"A cidade nascida à sombra de um projeto de milhões de dólares se tornou a maior favela fluvial do mundo" |
Reportagem publicada na REVISTA TERRA (Edição 122/Junho de 2002), com texto de Klester Cavalcanti e fotos de Marcelo Lourenço.
Fonte de pesquisas:
Entre os moradores de Laranjal do Jarí, o termo "Beiradão" não soa bem, por remeter a uma época de pouco desenvolvimento, isolamento, prostituição e violência - condições referidas nesta reportagem. Conheci um pouco desta realidade em 1984 e 1985, quando morei na cidade de Monte Dourado. Não existia rua, muito menos estrada para lá... que falar de saneamento básico... As casas, a maioria em condições precárias, situavam-se na margem do rio Jari. Na parte de trás existiam sítios onde alguns sitiantes faziam farinha e criavam búfalos (em pouca quantidade) que andavam soltos naquela paisagem de várzea. Avistava-se também uma floresta em condições não degradada, onde tive a oportunidade de ver pela primeira vez aves como o guará. Visitava o "Beiradão" com meus parentes para fazer compras nas lojinhas, eram várias e o preço costumava ser mais barato, e também para visitar um sítio de uma senhora adventista. Tinha boites por lá que traziam cantores de fora, alguns que hoje são famosos e naquela época eram ilustres desconhecidos. Atravessava-se através de voadeiras (chamadas também de catraias) e por um barco chamado "Burra Preta". Não sabia, naquela época, que era considerada a maior favela fluvial do mundo. São outros tempos, coisas mudaram e outras se conservam, ainda que de forma menos expressiva... e o município é hoje o 3º em crescimento no Amapá. Entre suas dificuldades, uma das principais, está o acesso - que atualmente é realizado por estrada sem pavimentação e estreita em muitos trechos, ficando em condições precárias na época das chuvas.