As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Ad Majorem Dei Gloriam (Bruno Rafael Machado Nascimento)

Título: Ad Majorem Dei Gloriam - Missões jesuíticas setecentistas no Oiapoque e os usos de documentos históricos para ensino de História no Amapá
Autor:  Bruno Rafael Machado Nascimento (mais informações NESTE LINK)
Editora: Autografia
Páginas: 254 
Ano: 2018

"Este livro versa sobre a presença jesuítica francesa na região do Oiapoque durante a primeira metade do século XVIII com enfoque nas cartas escritas pelos missionários e de como utilizá-las no Ensino de História escolar na Educação Básica. Objetiva-se compreender a partir desses escritos as relações entre indígenas e jesuítas enfatizando as táticas de sobrevivência e ressignificação dos ameríndios enquanto protagonistas do processo histórico."
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'Traz duas grandes contribuições: uma historiográfica, pois revela por meio de análises das fontes a presença jesuítica francesa na região do Oiapoque durante a primeira metade do século XVIII e as ações dos 'filhos de Loyola' na segunda metade do século XVII nas 'terras do Cabo norte'. A segunda contribuição diz respeito aos usos das cartas dos inacianos que estiveram na região do Oiapoque para o ensino de História no Amapá. É importante destacar que a reflexão esteve pautada não em uma suposta ação 'civilizadora' dos missionários, mas se buscou desvendar as complexas relações entre indígenas e os religiosos tomando os ameríndios como agentes do processo histórico."
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"É uma temática em muitos aspectos original, pois pouco se conhece sobre as relações entre ameríndios e os missionários jesuítas franceses que atuavam na fronteira colonial em plena Amazônia. Costumo afirmar que onde o Estado não se fazia presente lá estava um jesuíta para tentar converter as gentes das regiões. Por que vieram para o Oiapoque e o 'Cabo Norte'? Quais as intenções pessoais, comunitárias, econômicas e políticas? Como os indígenas reagiram? Permitiram a conquista física e espiritual? Como utilizar os documentos em sala de aula? Que metodologia aplicar? São algumas questões que busquei responder ao longo da obra. Boa leitura!"

(TEXTOS DE APRESENTAÇÃO EXTRAÍDOS DO LIVRO)

Expansão dos jesuítas no norte do Brasil
(Ilustração do livro)


"Contribuição de grande relevância para a historiografia amapaense, com fatores interessantes na temática, na metodologia utilizada e, sobretudo, na proposta estabelecida pelo autor.
 

As missões jesuíticas na região do Oiapoque constituem tema de raríssima produção bibliográfica. A partir do fato, o autor fez uma interessante investigação sobre as missões e correlação com povos indígenas, conforme percepção no contexto escolar. Os resultados, seja em livros de abrangência nacional ou regional, além de conteúdo limitadíssimo e com ausência de aspectos relacionados à historia amapaense,  em geral, apontam conhecimento que vem se perpetuando com europeização (a História resumida a ações europeias no chamado "Novo Mundo"), invisibilidade dos povos nativos (apresentados sem protagonismo) e estereótipos diversos no paralelo entre 'civilizados ' europeus e 'selvagens' indígenas.  Esse é o primeiro atrativo do livro, a abordagem que se desvincula do tradicionalismo e vai em busca do conhecimento histórico em fontes do contexto: desconhecidas cartas missionárias.

Em seu processo construtivo, de cerca de dois anos, a obra teve como metodologia a análise dessas cartas, de origem francesa setecentista, onde o conhecimento expresso permite ressignificações sobre as missões e povos indígenas. Entre outras descrições: o cenário revelado é de região até então pouco valorizada no contexto governamental e com disposições missionárias em condições desafiadoras, onde ocorreram mortes, doenças e impactos culturais como a poligamia. Havia a valorização da catequese para as crianças (mais suscetíveis a proposta jesuíta) e com o tempo, nos interesses crescentes sobre a região, ocorreram 'concessões' dos padres para manter a influência. Entre os ameríndios, a adesão às missões também tinha interesses, como fuga do domínio português e visão diferenciada atrativa que os padres aparentavam em suas práticas espirituais, interpretados como xamãs, ressignificando posicionamentos. São alguns dos aspectos descobertos e abordados na fase de pesquisas.

Na proposta, ênfase para a valorização no ensino escolar dessa documentação epistolar, outrora desconhecida, motivando-se construção do conhecimento na análise destas. Possibilidade viável, instigante a criticidade e interpretações mais coerentes com a realidade histórica, especialmente na região do Oiapoque, campo abordado pelo autor, em novidades destacadas para a história. Há apresentação dos passos e importância de uma interessante metodologia.
Ressalte-se que o Amapá tem grande parte de suas terras homologadas como unidades indígenas, secularmente foi cenário de disputa territorial e tem curso voltado para a área indígena.

O livro é mais abrangente que essas meras considerações e vale muito a conferida. Acredito que o termo 'ressignificações', expresso pelo autor em vários momentos, seja o diferencial em tudo que apresenta e propõe.
Obra preciosa para redescobertas e proposta escolar."

(Registro no SKOOB)


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