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domingo, 30 de setembro de 2012

Quadro com paisagem ribeirinha (Wagner Ribeiro)

Obra de Wagner Ribeiro (2009) encontrada no CCFA/Macapá.

Wagner Ribeiro é um artista plástico amapaense, natural de Serra do Navio (1959), multitalentoso, com trabalhos nas áreas da escultura, serigrafia, decoração, cartum, artesanato e desenho publicitário. 

"As obras dele são facilmente identificadas pelo uso comedido das cores na apreensão pictórica dos mais belos cenários amapaenses. Sem dúvida, Ribeiro vem contribuindo incansavelmente na consolidação da arte tucuju." (Emanoel Reis no texto Arte Tucuju, de 19/01/2012 - Veja aqui)
  
"Dotado desses talentos desde a infância, tem uma carreira e história que realmente merece ser reconhecida e valorizada... com muitos trabalhos distribuídos em órgãos públicos e privados da cidade...em outros Estados e até mesmo fora do Brasil." (Gabriel Fagundes no texto Wagner Ribeiro, um ícone das artes plásticas no Amapá, publicado no jornal Tribuna Amapaense, em 02/07/2012 - Veja aqui)

- São também belas obras representativas de sua arte dois painéis que encontramos no Monumento Marco Zero, mostrando o surf na pororoca e uma paisagem típica no Curiaú (Veja aqui).

Fonte de consultas:

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Mural de Afrane Távora na Biblioteca Pública Elcy Lacerda

"Não é possível estar dentro da civilização e fora da arte."
(Rui Barbosa)

Esse mural é na Biblioteca Pública Elcy Lacerda, na Sala de Cultura Afro-Indígena. Uma arte muralista apresentando-se com suas cores radiantes, formas estilizadas e de valorização da cultura popular... enchendo os olhos e tornando o lugar mais bonito. Dá para ver elementos do marabaixo, das lendas (Olha lá rapaz!!! Lá está Uiara, o famigerado boto da Amazônia!!! Vejo também jurupari... Não consegues identificar né!! Espia que tá aí!!!), indígenas Waiãpi (já ouviu falar destes índios? pois saiba que a cultura deles foi considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO... é meu filho, veja AQUI), onça, pescado, cerâmica e, principalmente, o talento e impressões do artista
 
AFRANE TÁVORA

Ah!! Se os muros de Macapá tivessem mais desta arte... não apenas a nudez das paredes, sem a vida das cores e formas... sem graça. São devaneios e abestagens de Gregor Samsa. Melhor assim, afinal...

"Tudo vale a pena se a alma não é pequena." 
(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Herivelto Maciel (Artista Plástico - Parte 2)

Mais uma das telas de Herivelto encontradas em repartições públicas de Macapá. Esta revoada de guarás, tema recorrente em suas obras, é um quadro doado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA-AP), com dimensões que ultrapassam 2m de largura e pintada em 2003.

Herivelto Brito Maciel é amapaense, nascido em 1952, com longa história na arte plástica do Amapá. Sua obra é caracterizada pela valorização do regionalismo e  inovação em técnicas de pintura com resinas extraídas do açaí. Um talentoso e consagrado artista na Amazônia.

Veja também:

domingo, 17 de junho de 2012

Exposição de Frank Asley (Biblioteca Pública Elcy Lacerda - 2012)

A Biblioteca Pública Elcy Lacerda é um dos principais centros culturais em Macapá. Atualmente, além do acervo literário, os visitantes estão tendo a oportunidade de conhecer também estas obras em exposição no hall de entrada. São telas do artista plástico amapaense FRANK ASLEY. Expressão em formas e cores fortes, com influências do cubismo e surrealismo, da alma humana à margem social. Nota-se também, em uma das telas a busca por algo melhor, um sonho possível? Se a arte é uma impressão ou impacto aos sentidos e sentimentos, certo ou errado, foi o que percebi.

01) Imcompreensão do Incompreensível (Óleo sobre tela - 80x120)
02) Indiferença (Óleo sobre tela - 80x120)
03)  Sublime (Óleo sobre tela - 80x120)

04) O Carapirá - O Catador de Lixo (Óleo sobre tela - 80x120)
05) Opressão e Submissão (Óleo sobre tela - 80x120)  

"Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma."
George Bernard Shaw
Valorize e conheça nossas bibliotecas.
Bem-vindos à Biblioteca Pública Elcy Lacerda!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Tradição Secular: Início do Ciclo do Marabaixo (Abril de 2012)

Texto do Jornal dos Municípios do Amapá
de 12/04/2012.
Na Igreja de São Benedito, missa integra programação do marabaixo.
 Ciclo do Marabaixo 2012 inicia com festas na Favela e Laguinho
   
É tempo de fogos, flores, cantos, saias, caldo crianças, jovens, idosos, homens e mulheres nos bairros Laguinho e Favela. Começou o Ciclo do Marabaixo, maior combinação de fé, tradição, respeito e religiosidade, onde o preconceito e ignorância são descartados para que a principal identidade do povo amapaense ganhe espaço nas rodas.
Em cada bairro, os festejos se dividem entre duas famílias tradicionais, multiplicando em quatro as opções para quem quer conhecer e participar das festas do Ciclo do Marabaixo, que só acaba no Domingo do Senhor, em junho. A programação iniciou no dia 07 de abril.
Em Macapá, Favela (hoje chamado de Santa Rita) e Laguinho, nascidos da migração dos moradores negros do centro da cidade, reúnem pessoas de todos os cantos do Amapá nas casas de Tia Biló, Mestre Pavão, dona Dica do Congó e Natalina. Elas são descendentes dos primeiros moradores de Macapá, que moravam próximo à Igreja São José e tiveram que migrar para que o governador Janary Nunes construísse as casas oficiais e prédios públicos.
  
Ladrões retratam fase do povoamento de Macapá 
 
Dona Gertrudes Saturnino e Julião Ramos se dividiram para iniciar o povoamento do Laguinho e Favela. Memória: "Pra onde tu vais rapaz, por estes caminhos sozinho, vou fazer minha morada, lá nos campos do Laguinho...", composição de Raimundo Ladislau, e "...pelo jeito que estou vendo, querem me deixar sozinho, uns vão para a Favela e outros vão para o Laguinho...", de Gertrudes Saturnino, foram feitas para contar essa mudança do Centro para lugares mais afastados.
São versos, chamados de "ladrões", que desde o princípio contavam o dia-a-dia das famílias, que cantam a mudança e são repetidas nas noites de festa. Durante os festejos, a história dessa nação é cantada e "roubada" entre os cantadores que ainda fazem ladrões do cotidiano para não esquecerem suas raízes.
MATRIARCAS do Ciclo do marabaixo mantém tradição viva no Amapá.
Tia Biló é um exemplo de prosperidade, fé e dedicação ao marabaixo
  
As mudanças para manter viva a memória são entendidas pela matriarca do Laguinho, a Tia Biló, 87 anos, única filha viva do Mestre Julião e prima de Mestre Pavão. Na casa dela, assim como a dos demais festeiros, vive-se o marabaixo em cada canto. desde o ofertório, até as cozinhas com imensas panelas onde fazem o caldo, passando pelos quartos, com muitas saias e flores.
Tia Biló acompanhou a transformação do marabaixo tradicional ao atual espetáculo que hoje chama atenção de turistas e é reconhecido como a maior manifestação cultural do Amapá.
        
Preconceito vencido com música, flores e tambores

As famílias de Mestre Pavão, Tia Biló, dona Gertrudes e Dica do Congó tiveram que quebrar preconceitos e lutar para que a tradição não fosse sepultada pela ignorância. Enfrentaram com música, flores e tambores o preconceios de homens da Lei, de vizinhos que não aceitam a cultura secular e até de membros de Igrejas, mesmo sendo uma cultura popular sincronizada com a religião católica.
Mestre Pavão contava que após saírem do centro da cidade, alguns padres consentiam que eles dançassem marabaixo, desde que fora da Igreja de São José. Há três anos, um padre chegou a negar que as imagens dos santos festejados ficassem na Igreja São Benedito e tentou fechar as portas da Igreja para que os marabaixeiros não entrassem. "Nas últimas décadas houve quem chamasse a polícia, fizesse denúncias, recorressem à imprensa e até dessem tiros em frente às festas, sem contar que na Igreja cortaram  nosso microfone, mas não conseguiram nos abalar. Sabemos que não são todos os fiéis que agem assim. Nossa fé e respeito à tradição é mais forte e superamos tudo isso", conta Danniela Ramos.
No caso da Igreja São Benedito, o bispo da Diocese de Macapá, Dom Pedro José Conti, se envolveu e pediu que o padre se retratasse e hoje as portas voltaram a se abrir para a tradição. O padre italiano, que causou o transtorno, após o episódio, volta para a Itália e foi substituído pelo padre Daniel, que respeita e participa dos festejos.

Programação é bem diversificada e mantém tradição
Jovens cantadeiras são o futuro da tradição secular.
Além das rodadas de marabaixo, que são cinco, incluindo os dedicados à Santíssima Trindade e Divino Espírito Santo, quando os mastros são levantados após uma noite de festa, tem ainda a retirada dos mastros e das folhas de murtas, nas matas do Curiaú, missa, novenas e bailes.
No Laguinho, os dançadores e tocadores circulam nas ruas anunciando os festejos e espalhando as murtas, que espantam o mau-olhado. Gengibirra não pode faltar, assim como o caldo com muita verdura. É a vitória da tradição que hoje consegue levar para a festa pessoas de todas as idades e classes sociais.
Na casa em que morou Julião Ramos, onde o Grupo Raimundo Ladislau dança, crianças de 5 anos até idosos de 80 anos de idade participam de todo o processo da festa. As moças têm orgulho em vestir as saias rodadas e colocar flor na cabeça, as cantadeiras têm lugar de destaque. Na casa do Mestre Pavão, os 10 filhos e muito netos se revezam nos preparos. Na Favela, as famílias de dona Dica do Congó e dona Gertrudes, nos panelões  preparam com antecedência os caldos.


Fonte: Jornal dos Municípios do Amapá, de 12/04/2012 (página 8)

Referências para pesquisas

A Biblioteca Ambiental da SEMA-AP em Macapá disponibiliza para consultas os seguintes materiais sobre a cultura do Marabaixo.

"Marabaixo - Amapá Folclore" - Folheto de 33 páginas escrito e ilustrado pelo artista plástico R. Negrão, em 1990. 
Na publicação encontramos algumas melodias do marabaixo, datas principais, breve descrição da história e costumes. 
A principal referência da obra é a descrição do marabaixo (algumas de suas principais características) no formato de História em Quadrinhos (são 15 páginas dedicadas a isto). Esse material também pode ser encontrado nas Bibliotecas do SESC-Centro, Municipal de Macapá e Estadual Elcy Lacerda

Ilustração da página 19.

"O Marabaixo no Amapá: um estudo sobre o processo de mudança sócio-cultural e do artificialismo folclórico" 
Estudo de Fernando Canto apresentado como TCC no Curso de Ciências Sociais, na UFPA (1980).
Em 51 páginas encontramos informações como: origens e influências, lugares da dança, coreografia, marco teórico, mudança cultural, a posição da Igreja Católica, Marabaixo no Laguinho, Mazagão Velho e Curiaú, manipulação do Estado sobre o Folclore, estilização, etc.
"O Tema escolhido tem por finalidade estudar o folclore negro do Amapá (marabaixo) e suas relações sócio-culturais nas comunidades onde ele é manifestado" 
(Fernando Canto)
  


"Modernidade e Marabaixo - Luzes e Sombras na Perspectiva do Projeto  Rumo ao Novo Milênio"  

Breve Ensaio do Padre Aldenor Benjamim dos Santos (42 páginas) de cunho histórico-pastoral sobre as raízes da religiosidade e identidade cultural.

"Assumo como proposição final mostrar que é possível viver uma relação não conflitiva entre a Igreja e o Marabaixo; e descobrir dentro do marabaixo pegadas da Semente do Verbo que podem ser transformadas em conteúdo teológico, litúrgico, pastoral e catequético".  
(Pe. Aldenor B. dos Santos)


"Maracima, Marabaixo: De ladrão em ladrão a saga de uma nação"
Livro de Nilson Montoril publicado em 2004. São 73 páginas. A obra representa um estudo para o enredo apresentado pela Escola de Samba Boêmios do Laguinho, em 1997. Faz um passeio na vida amapaense, principalmente no que se refere a história do negro nesta terra amazônida. Encontramos capítulos como: o negro no Brasil, importância, o negro na Amazônia, no Amapá, influência no folclore, etc.
O Marabaixo tem seu destaque com a apresentação bem detalhada do calendário, fatos históricos e personagens.


"Marabaixo, dança afrodescendente: significando a identidade étnica do negro amapaense"
No livro a autora, Piedade Lino Videira, chama de dança afro todas que têm expressões africanas e afrodescendentes, realizadas principalmente em comunidades de maioria afrodescendentes. O marabaixo - dança dramático-religiosa de cortejo afrodescendente - está inserido na definição de dança afro por representar a história e a cultura do afroamapaense. A autora buscou (pelo viés da vivência histórica, social e cultural) os elementos constitutivos de sua trajetória e suas construções sociais, políticas e identitárias, utilizando-se de suas narrativas e das próprias observações e análises. São 285 páginas. 
(Texto: editora.ufc.br)



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terça-feira, 24 de abril de 2012

Índios do Oiapoque divulgam diversidade cultural em museu

Reportagem do Jornal dos Municípios do Amapá, de 28/10/2010, 
sobre o Museu Kuahí (no Oiapoque).

Povos da Floresta 
No Museu Kuahí o visitante conhece com riqueza de detalhes
toda a história indígena de Oiapoque.

Espaço reúne artes, ciência e tecnologia. Uma conquista dos povos indígenas que lutam pela manutenção de seus costumes.

Os povos indígenas do Oiapoque têm um lugar especial para a preservação de sua história e sabedoria. Trata-se do Museu Kuahí, que reúne artes, ciência e tecnologia, integrando os múltiplos saberes das etnias pelas óticas da cultura, do meio ambiente e das suas diversidades culturais.
O Museu Kuahí é um espaço que contribui para a fabricação, exposição e a comercialização das peças artesanais. Uma conquista dos indígenas na luta pela manutenção dos seus costumes e da independência financeira. Inaugurado em 19/04/2007 pelo Governo do Estado, em parceria com o Ministério da Cultura, a construção do Kuahí recebeu  investimentos na ordem de aproximadamente um milhão de reais, e R$ 615 mil em contratação de pessoal, aparelhamento, mobília e equipamentos de informática.
Fotografias revelam traços
da cultura e diversidade indígena
O centro de preservação da memória indígena já atraiu mais de 10 mil visitantes, incluindo turistas de todos os cantos, principalmente franceses, por causa da fronteira com a Guiana.
Múltiplas atividades são desenvolvidas no local, de modo a proporcionarem a comunicação permanente entre os indígenas e o "branco". Projetos, oficinas e cursos integram o intercâmbio com outros povos indígenas, com instituições acadêmicas, museus (nacionais e internacionais) e organizações sócio-ambientais.


Espaço é administrado por indígenas

O Museu  Kuahí conta com duas salas de exposições (uma permanente e outra temporária), auditório, sala de pesquisa bibliográfica e audiovisual, com um acervo bastante rico, sala de atividades pedagógicas, além da loja de artefatos. 
Os funcionários  são indígenas genuínos. Eles são responsáveis pela administração, pelo monitoramento das visitas, vigilância e serviços gerais.
"O museu indígena tem um significado muito forte de luta, de tradição, de cultura e de história. Começamos a imortalizar a nossa história a partir do Oiapoque. O museu é referência para os povos que habitam as áreas indígenas do Amapá e para a própria história do nosso Estado", diz orgulhoso o gerente Sérgio dos Santos, da etnia Galibi Marworno.

Museu abriga peças artesanais como vasos, 
canoas, cestos e outros materiais e utensílios.

Região abriga mais de seis mil índios

O Município de Oiapoque, distante 600 km da capital Macapá, abriga seis mil indígenas, distribuídos em 40 aldeias que ocupam uma área de 520 mil hectares.
A cultura dos Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e Galibi Kalinã, estão representadas no Kuahí. mas a história dos Aparaí, Tiriyó, Waiana, Txikuyana, Kaxuyana e wajãpi, moradores das regiões de Pedra Branca do Amaparí e do parque do Tumucumaque também são contadas e representadas no museu.

 Gravura chama a atenção pela criatividade na confecção.

Artesanato encanta pela diversidade de peças e objetos

Ao entrar no Museu Kuahí o visitante vai encontrar mastros e bancos do Turé (dança típica indígena), cuias e canoas, jóias em miçanga e penas, potes de barro e muitos outros artefatos que fazem parte do cotidiano e dos momentos de festas dos povos.
Entre as matérias primas, as principais são madeira, fibras, cerãmica, sementes, plumagem, raízes, dentes e ossos de animais, cores (muitas cores) extraídas diretamente da natureza, das cascas de árvores, das sementes do urucum, o mesmo material utilizado nas pinturas que embelezam os corpos nos atos de guerra e riruais.
O artesanato, enfim, se destaca como a principal fonte de renda e de orgulho dos indígenas.

Cada etnia trabalha seus materiais

Os karipuna, por exemplo, fabricam colares e pulseiras de ossos. Os wajãpis usam desenhos mitológicos para explicar suas origens. Os Apalai do Norte do Pará fazem desenhos geométricos com significados conhecidos apenas pela tribo.
O Kuahí é o centro que congrega as diversidades culturais dos indígenas. Um universo de pessoas dentro da Floresta Amazônica no Amapá, que tem seus direitos respeitados e garantidos pelo Governo estadual e que enaltecem a história da construção e do desenvolvimento da sociedade amapaense.

O Museu Indígena Kuahí está localizado na Av. Barão do Rio Branco, 160, no Município de Oiapoque. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Fonte: Jornal dos Municípios do Amapá (28/10/2010)

Uma boa referência a quem deseja estudar cultura indígena (especificamente das civilizações Maracá e Cunani) é o livro O Legado das Civilizações Maracá e Cunani - O Amapá revelando sua identidade / SEBRAE-AP 2006)

A obra está disponível para consultas no acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá.

Veja aqui  um texto publicado na Revista Galileu (Janeiro/2004), sobre a cultura dos Wajãpis, considerada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.   

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Casa do Artesão, em Macapá

É o maior centro do artesanato amapaense e seu principal objetivo é divulgar a atividade artesanal no Estado.
Os artesãos amapaenses têm no local a exposição e  comercialização de seus produtos.
Está localizada no Complexo Beira-Rio, próximo à Fortaleza de São José de Macapá (Rua Azarias Neto, s/n - Centro).
Foi inaugurada pelo Governo do Estado em 30/12/2005. Lá podemos encontrar cerca de oito mil peças em exposição (dos artesãos cadastrados).
A proposta é expor peças produzidas por todos os municípios, não sei se isto foi alcançado. Encontramos artesanato de Mazagão, Oiapoque, Calçoene, Macapá, Santana e de aldeias do Tumucumaque. 
Os produtos são confeccionados utilizando matéria prima como sementes, madeira, cerâmica, plumagem, vime, argila, minérios, fibras, entre outros elementos (retirados da natureza, sem impactar o meio ambiente). É ou não é um "Shopping do Artesanato"?
O artesanato indígena também está presente, representado pelos trabalhos dos povos Waiãpi, Karipuna, Palikur, Galibi, Apari, Waina, Tirió e Kaxuiana. Na foto, representação de urnas funerárias indígenas encontradas no Amapá.
Aqui está a representação de uma arte muito bonita - alto relevo em madeira. Os temas explorados são: os tipos humanos amazônidas, a religiosidade, a natureza e a mitologia. O boto, maior representante desta mitologia, taí muito bem representado nesta arte maneira... todo lépido e serelepe para as moçoilas. Brincadeira!!! Nesse momento quero apenas enfatizar a arte voltada para as coisas amazônidas. Um olhar para se descobrir a beleza e importância de se manter tudo isso.
Encontramos também produtos naturais usados na medicina popular. Comprei aí um mel que foi batata, lá da região do Amaparí. Égua mano!!! Sarou rapidinho a goela!!!
Uma pequena galeria de artistas diversos...
Ah... falando em arte, eu vou é aproveitar para postar também  o desenho da minha sobrinha Isabelly, afinal, dia 15 de abril é também o dia mundial do desenhista. Tu sabias?
 ... E toma-te mais artesanato!!!   
 "A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte"
(Mahatma Gandhi)

"Nunca devemos esquecer que arte não é uma forma de propaganda, 
é uma forma de verdade."
(John Kennedy)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Monumento Marco Zero do Equador e o Equinócio

Foto: Rogério Castelo
Macapá é a única capital do Brasil cortada pela linha do Equador. Assim, parte da cidade está no Hemisfério Norte e a outra no Sul.

Foto: brasilazul.blogspot.com
Em referência, foi construído o Monumento Marco Zero do Equador, no qual é possível observar o instante de ocorrência do Equinócio (através da projeção da sombra do obelisco, que se alinha com a linha imaginária do equador).  
Há divergências quanto a localização exata do equador, já vi estudiosos dizerem que o monumento está na posição certa e outros que contestam isso. Oras, um impasse fácil de se resolver com ajuda da tecnologia. Não sou estudioso da área e acredito que está bem localizado, conforme me mostrou técnico da área com ajuda de instrumentação.  Eu, leigo, me convenci disso.
Foto: Templos do Futebol
A linha do equador divide também o campo no Estádio Zerão (Milton Corrêa),  no momento fechado e em reforma (faz um bom tempo). Olha lá no fundo o Marco Zero alinhado com o meio de campo! 
Segundo dizem, em 2014 ficará à disposição como Centro de Treinamento e, quem sabe, realiza-se algum amistoso ou treinamento com alguma equipe envolvida na Copa. Isso aí é mais um sonho de políticos (ávidos por promoção), pois o investimento precisa ser muito alto... mais que apenas reforma de um estádio. Investimento por investimento, há necessidades muito mais gritantes e urgentes em Macapá. É o que penso.
Foto: Rogério Castelo
Na outra ponta do Marco Zero temos a Av. Equatorial, também dividida pela linha do equador.
Seguindo esta reta (a linha do equador) você chega ao Rio Amazonas, não muito distante deste ponto. Isso inspirou uma música de Zé Miguel (conhecido artista local e atual Secretário de Cultura) do "endereço" de Macapá. A música diz: "...na esquina do rio mais belo, com a linha do equador..."
Foto: alcilenecavalcante.com.br
Até os anos 80, o marco do equador era representado de forma muito modesta. Havia apenas uma linha na rotatória mostrando isso.  Quanta desconsideração e ignorância ao marco geográfico e astronômico havia... Basta pensar que para os povos antigos (como os caldeus, fenícios, astecas, maias, incas e egípcios) a posição que o Sol ocupava na linha do horizonte tinha uma grande importância para o dia-a-dia deles. Os rumos de muitas sociedades era determinado pelo movimento solar e início das estações. O calendário e contagem do ano baseava-se nisso. Aqui mesmo no Amapá, existiram civilizações que construíram uma série de monumentos antigos lá para as bandas de Calçoene, Ferreira Gomes, etc. Nunca ouviste falar? É que o povo antigo era cheio de crenças e rituais que faziam para que tivessem boas safras e boas coisas com o início das estações... uma forma de atenuar as expectativas e centralizar pensamentos positivos para o porvir. Até estas festas mundanas, que chamam de carnaval, tem origens nisso. Rapaz... tinha até uns figuras malucos que faziam sacrifícios humanos em nome disso (em algumas sociedades antigas era assim). E o Natal também, antes de ser cristianizado pelo Império Romano, era uma festa em homenagem a deuses relacionados às estações do ano. Transformar festas pagãs em festas religiosas (sincretismo), foi uma estratégia ideológica de expansão do império. 
Lembrar desta época me remete aos anos de 1982/83, quando estudava no Castelo Branco, no Bairro do Trem, e um professor - Educação Física - fez uma aula de atletismo  com uma corrida da escola até o equador. Af!!! Quase que não chego lá!!!
Hoje encontramos um belo monumento, localizado a 2 km do centro da cidade, que apresenta um obelisco de 30 metros de altura com uma abertura circular no topo. Enigmática para muitos. Sabes o significado disso?
Foto: Marcomede
O equinócio é uma manifestação em que os raios do sol incidem diretamente sobre a Linha do Equador e, no monumento, projeta-se uma elipse de luz sobre o marco da linha imaginária. O sol duas vezes ao ano faz a passagem entre os hemisférios, determinando as estações, e o equinócio é o ponto em que está cruzando a linha do equador. Mas olha aí, isso ocorre por causa do movimento de Translação da Terra e não, como se crê popularmente, "o sol se mexendo daqui para lá". Nesse período, os dias e as noites têm igualmente 12 horas de duração em todo o planeta (a palavra "equinócio" em latim significa "noites iguais" ou ainda “dia igual a noite”). A ocorrência desse fenômeno se dá em dois momentos: em março (Equinócio da Primavera - inicia a primavera no Hemisfério Norte e o Outono no Sul) e em setembro (Equinócio de Outono - o contrário).

Foto: Rogério Castelo
Devido a estação chuvosa, o equinócio de março foi batizado como Equinócio das Águas, que se justifica pelo aumento do nível das águas favorecido pela atração astral. O início do ano, até um pouco além de março, costuma ser chuvoso nestas terras amazônidas.
Além dos moradores da capital amapaense, o fenômeno costuma atrair estudiosos e turistas de várias partes. Neste ano tivemos a programação entre os dias 20 a 24/03/2012,  ocorrendo apresentações musicais, gincana com escolas, feira e apresentações culturais do Marabaixo e Escolas de Samba.
Fui lá no evento e - opinião de um cidadão - percebi que não estava à altura da importância e cuidado que deveria ser dispensado pelo Poder Público. Aqui no Amapá, existe uma divergência e rivalidade política entre os atuais gestores da Prefeitura de Macapá e do Governo do Estado, que acaba se refletindo, explicitamente, em muitas obras e benfeitorias que poderiam ser potencializadas por um comum acordo. Este evento merece melhor atenção... Triste ir lá e ver stands muito pobres diante da enormidade de riquezas e possibilidades culturais e educacionais que poderiam apresentar de nosso Amapá.

Meus amigos, isso é só um pouco deste patrimônio amapaense:
O Monumento Marco Zero do Equador em Macapá
Foto: Rogério Castelo
Lugar aberto à visitação pública, com seu amplo terraço para observações, espaço para show, salão para exposição e loja para venda de produtos artesanais. 
Foto: Rogério Castelo
Falando nisso, encerro esta postagem apresentando-vos a lojinha artesanal onde conheci a Dany, que foi muito receptiva e simpática na oportunidade de conhecê-la. Veja aí um pouco da: 
 
 Um material simples e muita criatividade são capazes de gerar belas coisas 
nas mãos de artistas.
 "A arte de um povo é um reflexo autêntico de sua mentalidade." 
Jawaharlal Nehru
"A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte."
Mahatma Gandhi
É lá no meio do mundo!

Também não poderia deixar de registrar 
a arte expressa nestes quadros que vi no Monumento.
 
Não sei o nome do quadro, lá no bar, mas faz referência ao Marabaixo. O autor é REGI (2002).
Precisa falar que é o surf na pororoca no Rio Araguari? Esse quadro é gigantesco e ocupa toda uma parede em uma das salas. O autor é WAGNER RIBEIRO (2005).
Pra quem não conhece, é um cenário no Curiaú. O quadro tem as mesmas descrições do anterior.

Até uma próxima pessoal!!!!