As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

A Casa dos Padres (Ricardo Smith, 2008)

Um povo de muitas memórias é um povo que cultua a inteligência e o respeito por seus antepassados; assim podemos falar de um povo do extremo norte do país. No Estado do Amapá, ao longo dos anos, percebemos que seus habitantes não medem esforços para registrar o que vai marcando a história.
Ricardo Smith, que tem descendência alemã, mas que teve o privilégio de ser amazônida, viveu o que também marcou a vida desse povo nos anos 60/70: a Casa dos Padres. É dessa casa que ele abre as janelas e vive a paisagem com pessoas como Estandico, Edu, Rock Lane, Professora Ernestina, Tia Nenê, Pe. Jorge Basile, D. Eulice, mãe do autor, e tantos outros que o leitor vai conhecer. Pessoas simples, que fizeram a história nessa época. O que Ricardo traz são histórias vividas por seus contemporâneos, que tem pouco ou quase nada de registro. Caso se pergunte para autoridades do setor de Transporte o que era o "Caixa de Cebola" nos anos 60 em Macapá, só vai responder quem conheceu a cidade da época. Esses detalhes são revelados em "A Casa dos Padres".
Enfim, um livro que fala do Pe. Antônio Cocco e Biroba, e outros, contando suas histórias e estórias... A Casa dos Padres é um livro marcado pela irreverência e simplicidade de sua gente. 
Ricardo, a palavra é sua...
JOSÉ AMORAS
(Apresentação do livro)

Título: A Casa dos Padres
Autor: Ricardo Smith
Editora: Smith Produções Gráficas Ltda
Ano: 2008
Páginas: 104

Ricardo Smith, amapaense nascido em Oiapoque, mistura lembranças de sua infância com a história de Macapá nas décadas de 60 e 70. A obra é referencial interessante na percepção da época, com informações do cotidiano, eventos de destaque, costumes e atrativos no recorte temporal.
Destaque para informações sobre o antigo seminário na Ilha de Santana (educandário de origem católica também conhecido como o orfanato São José, impressionante como não tenha sobrado quase nada da antiga construção em poucas décadas); para o Cine João XXIII (point da juventude do contexto); para as histórias e importância histórica da Prelazia de Macapá (segundo o autor, abrigou também o Colégio Comercial do Amapá) e para os relatos sobre o Caixa de Cebola (primeiro ônibus da cidade, com histórias que se misturaram ao folclore).
O livro tem também relatos da passagem do autor pelo interior do Pará e, apesar de serem suas lembranças, o protagonismo da história é transferido para um menino chamado Edu. Acompanhamos este da infância à adolescência nas terras tucujus. 
Leitura curiosa, divertida enquanto observação de época, enriquecida com fotografias de relevância histórica (principalmente a do educandário na Ilha de Santana, pouco conhecida).
Registro final, o título é alusão a local de encontro rotineiro da juventude macapaense na década de 1960, a Casa dos Padres.
Trapiche com alunos do seminário em Santana (foto e informação publicada no livro)
Uma leitura sugerida pela
Biblioteca Ambiental da SEMA
em Macapá

terça-feira, 18 de junho de 2019

Biblioteca do TJAP em Macapá (2019)

Reportagem sobre a Biblioteca do Tribunal de Justiça do Amapá, exibida em 17/06/2019 na TV-AP, com imagens de Edson Ribeiro e apresentação de Narah Pollyne.


Com mais de 22 mil títulos, entre livros de Direito e História do Amapá, a Biblioteca Juiz Francisco Souza de Oliveira, localizada dentro do prédio do Tribunal de Justiça (TJAP), atrai servidores e estudantes de concursos públicos, que buscam conteúdo atualizado e gratuito, em um espaço adequado para pesquisas. 
Cerca de 90% do acervo é de livros de Direito, mas o espaço conta ainda com obras literárias diversas, revistas, trabalhos acadêmicos, jornais, periódicos e outras mídias. 
Além disso, no local encontram-se processos antigos, abertos para consulta pública no museu existente no local. 
Foto: jdia.com.br
O TJAP está localizado na Rua General Rondon, no centro de Macapá, e a biblioteca está aberta ao público em geral de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 14h30.
O texto da reportagem foi disponibilizado na íntegra em g1.globo.com/ap e o vídeo original em globoplay.globo.com.   
Confira também este LINK com outra reportagem sobre a biblioteca, produzida em 2012.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

No limiar da incredulidade (Alci Conceição de Jesus)

Quando, em circunstâncias adversas, passamos por dificuldades, às vezes, chegamos ao início da incredulidade. Não sei qual o seu problema, mas sei que ele tem solução. 
Esta obra tem como objetivo geral contribuir para a diminuição do uso e abuso de substância entorpecente. O meu principal alvo é o ser humano despertar a força de vontade que existe dentro de cada um, ajudá-lo através de uma boa leitura a superar dificuldades. 
Acredito que o caminho do saber é uma fórmula eficaz ao convívio social.    
(Alci Conceição de Jesus)


Título:  No limiar da incredulidade 
Autor: Alci Conceição de Jesus
Editora: Gráfica e Editora Brasil
Ano: 2005
Páginas: 84

Pensei que a obra abordaria a questão das drogas e vícios. Conheci o autor, educador palestrante na área, mas o direcionamento foi outro, numa agradável surpresa.

É um livro poético, que enaltece a vida, o amor, a espiritualidade, os sonhos, o recomeço, a poesia.

Duas coisas se destacam e a primeira é a simplicidade da sabedoria popular, concepção expressa em cada texto de maneira tocante, principalmente quando percebemos o segundo aspecto na identidade do livro...

No limiar da incredulidade traduz um recomeço, diante de abismo que poderia ser ponto final a vida, com textos de apego ardoroso ao saber, a Deus, às artes. Tem relação com o testemunho de vida de Alci Conceição, um sobrevivente das drogas que, entre outras coisas, vivenciou o submundo do crime e cárcere. É aí que entra o poder transformador em Jesus Cristo e redirecionamento. Os textos expressam o momento de descobertas, onde aflora o recomeço e esse ardor em novidade de vida é o segundo aspecto.

O livro traz a biografia de Alci, poesia de momentos diversos e textos com reflexões.

Gostei principalmente de Um clarão na escuridão (singelo autoretrato), Querida mamãe (mensagem no cárcere, escrita no mês de Maio) e Paixão (declaração de amor).

Mais informações sobre o autor em:


Em Macapá, 
a obra está disponível para leituras na 
Biblioteca Pública Elcy Lacerda

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Ensaio sobre a cegueira (José Saramago)

Ensaio sobre a Cegueira é um romance do escritor português José Saramago, publicado em 1995 e traduzido para diversas línguas. A obra narra a história da epidemia de cegueira branca que se espalha por uma cidade, causando um grande colapso na vida das pessoas e abalando as estruturas sociais. O romance se tornou um dos mais famosos e renomados do autor e fora, sem dúvida, um dos principais motivos para a escolha dele ao Prêmio Nobel de Literatura em 1998.
Fonte: Wikipédia 


Título: Ensaio sobre a cegueira
Autor: José Saramago
Editora: Companhia da Letras
Páginas: 312
Ano 1995

Certo homem de ações impiedosas um dia encontrou luz que provocou-lhe cegueira, seguindo-se transformação radical quando percebeu que, mais que a debilidade nos olhos, sua maior cegueira era no coração, referente ao obscurantismo em que vivia. História do apóstolo Paulo em seu encontro com o Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Breve lembrança que misturou-se aos primeiros momentos da leitura e ajudou-me a ter direcionamento em algo aparentemente confuso e caótico. É um livro sobre o obscurantismo, em metáfora para o viver, a história que, em temos gerais, tem se construído na humanidade, onde as primeiras ações daquele homem citado se repetem na indiferença à percepção. 
A tal cegueira branca expressa no livro é como uma página nova diante de cada um dos afetados, onde a vida é redirecionada na percepção do oportunismo, injustiça, egoísmo, exploração, insensibilidade e barreiras criadas entre as pessoas. Esses e outros elementos determinam histórias de sofrimento, de decadência, de disposições horrendas, tudo em proceder insensível para quem pratica, como se fossem justificáveis. Os olhos então se abrem para essas coisas na experimentação, ficando cegos para ver.
O livro é um tanto pessimista, pois enfatiza esses aspectos intrínsecos à humanidade, o que somos, revelando-se indistintamente como prática entre todos. Os cegos padecem sob elas, mas também praticam. Uns tem noção, outros não. Será preciso ficar cego para vê-las? O livro é oportunidade para que não...
Com certeza é obra aberta a mais interpretações, mas essas me satisfazem.
Referências também para o texto, idealizado em estética alguma coisa está fora da ordem mundial. Um mar de vírgulas que, apesar de não parecer caracterização legal, entendo como mais uma das provocações do autor, na ruptura com o senso comum.
Não vou dizer que é história maravilhosa, coisa e tal, suspirando amores, mas é uma excelente reflexão sobre o obscurantismo e revelação - conclusão final. 
Encerro com o que iniciei: nesse mundo tenebroso, Jesus é a luz que liberta!
"Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida." João 8:12  

Em Macapá, 
é uma das valorosas obras disponibilizadas para leitura na
 Biblioteca Pública Elcy Lacerda.