o Museu recebeu seu nome.              (Texto de Hellen Cortezolli - da SECOM, publicado no jornal institucional do GEA PARTICIPAÇÃO - Ano I - Nº 08 - de distribuição gratuita e circulação em Outubro de 2011).
          Estátua do Sacaca e estátua-viva em performance na reabertura do Museu, em 03/02/2012. (Foto: Rogério Castelo)
          Alguns importantes e históricos vídeos sobre o Sacaca são estes, para conhecimento das novas gerações:

          Dr Sacaca, O Senhor da Floresta (Amazon-Sat)
          - Gravado quando Sacaca ainda era vivo - sem data precisa, é anterior a 1999
          - Reportagem e Direção: José Amoras 
          - Imagens: Eldemir Corrêa / Carlos Cardozo 
          - Edição de Imagem: Carlos Magno 
          - Operador de VT: Valdir Campos 
          No vídeo, entre outras informações, é mostrado:

          - "Do meio da mata surge o alívio para as dores do homem urbano. A Floresta Amazônica possui vegetais capazes de verdadeiros milagres e vem gerando homens que descobrem e distribuem estes milagres. O Dr Sacaca é um desses homens" (narração na abertura).

          - Sacaca aprendeu com o pai a conhecer as muitas espécies de árvores e sua mãe ensinou-lhe a preparar remédios para tratamento de infecções urinárias.

          - Ainda adolescente aprendeu a arte de conhecer as plantas da mata com um famoso sábio francês estudioso da floresta e radicado no Estado do Pará (Paul Le Cointe).

          - Teve também como mestre o cientista Waldemiro Gomes, com quem trabalhou no Laboratório Químico do Território Federal do Amapá e no Museu Industrial. 
          Nota para as bobagens insanas de Gregor Samsa: Meus pais, em mudança de Serra do Navio para Macapá, compraram a casa onde residiu este homem. Era um local cheio de muitos livros (pilhas para ser mais preciso), na penumbra e com centenas de frascos... tanto que impregnavam o ambiente com cheiro de remédio. Todo esse material foi reunido e coletado pela filha dele. Esse renomado cientista era conhecido como "Velho-Pombo" no Bairro do Trem. O por quê deste apelido bacana? Bom... segundo moradores antigos, era comum ver o grande cientista transitando sempre com roupas brancas, todo parrudo, com suas cãs. Ah... me perdoem os estudiosos esta exposição boba, são lembranças de meus 09 anos, em 1982. Ara... vão todos é se lascar, eu escrevo o que me der na telha e pronto. A casa era na Rua Hamilton Silva, quase de esquina com a Av. Maria Quitéria, onde moramos até 1987. Já não existe mais.
          - Participaram também na formação de Sacaca dois grandes amigos: Aldo Lo Curto (médico italiano) e José Maria de Albuquerque (padre brasileiro e estudioso das plantas).
          Padre José Maria de Albuquerque, Waldemiro Gomes e Aldo Lo Curto
          - Sacaca estudou a teoria de muitos pesquisadores brasileiros e europeus e era respeitado por botânicos de todo o país.
          Exemplo disto está no artigo "No Laguinho, um Doutor  em Biodiversidade Amazônica" - publicado em jornal amapaense e escrito pelo Profº Dr Angelo Pinto (do Instituto de Química da Universidade Federal do RJ) - que elogiou o encontro e diálogo entre Sacaca e Benjamim Gilbert (da Fundação Osvaldo Cruz do RJ). Em suas palavras: "O diálogo travado entre esses dois sábios é um acontecimento raro na vida e foi melhor do que qualquer aula que tivemos nos bancos escolares da universidade. O Dr Sacaca conhece plantas medicinais do Amapá de forma muito mais profunda que qualquer doutor em Botânica. A naturalidade com a qual se refere aos nomes científicos das plantas deixou-nos estarrecidos".
          - Os conhecimentos eram também no combate a pragas agrícolas (como a mosca-da-carambola) e também na perfumaria.
          Sacaca demonstrando seus conhecimentos no combate à mosca-da-carambola.
          - A biopirataria era uma de suas preocupações, conforme se expressou: "O povo brasileiro tem que aprender a viver com aquilo que ele tem, porque estamos sendo muito explorados. Os países mandam gente prá cá, depois registram no nome deles e mandam as coisas prá gente comprar." (depoimento no vídeo).

          - Apresentou na Rádio Difusora um programa aos sábados (05 às 07 da manhã) onde atendia e tinha ouvintes fora do Amapá e do país (informação no vídeo).
           
          - Era uma figura muito presente também na cultura do marabaixo (dança folclórica do Amapá) e no carnaval (foi Rei Momo e participou da fundação da primeira escola de samba, a Boêmios do Laguinho).

          Outro vídeo sobre o Sacaca foi exibido no SBT-AP, em 01/02/2012.
          Sacaca e as Plantas Medicinais (SBT-AP)
          - Exibido como parte de uma série, do SBT-AP (TV Amazônia) em homenagem aos 254 anos de Macapá.
          - Reportagem: Mônica Silva e Márcio Bacellar
          - Apresentação do Programa Meio-Dia: Bernadeth Farias
          (Os vídeos podem ser vistos na Biblioteca SEMA em Macapá) 
          Entre outros aspectos importantes, é mostrado no vídeo:

          - "Realeza das matas, da fauna e da flora, dos bichos exóticos e conhecidos, abrigo dos rios e cascatas, soberana das relvas, força das pedras, explendor de beleza... vida. Este é o cenário da nossa majestosa mãe natureza. Inspiradora dos poetas, mestra dos sábios, dos conhecedores dos cantos, encantos e segredos dessa imensidão. Dos homens que fazem experiências reveladoras, pondo em prática uma missão: a cura através das plantas medicinais. Foi assim que durante muitos, muitos anos, o sábio e curandeiro Raimundo dos Santos Souza, o saudoso Sacaca, dedicou parte da vida cuidando das pessoas que muitas vezes deixaram de acreditar na medicina científica" (narração na abertura do vídeo).
          - Sacaca era dotado de um conhecimento invejável e aos poucos foi construindo sua fama, pelos resultados alcançados através de suas  ervas e garrafadas ( mistura de várias plantas). A população o procurava em busca de curas para diversas doenças.
          - Em 1994 foi homenageado pela escola de samba Piratas da Batucada, com o enredo "Festa para um rei negro". A agremiação foi a campeã neste ano.

          - Faleceu em 19/09/1999, de enfisema pulmonar. Veja um artigo, de Archibaldo Antunes, publicado no Jornal do Dia - de 29/09/1999 - intitulado "A benção, Sacaca".
          Este é o homem que dá nome a um importante e bonito museu em Macapá. 
          Sacaca, Dr da Floresta e sábio conhecedor das plantas medicinais.
          Existe um outro vídeo, que até hoje nunca consegui adquirir por nenhum meio. Foi uma reportagem especial do Globo Rural, exibida nos anos 90. Assisti o programa na época, mas não tenho o registro em imagens. Gostaria muito de ter a oportunidade ainda de divulgá-lo aos conterrâneos de Macapá. São histórias que precisam ser conhecidas.

          Fontes Consultadas:
          Veja também: