As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Poluição na Orla de Macapá (Parte 1)

Cachoeira de Santo Antonio, em Laranjal do Jari
Foto: Rita de Cácia (2011)
Os rios são fonte de vida. Desde a Antiguidade, suas águas são essenciais às nossas vidas. A população depende disso para o seu desenvolvimento e para a própria sobrevivência.
Para conservar o rio, é preciso que não se jogue lixo, nem esgoto diretamente nele. Estas coisas destroem, desde o maior dos rios até o menor igarapé, acabam com as espécies que vivem ali, trazem doenças e prejudicam a vida humana. 
 “A responsabilidade social e a preservação ambiental 
significa um compromisso com a vida.”
(João Bosco da Silva)
Olha como o lixo atua no rio:
  • Se acumula no fundo.
  • Diminui a profundidade.
  • Causa entupimento dos canais.
  • Provoca enchentes.
  • Atrai animais perigosos à saúde (ratos, baratas, moscas, carapanã, etc).

Foto e Ilustrações: SEMA-AP

Devemos pensar ecologicamente, dando a nossa contribuição para a melhoria da qualidade de vida do planeta.
Em Macapá, o nosso Rio Amazonas transporta sempre um grande volume de sedimentos. Isso é constante e assim este rio torna-se construtor de ilhas mar adentro. Os canais vão também aos poucos recebendo uma porção destes sedimentos e ficando rasos. Que o diga os donos de embarcações, que pedem escavações de aprofundamento nos locais de atracação na orla de Macapá. 

Rio Amazonas poluído, nas proximidades do Bairro Araxá, em Macapá.
Foto: Arquivo da Biblioteca SEMA-AP / 2009
Meio ambiente é onde se vive 
e preservá-lo é uma obrigação de todos.
Existe, porém, uma situação muitos mais alarmante e preocupante, bem visível a nossos olhos. É só dar uma volta na orla e se deparar com cenários tristes, resultado acima de tudo, de nossa ação despreocupada - muitas vezes - em não manter o ambiente limpo (é onde vivemos) e tornando o rio sinônimo de lixeira.
Gradativamente a poluição vai aumentando o assoreamento nos rios
e na orla de Macapá.
Fotos: SEMA-AP
Cuidar da água é essencial para preservar a vida.
Estes quadrinhos (publicados na Revista Chico Bento / Nº 441, de outubro de 2004) de forma bem lúdica e simples nos fala sofre a poluição nos rios.
Evitar desperdício e poluição da água é tarefa de todos.

Fonte Consultada:

sábado, 10 de março de 2012

LANÇAMENTO DE LIVROS EM MACAPÁ (Carla Nobre / Deusa Ilário)

Na semana de comemoração do Dia Internacional da Mulher, duas poetisas lançaram suas obras em Macapá. Expressões da sensibilidade e vontade incontida de transformar o íntimo, inquieto, sonhador e reflexivo desejo, nestas declamações que originaram estas duas belas coletâneas.
A primeira é de Carla Nobre e chama-se "O AMOR É URGENTE".  Carla é macapaense, professora, incentivadora e propagadora das artes e cultura nesta cidade e estado. O livro, um apego e chamada ao amor, foi lançado no Centro Franco-Amapaense (em 07/03) e, como não poderia deixar de ser, em um evento marcado pelo entusiasmo e paixão abrasadora da autora pela poesia. Houve declamações suas, de seus amigos e ainda a participação de algumas figuras da poesia amapaense.
TEUS OLHOS
(Carla Nobre)

Teus olhos
são oceanos
planos
calmos
que me inundam
e encantam
para as profundezas

Teus olhos
são como jaula
Aprisionando-me alga

Teus olhos
São pergaminho esquecido
Mapa perdido
Tesouro no Templo Luna
Esplendoroso minério
Me esperando para desvendar
E não foi só isso... No mesmo evento ocorreu também o lançamento do blog do Professor Antonio Munhoz, figura conhecida na sociedade amapaense, sendo grande incentivador da literatura e detentor de muito conhecimento da cultura amapaense. O blog tem o objetivo de publicar a trajetória de vida do Professor Munhoz em comemoração aos seus 80 anos dedicados à Educação e à Cultura (completados em fevereiro passado).

Gregor Samsa foi lá também.
Ih rapaz... Quem dera ser poeta também para declamar algo bonito e expressar minhas idéias neste mundo encantado da poesia. Como estou longe disso, fica a admiração por estas pessoas que vão, com muito esforço e amor, construindo a literatura em nosso Amapá.
Mais informações de Carla Nobre em:
www.carlapoesia.recantodasletras.com.br 

No dia 09/03 foi a vez do lançamento de "RETALHOS & LINHAS: POEMAS E CRÔNICAS", de Deusa Ilário (amapaense, poeta, cronista, contista e  professora da rede pública). 

O evento foi na Secretaria de Estado da Educação (SEED).
"Este conjunto de poesias da Deusa é uma oportunidade para aqueles que não conhecem, ou por alguma razão esqueceram o jeito, o sabor, o sorriso, o sentir e o estar do povo daqui, do povo de lá... Do povo!!!" (Orivaldo Souza - Prefácio)
Vento e Vela
(Deusa Ilário)

O vento balança a vida
E ao balançar faz as pétalas deitarem
no chão marrom amarelado da terra
A alegria agora tem cor
e o amor uma estrada macia
que se alarga pelo horizonte
iluminando de cor e amor
os amantes do silêncio.
O vento retece a vela
e faz a canoa deslizar
Seguir a alegria da piracema
e feliz desaguar no mar
No mar-leito da vida!

Gregor Samsa também foi prestigiar a autora 
e mais uma obra da literatura no Amapá.
Mais informações em:

quinta-feira, 8 de março de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ: Pedrinhas (Parte 1 - Vídeo)

O Bairro das Pedrinhas, em Macapá
(Fala Comunidade - Dezembro/ 2011)

Vídeo da TV-AP sobre o Bairro das Pedrinhas (2011).
Foi exibido no Amazônia-TV.
Imagens: Ozânio Lopes
Reportagem: Gilberto Pimentel

Fala Comunidade (Dezembro - 2011). Veja AQUI.

Na reportagem destacam-se os seguintes pontos:
  • O Canal das Pedrinhas, por onde entram e saem as embarcações, é o embrião do bairro;
  • O comércio de madeira e de outros materiais de construção foi o que gerou o crescimento da comunidade;
  • Tem cerca de 5 mil habitantes;
  • Na década de 1990 o canal era pouco habitado e apresentava área de mata nativa;
  • Atualmente, cerca de 100 comerciantes atuam no ramo madeireiro;
  • O comércio madeireiro já não rende tanto;
  • A baixa nas vendas está relacionada à burocracia para extrair e transportar o produto, que fica encarecido e fez muitos desistirem deste ramo de negócios.
  • Em 1992, o Governador Anníbal Barcellos construiu um conjunto residencial com 122 casas populares em madeira e doou a moradores do Santa Inês, esta é a origem do Bairro das Pedrinhas;
  • Além do potencial madeireiro, o bairro abriga a bacia de decantação da CAESA (Companhia de Água e Esgoto do Amapá);
  • A bacia recebe dejetos de todos os cantos da cidade de Macapá, poluindo o ambiente e exalando odor desagradável.
  • Este é o Bairro das Pedrinhas, nas margens do poluído e degradado Canal das Pedrinhas.


Mapa: Bairro das Pedrinhas (SEMA - 2004)
FOTOS DE ROGÉRIO CASTELO


Veja também os posts:

terça-feira, 6 de março de 2012

BIBLIOTECAS - Biblioteca Pública do Estado do Amapá (Elcy Lacerda)

Reportagem publicada no Jornal do Dia (04/03/2012)
Biblioteca Pública Profª Elcy Lacerda (Foto: Rogério Castelo)
ÚNICA BIBLIOTECA DO ESTADO
ESTÁ SEM PREVISÃO DE FUNCIONAMENTO
 Parada há mais de dois anos, biblioteca ganha até campanha de estudantes
para tentar reabrí-la.
A leitura sempre foi a forma mais aconselhada por professores para o crescimento educacional dos alunos de todas as faixas etárias, desde o ensino infantil até o superior. Porém, hoje as escolas públicas não contam com um acervo literário rico, em suas salas de leitura, e de forma geral são poucas as bibliotecas presentes no Estado.
Tal situação acaba diminuindo a oportunidade de pessoas mais carentes em terem acessos a livros, tanto de literatura nacional, quando internacional. Sem contar que vestibulandos às vezes têm de recorrer a lojas online para conseguir obter uma leitura obrigatória dos certames universitários.
Antigamente uma das formas de se obter grandes títulos na Capital era através da Biblioteca Pública, que continha principalmente um grande acervo de obras locais, fato que dava oportunidade a todos em consultar as informações. Porém, há mais de dois anos a mesma encontra-se fechada, situação essa que diminuiu ainda mais a oportunidade a pessoas mais carentes.
Lulih Rojanski - Gerente da Biblioteca Pública
Hoje, Lulih Rojanski, atual gerente da Biblioteca Pública afirma que a abertura da mesma está muito próxima, para que as pessoas voltem a ter oportunidades de obter leituras variadas. “Nós tínhamos uma data para o mês de março, porém com o atraso na abertura do orçamento só agora iniciaremos a etapa final que consiste na compra de mobília”, explicou.
Segundo a gerente da biblioteca, desde o mês de abril do ano passado a mesma vem passando por uma reforma que já foi concluída. “A reforma foi iniciada na gestão anterior (2010), porém foi paralisada por problemas de pagamento, pois a empresa responsável (Edifica Engenharia), não estava recebendo o repasse, após a posse do Governador Camilo Capiberibe, o pagamento voltou a acontecer e a empresa voltou a realizar a reforma”, conta.
Porém, o tempo que o local passou fechado causou grandes danos tanto aos livros, quanto a mobília, que foram atacados por pragas como cupins e traças. “Por esse motivo tivemos que recuperar o acervo e fazer o pedido de uma nova mobília”, explicou Lulih.
Insatisfação
A insatisfação dos usuários foi tamanha que desde 2011 existe um grupo no Facebook, que pede o retorno das atividades da biblioteca. O grupo denominado “Exigimos que o governo reative a Biblioteca Pública de Macapá!” já conta com 2.841 participantes, que além de pedirem o retorno, contam como era a cidade quando o prédio era aberto ao público. Dentre os comentários podemos encontrar: “Que vergonha a Capital de um Estado da Federação Brasileira não ter sua principal biblioteca funcionando. A que ponto nós chegamos com o desinteresse, com a educação dos menos privilegiados”.
Atualmente
Hoje, os amantes dos livros têm de recorrer a outras formas, para conseguirem satisfazer esse bom habito, e esses ocorrem através grupos de leituras e bibliotecas privadas, que fazem alguns projetos para a difusão da leitura.
Dentre todas as bibliotecas, a que se destaca mais e a do Serviço Social do Comércio (Sesc), que atualmente conta com quatro projetos, como o Biblioempresa, que leva uma biblioteca móvel para dentro de empresas, que se cadastram, para que os funcionários possam emprestar livros, ou o BiblioSesc, que é uma biblioteca móvel, que semanalmente está presente em comunidades afastadas, como Fazendinha, Marabaixo e Curiaú, levando para esses bairros, livros, que podem ser lidos em um ambiente climatizado.
Outra forma de buscar por essas literaturas é através dos “sebos” espalhados pela cidade, que trabalham com venda e troca de livros.
Previsão
Mesmo com as obras na sua etapa final, Lulih Rojanski afirma que não há uma data precisa para o retorno das atividades. “Nós estávamos trabalhando com uma data em março, porém hoje trabalhamos uma estimativa para o meio do ano, mas ainda não há uma prova concreta”, concluiu a gerente.

Fonte: www.jdia.com.br (04/03/2012)

Por conta da vergonhosa situação da Biblioteca Pública Estadual, fechada fazem dois anos, muitos estudantes acreditam que não têm mais acesso a pesquisas. Temos também outras bibliotecas na cidade onde encontramos rico acervo, como:  
Biblioteca da Prefeitura Municipal de Macapá: com literatura variada e, principalmente, informações sobre a história do Amapá. Esta biblioteca tem um valoroso acervo fotográfico.
Biblioteca SESC/Centro: Muita literatura e uma hemeroteca (recortes de jornais e revistas) atualizada com frequência, onde pode-se pesquisar muita coisa interessante sobre o Amapá (municípios, bairros, cultura, etc).
Biblioteca Ambiental da SEMA: Tem um acervo voltado para questões ambientais e disponibiliza também a pesquisa on-line. A Biblioteca Ambiental da SEMA localiza-se no prédio na parte de trás da Biblioteca Pública Estadual.  
Existem outras ainda, cada uma com uma proposta e direcionamento (Bibliotecas: RURAP, IEPA e EMBRAPA). Veja mais informações CLICANDO AQUI
Foto: Rogério Castelo - A Biblioteca Pública do Estado tem sua importância e lacuna que não pode ser substituída. Aguardamos com expectativa a reabertura. Dois anos fechada... assim não dá!!! 
"A esperança deixa de ser felicidade
quando acompanhada de impaciência."
 (John Ruskin)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Eyshila (Nada Pode Calar Um Adorador)

"Louvai ao SENHOR.
Louvai o nome do SENHOR;
louvai-o, servos do SENHOR. 
Vós que assistis na casa do SENHOR, nos átrios da casa do nosso Deus. 
Louvai ao SENHOR, porque o SENHOR é bom; 
cantai louvores ao seu nome, porque é agradável. "



Salmo 135: 1 a 3 

Nada pode calar um adorador (Eyshila)

Adorador é tudo o que eu sou
Adorador, assim Deus me formou
E quem poderá calar a voz de um coração?
Se eu subir aos céus, eu sei que lá estás
Se eu mergulhar no mais profundo mar
Nunca poderei me ausentar do Teu olhar

Tu és o Deus que me sonda
Tu és o Deus que me vê
Não tenho todas as respostas
Mas de uma coisa sei
Por toda a minha vida te adorarei

Adorar é o que sei
Adorar é o que sou
Nada pode calar um adorador
Não existem prisões
Que contenham
A voz de quem te adora, Senhor
Se eu vencer (te adoro)
Se eu perder (te adoro)
Se eu subir (te adoro)
 
Se eu descer
Te adorar é o meu prazer
Minha força vem do Senhor
Nada pode calar um adorador

domingo, 4 de março de 2012

MUNICÍPIOS - Laranjal do Jari (Parte 5 - A conturbada história do Beiradão)

"A cidade nascida à sombra de um projeto de milhões de dólares 
se tornou a maior favela fluvial do mundo"
Reportagem publicada na REVISTA TERRA (Edição 122/Junho de 2002), com texto de Klester Cavalcanti e fotos de Marcelo Lourenço.

Texto - A conturbada história do Beiradão (Revista TERRA nº122 - Junho de 2002)

Entre os moradores de Laranjal do Jarí, o termo "Beiradão" não soa bem, por remeter a uma época de pouco desenvolvimento, isolamento, prostituição e violência - condições referidas nesta reportagem. Conheci um pouco desta realidade em 1984 e 1985, quando morei na cidade de Monte Dourado. Não existia rua, muito menos estrada para lá... que falar de saneamento básico... As casas, a maioria em condições precárias, situavam-se na margem do rio Jari. Na parte de trás existiam sítios onde alguns sitiantes faziam farinha e criavam búfalos (em pouca quantidade) que andavam soltos naquela paisagem de várzea. Avistava-se também uma floresta em condições não degradada, onde tive a oportunidade de ver pela primeira vez aves como o guará. Visitava o "Beiradão" com meus parentes para fazer compras nas lojinhas, eram várias e o preço costumava ser mais barato, e também para visitar um sítio de uma senhora adventista. Tinha boites por lá que traziam cantores de fora, alguns que hoje são famosos e naquela época eram ilustres desconhecidos. Atravessava-se através de voadeiras (chamadas também de catraias) e por um barco chamado "Burra Preta". Não sabia, naquela época, que era considerada a maior favela fluvial do mundo. São outros tempos, coisas mudaram e outras se conservam, ainda que de forma menos expressiva... e o município é hoje o 3º em crescimento no Amapá. Entre suas dificuldades, uma das principais, está o acesso - que atualmente é realizado por estrada sem pavimentação e estreita em muitos trechos, ficando em condições precárias na época das chuvas.

sábado, 3 de março de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ - Pacoval (Parte 1 - Origem do Nome)

    Forçada pela expansão urbana, a cidade de Macapá foi progressivamente ganhando novos bairros, que agrupavam moradores da zona rural do Território Federal do Amapá e da região das ilhas do Pará. É bem verdade, que o crescimento de sua população, motivou o deslocamento de jovens casais para a periferia do burgo. O Bairro do Laguinho, implantado numa faixa de terra espremida entre ressacas e reentrâncias do lago do Pacoval, não absorveu o contingente humano que o procurava, levando muitas famílias a estabelecerem-se depois do então campo do América Futebol Clube, hoje Praça Julião Ramos. A ocupação desta área, a despeito de não haver serviço de água e luz, verificou-se rapidamente, ao ponto de atingir em breve espaço de tempo o lago supra mencionado. Por alguns anos, o atual Bairro do Pacoval foi identificado como Laguinho, gerando discordância, pois alguns moradores observaram que o mesmo braço ou ressaca do Pacoval, que enveredava por áreas baixas, prolongava-se até a Av. Pe. Monoel da Nóbrega, entre as Ruas Odilardo Silva e Jovino Dinoá. Havia entretanto uma diferença, porque na parte oeste do novo bairro a ressaca era mais larga, abrangendo espaço dos atuais bairros Jesus de Nazaré e Aeroporto. Nada mais justo, portanto, para que o bairro fosse batizado como Pacoval. 
Mas, qual a origem deste nome, que não existe apenas em Macapá? A resposta é simples e para conhecê-la, somos obrigados a recorrer à cultura indígena. 
No NHEENGATU - vocábulo que significa falar bem, corretamente (NHEÊN = falar / GATU = bem) – Pacoba era uma planta cujo fruto e folhas se assemelhavam a banana, tão bem conhecida dos portugueses, embora de origem árabe. Quando os lusitanos introduziram a bananeira no Brasil, os índios continuaram a dar ao novo fruto o nome de pacoba. À bananeira eles identificavam como Pacobayba. Ao lugar onde havia muitas pacobas os índios denominavam Pacobatuba, sendo o vocábulo tuba empregado para derivar abundância. Diante do impasse, os nativos estabeleceram a diferença à sua maneira, adicionando ao termo pacoba o vocábulo cororoca, que é um arbusto de folhas espessas, grandes e largas, também chamada pacaveira. A palavra é procedente do tupi e significa desfazer-se. A pacova-sororoca, como passaram a escrever os portugueses, tem seu habitat nos igapós de terra firme e nas beiradas dos riachos na mata. Os indígenas faziam colares das sementes e teciam as fibras das folhas da cororoca, desfazendo assim, quase todo o arbusto. Também utilizavam as folhas inteiras para colocar determinados alimentos, como se elas fossem pratos. Com o passar do tempo, o costume indígena foi mantido por nossos caboclos, que a utilizavam para embrulhar peixe, carne salgada e para forrarem paneiros (para guardar farinha, açúcar moreno, açaí e outras frutas miúdas).
Sororoca (Foto: Norma Crud - 2001)
Planta nativa da amazônia, muito parecida com a bananeira, mas não dá banana. Largamente utilizada na cultura ribeirinha e amazônida para embrulhar diversas coisas (peixe, açaí, carne...) e há até aplicações medicinais. os indígenas generalizaram como pacova também para a bananeira que conheceram dos portugueses.
     Faz-se necessário frisar, que a região de Macapá era habitada pelos índios Tucujus, hábeis caçadores e pescadores, que também valiam-se da Pacova-Cororoca para utilidades domésticas. É claro que o lago do pacoval, possuía em abundância a Pacova-cororoca, a chamada bananeira do mato ou dos tolos. O termo Pacoval é próprio da língua portuguesa que, a exemplo do topônimo indígena bacobatuba, identifica o local onde há muita pacoba ou pacova.
Lago do Pacoval em 1960 (Foto: Dr. Jorge Pedro Pereira Carauta). 
Muita pacova (sororoca). Um pacoval.
O Dr Carauta, autor desta foto de fevereiro de 1960, em 16/08/2000 fez uma nota a Dr Norma Crud descrevendo como era o cenário do lago do Pacoval. Relato encontrado no relatório "Ressaca: Ecossistema Úmido do Amapá", da Dr Norma e  disponível para consulta na Bibiblioteca Ambiental da SEMA em Macapá. Veja aí e imagina o cenário do Pacoval mais de 04 décadas atrás:
"A Lagoa do Pacoval era magnífica, com muitos buritis e presença de maracanãs e patos (que são vendidos nos arredores, vivos e mortos). A água estava quase coberta de "linheira", parecida com arroz, assim como heliconia, gramíneas e outras plantas aquáticas. Quando fui sozinho me alertaram para tomar cuidado com as sucuris. Na mata de várzea vi urucu, açaí, aninga, bacabeira (palmeira) e várias leguminosas. Era um verdadeiro paraíso ouvindo-se a sinfonia da fauna aérea, aquática e terrestre. Herborizei algumas plantas que foram posteriormente depositadas no Museu, digo, no Herbário do Museu Nacional. Tirei algumas fotos e, no dia 9 (fev/1960), retornei ao mesmo local, para admirar a mais bela paisagem que vi na Amazônia até hoje. Não fossem os ataques de carapanã, o paraíso seria perfeito, mas afinal eles precisavam de sangue. Às margens da lagoa vi também muitas (...descrição de nomes científicos de plantas....). Chamava atenção a SOROROCA de inflorescências alaranjadas com formigas vermelhas."

Pacoval (Foto do Blog da Hélida). 
Dá uma passada lá, encontrei uma interessante abordagem sobre a sororoca (pacova)
  
 Texto de NILSON MONTORIL DE ARAÚJO
 CONHEÇA NOSSAS BIBLIOTECAS!

sexta-feira, 2 de março de 2012

MUNICÍPIO - Pracuúba (Parte 4 - Vídeos)

Vídeos sobre Pracuúba que encontrei no Youtube. São propagandas institucionais da Prefeitura do Município e Agência de Turismo.

 
Vídeo da Prefeitura de Pracuúba, elaborados pela Agência Pulse Comunicação (2012). 
É uma exibição de imagens de Pracuúba (30 segundos) com o texto a seguir:
"Suas férias têm um destino certo: Pracuúba, o município das belezas naturais. O acesso de carro, para quem sai de Macapá, é de 2h30 de estrada pavimentada e mais 10 minutos de estrada de chão. Pracuúba é um dos municípios mais belos do Estado do Amapá, com uma população hospitaleira e repleta de belezas naturais. Pracuúba é um belo destino para suas férias. Prefeitura de Pracuúba - Desenvolvendo o turismo da região." 

"Belezas de Pracuúba" - Vídeo do Canal John Amapá (2011)
São imagens do cenário natural, com duração de pouco mais de um minuto.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

LENDAS DO AMAPÁ - O homem que virava cavalo

Desenho de Rogério Castelo (1988)
Há muito tempo atrás falavam de um homem descendente de negro, que morava no bairro do Laguinho e depois passou a morar no bairro do Beirol, que se tornou famoso pelos seus feitos. 
Dona Maria, uma das moradoras mais antigas do bairro do Beirol, contou que tinha costume de acordar bem cedo para varrer a frente de sua casa, todas as manhãs. Um belo dia viu um cavalo preto próximo a um poste de madeira, era um pouco cerrado e o cavalo a olhava de forma estranha; o medo foi tão grande que logo entrou e chamou seu marido. Em questão de segundos, quando retornou, o cavalo já havia sumido.
Era costume os jovens saírem à noite para irem à festa. Certo dia o casal Raimunda e José, ao retornarem por volta de meia-noite, tiveram  um enconntro com o tal cavalo. Raimunda disse a José que estava com arrepio no corpo e este perguntou:
- Estais com medo!? 
Estava meio escuro, quando de repente viram um vulto. Parecia que alguém estava se aproximando... e continuaram a andar.  Quando chegaram próximo a um poste de madeira, havia um grande cavalo preto. Já vinham atravessando a rua quando o cavalo saiu correndo atrás dos dois, que saíram desesperados correndo, gritando bem alto e pedindo socorro. Dona Maria e o marido levantaram-se com o barulho. A moça e o rapaz queriam entrar no portão, mas não conseguiam abrir.
Dona Maria abriu o portão para o casal, que estava tão nervoso quee não conseguia falar nada. Passado um pouco o medo, eles falaram que foram acuados por um grande cavalo preto e Dona Maria confirmou que fora esse mesmo cavalo que teria visto no dia anterior pela manhã e que de repente havia sumido. O medo aumentou ainda mais, que acabaram dormindo na casa de Dona Maria.
Leitura recomendada
No outro dia só se ouvia comentários do grande cavalo preto, que segundo as pessoas era um homem que se transformava, pois ele lia o livro de São Cipriano e todas as pessoas que passavam ali pela madrugada falavam que o cavalo corria atrás e, o íncrível, é que ele sumia rápido sem deixar nenhum rasto. Diziam também que tentavam matá-lo, mas não conseguiam, parecia até que ele estava ouvindo, pois, quando tentavam pegá-lo ele não aparecia. As pessoas passavam a não sair mais sozinhas à noite, pois tinham medo do cavalo aparecer e correr atrás delas. Ver um bicho alvoroçado daqueles querendo nos pegar! Deus me livre! E foi assim que ficou conhecida a história do homem que se transformava em cavalo.

"Texto de Paulo Dias Morais, no livro "Amapá: Lendas Regionais".

Estas histórias surgiram em uma Macapá de outras épocas. Tempos bucólicos, quando era comum ver carroceiros, cavalos e bois transitando pela cidade. Isso perdurou até meados dos anos 8o. Cheguei até pedir carona em carroça que ia para as bandas da minha escola (Castelo Branco, no Bairro do Trem) e evitava a todo custo o encontro com os bois (uma vez até faltei na aula, pois um monte estava no caminho que costumava seguir... É!!! Mas não me chame de medroso... É que não era acostumado em lidar com esses bichos). Diziam sempre que eram de um tal Muca. Não me estranham estórias como a desta lenda. Conheço uma mulher que teve um bizarro encontro em que - certa vez quando despertou de madrugada e ouviu algo na área do quintal - ao abrir uma fresta da janela, topou com aquela carona chifruda e de olho amarelo esbugalhado lhe olhando de perto! Vá de retro!!! Seria o tinhoso?? Como dizem por aí: o amornado??? A mulher ficou petrificada, quase com ataque cardíaco. Só depois de um tempo viu que era uma parruda vaca preta. Há! Há! Há! Mas o susto ficou marcado. Ah! Essa mulher é aquela a quem tomo benção todo dia e Deus me deu como abençoada mãe... e as vacas tinham entrado no quintal sorrateiramente. Se não estiver enganado, foi em 1983.
O livro, para quem curte, faz uma abordagem bem legal sobre o folclore amapaense. Tratando de lendas, comidas típicas, festejos e medicina popular. Mas tudo de uma forma bem simplificada, é claro. Esta obra pode ser adquirida nas livrarias e bancas de revistas em Macapá.
Dá uma conferida!